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“Invenções de Memórias e Reinvenções de Identidades no Séc. XX Português” - Crónica de uma conferência

A memória de António Ferro foi evocada e lembrada no passado dia 31 de Maio, na Escola Secundária do Padrão da Légua, em Custóias/Matosinhos, numa conferência do Mestre José Augusto Maia Marques, professor do Instituto Superior da Maia e director do Departamento da Cultura da Câmara Municipal da Maia, subordinada ao tema “Invenções de Memórias e Reinvenções de Identidades no Séc. XX Português”.

Esta apresentação foi organizada por um grupo de alunos de uma turma de 12º ano de Línguas e Humanidades, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, cujo tema de trabalho se subordinava à “Divulgação da Cultura Portuguesa”. Esta foi a segunda e última conferência preparada no campo de acção proposta por este grupo de estudantes que, já anteriormente, tinha organizado uma outra apresentação subordinada ao tema “A Afirmação do Galego-Português no Séc. XIII”, proferida pelo Doutor José Carlos Miranda, investigador e docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Tal como no primeiro encontro, igualmente destinado à sensibilização e discussão de questões tão relevantes à compreensão da nossa identidade e matriz cultural, esta apresentação revelou-se um sucesso quanto à afluência de público, envolvendo a comunidade escolar, incluído alunos, professores, auxiliares de acção educativa e convidados.

Após uma breve contextualização, comportando questões ligadas à manipulação da memória histórico-identitária, forja de fontes, e consequentemente, da própria História, o Mestre Maia Marques passou à hermenêutica do séc. XX português, percorrendo os três grandes períodos políticos que marcaram a nossa última centúria: I República, Estado Novo e III República, destacando aqui, essencialmente, a época do PREC.

Apoiado por uma projecção didáctica visual, ricamente constituída por textos e imagens, o convidado interpretou as diferentes implicações da propaganda no séc. XX português, despindo sem preconceitos, mitos, fantasias e verdades históricas que, ano após ano, são indiscriminadamente transmitidas aos alunos, tanto no âmbito da educação formal, como informal. Partindo da ideia de dualidade entre bem e mal, o orador procurou distinguir as “invenções históricas” benéficas daquelas mais subversivas, e por vezes completamente falseadas, responsáveis pela manipulação da opinião pública. As reacções dividiram-se entre o espanto e algum desconforto inicial, denotado por algumas das pessoas presentes, que acompanharam com interesse toda a sessão.

Assim, após uma desconstrução de alguns dos embustes historiográficos relativos aos períodos da I República e pós-25 de Abril, passou-se finalmente ao contributo cultural das reinvenções da identidades e memórias nacionais durante o Estado Novo, materializadas e eternizadas pela obra de António Ferro.

Da Campanha do Bom Gosto, passando pela defesa e promoção generalizada do património histórico-etnográfico nacional, à realização da Exposição do Mundo Português, participação em diversas feiras internacionais, ou o apoio dos mais variadíssimos grupos artísticos, foram várias as áreas de intervenção de António Ferro dadas a conhecer à comunidade escolar, tendo sido evidenciada a importância indelével deste intelectual português na formação de uma ideia de portugalidade que, goste-se ou não, constitui indiscutivelmente a nossa idiossincrasia e mundividência.
José de Almeida
 
in Newsletter 12, da Fundação António Quadros
14 de Junho de 2010