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Fundação António Quadros
Como um só navio Imprimir e-mail

 

 

Um beijo só, amor, e deixa-me partir,

à procura de ti,

dentro de mim.

Voltarei mais forte e mais sincero,

pois como posso amar-te, sem te achar

no meu deserto de coisas incompletas?

 

Um beijo só, amor, e deixa que me afaste,

para as regiões

onde és fonte de mim.

Quando voltar, hei-de te dar a conhecer

a tua imagem pura reflectida nos teus olhos,

para que também eu seja contigo no teu mundo.

 

Um beijo só, amor, e deixa-me contigo,

pois sem o teu corpo

eu posso desejar-te melhor.

E depois, na esteira desse encontro perfeito,

As nossas vidas seguirão eternamente juntas

Como um só navio, vencendo os temporais.

António Quadros

em Viagem Desconhecida. Itinerário Poético, 1952.