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Newsletter Nº 154 / 14 de Novembro de 2019
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE


01
 Cinema português, intervenção de António Ferro e política cinematográfica do SPN/SNI, por Paulo Ribeiro Baptista.

02 Visita à Exposição «Sarah Affonso: os dias das pequenas coisas», por Mafalda Ferro.

03  Despedida e últimos visitantes de «Acervos em Diálogo: Frederico e Elvira de Freitas com António Quadros, Fernanda de Castro e António Ferro». Memória.

04  A Escola Fernanda de Castro fez 81 anos. Memória.

05  Inauguração da Exposição e lançamento do livro «Descobrir São Pedro do Sul». Divulgação.

06  «O Centro Histórico de Rio Maior. A terra, os homens e o património», por Nuno Rocha (director d'«O Riomaiorense»).

07  Livraria António Quadros, promoção do mês: Descobrir São Pedro do Sul, coordenação e textos de Miguel Regada.

 

EDITORIAL, 
por Mafalda Ferro


Lembrando a acção de António Ferro em prol da cultura, dedica-se-lhe a presente newsletter, 63 anos depois da sua morte, com especial enfoque numa temática que lhe era muito cara: o cinema.


Revi recentemente na RTP Memória o documentário «António Lopes Ribeiro – o Carro da Estrela», produzido para a RTP por Cinequanon em 1989 em que o cineasta refere que António Ferro foi a pessoa que teve a coragem, no governo, de arranjar dinheiro para que se fizesse uma cinemateca portuguesa onde houvesse um Museu e, além disso, se arquivasse todos os filmes que se iam fazendo; que era costume, até mesmo no estrangeiro, deitar fora e vender para fazer pentes e outras coisas que a película servia para fazer, sem repararem que o cinema era nada mais nada menos que a memória das épocas. O António Ferro era um cinéfilo feroz numa época em que os intelectuais não acreditavam no cinema [que era considerado] era uma atração de feira. Menos em Portugal.


Nos dois últimos meses, foram publicadas algumas obras literárias que destacam especialmente António Ferro ou/e em Fernanda de Castro:

- A Herança de António Ferro: Museu de Arte Popular, por Alexandre Oliveira;

- Histórias do Palácio Foz, por António Xavier;

- Leitão de Barros - A biografia roubada, por Joana Leitão de Barros e Ana Mantero;

- Sarah Affonso: os dias das pequenas coisas, coordenação de Emília Ferreira;

- Virgínia Victorino na cena do Tempo, coordenação de Jorge Pereira de Sampaio.


 

Continuando a lembrar o meu avô, António Ferro, visitei a loja de ferragens que foi do seu pai e que conserva ainda o seu nome original «António Joaquim Ferro e Herdeiros».


Pode consultar esta e todas as newsletters publicadas pela Fundação em www.fundacaoantonioquadros.pt.

 
01 CINEMA PORTUGUÊS, INTERVENÇÃO DE ANTÓNIO FERRO E POLÍTICA CINEMATOGRÁFICA DO SPN/SNI, por Paulo Ribeiro Baptista.

 

António Ferro teve a iniciativa de criar a Cinemateca Portuguesa, circunstância que não consta da página online desse organismo. Que razões terão motivado esse apagamento?

Há um ano tive oportunidade de destacar o pioneiro papel de António Ferro na cultura visual portuguesa dos anos 1920 e 1930 (Paulo Ribeiro Baptista, “Aspectos da afirmação da cultura visual em Portugal: o papel de António Ferro. Da Ilustração Portuguesa ao arquivo fotográfico do SPN“ in Vista, n.º 2, 2018, pp. 41–57) fazendo uma breve referência ao cinema. A contribuição de Ferro para o cinema português foi já tratada numa dissertação de mestrado por Carla Ribeiro (O “Alquimista de Sínteses”: António Ferro e o Cinema Português, Porto FLUP, 2010, disponível online AQUI) e também por uma obra mais abrangente, coordenada por Luís Reis Torgal, dedicada ao cinema no Estado Novo (Luís Reis Torgal, O Cinema sob o Olhar de Salazar, Lisboa, Círculo de Leitores, 2011). O papel de António Ferro no cinema português é inquestionável, inicia-se na década de 1910 e é mais amplo do que a acção que desenvolveu enquanto director do SPN/SNI.

António Ferro foi das primeiras pessoas, em Portugal, a falar publicamente e a publicar um ensaio sobre cinema, três actrizes do cinema mudo italiano, As grandes trágicas do silêncio, logo em 1917, o que comprova a sua precoce cinefilia. Esse interesse não esmorece, antes pelo contrário, e irá publicar mais tarde duas obras em que volta a abordar algumas questões ligadas ao cinema, Novo Mundo, Mundo Novo, de 1930 e Hollywood, Capital das Imagens, de 1931, obras que comprovam o fascínio que a indústria cinematográfica americana exercia sobre Ferro e em que ele nos dá conta dos contactos que estabeleceu com figuras de Hollywood como Walt Disney, Douglas Fairbanks ou Mary Pickford. Aliás é ainda de acrescentar a curiosidade de Ferro também ter pontualmente escrito sobre cinema num jornal francês, Comoedia, num artigo em que menciona a infância da actriz francesa Lili Damita em Portugal.

Outro dos aspectos a destacar no percurso de António Ferro é a sua ligação muito próxima a duas das figuras mais importantes do cinema português da primeira metade do século XX, Leitão de Barros e António Lopes Ribeiro. Com Leitão de Barros mais do que ligação, há uma profunda cumplicidade que remonta à direcção da Ilustração Portuguesa, em 1921 e 1922, período em que Leitão de Barros foi seu “braço direito” e que volta a ocorrer mas com papéis invertidos, no final dos anos 1920, quando Leitão de Barros funda o Notícias Ilustrado, já para não falar da colaboração no projecto do Teatro Novo, de 1925. Também com os irmãos Ribeiro, António Lopes e Francisco, Ferro teve ligações próximas, com muitos projectos comuns, nomeadamente o do filme Revolução de Maio de que falaremos adiante.

Em 1931, António Ferro incluiu a projecção do filme de Manuel de Oliveira, Douro, Faina Fluvial no programa do V Congresso da Crítica, que se realizou em Lisboa e ele organizou. Significativamente, no ano seguinte, Ferro integrou o Conselho de Produção da Tobis Klang Filmes.

A maior parte dos estudos que se referem ao cinema do Estado Novo abordam a questão da propaganda e procuram estabelecer comparações e ligações com os cinemas italiano, alemão e soviético, no entanto estudos recentes têm revelado que, nos anos entre guerras e durante a segunda guerra mundial, também nos países do bloco democrático, nomeadamente em Inglaterra, em França e nos Estados Unidos da América, também houve cinema de propaganda e cinema moldado e adaptado pelas circunstâncias políticas. Será lícito partir do pressuposto que a política de propaganda do SPN/SNI se inspirou nas políticas dos países do eixo? Não fará mais sentido analisar de forma abrangente todas essas situações de propaganda e, a partir dessa análise, procurar as raízes da propaganda portuguesa, nomeadamente no cinema ao invés de se partir do pressuposto relativamente ao modelo seguido, como me parecer suceder na maior parte dos estudos que tenho consultado? Sabemos bem do fascínio que António Ferro sentia por países como França, Estados Unidos, Inglaterra e Itália e da sua profunda antipatia visceral relativamente à Alemanha e político-ideológica relativamente à União Soviética.

Numa breve e superficial reflexão sobre o cinema nacionalista e de propaganda não podemos deixar de mencionar a primeira grande metragem de 12 bobines de D. W. Griffith, o The Birth of a Nation, uma obra icónica que não deixa de incluir aspectos de grande polémica, para além de ser uma obra de afirmação nacionalista e de propaganda. Aliás, não nos podemos esquecer que, no período da Primeira Guerra Mundial, o cinema se tornou numa arma de propaganda sobretudo interna e nacionalista. Grandes batalhas, como a do Somne, foram “passadas” a película com claros intuitos políticos e de propaganda. Aliás, a cinematografia francesa tinha tido uma precoce incursão na política e na propaganda com o filme L’affaire Dreyfus, de Georges Meliés (1899).

Na actividade cinematográfica americana há que mencionar a regulação política e moral estabelecida pelo Motion Picture Production Code, reforçado em 1934, e também outros aspectos particularmente significativos, como as cedências da indústria de Hollywood às exigências alemães, que permitiram a exibição de certas obras nos circuitos germânicos, nomeadamente pela censura de alguns aspectos com ligações judaicas. Exemplos desses aspectos são as circunstâncias que rodearam a alteração de obras como The Dawn Patrol (1930), A Farwell to Arms (1932) e Confessions of a Nazi Spy (1919). Já durante a Segunda Grande Guerra, vários departamentos governamentais velaram pela conformidade política da actividade cinematográfica, o Office of War Information (1942-45), The Bureau of Motion Pictures (1941-43) e o Office of Censorship (1941). Também conhecemos o papel activo de alguns dos mais importantes realizadores americanos, como John Ford, William Wyler, Frank Capra, John Houston e Georges Stevens na propaganda americana de guerra. E não nos esqueçamos da mensagem política do icónico Casablanca (1942), de Michel Curtiz.

Um recente ensaio de Merle Kenneth Peirce fala-nos na manipulação britânica do público entre guerras (Merle Kenneth Peirce, British Cinema and the Manipulation of Public Opinion During the Inter-war Years, Rhode Island College, Digital Commons@RIC, 2010). Esse estudo menciona uma série de títulos realizados nos estúdios London Film Productions e Britain-Denham que contaram com um apoio directo dos serviços de informação britânicos, nomeadamente do MI6. Nesse estúdio de 1933 a 1941, foram produzidos filmes por uma série de realizadores como Alexander Korda, Paul Czinner, Harold Young, Anthony Asquith, René Clair, William Cameron Menzies, Walter Reisch e Lothar Mendes, entre outros. Muitos desses filmes, alguns históricos, promoviam valores como o do patriotismo inglês, com forte carácter nacionalista. Muitos deles alertavam para o perigo nazi e um desses realizadores foi Alfred Hitchcock, e embora faça essa insinuação de forma vaga, na verdade ela está presente em filmes como The Man Who Knew too Much (1934), Sabotage (1936), Secret Agent (1936) e The Lady Vanishes (1938). Os exemplos de propaganda no cinema deste período poder-se-iam multiplicar, mas o que mais nos importa aqui é apenas questionar a filiação da política para o cinema do SPN/SNI unicamente nos sistemas de propaganda das ditaduras do eixo e sugerir um alargamento do estudo dessa filiação a outras mensagens políticas e nacionalistas, veiculadas de uma forma mais generalizada por outras filmografias, independentemente dos países e da natureza dos seus regimes.

Numa breve análise a um dos filmes de propaganda do SPN, A Revolução de Maio de António Lopes Ribeiro, com argumento colaborativo do realizador com António Ferro e a interpretação de Francisco Ribeiro (entre outros actores), podemos dizer que ele não se pode facilmente filiar na linha dos filmes de propaganda dos regimes totalitários, de que alguns dos exemplos mais paradigmáticos são O Triunfo da Vontade de Leni Liefenstahl ou Camisas negras de Giovacchino Forzano. A Revolução de Maio não se pode filiar nessa linha de cinema de propaganda por duas ordens de razões, por razões cinematográficas e por razões políticas. Em termos cinematográficos, por se tratar de uma obra ficcional, embora inclua várias sequências documentais, mas que são laterais ao argumento do filme. Por outro lado, embora procure fugir o mais possível ao género da comédia à portuguesa, na verdade, pelos actores, por aspectos do argumento e sobretudo por alguns cenários e locais de filmagem, não consegue escapar com muita facilidade a uma certa atração desse género ligeiro, que tanto estava a marcar o panorama cinematográfico português desses anos, e isso acaba por contaminar a “pureza” da mensagem política.

Mas há sobretudo razões políticas profundas que julgo afastarem A Revolução de Maio da corrente dos filmes de propaganda “musculada” do eixo que mencionámos anteriormente. Na verdade, A Revolução de Maio foi um filme concebido como uma das peças importantes de uma grande operação de propaganda do regime que, sob orientação de Salazar, António Ferro preparou para a Exposição Internacional de Paris de 1937, a última grande exposição realizada antes da Segunda Guerra Mundial.

Legenda:
Maquette de cenário de António Soares
para «A Revolução de Maio».
A tipografia clandestina.

maquete de cenário de António Soares para A Revolução de Maio. A tipografia clandestina.Em 1937, a operação de propaganda em Paris ficou a dever-se sobretudo à necessidade de recuperação da credibilidade do país que ainda não tinha atingido plenamente, desde o golpe de 26 de maio de 1926, apesar dos muitos esforços que a diplomacia portuguesa tinha desenvolvido desde então. Para essa operação, foi construído um importante pavilhão nas margens do Rio Sena, o seu interior foi decorado por uma equipa de destacados artistas plásticos portugueses e cada sala procurava afirmar os valores da estabilidade do Estado Novo e as suas perspectivas de progresso e de futuro. Para além disso, duas das principais “peças” da operação de propaganda, que procuravam sublinhar a principal mensagem ideológica dessa campanha portuguesa, foram o filme A Revolução de Maio (La Revolution de Mai, na versão francesa) e o livro de discursos e notas de Salazar que em francês tomou o título Une Revolution dans la Paix, (Oliveira Salazar, Une Revolution dans la Paix, Paris: Flammarion, 1937).

Foi precisamente a ideia de uma revolução na paz, retirada do título da obra de Salazar, que se tornou no “mote” daquela operação de propaganda, com muitos reflexos nos conteúdos veiculados no pavilhão português. O regime procurava assim justificar a sua opção por uma nova via política, que embora autoritária, escolhia a paz ou a não-violência (pelo menos em termos formais e externos) por oposição a outros regimes autoritários que assumiam de forma mais ou menos clara as suas intenções expansionistas, beligerantes ou violentas, como eram os casos da Alemanha e da Itália. Desta forma, a política externa portuguesa distanciava-se, dos três grandes blocos políticos que se desenhavam naquela época, o bloco ocidental, as potências do eixo e a União Soviética, embora numa situação de clara oposição política a esta última. Afinal, eram os fundamentos de uma neutralidade que, embora de forma sinuosa, Portugal manteria pelo menos até meados da Segunda Guerra Mundial.  

A natureza apaziguadora da mensagem do filme A Revolução de Maio, e o seu final redentor, alinham-se com as intenções da referida operação de propaganda do regime português. Intuitivamente, encontramos no envolvimento de António Ferro, enquanto “ideólogo” e guionista do filme, a mão que tornou esse alinhamento possível, mesmo que isso possa ter tido consequências de natureza estética naquela obra (como sugere Luís Reis Torgal na obra citada, numa análise detalhada do filme).

A política do SPN/SNI para o cinema pode ser dividida em cinco vetores, o apoio ao cinema português, os prémios de cinema, o cinema ambulante, os documentários portugueses e a criação de arquivo audiovisual. É interessante verificar que a iniciativa de vários desses vectores não era propriamente novidade, tinha já sido defendida ou sugerida aqui e ali por Ferro ou por figuras do cinema que lhe eram próximas. Em muitos casos, o programa de António Ferro ao chegar à direcção do SPN, já estava esboçado e as circunstâncias políticas condicionariam a sua definição, provavelmente também sucedeu tal com o cinema. Não cabe neste texto desenvolver esses aspectos que sugiro possam sejam consultados nas citadas obras de Carla Ribeiro ou de Luís Reis Torgal.

A criação de um arquivo de cinema representou um passo fundamental na política do SPN, um organismo que tinha a ser cargo a promoção institucional do cinema português e a divulgação da cultura cinematográfica. No SPN, isso já tinha sucedido com a fotografia e o cinema seguir-se-lhe-ia com naturalidade, primeiro com a criação da secção de cinema (1934), cujo responsável, por indicação de António Lopes Ribeiro, foi Félix Ribeiro e que, posteriormente, se viria a tornar no primeiro director da Cinemateca Nacional, aquando da sua criação pelo director do, já então, SNI, em 1948.

Na realidade, as instituições lidam com o seu passado da forma que entendem mas isso não significa que quem para elas olha, sobretudo quando são públicas, o que lhes acrescenta responsabilidade, não possa encontrar nesses gestos sintomas de uma má relação com o seu passado. Mas será que essas atitudes ainda fazem algum sentido em 2019, mais de 70 anos após a sua criação e 45 anos após o 25 de Abril? Tenho as maiores dúvidas.

 
02 VISITA À EXPOSIÇÃO «SARAH AFFONSO: OS DIAS DAS PEQUENAS COISAS»,
por Mafalda Ferro.

 

Sob a curadoria de Emília Ferreira e de Maria de Aires Silveira, a exposição está patente no Museu do Chiado até 22 de Março de 2020 e é apoiada pela Fundação António Quadros. Foi com grande alegria, interesse e encantamento que a visitei, por duas vezes. 


Como não podia deixar de ser, o nome de Fernanda de Castro cruza frequentemente com o de Sarah Affonso, em diversos projectos sociais, artísticos e editoriais e, também, nas suas histórias de vida em que a amizade esteve sempre presente.


No âmbito deste projecto o Museu do Chiado produziu um livro incontornável, e muito esperado, para o conhecimento e estudo de Sarah Affonso enquanto Mulher e Artista.

Na obra, com o mesmo título da exposição, os textos (de Emília Ferreira, Joana Baião, Paulo Ribeiro Baptista, Ana Vasconcelos/António Medeiros, Maria de Aires Silveira, Ana Rita Duro, Susana Pires, Aurora Chapinha e Vera Barreto) são acompanhados de reproduções de obras da autora ou associadas à sua biografia e, ainda de documentos e muitos outros elementos. À venda no Museu e, à consulta, na Fundação António Quadros.

 
03  DESPEDIDA E ÚLTIMOS VISITANTES DE «ACERVOS EM DIÁLOGO: FREDERICO E ELVIRA DE FREITAS COM ANTÓNIO QUADROS, FERNANDA DE CASTRO E ANTÓNIO FERRO». Memória.



Com tristeza, vimos regressar à Universidade de Aveiro os elementos bibliográficos, artísticos e documentais expostos na Fundação António Quadros, em diálogo com os da Fundação. No entanto, esse diálogo não terminou já que este projecto partilhado entre as duas Instituições, não tendo sido o primeiro, deu origem ao seguinte que, igualmente interessante, acontecerá em 2020 e que a seu tempo será revelado. 

No último dia, com grande orgulho nosso, a exposição foi visitada por Ada de Castro que, no Livro de Honra da Exposição, registou A minha gratidão a Maestro Frederico de Freitas, Elvira de Freitas e Fernanda de Castro, por terem escrito e composto os êxitos que gravei. Foi muito bom tê-los como amigos. Ada de Castro.


No mesmo dia, Rafael e Maria Frederica, filhos de Elvira de Freitas e netos de Frederico de Freitas, estiveram na Fundação acompanhados por Ana de Freitas Santos (bisneta do Maestro), dando origem a comoventes momentos de memórias partilhadas.

 
04  A ESCOLA FERNANDA DE CASTRO FEZ 81 ANOS.
Memória.



Acompanhada por Madalena Ferreira Jordão e suas irmãs Emília e Anabela, antigas alunas da Escola Fernanda de Castro que, à data, ainda não tinha esse nome, compareci de novo à festa de aniversário da Escola Fernanda de Castro, fundada pela própria na Tapada das Necessidades.



Fui saudada e simpaticamente acolhida pela directora da escola, pelas crianças e por antigos alunos. Além de outros números cénicos, assisti à representação de "A Ilha dos Papagaios", conto de autoria da fundadora da escola e à dança d'"A Marcha das Vindimas", também de sua autoria.



Cantámos os parabéns à Escola e eu fui presenteada com um bonito ramo de flores de que a minha avó teria gostado muito. 
Que tarde bem passada!

 
05  INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO E LANÇAMENTO DO LIVRO «DESCOBRIR SÃO PEDRO DO SUL». Divulgação.


No passado dia 11 de Novembro, 63 anos depois da morte de António Ferro, a Fundação António Quadros homenageou uma arte que ele tanto apreciava e utilizava em todos os seus projectos: a Fotografia.



Nesse dia, foi apresentada ao público riomaiorense a exposição «DESCOBRIR SÃO PEDRO DO SUL» e também o livro que, com o mesmo título, reúne imagens registadas em São Pedro do Sul durante três anos por um grupo de fotógrafos amadores. O projecto e a publicação têm a assinatura de Miguel Regada, com o apoio de Aníbal Santos. Aqui se deixa algumas reproduções de imagens publicadas e em exposição. 

A exposição está patente na Fundação António Quadros em Rio Maior até ao fim do mês de Novembro e o livro pode ser adquirido também na Fundação, em preço de lançamento até dia 14 de Dezembro.

 
06  «O CENTRO HISTÓRICO DE RIO MAIOR. A TERRA, OS HOMENS E O PATRIMÓNIO»,
por Nuno Rocha (director d'«O Riomaiorense»).

 



O Centro Histórico de Rio Maior conserva os projectos, as ambições e as obras concretizadas por sucessivas gerações de riomaiorenses. Vestígios da presença culta e informada de antepassados tantas vezes esquecidos, que continuam a surpreender-nos a um olhar mais atento.


A história local não é povoada de heróis, santos ou sábios notáveis, embora também os reis por aqui tenham permanecido, como nos conta Fernão Lopes nas suas crónicas. Aqui fixaram raízes, por nascimento, laços familiares ou ofício, homens comuns, laboriosos, que amaram este lugar como seu e que, entre as dificuldades quotidianas de uma vida de trabalho, encontraram sempre uma reserva de espírito para se dedicarem ao engrandecimento da comunidade à qual pertenciam.


Surgem referências a estes homens bons de Rio Maior desde a Idade Média. Se não puderam legar-nos construções grandiosas, porque nunca tiveram meios para tal, souberam, no entanto, com os recursos existentes, erguer um valioso património comum, que é hoje a cidade de todos nós.


Muitas das melhores obras da comunidade foram erguidas, com dificuldade, mediante a associação de cidadãos comuns, comerciantes, profissionais liberais, operários, que decidiram juntar esforços para fazer obra colectiva. São disso exemplo o desaparecido Teatro Riomaiorense, a Associação dos Bombeiros Voluntários, ou a Igreja Paroquial. (Desejamos que o futuro Museu Mineiro possa juntar-se a esta galeria ilustre).


A construção destas obras fez-se sempre de amor pela terra, do enraizamento dos homens na colectividade, da qual recebiam os exemplos dos seus maiores a quem respeitavam e desejavam igualar. Ao longo das décadas sucederam-se homens e mulheres que fizeram sua a tarefa de conservar a obra realizada e acrescentá-la, adaptando-a às necessidades dos tempos que eram os seus. Nesse desejo de pertencer, de deixar um contributo, muitos se destacaram pela participação cívica, pela acção social ou pelo cultivo amador das artes, deixando uma marca perene nas ruas da antiga vila.


O tempo lento deste processo evolutivo permitia o aperfeiçoamento das soluções e a procura do belo. A harmonia estética do antigo conjunto urbano, a sua escala humana, os traços de pitoresco e, em alguns casos, de qualidade arquitectónica, resultaram assim de um saber-fazer acumulado, compreendido, e transmitido ao longo de gerações.


O século XX estabeleceu uma ruptura com este modo de fazer cidade. A evolução tecnológica tornou fácil e rápida a total destruição de uma obra existente e a sua substituição por obra nova. Em Rio Maior, a partir da década de setenta, em nome de uma ideia equívoca de progresso, quebrou-se a harmonia da vila histórica, nela se erguendo edifícios dissonantes apenas justificados pelo lucro e pela ignorância.


O passado destruído é irrecuperável, mas a destruição realizada até hoje não conseguiu ainda comprometer o valor cultural do tecido urbano histórico de Rio Maior. A conservação do que resta deve ser uma prioridade das políticas de ordenamento do território.

A EICEL1920, desde a sua criação em 2010, tem procurado sensibilizar o Município de Rio Maior para a necessidade de salvaguarda deste património. Entre as várias intervenções oportunamente divulgadas, destaca-se a Proposta de Salvaguarda apresentada a 5 de Outubro de 2018, que publicamos na presente edição do Riomaiorense.

Parafreaseando o filósofo britânico Roger Scruton, diríamos que a conservação do património é um acto de amor pelos lugares aos quais pertencemos. Elegemos os lugares e as obras que nos são mais preciosas e fazemos o que está ao nosso alcance para preservá-las do perigo constante da destruição, mantendo-as vivas como uma herança valiosa que não nos pertence, e que apenas custodiamos.


Resta a cada riomaiorense assumir a responsabilidade que lhe cabe na luta antiga e permanente pela valorização cultural de Rio Maior.


O CENTRO HISTÓRICO DE RIO MAIOR: PROPOSTA DE SALVAGUARDA
em 10 capítulos, NO JORNAL «O RIOMAIORENSE»:


Capítulo 01
 
Capítulo 02 Capítulo 03 Capítulo 04 Capítulo 05

Capítulo 06 Capítulo 07 Capítulo 08 Capítulo 09 Capítulo 10

 
07  LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS,
Promoção do mês.

 

Título: Descobrir São Pedro do Sul.

Textos e coordenação: Miguel Regada.

Prefácio: Mestre Homem Cardoso.

Fotografias: Vários autores.

Edição - Lisboa: Almalusa Editora, 2019.


PVP até 14 de Dezembro de 2019: 25,00€

 
 
     
 
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