Urgente
Urgente é construir serenamente seja o que for, choupana ou catedral, é trabalhar a peda, o barro, a cal, é regressar às fontes, à nascente. É não deixar perder-se uma semente, é arrancar as urtigas do quintal, é fazer duma rosa o roseiral, sem perder tempo. Agora. Já. É urgente. Urgente é respeitar o Amigo, o Irmão, é perdoar, se alguém pede perdão, é repartir o trigo do celeiro. Urgente é respirar com alegria, ouvir cantar a rola, a cotovia, e plantar no pinhal mais um pinheiro.
Fernanda de Castro in «Poesia II»
|