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Newsletter Nº 142 / 14 de Dezembro de 2018
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 – Entrega do Prémio António Quadros 2018 TURISMO. Memória de um Grande Dia.

02 – A presença do Turismo na Fundação António Quadros. Finda a exposição...

03 – História do Presépio. Exposição patente na Fundação António Quadros até ao dia de Reis.

04 Em Dezembro, 118 nos depois do nascimento de Fernanda de Castro e 24 anos depois da sua morte, por Mafalda Ferro.

05 O ultraísmo espanhol e Portugal. Cem anos dum movimento de vanguarda. Exposição e colóquio.

06 – Livraria, Promoção do mês:  Histórias do Tempo de Deus, de António Quadros.

 

EDITORIAL
por Mafalda Ferro

 

Quase a encerrar o ano de 2018, há que homenagear e agradecer a cada um dos membros do grupo «AMIGOS DA FUNDAÇÃO ANTÓNIO QUADROS» a quem a Fundação deve em grande parte a sua subsistência.


Para quem não conhece a realidade da Fundação, importa explicar que a Fundação conta com 58 «Amigos» que 
apoiam as suas actividades e contribuem para o enriquecimento do seu acervo doando verbas, obras e documentos e prestando serviços gratuitamente.

Além de particulares, a Fundação conta no seu rol de «AMIGOS» com instituições como a Câmara Municipal de Rio Maior ou o grupo YOUR e é apoiada pela
Universidade Autónoma de Lisboa, pela Irmandade da Misericórdia e de S. Roque de Lisboa, pela Escola Secundária de Rio Maior, pela Loja do Sal, pela fábrica Doces d'Aldeia, pela Cooperativa Terra Chã e pela Enoporte entre muitas outras. 
A todos, agradecemos o apoio prestado em 2018 e anos anteriores.

A Fundação António Quadros deseja aos seus amigos, colaboradores, parceiros, leitores e àqueles que ainda não conhece um Feliz Natal e um Óptimo Ano Novo.

 
01 – ENTREGA DO PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS 2018 TURISMO.
Memória de um Grande Dia.

Foi de facto um Grande Dia para quem teve a oportunidade de ouvir Margarida Magalhães Ramalho que connosco partilhou os factos passados em Vilar Formoso no mês de Junho de 1940 bem como os testemunhos escritos de António Hartwich Nunes, então director do posto fronteiriço de Turismo em Vilar Formoso - o primeiro criado em Portugal por António Ferro - e dos milhares de refugiados que nesse mês entraram em Portugal com vistos de Aristides de Sousa Mendes. Segundo António Hartwich Nunes nas suas Memórias a ordem de António Ferro foi «Recebam todos de braços abertos!». E assim aconteceu. Os refugiados, sem excepção, passaram a fronteira e os habitantes de Vilar Formoso receberam em suas casas quantos puderam albergar.  

Os dias 23 e 24 de Junho foram os de maior tormenta. Chegaram à fronteira, nestes dois dias, umas duas mil pessoas, de comboio e de automóvel. A rua direita de Vilar Formoso, pelo movimento, recordava os grandes Boulevards ou Picadilly, às 6 horas da tarde. Na gare não se podia dar um passo.

António Hartwich Nunes, 
em Memórias de Vilar Formoso, 1940.


Grandes grupos de judeus sobreviventes ao Holocausto e seus descendentes visitam o Museu «Vilar Formoso, Fronteira da Paz». É o já chamado Turismo Judaico.


Margarida Magalhães Ramalho é convidada a proferir palestras sobre esta temática em todo o mundo e, nós, tivemos a honra de a ouvir em Rio Maior!


Agora, portugueses, há que conhecer o museu que resultou do empenhamento e do trabalho de investigação da nossa homenageada deste ano e que, juntamente com a sua extensa, talentosa e competente carreira, lhe mereceu o PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS 2018.

Visualize AQUI uma Visita Guiada ao Museu comentada por Margarida Magalh«aes Ramalho.



Legenda
(da esquerda para a direita):

Margarida Magalhães Ramalho; Mafalda Ferro; José Guilherme Victorino; dois aspectos da assistência; Madalena Ferreira Jordão à frente de Eduardo e Isabel Hartwich Nunes; aspecto da mesa de honra; Adriana Nascimento (Fundação António Quadros); Entrega do Prémio António Quadros; Agradecimento sentido; Entrega de merecido mérito e colaboração com a Fundação a Celestino Domingues, membro do júri; Parabéns!; Explicação do Troféu de autoria de Cristina Rocha Leiria; Na Sala da Fundação; Fotografia "de família": Daniel Pinto (director da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste), Isaura Morais (Presidente da Câmara de Rio Maior), Eduardi Hartwich Nunes, Margarida Magalhães Ramalho, Mafalda Ferro, Isabel Hartwich Nunes, Patrícia Cunha (Fundação António Quadros, prima da família Hartwich Nunes, neta de Augusto Cunha), José Guilherme Victorino (Fundação António Quadros, presidente do júri).

 
02 – A PRESENÇA DO TURISMO NA FUNDAÇÃO ANTÓNIO QUADROS.
Findo o tempo da exposição...

Findo o tempo da exposição «A presença do Turismo na Fundação António Quadros», pano de fundo da cerimónia de entrega do Prémio António Quadros 2018 TURISMO, publicamos algumas imagens que mostram um pouco o que foi esta exposição.

Em destaque, esteve a actividade de António Ferro em prol do Turismo e também a de Augusto Cunha*, organizador dos cruzeiros de estudantes da metrópole às colónias e das colónias à metrópole (1935,1937), enquanto fundador e director da revista «Mundo Português», iniciativa do Ministério das Colónias e do Secretariado da Propaganda Nacional.
Estiveram igualmente expostas diversas peças bibliográficas publicadas recentemente fruto de trabalhos de investigação, na sua maioria apoiados pela Fundação e, ainda algumas das obras de Margarida Magalhães Ramalho dedicadas ao Turismo.


Terminada a exposição, todos os elementos que a constituíram - obras, documentos, medalhas, diplomas, cartazes e peças de arte popular características não só do Brasil como da Madeira, dos Açores, de Rio Maior, de Barcelos, de Estremoz - podem ser apreciados e consultados na Fundação António Quadros.

*Consulte o registo bio-bibliográfico de Augusto Cunha patente no Sítio da Fundação António Quadros AQUI

 
03 – HISTÓRIA DO PRESÉPIO.
Exposição patente na Fundação António Quadros até ao Dia de Reis.

 

A Fundação António Quadros com o apoio da Câmara Municipal de Rio Maior e da Irmandade da Misericórdia e de S. Roque de Lisboa exibe até 6 de Janeiro de 2019, uma exposição que dá a conhecer a História do Presépio.
Aconselhada a crianças e jovens e à população em geral, .

Entrada livre. Contamos consigo.

Apoios: Câmara Municipal de Rio Maior; Irmandade da Misericórdia e de S. Roque de Lisboa.
Local
: Fundação António Quadros | Biblioteca Municipal Laureano Santos | Rua Dr. Fernando Sequeira Aguiar | Rio Maior.
Informações: 965552247 | 243999310



E, muito mais!

 
04 EM DEZEMBRO, 118 NOS DEPOIS DO NASCIMENTO DE FERNANDA DE CASTRO E 24 ANOS DEPOIS DA SUA MORTE, por Mafalda Ferro.

 

O tempo de Fernanda de Castro, a minha avó, na Terra, iniciou durante o mês de Dezembro e terminou no mesmo mês 94 anos depois.
Ser mulher no início do século XX não era fácil, principalmente se se queria voar alto, acima das convenções sociais,
E ela sempre quis.

A sua vida poderia ter sido muito difícil, revoltada ou acomodada já que teve fortes razões para isso:


- Ficou órfã de mãe aos 12 anos e quando tinha 17 anos, o pai foi viver para Portimão com a sua segunda mulher;

- Foi obrigada a fazer luto pelo marido (1956), pelo filho António (1993), por cinco netos (1949, 1950, 1956, 1961, 1961), por quatro irmãos e pela maioria dos seus amigos;

- Cegou quase completamente;

- Sofreu com problemas de peso e fortes dores crónicas nos ossos durante mais de quarenta anos;

- Suportou estoicamente o abandono de muitos que considerava amigos, depois da revolução de Abril;

- Viveu paralisada durante os deus últimos 13 anos.


Mas, apesar disso, nunca lhe ouvi uma queixa, uma acusação, uma revolta e, lágrimas só lhas vi quando se ria muito.
E adorava rir.

As suas circunstâncias poderiam tê-la derrubado mas tal não aconteceu, foi o corpo que a traiu, não a mente, não a alma, não o espírito.

Mulher de esperança, força e coragem, talento, iniciativa e determinação, era alegre e lírica por natureza, encontrando no mais fundo de si própria refúgio e estímulo para continuar a amar a vida, a natureza, a si própria e aos outros, sem amarguras.


Viveu rodeada de amigos e envolvida em projectos mas nunca abdicou da sua privacidade, dos seus silêncios, da sua independência.

Para os filhos, para os netos, para os bisnetos, foi amiga e conselheira, mestra e sempre, sempre positiva e inspiradora.


Um dia, percebendo que eu, então adolescente, não estava contente comigo mesma - óculos, excesso de peso, estudos e outras queixas igualmente patetas mas que na altura me pareciam gravíssimas - escreveu-me uma carta que ainda conservo. Apenas um excerto:


Eu engordei 30 quilos em pouco mais de dois anos
[…] Julgas que me ralei? Nunca me senti lesada porque o principal é o que está por dentro e não o que está por fora […] Não gostas de usar óculos? Pois eu que não tenho especialmente mau gosto, acho que te ficam bem, que te dão um ar moderno e intelectual que vai bem com o que tu és. Pensa assim: Mais vale ter óculos e olhos bonitos, do que olhos feios sem óculos. E tu, a respeito de olhos não estás mal servida, não achas? […] A vida é uma luta e lutar é que é bom, lutar é que é estimulante […] Fica sabendo que gosto muito de ti  […].


Encontrei na Biblioteca da Fundação registos comprovativos dos alguns dos seus afectos familiares mais próximos:

1945, MARIA DA LUA. Com dedicatória manuscrita Aos queridos pais Ferro, à sua amizade que me orgulha e que há tantos anos me acompanha, ofereço este livro com a maior e a mais grata estima. Maria Fernanda.

1951, RAIZ FUNDA. Com dedicatória manuscrita da autora à sua nora Paulina: À Pó - minha filha e minha amiga por direito de conquista, com a ternura que tanto merece.

1961, POESIA I. Com dedicatória manuscrita À Umbelina, que nunca foi cunhada mas irmã, com uma amizade nunca desmentida ao longo de quase meio século. [irmã de António Ferro]

1969, FIM DE SEMANA NA GORONGOSA. Obra dedicada "Aos meus «cinco»: António, Ana, Rita, Vincent e Stephanie". [o meu nome é Ana Mafalda mas como a sua mãe se chamava Ana, sempre preferiu o meu primeiro nome]

1974, FONTEBELA. Com dedicatória manuscrita Ao António, que apesar da sua filosofia, ou talvez por causa da sua filosofia, pertence à família de Fontebela, com a admiração, a estima e o amor sem nuvens, da sua mãe.

 

Quando tudo é já silêncio, quando começo a ter sono, apago a luz, esqueço os homens e procuro encontrar Deus. Fernanda de Castro, 1989 em Ao Fim da Memória.

 
05 O ULTRAÍSMO ESPANHOL E PORTUGAL. CEM ANOS DUM MOVIMENTO DE VANGUARDA.
Exposição e colóquio.


O Instituto Cervantes de Lisboa inaugurou ontem, dia 13 de Dezembro, a exposição «O ultraísmo espanhol e Portugal. Cem anos dum movimento de vanguarda» subsequente ao colóquio realizado com o mesmo nome que, moderado por 
Javier Rioyo, director do Instituto Cervantes em Lisboa, contou com a participação de João Paulo Cotrim (Ramón Gómez de la Serna e Almada Negreiros); de Antonio Sáez Delgado (Ultra e Portugal); de Mariana Pinto dos Santos (Mulheres e vanguarda a partir de Almada); de José Luis Bernal (Ultraismo e generação do 1927); de Ignacio Izquierdo del Valle (Adriano del Valle). 

O Ultraísmo, cuja actividade se desenvolveu principalmente entre 1918 e 1925, foi o movimento de vanguarda autóctone mais importante da literatura espanhola. Graças ao mesmo, a poesia espanhola conseguiu sincronizar-se com as últimas novidades da Europa, em sintonia com os ismos que revolucionaram o panorama estético nas duas primeiras décadas do século XX.

Os escritores ultraístas (Adriano del Valle, Isaac del Vando-Villar, Rogelio Buendia, Guillermo de Torre com os seus precursores Rafael Cansinos Assens e Ramón Gómez de la Serna) tiveram uma clara vocação cosmopolita, em cujo contexto surgem interessantes relações com Portugal, nunca até à data abordadas numa exposição monográfica. Graças a essa vocação, figuras como Fernando Pessoa ou Mário de Sá-Carneiro puderam conhecer os seus primeiros textos em Espanha, construindo as bases de um diálogo que atravessa o próprio espírito da arte e da literatura de vanguarda.


A exposição contou com o apoio da Fundação António Quadros que preserva no seu acervo grande número de documentos, resultantes da amizade entre António Ferro e Ramón Gómez de la Serna

Local e pedidos de informação:
Instituto Cervantes de Lisboa
Rua Santa Marta 43 F - r/c Lisboa.
213 105 020 || cenlis@cervantes.es

 
06 –LIVRARIA
Promoção do mês

 

Autoria: António Quadros.
Título: Histórias do Tempo de Deus.
Edição - Obras de António Quadros, n.º 2. Lisboa: Edições do Templo, 1979. [2.ª edição]
Capa: Manuel Lapa.
Introdução: José A. Ferreira (José Antunes Ferreira). Só publicada nesta edição.

PVP
até 14 de Janeiro de 2018: 24,00€.
PVP a partir de 14 de Janeiro de 2018: 30,00€.

Opinião de David Mourão Ferreira: Trouxe para a ficção e em termos de ficção – mais especificamente conseguido nas «Histórias do Tempo de Deus (1965) do que em «Anjo branco, Anjo negro (1960) -, o pendor «problematizante» da sua obra ensaística e filosófica, das mais significativas do pensamento português contemporâneo.

 
 
     
 
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