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Fundação António Quadros
Biografia Imprimir e-mail

 Autores 
Biografia
1895 - 1916
1917 - 1923
1924 - 1931
1932 - 1938
1939 - 1944
1945 - 1949
1950 - 1956
1957 - 1998

1924-1931
Edição de Mar Alto dedicada a Lucília Simões, com comentários à malograda estreia, uma carta a Lucília Simões publicada pelo autor no Diário de Lisboa (12.7.1923), excertos das críticas brasileiras e portuguesas, e ainda o texto integral do protesto dos intelectuais portugueses.

Em 1925 publica, dedicado à memória de Sá-Carneiro, um livro de contos, A Amadora dos Fenómenos.

Com a colaboração de Leitão de Barros e José Pacheco, que fora responsável gráfico pelo Orpheu e director da Contemporânea, funda o Teatro Novo, a primeira tentativa portuguesa de um teatro de vanguarda, de ensaio ou, como então se dizia, de teatro-boîte, no modelo de l’Atelier ou do Théâtre d’Oeuvre. José Pacheco adapta uma sala do Cinema Tivoli, hoje o foyer, e ali se representa, entre aplausos e polémicas, Knock ou a Vitória da Medicina, de Jules Romains, e Uma Verdade para Cada Um, de Luigi Pirandello, anunciando-se a próxima representação das peças Portugal, de Almada Negreiros, Luz dos Meus Olhos, de José Osório de Oliveira, Mar Alto, do próprio António Ferro, além de obras de Bernard Shaw, Jean Cocteau, Tchekov, etc., e, entre as portuguesas, de Gil Vicente, Aquilino Ribeiro, Carlos Selvagem, Alfredo Cortez e Fernanda de Castro. Dificuldades económicas impedem, porém, a continuidade da iniciativa.

Em 1927 publica Viagem à Volta das Ditaduras, com prefácio de Filomeno da Câmara, reunindo entrevistas e reportagens que nos anos anteriores fizera em Itália (O papa Pio XI, Turati, Ezio Garibaldi, Mussolini), em Espanha (Maura, Sanchez Guerra, Jacinto Benavente, Primo de Rivera), e na Turquia (a revolução de Mustapha Kemal).

Nasce o segundo filho do casal, Fernando Manuel, que se distinguirá como tradutor, editor no Brasil e professor em Paris.

Viaja até  aos Estados Unidos e Nova Iorque arrebata-o: a Park Avenue, as estações da cidade, os hotéis, as mulheres, a Quinta Avenida, os pullman e os carros exóticos, os arranha-céus, a Broadway. Na Califórnia, a atitude é diferente: escreve «Cheguei ao Minho!», e, visitando um rancho, relata como vivem na América os lavradores portugueses. Todas as impressões ficarão registadas em crónicas para o Diário de Notícias e os seus apontamentos de viagem deliciam os portugueses.

Em 1929, desloca-se a Bucareste para assistir ao III Congresso da Crítica Dramática e Musical. Em Praga, a participação de António Ferro magnetizou a assistência ao ponto de ter sido o único jornalista delegado citado em toda a imprensa romena.  

Publica Praça de Concórdia, com capa de Bernardo Marques, reunindo entrevistas realizadas em Paris entre 1924 e 1926 a intelectuais e literatos (Claude Farrére, Jean Cocteau), a gente do teatro (Antoine, Spinelly, Mistinguett), da moda (Paul Poiret, Coty), da indústria (Citroén) ou da política (Herriot, Foch, Pétain, Clémenceau e Poincaré, entre outros).

Teresa Leitão de Barros, amiga de infância de Fernanda de Castro, escreveria sobre este livro na Ilustração Portuguesa: «Literariamente, António Ferro é um ‘charmeur’, pode mesmo dizer-se que é um verdadeiro encantador de serpentes, visto já ter conseguido atrair e prender tantas más vontades cheias de inveja e de «parti-pris». Tantas serpentes de baba venenosa…»

Com efeito, o protagonismo de António Ferro atrai as críticas de todos os quadrantes.

Em 1930, com capa de Bernardo Marques e reunindo as reportagens efectuadas nos Estados Unidos em 1927, publica Novo Mundo, Mundo Novo, cuja segunda parte é inteiramente dedicada aos emigrantes portugueses que visitara na Califórnia, na Nova Inglaterra e em New Bedford.

Na América, conhece Walt Disney e Douglas Fairbanks e entrevista Mary Pickford durante a rodagem de um filme; em 1931, ainda com capa do mesmo artista, publica Hollywood, Capital das Imagens, incluindo as reportagens e entrevistas realizadas na capital americana do cinema, em que evoca os seus encontros com estas e muitas outras famosas personalidades.  

Em 1931, fundando o Sindicato Nacional da Crítica, organiza em Lisboa o IV Congresso da Crítica Dramática e Musical, com a presença de Pirandello, Émile Vuillermoz, Robert Kemp, Fabre Lebret, Gerard Bauer, etc; para proporcionar aos convidados uma inesquecível noite de fado, em Alfama, um comboio é especialmente fretado para os levar de volta ao Hotel Palácio, no Estoril, às três horas da manhã.

É, durante dois anos, o Presidente da Federação Internacional da Crítica.