Antero
Antero, aqui viveste nestas Ilhas de princípio do mundo, de inocência, em que as névoas, as brumas são mantilhas de rosada, impossível transparência. Teus rochedos emergem como quilhas de barcos embalados em cadências por este mar azul de maravilhas em que as vagas são pétalas de hortênsia. E contudo sofreste. De beleza sofre-se às vezes mais que de tristeza, sofre-se o vento, a bruma, a noite, o dia, a muralha do tempo e do Impossível, sofre-se o que se diz e o indizível. De que morre o Poeta? De Poesia. Fernanda de Castro, in «Na Ronda das Horas Lentas», 1989
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