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Newsletter Nº 155 / 14 de Dezembro de 2019
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE

 

01  Fernanda de Castro: Uma História de Natal – Boas Festas de Mafalda Samwell Diniz, por Mafalda Ferro.

02  Paulo Ferreira, 20 anos depois, por Vasco Rosa.

03 Passo e Fico como o Universo: Fernando Pessoa – 30 Anos em Bruxelas, de Joaquim Pinto da Silva, por Mafalda Ferro.

04 Virgínia Victorino: Vida e Obra, de Jorge Pereira de Sampaio, por Mafalda Ferro.

05  Exposição «Descobrir SÃO PEDRO DO SUL», de Miguel Regada. Prolongamento.

06  Auto de Natal 2019: SER REI. Divulgação.

07  Presépios de Sal em Rio Maior, por Mafalda Ferro.

08  Livraria António Quadros, promoção do mês: Quelques Images de L'Art Populaire Portugais, de António Ferro e Paulo Ferreira.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro

 

A presente newsletter é dedicada a PAULO FERREIRA (1911-1999), colaborador e também grande amigo de António Ferro e de Fernanda de Castro.

Existem na Fundação António Quadros obras de arte, correspondência e outras referências deste artista cujas imagens hoje se publica, ilustrando um texto de Vasco Rosa sobre este artista pertencente à segunda geração de pintores modernistas portugueses que, tendo morrido há apenas 20 anos, em Dezembro de 1999, parece ter já caído no esquecimento.

Entre outros trabalhos, Vasco Rosa publicou «António Ferro e os artistas» e «Cottinelli Telmo: coisas sérias a brincar». Escreve habitualmente no Observador, desde 2014.


Paulo Ferreira foi o responsável pelo espaço a que António Ferro, em Berna, chamou a «Casa Portuguesa» e onde realizava diversas iniciativas de divulgação da cultura portuguesa.


Excertos de algumas das cartas de Paulo Ferreira para António Ferro que referem actividades por si realizadas e lembram a amizade que os unia:


- Em 1947: Exmo. Sr. Secretário Nacional da Informação, tendo sido indicado o meu nome por V. Ex.ª para fazer os figurinos dos bailados do grupo “Verde-gaio” na sua próxima actuação na temporada lírica em S. Carlos […]

- Em 1952: Estive em Berna. As obras seguem em bom andamento. A Chaminé da sala de jantar está quase pronta, e a do “hall” vai adiantada.

Quanto à fonte, não há possibilidade de a colocar na sala de jantar, pois seria necessário construir uma nova parede para a meter, pois a existente é um tabique de madeira. Parece-me pois, que o melhor seria pô-la no local para onde foi destinada. Lembro-lhe que este trabalho ficou compreendido no orçamento do pedreiro, juntamente com a pedra de armas. Esta já foi colocada, e ficou bem. A pintura da parede da entrada da Chancelaria, ficará terminada por estes dias mais chegados.

- Em 1954: Após alguns contratempos comecei ontem a montar a exposição.

Os caixotes contendo o material de exportação temporária chegaram sábado passado a Berna. A alfândega será feita aqui, no Museu, mas… possivelmente só na próxima segunda-feira, isto na melhor das hipóteses.

- Em 1954: Estimo, que apesar dos vários contratempos, não deixe de continuar o seu diário, a sua poesia, as suas peças… Pessoas que aqui conheceu, perguntam continuadamente por si, e é sempre lembrado, com simpatia, e saudade. A sua partida criou um vácuo, e tudo se desintegrou. Lembrar-me-ei sempre do ambiente criado por si em Berna; dos bons momentos de franca amizade, que passámos juntos.

 

A Fundação Eng.º António de Almeida apresentou ontem, 13 de Dezembro no seu auditório Homenagem a Agustina Bessa-Luís, Conferências. Colóquio. Exposição., publicação que, também com o apoio da Fundação António Quadros, documenta e ilustra através dos textos e das imagens, o que de relevante se deve perpetuar.

 

Pode consultar esta e todas as newsletters publicadas pela Fundação em www.fundacaoantonioquadros.pt.
 

01  FERNANDA DE CASTRO: UMA HISTÓRIA DE NATAL – BOAS FESTAS DE MAFALDA SAMWELL DINIZ, por Mafalda Ferro.

Fernanda de Castro nasceu e morreu durante o mês de Dezembro, com 94 anos de separação.


Em sua memória e homenagem, num acto de amizade, Mafalda Samwell Diniz criou para si umas Boas Festas da Fundação para 2019 que relembram uma das muitas histórias que, com quase 89 anos, Fernanda de Castro publicou nas suas Memórias.


Obrigada, minha querida avó Fernanda que nunca esqueço, pelo registo da  sua vida que continua até hoje a encantar, a inspirar e a informar.

Obrigada, querida Mafalda, por continuar, desde há 10 anos, a iluminar e a apoiar a Fundação com as suas peças de design, sempre, e cada vez mais, criativas.

E, A TODOS, UM FELIZ NATAL.

 
02  «PAULO FERREIRA, 20 ANOS DEPOIS»,
por Vasco Rosa


Mafalda Ferro telefonou-me há poucos dias pedindo-me as linhas que se seguem como forma de assinalar no boletim da Fundação a efeméride dos vinte anos da morte de Paulo Ferreira (Estoril, 23 de Dezembro de 1999), que desgraçadamente está a passar despercebida das instituições e da imprensa. Aceitei de imediato, porque sou dos que considera que importa resistir ao esquecimento, senão mesmo ao subtil apagamento do que foi uma época dourada nas artes plásticas e gráficas do nosso país, quer pela coincidência geracional dum bom lote de artistas de génio, quer pela dinâmica que lhes foi induzida por António Ferro, cujo cargo político como director do SPN nunca obliterou nele o destacado modernista visceral já activo duas décadas antes. O caminho para entender essa época está ainda hoje repleto de obstáculos, alçapões e desvios, criados sem dúvida pela distância temporal que já desbaratou a oportunidade, e a enorme vantagem, dos depoimentos vívidos , mas sem dúvida também pela ideologia e pela política, que continuam a ter um pre-conceito essencial nesta aproximação histórica.


Embora progressos tenham sido feitos (até no resgate patrimonial de trabalhos dispersos, sobretudo por via de leilões online e presenciais), faltam ainda muito claramente monografias, biografias e exposições retrospectivas que ponham em boa ordem estudos parciais, informações pulverizadas e antigas, resultem de novas campanhas historiográficas ou façam emergir quanto ainda possível arquivos pessoais e familiares a que não se deu atenção. Às exposições de Sarah Affonso e de Manuel Lapa e à biografia de Leitão de Barros, que marcam positivamente 2019, contrapõe-se a persistente indiferença a António Pedro pintor, poeta e crítico de excepcional influência e vanguardismo também nas décadas de 1920-40 e a outros artistas plásticos mais identificados como «do grupo de Ferro» e colaboradores do Secretariado, como sucedeu, precisamente, a Paulo Ferreira.


Cristalizado por essa particular forma de anátema (não lhe encontro outro nome), e reduzido a mero instrumental ao serviço de uma «política do espírito» cuja modernidade teria de ser ocultada para que ganhasse preponderância a tendência neo-realista (de não menor inspiração político-ideológica), o antes e o depois da vida e obra de Paulo Ferreira também foram lançados a um limbo qualquer, como maneira de fazer esquecer os seus méritos e originalidades. E no entanto, basta percorrer uma página de síntese biográfica para se ver que ele esteve sempre nas primeiras ou segundas linhas das práticas artísticas, de meados das décadas de 1920 em diante. 



Com 20 anos, já frequentara o atelier de Mestre Columbano, publicara pequenas narrativas e fizera decorações para teatro de revista à moda modernista, ao lado de Jorge Barradas e António Soares, ou desenhara para as revistas ABC e Civilização, como haveria de fazer para as cinéfilas Kino e Imagem. Partilha com o grande Stuart Carvalhais a ilustração de reportagens sociais de Augusto Pinto no Diário de Notícias e faz as primeiras capas de livros. Os seus ateliers têm as portas abertas a escritores e artistas. Expõe óleos e desenhos no Salão dos Independentes de 1932, pouco antes de convidar o seu grande amigo Mário Eloy, acabado de voltar de Berlim, para partilhar o seu atelier na Rua de Santa Catarina.1 Se 1934 é ano fundamental pelo início do seu trabalho decorativo com Fred Kradolfer, José Rocha e outros, 1937 sê-lo ainda mais, porquanto a prolongada estada em Paris além de grandes prémios na Exposição Internacional lhe proporcionará boas ocasiões de estudo e estágios em decoração teatral e artes gráficas, cujo impulso darão frutos poucos anos adiante, em especial essa obra-prima que é Vida e Arte do Povo Português (1940), mas também em pequenos livros de Olavo dEça Leal, Alberto de Serpa, Adolfo Casais Monteiro ou José Régio. Integrando a equipa polivalente do Secretariado, os trabalhos de Paulo Ferreira estendem-se às mais diversas disciplinas artísticas, da pintura mural à cerâmica (pavilhão nacional na exposição de Nova Iorque, grande exposição nacional em Lisboa, Museu de Arte Popular, restaurante Espelho de Água, ali ao lado), dos figurinos e decorações teatrais à ornamentação da primeira pousada portuguesa, a de Óbidos, uma obra do arquitecto Jorge Segurado, ou do novo posto de turismo, na fronteira de Vilar Formoso. É um dos obreiros da Atlântico, a revista luso-brasileira cuja abertura estética foi destacada pelo saudoso João Bigotte Chorão, mas sobretudo dos Bailados Verde Gaio.

Em 1945 e 1947 expõe pintura, individualmente, em galerias ligadas a editoras em voga: Portugália, de Agostinho Fernandes (Porto), e Ática, de Luiz de Montalvor (Lisboa). Dois anos depois, fixa-se em Paris, trabalhando em vitrinismo, propaganda turística e edição ilustrada, mas sobretudo para teatro, dança e ópera, muito provavelmente as suas maiores paixões: entra na célebre companhia do marquês de Cuevas Grand Ballet de Monte-Carlo (criada em Nova Iorque em 1944), e são dele os cenários e os figurinos duma peça de George Bernard Shaw logo em 1950 e no Théâtre des Champs-Elysées três anos depois de ter feito o mesmo para um Mozart em São Carlos.

Sempre fiel à sua equipa e sempre empenhado na promoção internacional dos artistas portugueses (e quem o negará?...), António Ferro diplomata na Suíça vai chamá-lo para trabalhar e expor em Berna e em Genebra a partir de 1952, levando-o a uma residência na capital helvética, onde em 1954 organiza uma exposição de arte popular e arquitectura portuguesas. É então nomeado director dos serviços artísticos das Casas de Portugal no estrangeiro. Todavia, será já mais perto do fim da década que Paulo Ferreira fará algo pelo qual deverá sempre ser lembrado e honrado: pondo fim a um tremendo ostracismo (provavelmente justificado pelo desdém com que em 1918 fora recebida no nosso país a obra de Amadeo), conseguiu vencer a resistência da viúva do pintor, Lucie Souza-Cardoso, a mostrar os seus quadros, primeiro na Casa de Portugal em Paris, onde ambos trabalhavam, e depois numa «grande exposição retrospectiva» em Lisboa, 1959. Dessa forma, foi também decisivo para que Lucie concedesse vender à Fundação Calouste Gulbenkian os melhores quadros de Amadeo, e hoje possam ser vistos em Lisboa. Três anos após a inesperada e precoce morte de António Ferro (tinha apenas 61), um dos seus dilectos colaboradores haveria de conseguir resgatar essa herança fundadora da moderna arte portuguesa, e talvez não seja abuso conjecturar que o tivesse feito em dupla homenagem.

Ferreira seria também responsável, década e meia depois, pela exposição parisiense sobre os amigos portugueses dos artistas refugiados em Vila do Conde, apoiada pela edição da Correspondance de quatre artistas portugais avec Sonia e Robert Delaunay.


Sem nunca deixar de trabalhar, expor, ganhar prémios, organizar mostras e integrar júris de festivais das artes do palco e de cinema, Paulo Ferreira resgatou igualmente a obra de Francis Smith (1881-1961), numa exposição, livro e curta-metragem todos de 1969, e também organizou para a Gulbenkian de Paris, em 1981, «Le dessin au Portugal: 1900-40» (onde figuram obras da sua colecção pessoal e/ou a ele dedicadas).


A memória daqueles anos dourados e fundadores nunca desaparecera nele. Pois que não se deixe turvar a nossa...

1 O «pintor em fuga» Mário Eloy pintou-lhe um retrato precisamente nesse ano 1934: Jeune homme, óleo sobre tela, 92 x 62,5 cm, Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa. O quadro foi adquirido pelo Estado em 1949 à família de Paulo Ferreira, precisamente quando este se mudou para Paris. O título parece justificável pelo facto de Paulo ser mais novo que Mário 11 anos, e ter na altura apenas 23.

 
03 "PASSO E FICO COMO O UNIVERSO: FERNANDO PESSOA – 30 ANOS EM BRUXELAS, de Joaquim Pinto da Silva, por Mafalda Ferro.

 


A obra Passo e Fico como o Universo: Fernando Pessoa – 30 Anos em Bruxelas, de Joaquim Pinto da Silva será apresentada por Miguel Cadilhe e Maria João Alvarez amanhã, dia 15 de Dezembro, às 11h, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, Rua Padre Luís Cabral 666, Foz do Douro. A entrada é livre.

 

O livro, profusamente ilustrado, é dedicado a Pessoa e conta as razões e os momentos que aconteceram, o muito que foi dito à volta da escultura do Poeta erigida em Bruxelas em 1989, no âmbito do centenário de vida de Pessoa sob a organização de Joaquim Pinto da Silva, da Direcção da Associação Portuguesa Atlântida e com o patrocínio da Fundação Eng.º António de Almeida.
António Quadros que esteve presente, a nível pessoal e também em representação da Fundação Eng.º António de Almeida, proferiu o discurso de abertura das referidas festividades no qual referiu:

Nestes últimos três anos. em todos os casos graças ao apoio da Fundação Eng.º António de Almeida, do Porto, inauguram-se em três cidades entre si distantes em alguns milhares de quilómetros, monumentos dedicados a celebrar a memória da obra de um poeta português, Fernando Pessoa. Sempre da autoria da escultora portuense Irene Vilar, eles formam, por uma coincidência impressionante, um triângulo que simboliza perfeitamente o destino português no mundo, destino que o poeta cantou no livro central da sua obra, "Mensagem" para muitos a bíblia da neo-portugalidade.


Na verdade, Durban, na África do Sul, onde foi erigido o primeiro dos monumentos citados; São Paulo, no Brasil, onde está o segundo; e Bruxelas, a capital da Bélgica, que também o é da Comunidade Económica Europeia, são os vértices desse triângulo quase perfeito.


E sobre Passo e Fico como o Universo: Fernando Pessoa – 30 Anos em Bruxelas que dedicou A Irene Vilar, António Quadros e a José Augusto Seabra, mestres e exemplos, Joaquim Pinto da Silva escreveu:


Com esta dedicatória abro este meu trabalho que contém quase tudo o que, por terras de Brel e Hugo Claus, pude fazer pela divulgação da obra pessoana, durante as mais de três décadas que ali passei.


Na primeira parte junto textos teóricos de divulgação geral ou concreta, em função dos destinatários, quase sempre comunidades lusófonas e lusófilas da Flandres (muitas na aprendizagem). A segunda parte diz respeito ao monumento a Fernando Pessoa, erigido em Bruxelas e inaugurado no 10 de Junho de 1989, e onde o saudoso António Quadros discorreu em cerimónias popular e solene sobre o Poeta e a sua obra.


Da Abertura retiro: “Trinta anos passados da sua inauguração, não muito se falou até hoje deste monumento ao nosso grande poeta, por condicionantes várias, algumas conhecidas, outras envoltas naquele manto, nem sempre diáfano, dos mistérios da “alma portuguesa”, capaz de juntar aos heróicos feitos, esconsos e insondáveis pensares e actos…


Funciona então este livro como um registo – não nasce a História com a escrita? – para que se conheçam as razões e o modo do aparecimento, na “capital da Europa”, de uma representação de Fernando Pessoa e para que orgulhosamente os nossos compatriotas atestem o reconhecimento universal da obra do escritor e, muito importante, o respeito que o “Plat Pays”, vota à nossa comunidade ali vivendo, conforme salientaram amiúde as autoridades em todo o processo.”

Quero realçar ainda o primeiro texto, homónimo da obra, onde Pessoa ressalta muitas vezes pela pena sábia de José Augusto Seabra e António Quadros e ainda pela inspiração e mestria da escultora Irene Vilar.

 
04 VIRGÍNIA VICTORINO: VIDA E OBRA, de Jorge Pereira de Sampaio,
por Mafalda Ferro

 

A apresentação de Virgínia Victorino: Vida e Obra, de Jorge Pereira de Sampaio, aconteceu em dois tempos: o primeiro, em Alcobaça, apresentado por Mafalda Ferro; e o segundo, em Lisboa, apresentado por Rui Vieira Nery.

 


O real valor desta biografia, a que o autor se refere como o livro da sua vida, o 40.º publicado, assenta não só no talento do autor, no rigor da informação e no interesse, profundidade e carisma da figura biografada mas, também no arranjo gráfico e na qualidade de volumoso conjunto inédito de imagens. Jorge Pereira de Sampaio refere um extenso leque de Homens e Mulheres de grande talento que Virgínia foi encontrando no curso da sua vida, compondo assim um retrato social e cultural da época.

 

Enquanto criança, Jorge Pereira de Sampaio brincava nas ruas e no Mosteiro de Alcobaça, locais que desde então fazem parte do seu imaginário, exercendo nele um fascínio que viria a influenciar as suas escolhas e interesses futuros pois, sem disso então se aperceber, é aí que começa a delinear-se o seu percurso académico bem como quase todas as actividades que viria a realizar.

O historiador de Alcobaça, eternamente apaixonado pela cidade que o viu nascer, crescer e fazer-se homem é, indubitavelmente, a pessoa certa para assinar este tão esperado registo literário da vida e obra de Virgínia Victorino.

 

Licenciado e Doutor em História, com um mestrado em História da Arte, este investigador que dirigiu o Mosteiro de Alcobaça e criou o Museu de Faiança de Alcobaça, assinou e publicou inúmeros trabalhos e organizou exposições e colóquios sobre temas associados à História, ao Ensino, aos Usos e Costumes de Alcobaça com especial incidência na divulgação de grandes personalidades como Pedro e Inês de Castro cujos restos mortais descansam no já referido Mosteiro e, evidentemente, Virgínia Victorino, poetisa alcobacense por excelência.

 

Em história admiravelmente contada, o autor dá a conhecer as raízes, a família e os amigos de Virgínia, a cidade onde nasceu e, página, a página, vamos descobrindo uma mulher que sabe o que quer, que gere com determinação a sua carreira, seja ela artística ou literária, de docente no Conservatório Nacional ou enquanto directora e intérprete do teatro radiofónico da Emissora Nacional, mas uma mulher cuja independência e forma de estar a diferenciam e afastam da maioria das suas contemporâneas.

 

Virgínia não era uma figura consensual: Fumadora, de calças e gravata, com o cabelo cortado “à garçonne”, com um discurso que a identificava como adepta do feminismo, opõe-se aos modelos sociais adoptados pelas mulheres do seu tempo. Apesar disso, se se acreditar nas palavras das personagens das suas peças de teatro, Virgínia defende como padrões o fervor patriótico, o espírito de família, a fidelidade ao casamento e uma ideia de felicidade na honra e na honestidade.

 

O percurso literário da "Musa do Soneto”, cognome criado por Júlio Dantas, reproduzido e sabiamente comentado pelo biógrafo, associado a uma aparência singular e a uma personalidade simultaneamente tradicional e progressista, colocam-na nas bocas do mundo, despertam curiosidade e, simultaneamente, angariam o respeito e a admiração de artistas e intelectuais que nela se inspiram. Virgínia protagonizou grandes histórias de amizade, amor e paixão que a vão iluminando, fortalecendo ou fragilizando, de acordo com as circunstâncias.

 

Parte deste livro funciona como se de um livro de viagens se tratasse, já que compila e divulga abundante informação sobre cada um dos locais ou países que Virgínia visitou e onde viveu, bem como sobre as pessoas que conheceu e a acompanharam, os seus interesses e hábitos. Também nesses capítulos, como em todos os outros, a narrativa do autor é plena de pormenores, citações e histórias que a confirmam.

 

Depois da sua reforma, Virgínia vive nas Caldas da Rainha, corresponde-se com amigos embora muito raramente e com esforço, recusa convites, abandona a escrita e desloca-se a Lisboa apenas quando estritamente necessário, instalando-se no Hotel Borges e não na sua casa, vai desaparecendo da vista da multidão até quase cair no esquecimento; o biógrafo explica este seu último período da vida.

 

Embora Virgínia, durante a primeira fase da sua vida, parecesse alegre, feliz, activa, no fundo, ansiava pelo isolamento e sobrevivia colocando uma máscara que, com o passar dos anos, se foi tornando cada vez mais pesada até que silenciosamente desistiu e a deixou cair até desaparecer dentro de si própria.

A componente emocional da obra tem o seu apogeu no doloroso momento da sua morte através da narrativa de Fernanda de Castro, a única que, de acordo com as suas palavras, a viu partir com um sorriso doce.

Esta obra, para além de constituir um importante objecto de estudo, é uma história de vida que importa conhecer.

 
05 EXPOSIÇÃO «Descobrir SÃO PEDRO DO SUL», de Miguel Regada.
Prolongamento.

 

Informa-se que o tempo da exposição «Descobrir SÃO PEDRO DO SUL» em Rio Maior foi prolongado até ao Dia de Reis.
O livro continua à venda no mesmo local.

Não deixe de ver AQUI o video com que Miguel Regada e Aníbal Seraphim dão a conhecer e convidam a visitar a exposição, a Fundação António Quadros e, também, Rio Maior.

 
06 AUTO DE NATAL 2019 – SER REI.
Divulgação.


A Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa em estreita colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa promove de novo um Auto de Natal na Igreja de São Roque. Como tradição, a representação da história do Nascimento de Jesus (contada em cada ano de modo diverso) será realizada com crianças, jovens e adultos que frequentam os Equipamentos da Misericórdia de Lisboa, e com alguns trabalhadores e familiares de utentes, numa encenação que englobará teatro, canto e música.

 

Sessões: Sábado, 21 de Dezembro, 15h e 18h; Segunda-feira, 23 de Dezembro, 15h.


Importante:
A entrada é livre mediante marcação e levantamento prévio dos bilhetes (até dia 19 de Dezembro); A lotação da Igreja esgota todos os anos, e os bilhetes não forem levantados atempadamente, serão distribuídos pelas pessoas que se encontrem em lista de espera. Contactos: Irmandade - 213235066.


Levantamento dos bilhetes: Instalações da Irmandade, Largo Trindade Coelho (entrada pelo portão do antigo hospital da SCML), dias úteis, entre as 10h e as 17h.


 
07 PRESÉPIOS DE SAL EM RIO MAIOR.
por Mafalda Ferro.


Nas Lojinhas das Salinas de Rio Maior, criadas nos antigos armazéns de sal construídos em madeira há muitos anos, pode visitar-se um diferenciado conjunto de Presépios de Sal e, como de costume, conviver com as figuras de Natal ou passear na  carruagem do Natal.

 

A minha família, faça frio ou faça sol, seja Páscoa ou Natal, sempre que cá vem, não deixa de provar um petisco na Taverna do Salineiro, comprar uma rifa ou uma peça de artesanato à artesã Ana Marta, admirar as porcelanas do Sr. Vítor, moldar um queijinho de sal e conhecer o sal com especiarias na Loja do Sal, se tentar pelas bolachinhas à venda no Salarium e experimentar uma pitada do sal mais branquinho do mundo que, conservado no subsolo, não está sujeito a qualquer tipo de poluição. 

Venha também. Vai gostar.


 
08 LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS,
promoção do mês.

 

TÍTULO: Quelques Images de L'Art Populaire Portugais.

TEXTOS E COORDENAÇÃO: António Ferro.

ARRANJO GRÁFICO, CAPA E ILUSTRAÇÕES: Paulo Ferreira.

EDIÇÃO - Lisboa: SPN, 1937. Tipografia: Litografia Nacional-Porto.

OBSERVAÇÕES: Conteúdo em óptimo estado, Capa frontal um pouco gasta principalmente à volta.


PVP até 14 de Janeiro de 2019
: 40,00€

 
 
     
 
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