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Fundação António Quadros
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AS BIBLIOTECAS ITINERANTES

A propósito do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, vieram-me à memória os tempos em que António Quadros, então responsável pelas Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, percorria Portugal de aldeia em aldeia, de biblioteca em biblioteca. Acompanhava-o muitas vezes e gostava de observar o ritual dos que, a pé, iam chegando; aproximando-se como que de um santuário, escolhiam, calma e cuidadosamente, os livros que guardariam, leriam e releriam, até que a Biblioteca sobre rodas, um mês depois, voltasse a passar pela aldeia.

Por iniciativa de António José Branquinho da Fonseca, escritor e conservador-bibliotecário, as Bibliotecas Itinerantes criadas em 1953, representaram durante anos, uma das poucas hipóteses de leitura para quem não vivia nas grandes cidades. Nessa época, as crianças não costumavam frequentar Bibliotecas e o acesso aos livros não era tão fácil como hoje, principalmente nas terras mais isoladas de Portugal mas as crianças liam e sonhavam muito mais, beneficiando das aventuras e experiências escritas por grandes autores. Um livro era, de facto, um grande amigo. Deparei recentemente, no blog www.santa-nostalgia.blogspot. com o testemunho do seu autor que, tendo vivido numa dessas aldeias, escreveu: "São inesquecíveis as recordações da chegada da Biblioteca Itinerante, com a sua carrinha enigmática, a Citroen HY, que só por si irradiava uma magia fascinante. A que vinha ao largo da minha aldeia era de cor verde velho. Tinha duas portas na parte traseira que se abriam de par-em-par e uma parte superior que abria para cima, para dar acesso ao fantástico mundo dos livros, da leitura e do fascínio das histórias e das imagens. Essa aura de reino maravilhoso era reforçada pelo tipo de leitura dos primeiros anos, onde preferencialmente eu escolhia livros de contos de fadas, repletos de reinos, reis, rainhas, princesas, gigantes, anões, fadas, feiticeiras e todo o resto da família de seres que povoam o imaginário infantil. (...) toda a malta da minha geração tem uma profunda memória e admiração pelo serviço da Biblioteca Itinerante, já que graças a ele viajámos no tempo  por reinos maravilhosos, com histórias fascinantes e aprendemos coisas do mundo que nos rodeia. Enfim, crescemos ajudados por tudo quanto aprendemos através dos livros que num momento mágico chegavam ao largo da aldeia naquelas carrinhas maravilhosas".
 

Mafalda Ferro 
In Newsletter 11 da Fundação António Quadros
Maio de 2010.



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