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António Ferro
 
Cumprem-se, no dia 11 de Novembro, 53 anos sobre o inesperado desaparecimento de António Ferro, jornalista, escritor, político e embaixador. Tinha então 61 anos e uma vida consagrada, em boa parte, à construção de uma possibilidade que ainda nos atinge no presente em toda a sua inteireza – a de que cabe ao Estado, no quadro das políticas de serviço público, apoiar as mais diversas práticas culturais, posto que a larga maioria não encontra possibilidade de se desenvolver sem este seu auxílio. Talvez o lance mais interessante da sua intervenção esteja no facto de muito cedo ter seduzido e convencido Oliveira Salazar de que seriam os artistas de vanguarda, os da sua própria geração, ainda relativamente jovens à época, aqueles que careciam de maior atenção e protecção do Estado Novo. O Secretariado da Propaganda Nacional, criado ainda em 1933, é, sem margem para dúvida, a estrutura mais remota do actual Ministério da Cultura. Concebido por António Ferro, paulatinamente viria a desenvolver modalidades de enquadramento e financiamento de todos os sectores da vida cultural portuguesa, até finais dos anos 40, nele se incluindo durante vários anos também os serviços de censura. O convívio inédito entre um regime autoritário e os representantes de uma estética não académica permitiu a invenção de novas formas de comunicação entre o Governo e as massas, daí resultando um imaginário – explorado tanto internamente quanto em grandes exposições internacionais –, baseado no culto do líder, numa multiforme exploração da herança patrimonial, mas sempre através de uma gramática modernista. António Ferro foi o teórico e o obreiro desta importante articulação entre Poder e Arte. Os diagnósticos e soluções que foi sistematizando ao logo dos anos 30 e 40 não conheceram, até aos dias de hoje, uma problematização que se apresente como alternativa.

Jorge Ramos do Ó