1923-1927 Filho primogénito dos escritores Fernanda de Castro e António Ferro, António Quadros, de seu nome completo António Gabriel de Quadros Ferro, nasce em Lisboa, às seis e vinte da manhã do dia 14 de Julho de 1923, em casa de seus avós paternos, no 2º andar do nº 12 da Rua dos Anjos. O seu signo é Caranguejo.
É uma criança morena de olhos azuis, com a tez da mãe; de lembrar que o apelido Quadros, último nome do pai de Fernanda de Castro, provém de uma família da nobreza espanhola de origem indiana (brâmane).
Recebe o nome de António Gabriel em homenagem ao poeta italiano Gabriel d’Annunzio, que António Ferro, seu pai, muito admira. É pois, logo aqui, fadado de poesia.
Fernanda de Castro experimenta uma forte comoção com a maternidade e anota num álbum de bebé, com versos de Delfim Guimarães e ilustrações de Raquel Roque Gameiro, todos os pequenos registos do seu crescimento – para além da primeira papa ou do primeiro dente, a primeira vez que se benze ou que fala em Deus – não é praticante, mas observa todos os mistérios da vida à luz de um profundo sentimento religioso.
Três meses depois do seu nascimento, a família muda-se para o nº 6 da Calçada dos Caetanos, ao Bairro Alto, onde António Quadros cresce e vive até casar.
Anos depois, a mãe escreverá no álbum: «Com cinco anos, sabias apenas contar até quatro. Como vês, não eras uma criança precoce. Graças a Deus!»
Com essa idade, faz a sua primeira viagem rumo ao Brasil, acompanhando a mãe. Numa entrevista ao Mundo Português (Rio, 12/12/86), recordará, divertido: «Vínhamos no mesmo barco com a Tuna Académica de Coimbra, que me escolheu como mascote. Tive de presente uma capa e batina em miniatura, aos cinco anos vesti-me de estudante de Coimbra!»
Em pequeno, convive sobretudo com os primos direitos Helena e Pedro, filhos de Umbelina e Augusto Cunha, irmã e cunhado de António Ferro.
Pousa, juntamente com a mãe, para Sarah Afonso; o resultado é uma tela luminosa, que perpetuará uma inquebrantável relação de amor.
Tem um único irmão, quatro anos mais novo, Fernando de Castro Ferro, que se distinguirá como tradutor e editor no Brasil e também, professor em Paris.
Aparece pela primeira vez na imprensa associado a um título perverso: «António Ferro nunca viu nem ouviu Salazar» (Notícias Ilustrado, Repórter Zero, s/d)).
Cresce no ambiente literário-artístico fomentado por seus pais. Desde pequeno, priva e convive com a elite cultural de Lisboa, que, assiduamente, frequenta a sua casa para traficar versos, discutir livros ou pintura, esgrimir ideias. A influência é forte demais para não contagiar a criança sensível, delicada e curiosa que a pouco e pouco se desvenda.
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