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Fundação António Quadros
Biografia Imprimir e-mail

 Autores 
Biografia
1900 - 1915
1915 - 1921
1922 - 1927
1928 - 1935
1936 - 1949
1950 - 1957
1957 - 1963
1964 - 1974
1975 - 1984
1985 - 1995
1995 - 1999

1928-1935
Publica Jardim, livro de poemas também com capa de Bernardo Marques, que a crítica recebe com entusiasmo. Encantado, António Corrêa de Oliveira escreve-lhe, num impulso: Os seus versos ensinaram-me a amar, a cantar, a rezar a vida…

Poucos meses depois, edita a sua primeira obra de ficção para adultos, O Veneno do Sol, romance de ambiente africano que, nos anos noventa, viria a ser adaptado para telenovela pelo actor Tozé Martinho e pelo neto mais velho da escritora, António Roquette Ferro.

Em 1930, sobe à cena no Teatro da Trindade a sua peça Nova Escola de Maridos, com Brunilde Júdice e José Gamboa nos principais papéis.

É este o ano nefasto para Florbela Espanca. Fernanda de Castro estranha a insistência da poetisa em querer encontrar-se consigo na véspera do suicídio, e só ao saber da notícia alvitra uma explicação para tanta ansiedade: o interesse que Américo Durão manifestara por si, o qual, embora nunca correspondido, terá inquietado Florbela.

Em 1931, como réplica de uma obra social que conhecera em Paris e lhe desagradara em muitos aspectos, Fernanda de Castro prepara, quase sem recursos, a organização de um grande empreendimento social: o dos Parques Infantis, destinados às crianças necessitadas dos bairros populares de Lisboa. É rapidamente legalizada a Associação Nacional dos Parques Infantis, aos quais, ajudada pela sua grande amiga e colaboradora Inês Guerreiro, imprime um estilo bem diferente de outras obras do género: casas bem decoradas, alegres e espaçosas, bibes de todas as cores, ensino da pintura, da música e de ballet, alimentação e escola primária, enfermeira permanente, visita semanal de um médico, pesagem diária, jogos e iniciativas várias.

O banqueiro Ricardo Espírito Santo e Luís Pastor de Macedo, então vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, são, respectivamente, o mecenas e o padrinho deste empreendimento; para o primeiro parque, simpaticamente, Pastor de Macedo faculta-lhe instalações perto de casa, para que não gaste dinheiro em transportes. E, nesta obra, o seu amor pela Natureza é mais do que nunca lembrado: Com árvores e flores, não se esqueça, não? Ficam bem a toda a gente, mas sobretudo às crianças!

Em 1932 é  inaugurado o primeiro Parque, o de S. Pedro de Alcântara, situado no tabuleiro inferior do Miradouro com o mesmo nome: uma colorida casa pré-fabricada, com decoração interior de Sarah Afonso, por vezes ajudada no seu trabalho por Almada Negreiros que então namorava e com quem viria, como se sabe, a casar. Começando com 20 crianças, este Parque Infantil tinha uma frequência de 100 rapazes e raparigas até aos 10 anos.

É nesta época que conhece e recebe em sua casa, como visita regular, Fernando Pessoa, cuja irmã sugere ter «gostado» de Fernanda de Castro. Sobre esta suspeição, viria a conversar com Fernando Dacosta: Não sei, nunca me disse nada, era muito tímido. Falava comigo com um ar excessivamente cerimonioso apesar de ser mais velho do que eu. Nunca me fez, porém, qualquer confissão. Dizia que eu era muito castiça. E lembra Pessoa assim: … era um neurasténico, dava-se com poucas pessoas, poucos o conheciam. Nós percebemos no entanto que se tratava de um homem de invulgar talento.

Em 1933, tendo António Ferro organizado em Lisboa o IV Congresso de Crítica Dramática e Musical, Fernanda de Castro colabora com o marido e acompanha os congressistas, entre os quais Luigi Pirandello, Émile Vuillermoz, Robert Kemp, etc., a vários pontos do país.

Em 1934, é  inaugurado o segundo Parque Infantil, o do Campo Grande, no lugar onde se situava antigamente o famoso Chalet das Canas. Sucessivamente, seriam inaugurados os Parques Infantis da Tapada das Necessidades, onde organiza mercados regionais para angariação de fundos, o de Santa Catarina e finalmente A Colmeia, concebido este como uma escola de artes e ofícios, instalada nas antigas Cavalariças do Infante, em Alcântara.

Nestas escolas, ensinava-se costura e alta costura, bordados e malhas à mão e à máquina, culinária, sapataria, marcenaria, etc. Os Parques Infantis, onde também promovia Jogos Florais de consagração à poesia, chegaram a ser frequentados por 750 crianças de ambos os sexos. 

Estão ainda activos os de Santa Catarina e Necessidades.

Em 1935 publica um livro de poesia: Daquém e Dalém Alma.

A convite de Leitão de Barros, escreve os versos para o tema do filme As Pupilas do Senhor Reitor, baseado no conhecido romance de Júlio Diniz, e cantados por Maria Paula e Leonor d’Eça. O filme foi estreado no Tivoli, a 7 de Abril. 

Neste mesmo ano viaja até à Suíça, onde colabora com o marido na organização da Quinzena de Arte Popular Portuguesa, em Genebra, realizando conferências.