Subscrever Newsletter
 
Fundação António Quadros
Poemas Imprimir e-mail

 Autores 
Poemas
A Sombra de um Salgueiro
Alegria
Alma, Sonho Poesia
Amo as palavras
Antero
Aroma, Essência, Pólen, Harmonia...
Asa no Espaço
Até que um dia...
Canta. Busca na vida o que é perfeito
Casa Velha
Difícil Alquimia
Educação Sexual
Eu!
Já não vivo, só penso
Mais um dia perdido
Meditação
Menina Perdida
Mulher Perdida
O Saco de Retalhos
O Segredo é Amar
Pássaro Azul
Primavera
Primeira Hora
Quando te dói a alma
Rasga o peito
Se tudo quanto existe
Sei enfim o que aconteceu
Solidão
Um grande amor
Uma tardia, triste Primavera
Urgente
 

Alma, Sonho Poesia

Entrei na vida
com armas de vencida;
alma, sonho, poesia.
quando eu cantava
o mundo ria
mas nada me importava:
cantava.

Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior.
Com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
de um lado, eu, do outro, o mundo.
e começou a luta desigual
do tigre e da gazela.

A vencida foi ela.
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos poetas? Triste glória…
Cinza de sonhos mortos? Magro fruto…
Oh, não, punhais e espadas!
Eu só quero cantar! Não quero ossadas
nem, sob os pés, um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, sonho e poesia…
Alma, sonho e poesia…

Fernanda de Castro in «39 Poemas», 1941