Casa Fernanda Palavra Francisco de Almeida Dias, Università degli Studi di Roma Tre.
Imagino-a: uma grande casa de paredes sólidas e alvadias, de janelas e portas abertas sobre uma bela manhã de Primavera, cheia de flores, debruçada sobre um bairro antigo de Lisboa, sobre o rio visto da outra banda, ou sobre as extremas colinas de Marvão. Uma casa cheia de mistério, de presenças que atravessam as estâncias, de pequenos objectos sentimentais.
Tal deve-se ao facto de ter Fernanda de Castro habitado sempre casas excepcionais. Recordo, de relance, a casa pombalina de Cacilhas, a casa cor-de-rosa de Maria da Lua, tutelada pelas presenças de uma Avó velhinha e doce e de uma Tia severa de outros tempos. Recordo a casa da juventude, a Santa Quitéria, onde o acaso colocou os Leitão de Barros no quintal confinante e reuniu, no entre-cá-e-lá desse muro, a geração Segundo Modernismo português. E, enfim, a casa que mais completamente exprimiu a alma da Poetisa e da Mulher, onde viveu toda a vida desde o casamento: a casa dos Caetanos.
Este prédio histórico, em cuja fachada se acumularam em épocas sucessivas placas evocativas de celebridades que o habitaram, é certamente lugar de uma energia especialíssima, t“po loj fainw, loco de revelações. Tecto, pois, de pessoas luminosas como o foi Fernanda de Castro: ser iluminado e iluminante.
Emoção de entrar na sua grande casa da Poesia, habitar o tempo das palavras, o espaço das suas palavras, para, liberto de espaço e tempo, voar com as palavras...
grego:t“po loj fainw, significa revelação do sagrado |