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Newsletter Nº 132 / 14 de Março de 2018
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE

01 –  António Quadros e a Filosofia Lusófona: vinte e cinco anos depois, um saber cada vez mais vivo, por Renato Epifânio.

02 –  À Câmara Municipal de Lisboa, por Mafalda Ferro.

03 – Jesué Pinharanda Gomes recebe Doutoramento Honoris Causa. Divulgação.

04 – Rómulo de Carvalho recebe a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. Divulgação.

05 – Celebrando o Dia Mundial da Poesia, dois poemas de António Gedeão: A Pedra FilosofalLágrima de Preta.

06 – Visita do Rotary Club de Rio Maior à Fundação António Quadros. Memória.

07 – Exposição "Antigamente era assim: a tecelagem na Serra dos Candeeiros". Divulgação.

08  Concurso "Concelhio de Leitura LER MAIOR". Memória.

09 – Movimento Internacional Lusófono (MIL): Atribuição de Prémio; Lançamento da Revista Nova Águia n.º 21. Divulgação e Convite.

10 – Livraria, Super-Promoção do mês: António Quadros e António Telmo: epistolário e estudos complementares.

EDITORIAL
por Mafalda Ferro

António Quadros morreu há 25 Anos, no dia 21 de Março de 1993, dia da Árvore, da Poesia e da Primavera. Tinha 69 anos.


António Quadros publicou dezenas de obras de Crítica, Ensaio, Filosofia, Romance, Poesia, Pedagogia, Estética, Teoria da Cultura, Conto, História, Reportagem, entre outras; organizou, editou, prefaciou, anotou, traduziu e participou em diversos livros; pensou e fundou revistas literárias como a Espiral, a Acto, e o 57; dirigiu, em alternância com Álvaro Salema, a Colecção Biblioteca Breve que publicou mais de uma centena de obras de diversos autores em múltiplas temáticas; com o apoio de amigos, pensou, fundou, dirigiu e administrou uma Escola de Ensino Superior, o IADE; proferiu conferências; leccionou na Universidade Católica e no IADE; ocupou inúmeros cargos em diversas Instituições; recuperou tradições como a do Culto Espírito Santo na Serra da Arrábida; organizou colóquios, cursos e palestras nomeadamente na área da filosofia e de estudos de cultura; integrou o Grupo de Filosofia Portuguesa; criou no IADE um ciclo de tertúlias e palestras culturais.


Tão profunda foi a marca que o seu carácter e personalidade, a sua acção e o seu pensamento em prol da cultura, deixaram na família, nos amigos e na História das Artes, da Filosofia, da Literatura, da Poesia, do Teatro, da Educação, do Turismo que 
Instituições como o Município de Lisboa, a Casa da Imprensa e a Secretaria de Estado da Informação e Turismo o premiaram; a rainha Isabel II de Inglaterra o condecorou em 1957; o seu nome foi atribuído a diversas ruas (em Cascais, Lumiar, Amadora, Barcarena, Carnide, Sesimbra, Charneca da Caparica, Oeiras, Feijó, Viseu); foi criada uma Fundação cultural com o seu nome; foi fundado um Prémio Literário em sua homenagem;- foi retratado por artistas como Álvaro de Brée, Inês Guerreiro, Sarah Affonso, Pedro Leitão e Carlota Emauz.

Três dias depois da sua morte, na Assembleia da República, o Secretário João Salgado submeteu à votação dois votos de pesar pela sua morte, proferindo no primeiro:
«O escritor António Quadros, figura destacada da corrente de pensamento denominada Filosofia portuguesa, consagrou a sua vida e a sua obra a estudar e a pensar Portugal, a sua razão, o seu mistério, o seu destino. Espírito aberto e tolerante, foi um homem generoso que privilegiou o debate de ideias e mereceu o respeito de diferentes quadrantes da vida cultural portuguesa. A sua morte é uma perda de vulto para a nossa literatura e para a nossa cultura. A Assembleia da República manifesta o seu pesar pela morte do escritor António Quadros e apresenta condolências à sua família.»

E, no segundo:
«António Quadros, falecido no passado dia 21, fica como uma referência forte na corrente da Filosofia Portuguesa, aliando na sua vastíssima obra a dedicação à investigação, na área da cultura, com a assumida missão pedagógica e a adesão a um conceito transcendente de portugalidade. A Assembleia da República manifesta o seu respeito e admiração pelo ilustre desaparecido e apresenta pêsames à família enlutada.»

Os votos de pesar foram aprovados por unanimidade, e, para se pronunciarem sobre eles, inscreveram-se os deputados Manuel Alegre (PS), Rui Carp (PSD), Adriano Moreira (CDS), Manuel Sérgio (PSN), Octávio Teixeira (PCP) e ainda  André Martins (Os Verdes).


A Fundação António Quadros presta homenagem ao seu patrono publicando em finais do ano a trilogia "Portugal. Razão e Mistério", três obras em volume único; e, como tal, editado pela primeira vez.


A Fundação disponibiliza, em 
Super-Promoção até ao próximo dia 14 de Abril, a obra: António Quadros e António Telmo: epistolário e estudos complementares.

Boa leitura.

 
01 ANTÓNIO QUADROS E A FILOSOFIA LUSÓFONA: VINTE E CINCO ANOS DEPOIS, UM SABER CADA VEZ MAIS VIVO, por Renato Epifânio.

Defendeu António Quadros que “o pensamento de um filósofo, nascido de uma fusão entre ele mesmo e o meio circundante, da interpretação das suas faculdades sensitivas e espirituais e do ambiente humano e mesológico, é eminentemente individual, local e temporal [1]. Daí, cumulativamente, a sua expressa defesa de uma “filosofia portuguesa ou de uma filosofia de língua portuguesa” [2] (ou ainda, diríamos nós, de uma Filosofia Lusófona) – a qual, sendo expressão da nossa forma de ser, estar, sentir e pensar o mundo, não poderia jamais constituir-se como uma forma de enclausuramento, mas, pelo contrário, de abertura – ainda nas palavas de António Quadros: “Nunca os teorizadores de uma filosofia portuguesa ou de uma filosofia de língua portuguesa pretenderam afirmar uma sua existência positiva com finalidades de enaltecimento nacionalista ou restritivo, e muito menos criar uma tradição filosófica para satisfação de pruridos autolátricos, castiços ou aristocráticos.”[3]; “Sejamos solidários com o mundo, mas activamente, dinamicamente, criadoramente. Esta é a ideia que garante e legitima a teorização de uma filosofia portuguesa.[4].

Na esteira de António Quadros, equaciona-se pois a nossa “diferença”, a nossa “relativa verdade”, em última instância, a “relativa verdade” de todas as filosofias. E isto sem se defender, necessariamente, a relativização da Verdade – ainda nas palavras de António Quadros: “A verdade é só uma? Talvez. Mas cada homem – e mais largamente cada país, está colocado em situação diferente em relação à verdade, relação da parte para o todo, entenda-se. A verdade é só uma, mas desabrocha em infinita variedade e plasticidade. Reduzir todos os planos da paisagem a uma só, ontem o plano de Florença ou Roma, hoje o plano de Paris, amanhã o plano de qualquer outra cultura igualmente totalitária e exigente, é empobrecer as possibilidades de alargamento de compreensão universal. Pelo contrário, possibilitar o desenvolvimento de tantas estéticas quantos os países, de tantos prismas de observação e de conhecimento quantas as resultantes de um determinado circunstancialismo geográfico, étnico, psicológico, político, social e filosófico, é aumentar em número proporcional as ‘tomadas de contacto’ com a verdade."[5].

E por isso acompanhamos ainda António Quadros quando este defende que “ainda bem que os caminhos e os caminhantes são múltiplos e diferentes”. Se o não fossem, como nos diz ainda, “teríamos todos um único horizonte, um único modo de ver e de contemplar – marcharíamos todos como carneiros, quem sabe se para o abismo?”. Eis porque, com efeito, ainda bem que os caminhos e os caminhantes são múltiplos e diferentes, e múltiplas e diferentes são as culturas e as filosofias – ainda nas palavras de António Quadros: “A multiplicação das culturas, a heterogeneidade dos pensadores, pelo contrário, aumenta proporcionalmente as tomadas de contacto com o Ser. A existência das filosofias nacionais garante o enriquecimento e a vivacidade das possibilidades de conhecimento dos humanos.”[6]. Isto, como é óbvio, na premissa de que cada “filosofia nacional”, de que cada “filosofia situada”, traz, efectivamente, algo de novo, de único, isto, como é óbvio, na premissa de que cada cultura, de que cada comunidade, de que cada homem, traz, de facto, algo de singular. Mas essa é, explicitamente, a premissa de que parte António Quadros [7]. É, aliás, por isso, precisamente, que, para este pensador, a própria “identidade portuguesa” está, ainda e sempre, em aberto – à espera que cada um de nós contribua para o seu “acabamento”[8]

Renato Epifânio
Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono
www.movimentolusofono.org


[1] A Angústia do nosso tempo e a Crise da Universidade, Lisboa, Cidade Nova, 1956, p. 34.

[2] Como já tem sido reiteradamente salientado pelos mais insignes hermeneutas da nossa tradição filosófica, como, por exemplo, Pinharanda Gomes – como escreveu, na NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI (nº 1, 2008), a respeito da “Anamnese da Ideia de Pátria”: “Procurou ele [António Quadros] construir uma patriosofia da portugalidade, nela entrosando a história real e a história ideal, a imanência e a providência (…). Na esteira de Álvaro Ribeiro, e em glosa a Leonardo, portugalidade surge, neste cenário, não apenas como herança, mas como uma vida a construir, dentro de um elenco axiológico, em vista da redenção. Constitui, enfim, não um dogma fixista, mas um problema da antropologia filosófica, e de antropologia situada, à luz do preceito que manda filosofar antes de fazer política, considerando o povo, a cultura, a língua e os valores, com ou sem ideia de V Império” (p. 28).

[3] O Movimento do Homem, Lisboa, Soc. de Expansão Cultural, 1963, pp. 317-318.

[4] Cf. ibid., p. 319.

[5] Introdução a uma estética existencial, Lisboa, Portugália Ed., 1954, p. 13. Ao invés, “a posse total e absoluta da verdade suporia uma só língua” [cf. “Da Língua Portuguesa à Filosofia Portuguesa”, in AA.VV., Seminário de Literatura e Filosofia Portuguesas (actas), Lisboa, Fund. Lusíada, 2001, p. 89].

[6] A Angústia do nosso tempo e a Crise da Universidade, ed. cit., p. 35.

[7] “Pede-se à criatura – humana ou artística – que não se restrinja a repetir, que não aliene a sua singularidade e, mais do que isso, que acrescente à ordem de que herdou a vida: que traga mais verdade, mais justiça, mais beleza – que invente, numa palavra.” (Crítica e Verdade: introdução à actual literatura portuguesa, Lisboa, Livraria Clássica Ed., 1964, p. 269).

[8] Como ele próprio o afirmou, supomos que na sua última entrevista, publicada no Diário de Notícias de 11 de Março de 1993, “a identidade portuguesa não é, quanto a mim, qualquer coisa de estático, mas qualquer coisa a construir”.

 
02  À CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, por Mafalda Ferro.

A Fundação António Quadros gostaria que a Câmara Municipal de Lisboa se lhe associasse na  homenagem que presta a António Quadros, adicionando às 7 placas já existentes (António Ferro; Bernardo Marques; Fernanda de Castro; Joaquim Pedro de Oliveira Martins; José Gomes Ferreira; Ofélia Marques; e Ramalho Ortigão) no histórico prédio da Calçada dos Caetanos, hoje rua João Pereira da Rosa, uma 8.ª placa: a de António Quadros que aí viveu e cresceu desde o seu nascimento (1923) até ao dia do casamento (1947).


Depois da morte do pai, em 1956, António Quadros mudou-se de Cascais para o n.º 7 da Calçada dos Caetanos, passando a habitar a mesma rua onde vivia a mãe.

 

03 JESUÉ PINHARANDA GOMES: DOUTOR HONORIS CAUSApor Mafalda Ferro.

Em Novembro de 2017, o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, atribuiu a Pinharanda Gomes a Medalha de Mérito Cultural e, no decurso da cerimónia, Renato Epifânio revelou que a Universidade da Beira Interior havia concedido a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa em Filosofia. A cerimónia oficial, apadrinhada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, terá lugar no dia 20 de Março na Universidade da Beira Interior.

A Fundação António Quadros associa-se às homenagens acima citadas sendo que esta acção constitui não só um prazer e uma honra como, também, um dever afectivo e cultural.

25 Anos depois da morte de António Quadros (21.03.1993) e, também, em homenagem a Pinharanda Gomes, reproduz-se aqui um excerto da sua comunicação quando, no dia 26 de Março de 2011, se associou à Fundação na evocação de António Quadros:

O que é que eu posso dizer? Naturalmente dizer alguma coisa apenas do ponto de vista de mim próprio, isto é, olhar para ele, segundo o meu interesse pessoal, segundo a minha memória pessoal. E a minha memória pessoal, diz-me que, passados estes anos todos, que começaram comigo e com o Dr. António Braz Teixeira em 1957/8, já lá vai, portanto, mais de meio século, passado este meio século, as pessoas que estão hoje vivas e que foram com ele convivas, poucas restam. Creio que somos cinco. O António Quadros nasceu no decénio de 20, os outros no decénio de 30. Vivos que estão o António Braz Teixeira: eu; o Luís Furtado, cujo mérito consiste na sua opção pela ocultação, ocultou-se da história, (foi professor no Liceu de Lisboa); também [o Jorge Preto] que passou por nós mas que depois seguiu a vida diplomática que, de algum modo, o afastou do convívio por ser embaixador; e, salvo erro e omissão, uma vez que o António Telmo faleceu há poucos meses, não restam mais nenhuns (dos convivas de Lisboa).

Éramos, digamos, aquilo a que chamavam: os fantasmas da filosofia portuguesa, que era uma coisa que não existia; socialmente e culturalmente, filosofia portuguesa não existia. Quando se falava disso era como se falasse de uma quimera, num animalzinho mitológico que só existia na imaginação das pessoas, mas que na realidade não existia. Negavam aos portugueses a capacidade de filosofarem por conta e risco, era impossível filosofar em português, mais do que isso, era impossível que os portugueses fossem vocacionados para a filosofia. E aí, claro, nós vivíamos numa época em que tomávamos consciência dessa realidade que foi apontada pelo Álvaro Ribeiro, o método comum, é que nós só tínhamos professores de filosofia estrangeira, não havia nas escolas professores de filosofia portuguesa, eram todos professores de filosofia estrangeira, conforme as épocas – o Idealismo Alemão na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em finais do século XIX, o Positivismo, em Coimbra e aqui no curso superior de Letras, depois transladado para a Faculdade de Letras, continuado também em Coimbra, apesar de alguma resistência do optimismo medieval nos anos cinquenta através do Trindade Salgueiro e do António Soares Barbosa... de resto era sobretudo filosofia estrangeira.
[…]
Mediante do magistério do Álvaro Ribeiro, apoiado discretamente, mas fortemente, pelo José Marinho, eles depois criaram um grupo de pensadores que arriscaram e tiveram a coragem de se afirmarem como apetentes, não digo capazes, (naturalmente ninguém se sentiu capaz de ser filósofo…) como apetentes, de filosofar, de serem filósofos e de criarem uma filosofia contra todos os sintomas da sociedade portuguesa, que vinham quer da Igreja, quer do Estado, quer das instituições politicas e culturais.

Tal como hoje, porque nada mudou.
[…]
Para mim, o ter conhecido António Quadros, o ter recebido dele provas de afecto (não só afectivo mas também intelectual) são milagres do céu, que eu mantenho comigo e dos quais nunca me poderei esquecer. Espero de Deus que me conceda a capacidade de ser fiel ao ideal e à herança que dele recebi.

Grupo da Filosofia Portuguesa: “Discípulos de Leonardo Coimbra e discípulos dos seus discípulos”.

1.ª Fila: Sant'Anna Dionísio, Padre Dias de Magalhães, Agostinho da Silva, Maria Violante Moreira, João Seabra Botelho, José Marinho.
2.ª Fila: Pinharanda Gomes, Eduardo Salgueiro, António Quadros, Francisco Sottomayor, Álvaro Ribeiro, Afonso Botelho, António Alvim, Amândio César, Francisco e Maria Leonor da Cunha Leão, Augusto Saraiva, Vasco da Gama Rodrigues e três amigos de Agostinho da Silva.

 
04 – GRÃ-CRUZ DA ORDEM DA INSTRUÇÃO PÚBLICA PARA RÓMULO DE CARVALHO. Divulgação.

O Presidente da República condecorou Rómulo de Carvalho com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública na presença de Luís Filipe Castro Mendes, Ministro da Cultura, de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, de Pedro Cegonho da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, entre outros.

Marcelo Rebelo de Sousa descerrou uma placa comemorativa junto ao n.º 18 da rua Sampaio Bruno onde o homenageado viveu durante cerca de 40 anos e recordou poemas de Gedeão, pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho.


A Fundação António Quadros associa-se a esta homenagem,  20 anos depois da morte do professor e poeta Rómulo de Carvalho / António Gedeão.

 

05  DIA MUNDIAL DA POESIA: A PEDRA FILOSOFALLÁGRIMA DE PRETA, por António Gedeão.

A PEDRA FILOSOFAL

LÁGRIMA DE PRETA

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

 

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso

em serenos sobressaltos,

 

como estes pinheiros altos

que em verde e oiro se agitam,

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.

 

Eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho alacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

em perpétuo movimento.

 

Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel,

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa-dos-ventos, infante,

caravela quinhentista,

que é Cabo da Boa-Esperança,

 

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Columbina e Arlequim.

 

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

 

Cisão do átomo, radar,

Ultra-som, televisão,

desembarque em foguetão

na superfície lunar.

 

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos duma criança.

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.

 

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

 

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

 

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

 

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

 

Nem sinais de negro
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

 
06 – VISITA DO ROTARY CLUB DE RIO MAIOR À FUNDAÇÃO ANTÓNIO QUADROS. Memória.

Foi com grande prazer que a Fundação recebeu os membros do Rotary Club de Rio Maior que, depois de uma apresentação sobre a vida e obra de Fernanda de Castro, António Ferro, António Quadros e, também, da Fundação, visitaram as instalações da Fundação tomando conhecimento das suas actividades, acervo e técnicas de tratamento utilizadas no arquivo e na Biblioteca.

Mafalda Ferro, acompanhada por seu filho Francisco Ferro de Abreu Gautier e por Adriana Nascimento, visitou depois a sede do Rotary Club onde experimentou entre vários petiscos da região, o excelente chá de lúcia-lima que cresce num campo junto às salinas naturais de Rio Maior que produz também tomilho limão, cidreira, hortelã-pimenta e hortelã vulgar no sopé da Serra dos Candeeiros.

 
07 – EXPOSIÇÃO "ANTIGAMENTE ERA ASSIM: A TECELAGEM NA SERRA DOS CANDEEIROS". Divulgação.

O projecto "Antigamente era Assim…", pensado por Dina Lopes, da Biblioteca Laureano Santos, expõe nova temática: depois de "A Arte do Sapateiro", apresenta agora "A Tecelagem na Serra dos Candeeiros", patente até 29 de Março na Biblioteca Municipal de Rio Maior.

Catarina Abreu, autora de literatura infantil e tecelã da Cooperativa Terra Chã recebe alunos de várias escolas, ensinando o uso do tear e uma arte há já muito quase esquecida.

 

08 CONCURSO "CONCELHIO DE LEITURA LER MAIOR". Divulgação.

O Concurso "Concelhio de Leitura Ler Maior", aprovado pelo Plano Nacional de Leitura, organizado pela Rede de Bibliotecas Escolares do Concelho de Rio Maior realizou-se no passado dia 7 no Cineteatro de Rio Maior com o apoio da Fundação António Quadros que, na pessoa de Mafalda Ferro, assumiu a presidência do júri também constituído pela Professora Isilda Leitão e pela escritora Rita Nabais.


OS FINALISTAS:

Sebastião Silva (1.º);
Duarte Carmo (2.º);
Matilde Teixeira (3,º);
Maria Margarida Leal e Maria Marques (4.º lugar).


 
09 MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO: ATRIBUIÇÃO DE PRÉMIO; LANÇAMENTO DA REVISTA NOVA ÁGUIA N.º 21. Divulgação e Convite.


Convite para:

- a atribuição do Prémio MIL Personalidade Lusófona ao político moçambicano Manuel de Araújo nascido a 11 de Outubro de 1970 em Quelimane;

- o lançamento do n.º 21 da revista Nova Águia.

Local: Sociedade de Geografia de Lisboa.
Data e hora: 28 de Março, 16.30.

 
10 - LIVRARIA: PROMOÇÃO DO MÊS, por Fundação António Quadros.

A Fundação disponibiliza para venda, até 14 de Abril de 2018:

Título:
António Quadros e António Telmo: epistolário e estudos complementares.

Coordenação
: Mafalda Ferro; Pedro Martins; Rui Lopo.

Edição
- Lisboa: Edições Fundação António Quadros e Labirinto de Letras, 2015.

PVP até 14 de Abril de 2018: 08,00€. I PVP a partir de 14 de Abril de 2018: 13,00€.
 
 
     
 
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