Até que um dia…
Meus versos eram rosas, lírios, heras, borboletas, regatos, cotovias cantando suas doces melodias, anjos, sereias, ninfas e quimeras. Meus versos eram pombas entre as feras e, na festa das horas e dos dias, ia dançando penas e alegrias e o ano tinha quatro primaveras. E a festa continua… é também festa o cardo e a urze, o tojo, a murta, a giesta, a chuva no beiral, o vento Norte, o gosto a mar, a lágrima, o sal, até que um dia a vida, a bem ou mal, exausta de cantar me empreste à morte. Fernanda de Castro, in «Ronda da Horas Lentas», 1989
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