1971 Publica Ficção e Espírito – memórias críticas. A partir de 1971, acumula, no IADE, os cargos de director-geral da Escola e docente nas cadeiras de História de Arte e Cultura Portuguesa, que manterá ininterruptamente até ao ano de 1992. Em paralelo, continua a exercer funções na Gulbenkian e na Universidade Católica Portuguesa onde lecciona Deontologia da Comunicação.
Mais tarde, o IADE amplia as suas instalações alugando parte de um edifício situado na Rua Capelo, nº 18, junto ao Governo Civil de Lisboa, onde passa a ser ministrada a maioria dos cursos. Por esta época adquire uma típica casa em Óbidos, dentro das muralhas do Castelo, onde escreve e convive com a família e os amigos, casa essa que será obrigado a vender, por razões financeiras, no ano da Revolução.
1972 No âmbito do Ciclo de Conferências sobre Literatura Infantil, acompanhado de uma exposição de livros infantis, o Ministério da Educação Nacional - a Direcção da Educação Permanente publica O Sentido Educativo do Maravilhoso, onde começa por dizer “As crianças continuam a preferir o chamado conto maravilhoso, a que por vezesa também conto de fadas” e, ainda, A Aventura e o Mundo Juvenil e os seus Aspectos Educativos.
Pinharanda Gomes publica na editora Pax, A Filosofia Portuguesa, com depoimentos devários filósofos portugueses, entre eles, António Quadros.
1973 Escreve e edita Pedro e o Mágico que lhe merece o Prémio Nacional de Literatura Infantil, e onde, uma das histórias, «Os Pirilampos», relata uma vivência passada com os seus próprios filhos António, Mafalda e Rita.
Em 1973 realiza, a bordo do Queen Frederica, um cruzeiro ao Mediterrâneo, na companhia da mulher e das duas filhas.Empreende até 1975 outras viagens significativas, nomeadamente a Itália, a Espanha, à Grécia, ao Líbano e ao Egipto.
1974 Sendo homónimo de António Ferro, e perfilhando alguns valores comuns a seus pais, tais como um profundo sentido de patriotismo e uma inquebrantável crença nos valores portugueses, a Revolução não o poupa a ofensas, humilhações e dissabores que, longe de o afastarem do país, o mobilizam no sentido de moralizar e galvanizar Portugal e os portugueses, no momento de caos que atravessam, através da sua pena firme, serena e corajosa.
Em Dezembro nasce a sua primeira neta, a quem é dado pelo genro, um nome que o diverte: Margarida Gautier. Será com esta neta que manterá uma relação mais estreita edificada em sonhos, ternura e alegria, muita alegria. Com ela empreenderá longos passeios e pequenas viagens Admirável contador de histórias, com uma faceta de uma ingenuidade quase infantil, dotado de carácter terno e paciente, manterá durante toda a vida, uma amizade muito especial com todos os netos.
1975 Nos anos que se seguem a 1974, as suas preocupações intelectuais centram-se sobretudo na necessidade de preservar e actualizar, para além de todas as ideologias, a identidade de Portugal e dos portugueses, tanto em livros como em dezenas de artigos dispersos pela imprensa, onde chega a envolver-se em encarniçadas polémicas com figuras que, no seu entender, contribuem para denegrir a imagem de Portugal e desmoralizar o seu povo «numa altura de grande fragilidade nacional».
Depois da revolução de Abril, com as filhas já casadas, o casal toma a resolução de se mudar definitivamente para Cascais.
Ainda nesse ano, que assinala a morte do filósofo José Marinho, escreve com intensa regularidade nos novos jornais O Dia e Tempo.
Apoia Francisco da Gama Caeiro que, exilado no Brasil, cria um Mestrado de Filosofia Luso-Brasileira na Universidade Gama Filho (Rio de Janeiro), pelo que é nomeado professor-convidado desta universidade.
1976 Este ano é assinalado pelo nascimento de três netos.
Em Janeiro, nasce o primeiro neto, Francisco com quem partilhará uma cumplicidade muito especial feita de longas conversas, leituras orientadas e jogos de xadrez. Causa-lhe no entanto grande desgosto que o seu primeiro neto seja do Sporting.
Em Julho é a vez da Marta. Sente sempre necessidade de a proteger porque a Marta é uma criança muito sensível e, por isso mesmo, frágil, de uma beleza etérea. Tem medo que a vida a magoe. Estrear-se-á nas lides literárias, em 1998, com o romance (epistolar) Desculpe lá, Mãe, escrito em co-autoria com sua mãe, a escritora Rita Ferro. Publica, em 2001, Tanto que eu não te disse e, em 2004, Nua e Crua.
Em Outubro, nasce a Rita, a sua neta mais romântica, a filha mais velha do António. A sua ingenuidade diverte-o, sem perceber que foi dele próprio que ela herdou essa faceta.
Em Junho, viaja com a mulher e a mãe até à Costa Brava e à Provença, conhecendo ali um lugar extraordinário: Les Baux, a pitoresca cidade medieval da Provença. Aproveita a ocasião para visitar também Cadaqués, e conversa com Salvador Dali e Gala, na sua casa de Port Ligat.
No mesmo Verão, desloca-se à Bélgica para visitar o seu grande amigo Pierre-Jean Goemare, no seu castelo de Waterloo, a quem António Ferro, durante a Guerra, oferecera refúgio em sua casa durante mais de um ano, enquanto o seu pai era perseguido por ter escrito um livro de combate à ideologia nazi.
Neste ano, dedica livros a dois dos seus filhos: Portugal entre Ontem e Amanhã – Da Cisão à Revolução – Dos Absolutismos à Democracia, dedicado «Ao meu filho António», e A Arte de Continuar Português, este «À Rita, minha filha mais nova, e à sua geração para que continue Portugal».
1979 Em Novembro tem a grande alegria de ver nascer a sua quarta neta, a Maria Ana. Com um sorriso deslumbrante que a todos conquistava, era uma pestinha que conseguia dele tudo o que queria. Suave, sensível e brincalhona, tinha um mundo próprio, acessível apenas a um grupo muito restrito. O avô era uma dessas pessoas. Publica, em 2007, um livro de poemas intitulado Vinho, Velas e Valquírias.
1980 A partir dos anos 80, começa a registar em álbuns, fragmentos da sua vida pessoal e literária. Num deles, deixa a seguinte introdução:
«Estes álbuns não são narcisistas, simplesmente o seu autor, vosso pai, avô, bisavô, etc., divertia-se, nas poucas noites calmas do ano, a registar aqui, para vocês, os acontecimentos (alguns…) da sua vida…»
Publica um longo poema chamado Ó Portugal, Ser Profundo’ (Ed. Espiral, Lisboa), um épico e lancinante grito patriótico de exortação à transcendência dos portugueses, bem expresso na última quadra:
Ó meu Portugal que foste,
Que foste grande no Mundo,
Abre as asas, abre as velas,
Revela o teu ser profundo!
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