Subscrever Newsletter
 
Fundação António Quadros
Inéditos - António Quadros Imprimir e-mail

 Autores 
Inéditos - António Quadros
António Quadros Ferro
João Bigotte Chorão
João Alves Neves
Mafalda Ferro
Rita Ferro
João D`Ávila
Klatuu Niktos
José António Barreiros
António Carlos Carvalho
António Roquette Ferro
Pedro Calafate
Afonso Cautela
João Ferreira
Rita Correia

António Telmo (1927-2010)
ANTÓNIO TELMO E O GRUPO DA FILOSOFIA PORTUGUESA


Tudo começou no Porto com Leonardo Coimbra, Amorim Viana, Sampaio Bruno, etc. Depois, o movimento intelectual estendeu-se a Lisboa no diálogo entre José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981). Juntos criam o denominado Grupo da Filosofia Portuguesa, que viria a marcar decisivamente o pensamento filosófico em Portugal a partir da década de 40.

Aos dois mestres, Ribeiro e Marinho, juntam-se António Quadros (1923-1993), Afonso Botelho (1919-1996), Orlando Vitorino (1922-2003), entre outros. Alargava-se, assim, o espírito do magistério portuense, assim como se garantia, contra o positivismo, a defesa da nossa cultura, e, por conseguinte, da nossa filosofia, na potencialidade e originalidade do seu exercício.

António Telmo, falecido no passado dia 21 de Agosto, era um dos mais novos e um dos mais activos também. Integrou o grupo quando tinha apenas 23 anos. Mais tarde, fez parte do corpo redactorial do Jornal 57, dirigido por António Quadros, dando assim os primeiros passos como filósofo e hermeneuta: “Tínhamos a Universidade no café” disse muitos anos depois, a propósito da tertúlia que o grupo organizava.

Depois do fim do Jornal 57 e das publicações periódicas subsequentes, nomeadamente da revista Espiral, onde António Telmo também colaborou, apesar do labor individual de um e de outro fora do núcleo filosófico original, mas sobretudo, depois da morte de Álvaro Ribeiro e José Marinho, o grupo perdeu algum do fulgor inicial, no entanto, a amizade entre António Quadros e António Telmo não terminou. Não deixaram de se encontrar e de trabalhar em conjunto. Bateram-se até ao fim contra os adversários da Filosofia Portuguesa e continuaram a publicar a um ritmo verdadeiramente espantoso. (Quanto a isto, quase nada mudou. A Filosofia Portuguesa continua a ser condenada à morte ano após ano e os augures de hoje esquecem que no mais tudo se mantém igual, como no passado.)

Depois veio a doença de António Quadros e com ela a certeza, penosa, embora confiante no futuro, de que a 1ª geração do grupo começava a partir. Corresponderam-se com frequência e mantiveram até à morte de Quadros em 1993 um diálogo e uma amizade permanentes. Em carta inédita enviada por António Telmo ao autor de Portugal Razão e Mistério, o filósofo não hesita e escreve: “Agora já não há nada a aprender com os outros homens. Só Deus nos pode ensinar.” Eram já palavras definitivas, provas últimas de fé.

António Quadros Ferro 
In Newsletter 15 da Fundação António Quadros
Setembro 2010.