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Newsletter Nº 156 / 14 de Janeiro 2020
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

 

01  Maria Germana Tânger – Origens, por Mafalda Ferro.

02, 03, 04, 05  Maria Germana Tânger – Cronologia Biográfica, por Mafalda Ferro.

06 Maria Germana Tânger – Um testemunho, por João Grosso.

07 Maria Germana Tânger – Generalidades, por Mafalda Ferro.


EDITORIAL,

por Mafalda Ferro

 

MARIA GERMANA TÂNGER (16/01/1920 – 22/01/2018)


Dedica-se a presente newsletter a Maria Germana Tânger, no mês do centenário do seu nascimento e, também, dois anos depois da sua partida deste nosso mundo.

 

Esta homenagem só é possível graças à generosidade do seu filho, António Tânger Correia, responsável pela doação do espólio de sua mãe à Fundação António Quadros já que a informação, ainda muito incompleta, que hoje se disponibiliza tem por base a documentação já tratada arquivisticamente.

 

É nossa intenção disponibilizar a sua cronologia biográfica no Sítio da Fundação António Quadros, quando terminada, como forma de apoiar o estudo e a divulgação da sua vida e obra.

 

Este trabalho não estando terminado, como já referido, dá uma ideia da incansável actividade e talento de Maria Germana em prol do Ensino e da Divulgação da Poesia e da Arte de Dizer e, também, da sua Acção enquanto encenadora, actiz, autora literária, conferencista, realizadora de programas televisivos e radiofónicos, e de espectáculos.

 

Agradece-se qualquer informação adicional ou rectificação proposta.

 

Para todos, votos de um excelente 2020.

 

01  MARIA GERMANA TÂNGER – ORIGENS,
por Mafalda Ferro.

 

1845

António Dias Júnior, filho de António Dias Lopes e de Maria do Carmo Lopes, nasceu a 20 de Fevereiro de 1845 em Canas de Sabugosa, Concelho de Tondela e morreu a 28 de Dezembro de 1919.

 

1874

A 29 de Novembro, nasce o professor, político e escritor português António Egas Moniz, futuro vencedor do Prémio Nobel que viria a desempenhar um importante papel na formação de Maria Germana Tânger. A 7 de Fevereiro de 1901, Egas Moniz casa com Elvira de Macedo Dias, filha de José Joaquim Dias e de sua mulher Matilde Flora de Macedo, prima pelo lado materno de Maria Germana.

 

1875

No dia 17 de Setembro de 1875, António Dias Júnior, Oficial do Exército casa na Sé de Santa Maria de Deus em Macau com Palmyra d' Oliveira Matta e Silva. O casal tem cinco filhos: Tomás, Eurico Herculano, Ida, Antonieta e Palmira Antonieta Dias.

 

1876

Palmira Antonieta Dias nasce em Macau a 23 de Setembro de 1876 e é baptizada na Igreja da Sé Catedral de Macau, China, a 1 de Outubro do mesmo ano, filha de António Dias Júnior e de Palmira da Piedade d' Oliveira Matta Dias, neta paterna de António Dias Lopes e de Maria do Carmo Gomes, neta materna de José Ferreira da Mata e Silva e Maria do Nascimento de Oliveira Mata.

Palmira Antonieta Dias, professora do ensino primário e, posteriormente, promovida a directora, trabalha sempre numa escola cujas instalações no n.º 21 da Travessa da Boa-Hora, Freguesia da Encarnação, entrada pela Rua da Rosa; casa em primeiras núpcias com João Maria Barbosa de quem teve três filhos: António Herculano, Maria Antonieta e Herculano Eurico Dias Barbosa; casa em segundas núpcias com aquele que foi o grande amor da sua vida mas que, devido às suas funções de inspector das escolas, está muitas vezes ausente. Elmino Silva Moreira, apesar de republicano, priva com o rei D. Carlos, indo muitas vezes com ele à caça na Tapada da Ajuda. Deste segundo casamento, nasce apenas uma filha, Maria Germana Dias da Silva Moreira que vive inicialmente com sus pais no mesmo prédio da escola em que sua mãe trabalhava, entrada pela Travessa da Boa-Hora. 

 
02  MARIA GERMANA TÂNGER – CRONOLOGIA BIOGRÁFICA (1920-1963),
por Mafalda Ferro.

 



1920

Maria Germana Dias da Silva Moreira nasce em Lisboa no dia 16 de Janeiro.

 

1929

Com 9 anos, no mesmo ano em que entra para o Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, sofre o grande desgosto da morte do pai de quem tanto gostava. Egas Moniz que tratava por "tio" assume a responsabilidade da sua educação, almoçando com a "sobrinha" todas as quintas-feiras para se inteirar do que lhe ia acontecendo, aconselhar e conversar.

No liceu, é aluna de Domitília de Carvalho.

 

1935

É admitida nas “Guias de Portugal".

 

1936

Escreve a peça de teatro "Provas das Guias".

 

1940

Trabalha no escritório da Sacor para ajudar nas contas da família.

Escreve o poema «Escritório» que partilhará no Teatro da Trindade em 1999: Tudo certo, certo / Relógios certos / Nas cabeças certas. / Tudo certo, certo /... e eu tão errada / Tão longe nas certezas certas.

 

1944

Apenas com 24 anos, despede-se agora de sua mãe, Palmira Antonieta Dias Moreira, com 68 anos, na casa que então habitavam na Rua Viriato, 9, r/c. Acompanha o seu corpo até ao jazigo de família no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa. Está órfã.

 

1947

Frequentando a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), conhece Manuel Tânger Correia, investigador que dirige o Grupo de Teatro Moderno da Faculdade de Letras de Lisboa presidido por Delfim Santos; apaixona-se, não termina o curso.

Nesse ano, actua pela primeira vez com Manuel Tânger Correia, entre outros, em peças como "Mar" de Miguel Torga; "O Doido e a Morte" de Raul Brandão; "Coéforas", de Esquilo. "Jacoponi" de Todi, no papel de «Virgem» e Manuel Tânger Correia no papel de «Mensageiro»; "O Juiz da Beira", de Gil Vicente.

 

1948

A 26 de Fevereiro, é mencionada pela primeira vez na imprensa ( «Primeiro de Janeiro»). O autor do artigo é Júlio Dantas.

 

No dia 31 de Julho, casa com Manuel Tânger Correia, passando a usar também o nome do marido.

Com o marido, continua a representar diversas peças.

 

1950

Em Maio, representa o prólogo de "Loja de Brinquedos", fantasia original de Maria Isabel Silva, com música de Wolmar Silva (pai de Isabel Wolmar).

 

1951

Ocupando o cargo de secretária da redação da revista «Eva», continuando, ao longo do ano, a organizar Recitais de Poesia nos quais interpreta poesia selecionada de acordo com cada situação; refere-se a título de exemplo:

- Em Maio, numa homenagem da Academia de Coimbra a Teixeira de Pascoaes, participa com Ruy Coelho e Miguel Torga na «Tarde de Arte», realizada no Jardim de Santa Cruz em Coimbra;

- Em Setembro, no «4.º Concerto no Museu de Castro Guimarães de Cascais», com Maria Cristina Lino Pimentel (piano), Maria Fernanda Mella (canto) e Filipe de Sousa (piano).

- Em Novembro,  sobre "A Vida", "O Homem" e "O Amor", no Teatro Bernardim Ribeiro em Estremoz;

- Em Dezembro, no Museu João de Deus, em Lisboa, com Carlos Wallenstein, «Poesia de Cecília Meireles» com a colaboração de João de Barros, Casais Monteiro, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner e o moço escritor David Mourão-Ferreira.

 

1952/1953

Tempo dedicado à família: No dia 24 de Abril de 1952, nasce em Lisboa, São Sebastião da Pedreira, António Manuel Moreira Tânger Correia, seu filho e de Manuel Tânger Correia.

 

1954

Em Julho, no âmbito dos “Jogos Florais do Clube RARET", interpreta poemas de vários autores dos quais se salienta António Quadros (então trabalhador do RARET).

 

Em Novembro, numa sessão evocativa da Revista «Orpheu» organizada por Alfredo Guisado (um dos fundadores e também proprietário do restaurante), interpreta poemas d’«Os do «Orpheu»» na cerimónia de reabertura do restaurante "Irmãos Unidos", 122 anos depois da sua inauguração.

 

1955

Continuando a sua acção de divulgação da poesia portuguesa, realiza recitais de poesia temáticos dos quais se destaca:

- Em Março, a convite da secção cultural da Associação de Enfermeiras do Instituto de Oncologia;

- Em Julho, "Tarde dos Poetas no Museu João de Deus", sobre Cesário Verde e Macedo Papança, em Lisboa. Alberto de Monsaraz usou da palavra e GT e leu uma elegia de Alberto de Monsaraz escrita por ocasião da morte de Cesário Verde.

 

1956

Matricula-se em Paris numa Escola de Arte de Dizer dirigida pelo professor Bimont.

De volta a Portugal, apresenta à RTP um projecto de sua autoria elaborado com base na sua observação dos programas de televisão infantis franceses.

Em Novembro, participa com o marido em «Apontamentos sobre a Moderna Poesia Portuguesa», evento organizado pelo Centro Nacional de Cultura.

 

1957

Com início em 1957 e durante mais de duas décadas, percorre o país, dando a conhecer Música e Poesia, através dos Recitais «Pró-Arte» que organiza e nos quais é acompanhada ao piano por artistas como Cristina Lino Pimentel, Nina Marques Pereira, Helena de Sá e Costa, João Monsanto, Manuela Gouveia, Arlete Pereira, Adriano Jordão, João Carlos Picoto, Fernanda Wandeschneider, Presutto da Gama, Emília Leite Velho e muitos outros. A Fundação guarda referências e programas das suas actuações em: Beja, S. João da Madeira, Vila da Feira (1957); Vila da Feira, Setúbal, Odivelas (1958); Viseu, Torres Vedras, Covilhã, Castelo Branco, Beja, Funchal, Ponta Delgada, Setúbal, Leiria (1959); Porto (1960); Marinha Grande, Matosinhos, Coimbra, Ponta Delgada (1961); Aveiro, Açores (1962); Beja, Leiria (1963); Lisboa, Beja, Vila Real, Coimbra, Braga (1964; Setúbal, Lisboa (1965); Beja, Cascais (1966); Cascais, Matosinhos, Vila da Feira, Beja, S. João da Madeira e Évora (1967); Beja, Matosinhos, Lisboa (1969); Lisboa, Faro (1970); Escola Técnica de Enfermeiras (1971); Covilhã, Castelo Branco (1974); Lisboa, Castelo Branco (1977); Castelo Branco (1980).

 

Em Maio, em resultado da proposta que apresentara à RTP no ano anterior, é admitida na RTP a título experimental por um período de seis meses, na qualidade de Assistente de Produção, iniciando esta actividade com «Passatempos Infantis – Era uma vez…» em que inclui textos, poemas ou contos que adapta e lê ou interpreta sob a realização de Álvaro Benamor.

 

Por essa altura, já conhece e priva com a maioria dos grandes poetas seus contemporâneos cuja poesia interpreta (Almada Negreiros, Sophia de Mello Breyner, José Régio, Jorge de Sena, Fernanda de Castro, Miguel Torga, entre outros).

 

Com o marido, muda-se para Paris, onde, no Teatro Jean Vilar, tira o curso de dicção de George Le Roy, actor da Comédie Française e professor do Conservatório de Paris.

 

Inicia a sua participação no programa «Vida Feminina» na RTP, que se prolongaria durante mais um ano com temas como: «Acompanhamento para cocktails; «a mulher em casa»; «lição de culinária»; «Modas»; «Magazine de Paris - A mulher e o automóvel»; «Magazine de Paris – Cozinha»; «Magazine de Paris - Reportagem sobre Fanny Besson»; «Jean-Paul Guhel, dançarinos no gelo franceses, quatro vezes campeões de França».

 

1958

Em Abril, no âmbito dos «V Jogos Florais de 1957», lê os trabalhos de poesia premiados.

 

1959

Em Abril, no Asilo dos Cegos de Caridade, declamou poemas de João de Deus, Antero, Torga, Régio, Fernanda de Castro, Carlos Queiroz e Eugénio de Castro, acompanhada ao piano por José Carlos Picoto que também executou trechos de Brahms, Frederico de Freitas e Katchaturian. A soprano Maria Amélia de Abreu executou áreas segundo trechos musicais de Ivo Cruz, Jorge Croner de Vasconcelos, Francisco Lacerda, Cláudio Carneiro, Armando José Fernandes, Manuel de Falla e Joaquim Nim, acompanhada pelo mesmo pianista.

No mesmo mês, durante o 5.º Concerto no Centro de Cultura da Família Paroquial de S. João de Deus, declamou poemas de Frei Agostinho da Cruz, Antero, Torga, Carlos Queiroz, Fernanda de Castro, Régio, Almada, Eugénio de Castro, acompanhada ao piano por Elisa Paulina Lamas que também executou trechos de Telemann, Bach-Liszt, César Frank, Chopin e Bella Bartok.


Em Setembro
, no Cine-teatro de Elvas, no âmbito dos "V Jogos Florais Luso-espanhóis – Cortes de Amor", em comemoração do 1.º Centenário da Imprensa em Elvas, lê Camões, Antero de Quental, Sardinha, Conde de Monsaraz, Eugénio de Castro, Florbela Espanca, José Régio, Fernanda de Castro, Fernando Pessoa e Luíz Alvarez Lencero, acompanhada ao piano por José Carlos Picoto.

Ainda no mesmo mês, no Club Setubalense, organiza um Sarau inserido nas "Comemorações Bocagianas", no 194.º Aniversário do nascimento do poeta. Apresentada por Manuel Mendes Carqueijeiro, nesse Recital, interpreta poesia de Bocage, Eugénio de Castro, Florbela Espanca, Sebastião da Gama, Ângelo de Lima, Carlos Queiroz, Sá-Carneiro e Edgar Poe enquanto Rogério de Carvalho interpreta Fernando Pessoa, António Feijó, Régio, Torga, Sá-Carneiro, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Jorge Barbosa, Virgínia Argentil.

 

Em Novembro, no Teatro da Trindade, em Lisboa, declama  numa "Tarde de Fernando Pessoa", no 24.º aniversário da morte do Poeta. Primeira parte: "À la decouverte de Fernando Pessoa, por Pierre Hourcade; Segunda parte: Poemas de Pessoa, de seus heterónimos e de Edgar Allan Poe; Terceira parte: «Ode Marítima» de Álvaro de Campos.

 

Em homenagem a Fernando Pessoa, 24 anos depois da sua morte, interpreta pela primeira vez na íntegra e de cor  os quase mil versos da «Ode Marítima» de Álvaro de Campos, no Teatro da Trindade em Lisboa, assistida pelo actor Francisco Ribeiro.

 

1960

Enquanto Secretária-geral das «Guias de Portugal» a que pertence desde a sua juventude, escreve «Duas Palavras sobre Guidismo», palestra que profere por ocasião da visita a Portugal de Lady Olave Baden Powel.

 

Em Abril, apresenta com Goulart Nogueira o programa na RTP «Poetas Portugueses da Paixão. Produção e apresentação de António Manuel Couto Viana e realização de Herlander Peyroteo.

 

Em Maio, é convidada pela Casa do Algarve e pela Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses para, em comemoração do Centenário de Teixeira Gomes, ler trechos do autor.

No mesmo mês, no Museu Nacional de Arte Antiga, durante a conferência «Os Mistérios e Invocações da Virgem na Poesia Portuguesa» de Maria de Lourdes Belchior, lê José Régio, Antero, António Nobre, Vitorino Nemésio, Pascoaes, Gil Vicente, Cristóvão Pavia, Sebastião da Gama, A. Correia de Oliveira, Eugénio de Castro e Fernando Pessoa.

 

Na noite de 10 de Junho, em "Romagem", cerimónia evocativa da epopeia dos portugueses no mundo levada a efeito na Torre de Belém pela Delegacia Distrital de Lisboa da Mocidade Portuguesa Feminina, é apresentado «Flores no Mar Português» escrito por Ester de Lemos; Hino composto por Isabel Mendonça Soares; interpretação de vozes por Eunice Muñoz, Maria Germana Tânger e Catarina Avelar; concepção por Adolfo Simões Muller; ensaio e preparação dos coros por Olímpia Bastos Melo Viera; coros pelas alunas do Liceu Maria Amália dirigidas por Fernanda Losa.

 

Em Novembro, a Comissão de Propaganda e Turismo da Casa dos Açores, apresenta no Cinema Roma uma "Tarde Açoreana" da qual consta um documentário realizado por Filipe Solms; um concerto por Eurico Thomaz de Lima; um recital de Poesia por Maria Germana Tânger; e o filme «Quando o Mar galgou a terra», argumento extraído da obra homónima de Armando Côrtes Rodrigues, realização de Henrique de Campos.

 

1961

Em Maio, diz poesia, juntamente com Goulart Nogueira, Catarina Avelar e José de Castro no "Sarau de Arte" realizado na semana de encerramento das actividades do Centro Universitário de Lisboa, dedicada ao Ultramar, com música de Francisco Lacerda, Frederico de Freitas, Artur Santos, Cláudio Carneiro, Joly Braga Santos, Helena Moreira de Sá e Costa, Nina Marques Pereira.

 

Em Junho, no Teatro de S. João do Porto, na Sessão de Arte «Recital de Poesia e Música», diz poesia acompanhada ao piano por Maria Cristina Lino Pimentel.

Ainda em Junho, organiza e interpreta n' «Uma hora de Fernando Pessoa» em Ponta Delgada. Depois de a ouvir cumprir a promessa de recitar a «Ode Maritíma», Armando Côrtes Rodrigues escreve À Maria Germana Tânger, enternecidamente, pelo muito que a admiro, reconhecidamente, por ter revelado à gente desta ilha, onde nasceu e morreu Antero, o génio poético de Fernando Pessoa.

 

Em Julho, no Salão Paroquial da Igreja de S. João de Deus, durante a proclamação dos vencedores dos «III Jogos Florais: Serão de Arte», lê juntamente com Manuel Lereno os Poemas vencedores.

 

Em Novembro, a convite do Museu João de Deus, no 1.º aniversário da morte de João de Barros e 8.º da morte de João de Deus Ramos, evoca com Luís Filipe poemas de João de Barros e de João de Deus Ramos.

 

1962

Em Junho, despede-se do «Pássaro Azul», projecto de Fernanda de Castro no âmbito do qual ensinava «Arte de Dizer» às crianças, devido ao cancelamento do Grupo: Fernanda de Castro estava, então, com problemas de saúde.

 

No dia 25 de Outubro, inicia funções de Professora no Conservatório Nacional e em Dezembro profere uma palestra na qual presta homenagem a quantos foram importantes para alimentar o amor à língua e ao mister de a dizer: a Mãe; a professora do liceu, Olimpia Pereira Bastos; o professor Carlos de Sousa, director artístico do grupo de Teatro Moderno da Faculdade de Letras; o Professor Bimont, de Paris; e o seu marido, enquanto director do Teatro Moderno da Faculdade de Letras mas também como crítico, amigo, companheiro, espírito lúcido sempre ao seu lado.

 

Em Dezembro, durante a Sessão Camoniana integrada nas «Comemorações Nacionais do 4.º Centenário da Publicação d'Os Lusíadas, diz com Álvaro Benamor Poemas alusivos.

 

1963

A partir deste ano e até ao fim da sua actividade no Conservatório Nacional, organiza espectáculos interpretados pelos seus alunos do Conservatório (Audições) para os quais convida inúmeras personalidades.

 

Em Janeiro, interpreta durante a palestra de José Fernandes Fafe «O Tema da Paisagem na Pintura Portuguesa Contemporânea».

 

Em Fevereiro, realiza o Recital "Segunda Tarde Poética" que, a convite de Amélia Rey Colaço, acontece no Salão Nobre do D. Maria II.

 

Em Maio, viaja para Londres enquanto Comissária das Relações Públicas da Associação Mundial das Guias e Escuteiros. No mesmo mês, participa na Jornada Infantil pró-Concílio, homenagem das crianças de Lisboa ao Papa do Concílio do Vaticano II, no Coliseu dos Recreios.

 

Em Junho, no Colégio da Cidadela de Cascais, durante a conferência de Natércia Freire "Ultramar na Poesia Portuguesa", interpreta Poemas alusivos. Também neste mês, realiza o Recital "Poesia e Verdade" constituído por poemas publicados nos últimos quatro livros da colecção com o mesmo nome, nomeadamente de David Mourão-Ferreira, Herberto Helder, Maria Teresa Horta e Mendes de Carvalho, na Feira do Livro de Lisboa. Em entrevista â imprensa refere Gostei deste contacto com o público da rua, parava o operário, parava o ardina, parava o curioso… Depois desta tarde, sinto-me capaz de dizer poemas na Praça do Campo Pequeno. E, ainda em Junho, integra com Natércia Freire e Ramiro Guedes de Campos o júri dos Jogos Florais da Praia de Armação de Pera presidido por Fernanda de Castro.

 

Em Julho, participa na inauguração do «Teatro de Câmara António Ferro» fundado e dirigido por Fernanda de Castro, no “Recital de Teatro e Poesia”, com António Quadros, Lina Branco. Norberto Barroca, José Carlos Ary dos Santos, Heloísa Cid, Alexandre Ribeirinho, Maria Manuela Leitão, Vasco Welenkamp, Fernando Manique Silva, José António Cruz, Manuela Machado, Diogo Ary dos Santos, Catarina Avelar.

 

Em Dezembro, assina contrato com a RTP a respeito do Programa «Passatempo Infantil – Pequena História de Natal». Nota manuscrita de Germana Tânger: Só voz. Envio programa do Caramulo-Sanatório. No verso do contrato, estão manuscritas as boas notas escolares de seu filho.

 

03  MARIA GERMANA TÂNGER – CRONOLOGIA BIOGRÁFICA (1964-1977),

por Mafalda Ferro.

1964

Em Janeiro, no Tivoli, diz Mário de Sá-Carneiro em «3 modos de poesia», espectáculo do Teatro de Câmara António Ferro, sob a direcção artística de Fernanda de Castro.

 

Em Março, viaja para Madrid acompanhando Natércia Freire, interpretando os seus poemas no «Ateneo Cientifico, literário y artístico».

É neste mês que recebe com grande desgosto a notícia do suicídio de um dos seus alunos mais activos, talentosos e queridos: Diogo Ary dos Santos.

 

Em Maio, no âmbito da 24.ª Audição de Alunos do Ano Escolar de 1964-1965 do Conservatório Nacional, da sua Classe de «Arte de Dizer», a pedido da avó do Diogo, Maria Guilhermina de Pina Manique Pereira Ary dos Santos, pede um minuto de silêncio em sua memória e viria a dizer, dois anos depois, foi um meteoro breve mas de rara luminosidade, poeta, também o teatro português muito perdeu com a sua morte, seria um actor, um grande actor sem dúvida, como já era o maior declamador de poesia da sua geração.

No ano anterior, na 23.ª Audição, Diogo havia actuado e sido o responsável pela Movimentação e Arranjo de Cena.

 

Ainda em Maio, dá um Recital de Poesia, organizado pela «Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto», no Salão Nobre da sede da Instituição; organiza um Recital em comemoração do 4.º Centenário do nascimento de Shakespear; participa no Sarau de Arte realizado na Faculdade de Letras, pelo Teatro Universitário de Lisboa; recebe um «Certificado de Apreço» pelo apoio prestado à Cooperativa Portugal-United States na exposição "Atoms at Work" realizada em Lisboa.

 

Em Julho, inicia a realização dos 26 Programas de televisão Ronda Poética que apresenta em 1964, interpretando cerca de 50 poetas.

 

Em Agosto, colabora de novo com os "Jogos Florais da Praia de Armação de Pera de 1963", integrando o Júri dos Jogos composto por Fernanda de Castro (presidente), Natércia Freire, Ramiro Guedes de Campos e, lendo com João Pires os Poemas premiados.

 

Em Dezembro, diz poesia portuguesa e brasileira no restaurante "Chicote", depois de um almoço oferecido pelo presidente do I Congresso das Comunidades Portuguesas organizado pela Sociedade de Geografia de Lisboa, a pedido de Adriano Moreira.

 

1965

Elabora e concretiza um Plano para 51 Programas televisivos Ronda Poética com inicio no dia 2 de Janeiro e término a 16 de Junho, através do qual interpreta Adalgisa Nery, Afonso Duarte, Alberto de Serpa, Alberto Osório de Castro, Alda Lara, Almada Negreiros, Álvaro de Campos, Américo Durão, Ana de Gonta, António Ferreira, António Fogaça, António José Tenreiro, António Nobre, António Pedro, Augusto Gil, Auta de Sousa, Bernardim Ribeiro, Branca de Gonta, Cabral do Nascimento, Calos Drumond de Andrade, Camilo Pessanha, Camões, Cecília Meireles, Cristóvão Falcão, D. Diniz, David Mourão-Ferreira, Domingos Monteiro, Edith Arvelos, Fagundes Varela, Fernanda de Castro, Fernando Sylvan, Florbela Espanca, Francisco de Biveiro, Gabriel Mariano, Geraldo Bessa Victor, Gil Vicente, Gomes Leal, Guilherme de Faria, Henriqueta Lisboa, Hilário, João Castro Osório, Jorge Barbosa, Jorge de Sena, José Blanc de Portugal, José Craveirinha, José Duro, José Osório de Oliveira, José Régio, Júlio de Sousa, Manuel Bandeira, Maria de Carvalho, Maria de Santa Isabel, Maria Helena, Maria José Avilez, Mário António, Mário Sá, Marta Mesquita da Câmara, Natércia Freire, Nuno de Miranda, Olavo Bilac, Olegário Mariano, Oliva Guerra, Paulino de Oliveira, Pedro Homem de Mello, Reinaldo Ferreira, Ribeiro Couto, Ronald Carvalho, Rui Cinatti, Sá de Miranda, Sebastião da Gama, Teixeira de Pascoaes, Tomás Ribeiro, Vasconcelos e Sá, Vimala Revi, Virgínia Victorino e Viriato Cruz.

 

Em Maio, participa com os seus alunos e com Maria Helena Pinto da Silva no Recital de Poesia «Noite de Poesia» comemorativo do VI Aniversário do Centro de Recreio e Cultura do Bairro Económico de Queluz, precedido pela Apresentação «Em Torno da Expressão Poética» de Manuel Tânger Correia.

 

Inicia a serie de 15 programas televisivos Roteiro Poético, realizados por Jorge Listopad e por si apresentados, dirigidos e nos quais interpreta até 1967, 57 poetas: Alberto Caeiro, Alexandre Herculano, Almada Negreiros, Almeida Garrett, Álvaro de Campos, Ângelo de Lima, Antero de Quental, António Botto, António Feijó, António Feliciano de Castilho, António Ferreira, António Nobre, Bernardim Ribeiros, Bocage, Camilo Castelo Branco, Camilo Pessanha, Camões, Cesário Verde, Conde de Vimioso, D. Dinis, D. Francisco Manoel de Mello, D. Manuel, D. Sancho, Diogo Miranda, Duarte de Rezende, Eugénio de Castro, Fernanda de Castro, Fernando Pessoa, Fernão de Galheiros, Florbela Espanca, Garcia de Rezende, Gil Vicente, Gomes Leal, Gonçalves Crespo, Guerra Junqueiro, Jerónimo Baía, João Atras, João de Deus, João de Lemos, João de Roiz de Castelo Branco, João Garcia Guilhada, João Zorro, Jorge da Silveira, Jorge d'Aguiar, Maria Browne, Mário de Sá-Carneiro, Nuno Pereira, Olavo Bilac, Pedro Viviaez, Ricardo Reis, Rodrigues Lobo, Sá Miranda, Soares de Passos, Soares Taveiros, Soror Violante do Céu, Teixeira de Pascoaes, Tomaz Ribeiro.

 

Em Queluz, participa em diversos Saraus e Récitas, por vezes apresentada por seu marido; integra o júri do «Concurso entre floristas – decoradores» também constituído por Condessa de Almeida Araújo, Ventura Porfírio, Fernando Amado e a «Casa da Comédia».

 

1966

Em Outubro, na Quinta do Rosal, em Portalegre, participa no Banquete em honra do Senhor Cardeal Patriarca, que inclui um momento de música clássica, ao piano por Cristina Lino Pimentel; um momento de poesia por Germana Tânger que inclui no repertório «Paixão» de Fernanda de Castro.

 

Em Dezembro, grava o Programa de Variedades de sua autoria «O Mundo a Cantar», realizado por P. Martins e produzido por Mello Pereira.

 

A convite da Câmara Municipal de Beja, participa na sessão solene de homenagem à Memória do Poeta Mário Beirão: conferência de Hernâni Cidade acompanhada por poesias do Poeta por si interpretadas.

 

Diz Poesia durante a «Tarde Literária» no Museu João de Deus, ilustrando a conferência «António Patrício – Trágico», por seu marido Manuel Tânger Correia.

 

1967

No âmbito do XIV Festival de Sintra, celebra um contrato com a editora Publicações Europa-América a propósito da publicação e direitos de autor de "Medeia" por si traduzida.

 

No Brasil, visita várias Faculdades e o Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, tendo participado activamente no programa de Gilson Amado "Universidade sem paredes".

 

A convite da actriz Maria Fernanda Correia Dias (filha de Cecília Meireles e de Correia Dias) comparece à apresentação especial de «A Tragédia de Vila Rica, no tempo de Joaquim José», espectáculo composto por textos de Cecília Meireles, no Teatro João Caetano.

 

Em Março, diz Poesia no Teatro Villaret, no âmbito do II Ciclo de Convívio Musical – Procuradoria dos Estudos Ultramarinos – Música e Poesia do Ultramar. A 2.ª parte do Programa é totalmente preenchida pelo Poema "África Raiz" de Fernanda de Castro.

 

1968

No Brasil, tem como missão a realização de conferências ilustradas com poemas e recitais de poesia portuguesa nos Institutos e Universidades brasileiras. Assim, em Abril, no Rio de Janeiro, realiza o recital "A Moderna Poesia Portuguesa", lendo com Cleonice Berardinelli poemas de Fernando Pessoa na Universidade Católica dessa cidade. E em Junho, no Rio de Janeiro, no âmbito da série «Promoção Cultural» no Auditório do Palácio da Cultura, ilustra com Duke Ryan e Henriette Marineau, a conferência de Manuel Tânger Correia «Mallarmé e Fernando Pessoa, perante "O Corvo" de Edgar Alan Poe». Ainda no mesmo mês e cidade, interpreta poesia durante a conferência «Simbolismo Português de Manuel Tânger Correia, no âmbito da «Semana de Portugal» (3 a 10 de Junho).

 

1969

Em Julho, é convidada pelas Embaixatrizes do México, da Argentina, da Nicarágua, da Colômbia, da Venezuela, da Marquesa de Fayal e da Condessa de Carnide (comissão organizadora) para participar em «Ballet e Poesia» no Centro de Amadores de Ballet, em Lisboa para a festa anual – «Tarde de Arte» a realizar a favor da Associação Socorro e Amparo.

 

Em Novembro, colabora com a «Sociedade Filarmónica Incrível Almadense», nas comemorações do seu 121.º aniversário, num «Recital de Piano e Poesia» em que recita Poemas de Camões, Régio, António Sardinha, António Nobre, Sebastião da Gama, Florbela Espanca, Fernando Pessoa e Edgar Alain Poe, acompanhada por por Helena de Matos ao piano realizado no Salão de Festas da Sociedade no dia 4 de Novembro de 1969.

 

1970

Em Janeiro, celebra um contrato com a «Valentim de Carvalho» sobre um disco, com a validade de 24 meses.

 

No mesmo mês, em Janeiro, com Natália Correia e outros diz Poesia durante o jantar de homenagem a Fernanda de Castro pelos seus 50 anos de Actividade Literária, jantar presidido por César Moreira Baptista, Secretário de Estado de Informação e Turismo, no restaurante «A Quinta».

No mesmo mês, interpreta Poesia no «Recital de Canto, Piano e Poesia» pelo barítono Laurino Garcia, pela pianista Antónia Fonseca, na Sala do Conservatório Nacional em LisboaEm Dezembro, colabora com a Câmara Municipal de Lisboa na realização de «Auto de Natal» em 2 actos e 3 quadros no Salão de Festas da Estufa Fria.

 

Em Maio, durante a cerimónia de «Encerramento das Actividades Culturais do Ano Lectivo de 1969/1970», pela Procuradoria dos Estudantes Ultramarinos, recita poesia acompanhada ao piano por Adriano Jordão.

 

Em Outubro, toma Posse formalmente como Professora Contratada do Curso Especial de «Arte de Dizer», além do Quadro, por deliberação de Manuel Ivo Cruz, director do Conservatório Nacional.

 

1971

Em Julho, no âmbito das «Festas da Cidade de Lisboa de 1971», organiza um «Sarau Literário de Canto e de Bailado – Festas de Verão em Lisboa», promovido pela Comissão Municipal de Lisboa, no Pavilhão dos Desportos; com direcção musical de Frederico de Freitas e direcção teatral do actor Augusto de Figueiredo.

 

Em Outubro, Sintra, dá um Recital de Poesia realizado no âmbito dos «I Encontros de Sintra» que durante os meses de Abril, Maio, Junho e Outubro a Comissão Municipal de Sintra promove no Palácio Municipal Valenças sob a direcção de António Quadros e Sequeira Costa.

 

Em Dezembro, colabora na homenagem prestada em Leiria ao Dr. «Cortez Pinto – Poeta, Escritor e Filólogo» com um «Sarau de Arte» no Teatro José Lúcio da Silva que conta também com a participação de Hernâni Cidade (palavras), Fernanda Lino António (canto), Maria Helena Matos (piano), Orfeão de Leiria (direcção e regência de Guy Stoffel Costa), Margarida de Abreu (coreografia e direcção), Manuela Varela Cid (dança), Rui Represas (baladas), um Grupo de Bailado, Jorge de Almeida e Luís de Almeida (luminotécnica).

No mesmo mês, é eleita membro do "The Guide Club", sócia n.º 4081.

 

Inaugura, produz e apresenta na RTP, o ciclo de programas mensal «Um Poeta… Um livro». Os Programas, cinco apresentados em 1971, são realizados, à vez, por Jorge Listopad, Alfredo Tropa, Félix Ferreira com a colaboração de Lurdes Norberto (leitura de poemas) e dedicados consecutivamente a José Régio, António Nobre, Florbela Espanca, António Gedeão, Vitorino Nemésio.

 

Integra o júri dos Concursos de Teatro Amador das colectividades de cultura e recreio e dos grupos dramáticos independentes", promovidos pelo SNI com o apoio da FNAT.

 

1972

Em Março, no âmbito das festas de inauguração do Centro de Convívio Nossa Senhora da Alegria – Igreja da Pena, dá um recital de poesia; nessa ocasião, Monsenhor Moreira das Neves profere uma conferência, as alunas de Margarida Abreu apresentam um bailado clássico e Duarte Costa, um concerto de guitarra.

 

Em Junho, na Feira do Livro – Stand do Grémio, durante o Recital «Poesia e Verdade», lê poemas dos últimos quatro livros publicados na colecção «Poesia e Verdade» da Guimarães Editores.

Ainda em Junho, no dia 10, recebe do Ministério da Educação Nacional – Secretariado para a Juventude, um agradecimento formal pela colaboração prestada ao Festival Nacional da Juventude.

 

Em Novembro, durante uma sessão literária de Homenagem a João de Deus Ramos no Museu João de Deus, em Lisboa, depois da apresentação de Ferreira de Castro, recita fábulas, alternando com Assis Pacheco e Canto e Castro

Ainda em Novembro, durante a Temporada Musical do Círculo de Cultura Musical realizada na Escola Preparatória de Bocage, interpreta poesia de Camões, Cesário Verde, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, José Régio, Almada Negreiros, Miguel Torga, Fernanda de Castro e Sebastião da Gama.

 

Continua a produzir e apresentar na RTP, o ciclo de programas mensal «Um Poeta… Um livro». Os Programas apresentados em 1972, são realizados, à vez, por Jorge Listopad, Rui Ferrão, Herlander Peyroteo, Alfredo Tropa, com a colaboração de Lurdes Norberto (leitura de poemas) e dedicados consecutivamente a Natércia Freire, Almada Negreiros, Isabel de Almeida, Mário de Sá-Carneiro, Adolfo Simões Müller, Camilo Pessanha, Cesário Verde, Guerra Junqueiro, Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Fernando Pessoa, Carlos Queiroz, Sebastião da Gama

 

Integra o júri dos «Jogos Florais da Casa de Pessoal dos Hospitais Civis de Lisboa» juntamente com Fernanda Botelho, David Mourão-Ferreira, Padre Vítor Franco e José Morgado, fazendo a leitura dos poemas, à vez, com Nunes Forte, Rui Luís, Dário de Barros.

 

Integra o júri dos Concursos de Teatro Amador das colectividades de cultura e recreio e dos grupos dramáticos independentes", promovidos pelo SNI com o apoio da FNAT.

 

1973

Continua a produzir e apresentar na RTP, o ciclo de programas mensal «Um Poeta… Um livro». Os Programas apresentados em 1973 são realizados, à vez, por Jorge Listopad, Rui Ferrão, Herlander Peyroteo, Alfredo Tropa, com a colaboração de Lurdes Norberto (leitura de poemas) e dedicados a diversos poetas.

 

Na Emissora Nacional, interpreta poemas de autores lusófonos, participando em programas como "Tempo de Poesia"; e "Poesia de um só poeta", série em que dedica cada programa a um poeta diferente: Antero de Quental, Manuel Bandeira, Afonso Lopes Vieira, Jorge de Sena, Augusto Gil, Mário de Andrade, José Duro, Ribeiro Couto, António Patrício, Cecília Meireles, Guilherme de Faria, Carlos Drummond de Andrade, Raúl de Carvalho, Vinicius de Morais, Herberto Helder, Augusto Frederico Schmidt e David Mourão-Ferreira.

 

Com Paulo Renato, Igrejas Caeiro, Manuel Lima, Rui Pilar, Raul dos Santos Braga e Humberto d'Ávila, integra o júri dos Concursos de Teatro Amador das colectividades de cultura e recreio e dos grupos dramáticos independentes", promovidos pelo SNI com o apoio da FNAT.

 

Integra a organização, a direcção e a encenação do «XVII Festival de Sintra», realizado entre 20 e 28 de Agosto de 1973.

 

1974

Escreve «Mensagem para o Dia do Teatro».

Em Abril, no dia 26, interpreta poesia de Natércia Freire ilustrando a sua conferência «O Além-Mar na Poesia Portuguesa» durante os «IV Encontros de Sintra» realizados como habitualmente em Sintra no Palácio Valenças.

No mesmo mês, durante as comemorações do «Dia Internacional do Livro Infantil» realizadas na Fundação Calouste Gulbenkian, faz a leitura de alguns contos alternadamente com os autores.

 

Depois da Revolução de Abril, a sua posição no Conservatória torna-se bastante difícil.

Em Maio, escreve um «Comunicado sobre a exclusão da Escola Superior de Teatro da Direcção do Conservatório Nacional», alertando para a situação anti-democrática vivida no Conservatório onde impera a lei da força e do golpismo.

Em Novembro, escreve uma «Carta Aberta ao Ministro da Educação e Cultura sobre a Escola de Teatro do Conservatório» sobre a situação e sobre uma campanha contra ela movida.

 

1975

A 20 de Janeiro, sofre um rude golpe, Manuel Tânger Correia, o seu marido, amigo, confidente, parceiro nos bons e maus momentos, pai do seu filho, morre de choque traumático em Espanha; o seu corpo, depois de transladado, é enterrado quatro dias depois no cemitério de Queluz.

Manuel Tânger Correia, natural dos Açores, freguesia de Santa Cruz das Flores, concelho das Flores, distrito da Horta, havia nascido a 24 de Outubro de 1913 e era filho de António da Cunha Correia e de Célia de Medeiros Tânger Correia.

 

Em Agosto, escreve «Basta, Senhor Ministro!», carta aberta ao Ministro da Educação e Cultura sobre a Escola de Teatro do Conservatório, face à acusação que hoje é a arma dos inferiores de ser fascista por Mário Barradas e outros de que foi alvo e também sobre a situação do Conservatório. A carta é completada por um abaixo-assinado de alunos e um testemunho de José Carlos Ary dos Santos assinado a 25 de Novembro de 1974.

 

No mesmo mês, parte para o Brasil com equiparação a bolseira pelo Instituto de Alta Cultura enquanto intérprete da Poesia Portuguesa: organiza saraus em escolas, universidades, associações culturais, bibliotecas, etc… e, lecciona dicção e comunicação oral. No Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, ministra o "Curso de Interpretação de Poesia", com a duração de 3 meses.

 

 

1976

Em Agosto, ainda no Rio de Janeiro, no Real Gabinete de Leitura, realiza III Ciclos de «Conversas sobre Poesia».

Em Novembro, publica no catálogo da exposição de pintura «Mimi Fogt» realizada na Fundação Calouste Gulbenkan, uma introdução sobre a artista.

 

1977

Em Março, a Festa de distribuição de Diplomas aos finalistas do curso do IADE de 1973-1976, apresentada por António Quadros, ideólogo, fundador e director do IADE, inclui a interpretação de poemas dos alunos sob a sua orientação.

 

Em Julho, participa na festa do 3.º aniversário do CDS, realizada no Coliseu dos Recreios.

 

Em Novembro, declama Poesia com Eunice Muñoz e Vasco de Lima Couto durante um serão realizado no Palácio Pintéus com a participação de João Ferreira-Rosa e Fernanda Leitão.

 

Sob o pseudónimo "Viriato", concorre ao «I Grande Prémio de Teatro da RTP», com a sua peça "É Tempo de ser livre". Sobre isto, escreve dois anos depois nos seus apontamentos: Espantoso! Entreguei oficialmente esta peça para concurso da televisão. Depois de serem atribuídos os prémios, verifiquei que nenhum membro do júri a tinha recebido!!; e, ainda: Tudo bem. Concorri com esta peça. Não chegou ao júri…

 
04  MARIA GERMANA TÂNGER – CRONOLOGIA BIOGRÁFICA (1978-1998),
por Mafalda Ferro.

1978

Em Janeiro, num recital integrado no «1.º Encontro de Escritores Algarvios», realizado no Hotel Golfinho em Lagos «Recital de Poesia Algarvia e Música Portuguesa» diz Poesia, alternando com Maria Cristina de Castro, com acompanhamento ao piano por Fernanda Bivar. o sarau repete-se no dia seguinte em Faro.

No mesmo mês, interpreta poesia de Afonso Lopes Vieira durante o I Centenário do seu nascimento, acompanhada ao piano por Cristina Lino Pimentel num espectáculo organizado pela Câmara Municipal de Leiria e realizado no Teatro José Lúcio da Silva.

 

Em Março, participa num «Recital de Poesia» organizado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia na Casa-Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo Macedo.

 

Em Maio, organiza e ministra dois cursos sobre «Formação de Quadros Políticos», sob o tema «Comunicação e Expressão Oral», em Lisboa e na Curia.

 

1979

Em Abril, organiza e ministra na Curia o «III Curso de Formação de Quadros Políticos», sob o tema "Comunicação e Expressão Oral". No mesmo mês, é homenageada pela Comissão Delegada do Cenáculo Artístico e Literário «Tábua Rasa» num jantar no Hotel Roma em Lisboa.

 

Na Primavera, é convidada por João Paes e contratada pelo Teatro Nacional de S. Carlos para trabalhar a dicção dos cantores da ópera em dois actos "A Trilogia das Barcas" com música de Joly Braga Santos, realizada no Teatro Nacional de S. Carlos, 13 e 15 de Maio de 1979.

 

1980

Em Fevereiro, organiza no Conservatório Nacional um «Espectáculo a Favor das Vítimas do Sismo dos Açores» um Recital em que interpreta poemas de A. Nobre, F. Pessoa, J. Régio, A. Gedeão e Antero de Quental.

 

Em Abril, participa em "espectacuLAR em PORTALEGRE" que viria a ser transmitido em directo pela Rádio Renascença, apresentado por Ausenda Maria e António Sala.

 

Em Maio, participa numa Evocação de Camões e Concerto na Sé, no âmbito do IV Congresso Luso-hispânico-brasileiro de Oftalmologia, Simpósio Internacional do Glaucoma. No mesmo mês, interpreta poemas durante as «Comemorações Concelhias do IV Centenário da Morte de Camões», realizadas pela Câmara Municipal de Torres Vedras, Canto por Elizette Bayan e Piano por Adriano Jordão.

 

Concebe o programa «Luz e Som» evocação Camoneana na Torre de Belém, realizado diariamente à noite por Herlander Peyroteo, interpretado por Paulo Renato, Jacinto Ramos, Mariana Rey Monteiro, Ruy de Carvalho, Maria Amélia Matta, Hermínia Tojal, Armando Cortez, entre muitos outros.

 

1981

Em Junho, participa na sessão "Teatro Contemporâneo", no «Salzburg Seminar in American Studies 1981» realizada em Salzburg, Áustria, entre 8 de Fevereiro e 9 de Agosto de 1981.

 

Em Outubro, é contratada pelo Consulado de Portugal em Barcelona para realizar um Recital de Poesia no âmbito da Exposição biobibliográfica sobre a Vida e Obra de Fernando Pessoa, realizada na Universidade de Barcelona.

 

1982

É equiparada a bolseira pelo Ministério da Educação e das Universidades – Instituto Nacional de Investigação Científica que subsidia e autoriza a sua viagem a Goa, Pequim e Macau durante o período compreendido entre 15 de Abril e 15 de Junho de 1982, com a missão de divulgar a poesia e a literatura portuguesas. Esta viagem poderia ter-lhe dado especial prazer já que não só os seus avós maternos haviam casado em Macau como, também, aí tinha nascido sua mãe. Mas não gostou porque tive a sensação de falar para as paredes. Ninguém sabe português – diria anos mais tarde.

Em Goa, dá 3 recitais como o que foi organizado em Abril pelo Centro Cultural Luso-Indiano no Teatro Hanuman de Mapusa, em Macpuca; em Pequim, profere palestras sobre literatura portuguesa e dá diversos recitais; e, em Macau, um dos seus recitais é difundido através da Emissora de Macau.

 

Em Setembro, lecciona com Bruno Bastin, Clotilde Abrantes, Ellen Kienhorst, José Posada, Maria de Lurdes Martins e Wolfgang Roscher no «III Curso de Verão "Música e Vida», no decorrer do Seminário de Penafirme, promovido pela Escola de Música de Torres Vedras dirigida por Maria de Lurdes Martins.

 

1983

É eleita Delegada Oficial do Instituto de Sintra na Comissão organizadora do XVIII Festival de Sintra e, com Luís Santos Ferro, Olga Cadaval e outros, organiza o Festival que também dirige e encena entre 30 de Julho e 17 de Setembro.

 

Em Setembro, lecciona com Adália Nunes Ferreira, Bruno Bastin, Elisa Lamas, Ellen Kienhorst, José Posada, Maria de Lurdes Martins e Wolfgang Roscher no «IV Curso de Verão "Música e Vida"», no Seminário de Penafirme, promovido pela Escola de Música de Torres Vedras dirigida por Maria de Lurdes Martins.

 

1984

É de novo eleita Delegada Oficial do Instituto de Sintra na Comissão organizadora do «XIX Festival de Sintra» e, com Luís Santos Ferro, Olga Cadaval e outros, organiza o Festival que também dirige e encena entre 7 de Janeiro e 18 de Março.

 

Em Abril, no Funchal, ministra no «Curso de Introdução à Educação pela Arte», as disciplinas «Comunicação Oral» e «Noções de Dicção e Projecção de Voz».

 

Em Novembro, as actividades realizadas no Palácio Municipal de Valenças durante o «IV Encontro de Sintra», promovido pelo Instituto de Sintra, foram divididas e duas séries: 1.ª - Jorge Moyano (Chopin), palestra por António Manuel Couto Viana, ilustrada por Germana Tânger acompanhada ao piano; 2.ª - conferência de David Mourão-Ferreira sobre Jaime Cortesão; 3.ª - Sessão evocativa de Fernando Pessoa: conferência por António Quadros ilustrada com a Poesia de Fernando Pessoa interpretada por Germana Tânger e cantada por José Campos e Sousa.

 

1985

Em Junho, durante um «Serão Cultural» promovido pelo Círculo Eça de Queiroz sob o tema «A Poesia e o Traje» colabora com António Manuel Couto Viana em "Alocução e Leitura de poesia».

 

Em Julho, integra a organização, juntamente com Luís Santos Ferro, Ruy de Carvalho, Rui Vilar, João de Freitas Branco e Olga Cadaval, entre outros, do «XX Festival de Sintra».

 

Em Agosto, toma formalmente Posse no Conservatório Nacional como Equiparada a Professor Adjunto em Comissão de Serviço além do Quadro, por decisão de António de Almeida Costa, Presidente da Comissão Instaladora do Instituto Politécnico de Lisboa.

 

Em Setembro, de visita ao Canadá, organiza «Uma noite de poesia portuguesa» em "La Maison de la Culture", Glendon College, York University, Toronto".

 

Em Outubro, de visita os Estados Unidos da América, no âmbito do «VI Colóquio "The Contemporary Novel in the Portuguese Speaking World"» patrocinado pelo Centro de Estudos Portugueses Jorge de Sena, declamou na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, poemas de autores portugueses ilustrando as comunicações de, entre muitos outros, Maria de Lurdes Belchior, Eduardo Lourenço, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Isabel da Nóbrega.

 

Sob a sua direcção artística, produção, texto e voz, realiza-se o espectáculo de «Luz e Som em Sintra: Alguma História, Alguma Lenda» realizado por Orlando Worm, com vozes também de  Eunice Muñoz, Glória de Matos, Maria Amélia Matta, Maria José Pascoal, Rui de Carvalho, Jacinto Ramos, Victor de Sousa, Carlos Daniel, Luís Lucas, Guilherme Filipe, Paulo Lages, Luís Pavão, Fernando Azevedo e João da Costa Campos; A "Oração de Fernando Pessoa" é musicada e interpretada por José Campos e Sousa.

 

1986

Em Junho, disse poesia acompanhada à guitarra durante a sua festa de despedida do Conservatório Nacional, realizada no Teatro da Trindade, estiveram presentes, entre muitos outros, Maria Fernanda Mella, António Quadros, Natália Correia, Jorge Listopad, Adelino e Elina da Palma Carlos, Cristina Lino Pimentel, Glória de Mattos, Maria Barroso, Eunice Muñoz, Glicínia Quartim e alunos como Leonor Poeira, Pedro Pinheiro, Ana Paula, João Mota, António Tânger Correia e Manuel Cavaco.

 

Em Agosto e Setembro, produz e escreve o texto de base do espectáculo de Luz e Som – son et lumiére – light and sound «Alguma História, Alguma Lenda» no Palácio Nacional de Sintra: Realização de Orlando Worm; Instalação sonora de Fernando Rodrigues e Carlos Moniz; Vozes suas e também de Eunice Muñoz, Glória de Matos, Maria Amélia Matta, Maria José Pascoal, Rui de Carvalho, Jacinto Ramos, Victor de Sousa, Carlos Daniel, Luís Lucas, Guilherme Filipe, Paulo Lages, Luís Pavão, Fernando Azevedo e João da Costa Campos; "Oração de F. Pessoa, musicada e interpretada por José Campos e Sousa; outras músicas compostas por Pedro Caldeira Cabral e cantadas por Isabel Biu e Orlando Worm. Este tipo de espectáculos havia sido inaugurado em 1952 por Pierre Robert Houdain.

 

1987

Em Janeiro, colabora, assim como José-Augusto França, Eurico Lisboa, Luís Francisco Rebelo, Victor Pavão dos Santos, Madalena Perdigão, Jorge Listopad, Dulce Fanha, Mário Barradas, José Valentim de Lemos, Glória de Matos, Maria João Serrão e Afonso Botelho nas Comemorações dos 150 Anos do Conservatório Nacional fundado por Almeida Garrett.

 

Em Agosto, escreve um trabalho sobre «Dicção e Algumas considerações sobre comunicação (expressão oral)» Para antigos alunos aproveitarem em eventuais cursos sobre o meu método.

 

De Agosto a Outubro, colige com Vítor Serrão os textos de base e encarrega-se da direcção artística do Espectáculo de Luz e Som – son et lumiére – light and sound, «Alguma Lenda, Alguma História», realizado no Palácio Nacional de Sintra, realização de Orlando Worm.

 

1988

Em Junho, durante a Peregrinação Nacional ao Santuário de Fátima por ocasião do Ano Mariano e no Fecho do Congresso Nacional de Leigos, fez as leituras para 4.000 pessoas, no recinto do Santuário, no alto das escadas.

No mesmo mês, no Café Martinho da Arcada, a «Organização da Associação Pessoana dos Amigos do Martinho da Arcádia (APAMA)» organiza «Conversa com Germana Tânger e leitura de poemas».

 

Em Setembro, escreve o roteiro para «Noites de Queluz – Les Nuits de Queluz – The Nights of Queluz».

 

Em Outubro, organiza de novo o Espectáculo de Luz e Som – son et lumiére – light and sound «Alguma História, Alguma Lenda» no Palácio Nacional de Sintra.

 

Concebe o «Curso para jornalistas locutores da televisão» cujo relatório escreve em Maio.

 

1990/1992

Entre 29 de Outubro e 3 de Novembro de 1991, participa numa excursão "Viagem à Europália" (Festival) Lisboa-Bruxelas-Antuérpia-Bruges-Gand-Bruxelas-Lisboa.

Em 1992, integra o júri dos Jogos Florais «Sintra Património Mundial»

 

1993

Em Maio, viaja para a Dinamarca; visita Copenhaga, Oslo onde é recebida com todas as honras pelo Embaixador de Portugal em Copenhaga, e pela Senhora D. Maria José Lencastre da Veiga.

Nesse país, uma das suas récitas apresentadas, no dia 19 de Maio, é traduzida para dinamarquês.

 

Em Novembro, durante a comemoração do Centenário da publicação de "Campo de Flores" na Faculdade de Ciências de Lisboa lê uma carta inédita de José Viana da Mota escrita em 1893.

 

No âmbito do centenário do nascimento de Almada Negreiros, adapta para teatro o romance «Nome de Guerra: Judite» para co-produção do «Atelier de Teatro» e da Câmara Municipal de Lisboa que a seu pedido disponibiliza o Teatro S. Luís. A peça estreia a 15 de Abril de 1993: adaptação, direcção artística e encenação de sua autoria; representação por João Grosso, Lucinda Loureiro, Carlos Daniel, João Lagarto e outros 23 artistas; os cenários e figurinos são de Inês Guerreiro.

 

1994

Em Setembro, embarca no cruzeiro «XIX Festival de Teatro no Mar», a bordo do Mermoz onde priva com gente do teatro e assiste a diversas peças de teatro e outras actividades relacionadas.

 

Em Dezembro, a convite da Associação Portuguesa de Presepistas e da Fundação Maria Ulrich, interpreta uma poesia de Natal acompanhada por José Campos e Sousa por ocasião da inauguração da «Exposição Internacional de Presépios» realizada no âmbito do ano Internacional da Família, na Sociedade de Geografia de Lisboa.

A 19 de Dezembro, despede-se de uma das suas maiores amigas, a poetisa Fernanda de Castro, com quem priva até ao fim da vida.

 

1995

Em Julho, participa no «Encontro de Poesia Africana» promovido pela Associação «O Regresso das Caravelas» realizado no auditório da Universidade Católica Portuguesa.

 

Em Setembro, embarca de novo no cruzeiro «XX Festival de Teatro no Mar», a bordo do Mermoz.

 

1996

Em Janeiro, na cerimónia de Abertura das «Comemorações dos Cem Anos da Morte de João de Deus» promovidas pela Associação de Jardins Escolas João de Deus no Museu João de Deus, faz a leitura de «Palavras de António Correia de Oliveira sobre 'João de Deus e o Algarve'»; interpreta poesias de João de Deus, com Carlos César, João Grosso, Rosa Lobato Faria, Henrique Canto e Castro, Maria de Lurdes Norberto e Rui de Carvalho, referidos como os artistas mais destacados na Arte de Dizer em Portugal.

 

Em Agosto, visita o Porto e embarca num cruzeiro pelo Rio Douro.

 

1997

Em Janeiro, participa com Vítor de Sousa num recital de poesia acompanhado por José Campos e Sousa, na Jornada Comemorativa das bodas de ouro literárias do seu grande amigo «António Manuel Couto Viana – Poeta, Escritor, Homem de Teatro» realizada na «Casa da Cultura Jaime Lobo da Silva», na Ericeira.

 

Em Julho, participa pela primeira vez no «Recital de Poesia» realizado no Clube da Quinta Patino «Às Sextas na Quinta».

 

Em Setembro, organiza um «Recital de Poesia» no âmbito da inauguração do busto de Eunice Muñoz, por Joaquim Correia.

 

Inicia uma viagem a Paris, França.

 

1998

Em Março, diz poemas de Fernanda de Castro, Natália Correia, Cecília Meireles, Sophia de Mello Breyner, na Sala dos Espelhos do Palácio Foz.

 

Em Maio, no Palácio Foz, participa no «Recital de Poesia sobre Goa», no âmbito do Ciclo "Vianna da Motta".

 

Em Julho, participa de novo no «Recital de Poesia» realizado no Clube da Quinta Patino «Às Sextas na Quinta». No mesmo mês, apoia com João Grosso a iniciativa de 'Música, Dança e Poesia do Século VII – Divertissement» em Castelo Branco.

 

Em Agosto, participa nos «Encontros de Cultura, Arte e Espectáculo» realizados na Província Autónoma de Trento «Trentino Portogallo – Incontri di Cultura, Arte e Spettacolo», projecto apelidado de Projecto Trentino Portugal 1998-1999 cuja apresentação se realizou na Sala Grande do Castello del Buonconsiglio, em Trento.

 

Em Novembro, dirige "Em Pessoa", iniciativa de José Campos e Sousa, com a participação de ambos e, ainda, de João Pires, António de Almeida Matos, Maria Helena Torrado e Mário Máximo, realizada no Teatro Bar do Teatro da Trindade.

 

Em Dezembro, em Matosinhos, integra o júri do «9.º Festival de Canções de Natal», organizado pela Comissão de Pais do RAMPA CLUBE.

 
05  MARIA GERMANA TÂNGER – CRONOLOGIA BIOGRÁFICA (1999-2018),
por Mafalda Ferro.

1999

Em Março, diz Poesias musicadas por José Campos e Sousa e cantadas por Manuela Telles da Gama e José Campos e Sousa na Fragata D. Fernando II e Glória, na Doca do Espanhol em Alcântara, durante a inauguração da exposição de aguarelas de Carlos Solano de Almeida.

No mesmo mês, participa num «Momento de Poesia» durante o «Concerto da Paz», iniciativa que tem por fim a angariação de fundos para a construção de uma Ludoteca do Hospital de Dona Estefânia, organizado pela Associação Internacional de Lions Clubs e apresentado por Margarida Mercês de Mello no Teatro Municipal de S. Luís.

 

Em Abril, Cristina Lino Pimentel promove em sua casa um recital de poesia de Fernando Pessoa interpretado por Germana Tânger.

No mesmo mês, durante uma viagem a Itália, visita Pádua, Assis, Veneza, Bolonha, e participa nos Encontros «Trentino Portogallo – Incontri di Cultura, Arte e Spettacolo».

 

Em Junho, escreve Para a Junta de Freguesia de Venteira onde há uma Biblioteca José Régio o texto «Quem era José Régio», no âmbito da celebração do 11.º aniversário da referida Biblioteca.

 

A 29 de Novembro, é homenageada por ocasião da sua «Despedida Artística (1959-1999)» promovida pelo Teatro da Trindade e pela Assírio e Alvim no Teatro da Trindade. Do programa constam Ruy de Carvalho, António Manuel Couto Viana e João Grosso.

 

2000

A 11 de Março, é agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Jorge Sampaio.

 

2001

Em Novembro, lê poemas de Natércia Freire durante o lançamento de "Antologia Poética de Natércia Freire", apresentação de Ana Marques Gastão.

 

2004

Em resposta ao convite da «Assírio & Alvim», para fazer um 'Áudio-livro' com autores à sua escolha, grava poemas de Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.

 

2007

Em Março, em Lisboa, na Taverna do Embuçado em Alfama lê poemas n' «Uma noite com Pedro Homem de Mello».

 

2008

Despede-se de uma das suas maiores amigas e colaboradoras, a pianista Maria Cristina Lino Pimentel, filha de Raul Lino e Alda Decken dos Santos, casada com Vasco Fernandes Thomaz de Sousa Pimentel.

 

2010

Em Janeiro, por ocasião do seu 90.º aniversário, é homenageada pelo Festival ao Largo, do Teatro Nacional São Carlos.

 

A 14 de Maio, é agraciada pela Câmara Municipal de Lisboa com a Medalha Municipal de Mérito Grau Ouro.

 

2013

O Teatro Nacional D. Maria II assina o Dia Mundial da Poesia com a celebração da sua carreira e a inscrição do seu nome, numa placa junto ao Salão Nobre.

 

2016

Em Abril, em celebração dos seus 96 anos, lança o livro «Vidas numa Vida», através da editora Manufactura. Foi um dos últimos actos públicos em que participou. No final desta autobiografia, pode ler-se: Por último, assim resumo a minha vida", "tanta surpresa, tanta dedicação, tanto amor, tanta amizade, tanta desilusão, tanta força, tanta alegria, tanta esperança, tanta rebeldia, tanto desgosto, tanta saudade.

 

2018

O seu querido amigo, aluno e colaborador, João Grosso que diariamente a visita ao fim do dia, vê-a partir deste mundo no dia 22 de Janeiro, com 98 anos de idade.

O seu filho António, então Embaixador no Qatar, encontra-se ausente..

 

O corpo de Maria Germana Dias Tânger Correia descansa em Queluz, como o de seu marido.

 

António Tânger Correia faz a doação do seu espólio à Fundação António Quadros, como era vontade de sua mãe.

 
06 MARIA GERMANA TÂNGER – UM TESTEMUNHO,
por João Grosso.

 

Maria Germana entrou na sala de aula do curso de actores de 83/84, eu, com a minha tendência descarada, fiz uma chalaça: levei uma reprimenda que me deixou a tremer, senti que tinha sido incorrecto perante alguém cujo porte me impressionara. Lançou um exercício de leitura de cinco linhas de um conto de Eça de Queiroz, entaramelei-me em cada duas palavras. No final da minha leitura, silêncio. Esperei o pior, o olhar penetrante, radiográfico da Germana, furou-me a alma, só sentia angústia, e ouvi aquela voz, que se tornou irredutivelmente num bordão para a minha vida, a dizer: tens cabeça de poeta, vou apontar aqui no meu caderno. Paixão, paixão absoluta, aquela mulher apoiava o que nem sempre eu tinha percebido na minha vida, era a poesia, não literária, mas na alma, a poesia na percepção da vida.

 

Nunca mais nos largámos. Trabalho, entusiasmo, e a Germana sabia excelentemente incutir o entusiasmo, exigência e, sobretudo, o amor por Pessoa. Costumava assomar comigo à janela da casa do largo de S. Carlos e dizer: vamos falar com o Pessoa. Olhávamos para o quarto andar do prédio na fronteira diagonal  e eu ouvia religiosamente, com a atenção do aprendiz para o seu mestre, aquela voz orgânica, que simbioticamente fazia vibrar o meu esqueleto, a declamar versos de todos os heterónimos como se fossem água a correr ou o sino dos Mártires a darem o sinal das horas.

 

Vivemos projectos em conjunto, e todos os meus pessoais, que não houve nenhum que não fosse acalentado pela Germana, vivemos viagens, até um cruzeiro pelas cidades e rios da Rússia, vivemos consoadas, éramos a família no Natal, e as festas de fim de ano, em minha casa, tinham o brilho da sua estrela a trazer coragem para mais um passo a todos os convivas. Gostávamos de copinhos, nos últimos anos, quando já não lhe era possível sair de casa normalmente, era uma alegria quando eu chegava com uma pequenina garrafa, que ainda conservo, cheia de Gin e duas águas tónicas para o nosso fim de tarde.

 

... E as festas até às quatro da manhã no curto período em que alugou casa na rua das Chagas!

 

A Germana foi para mim uma mãe, uma mãe de arte, agarrado ao seu seio aprendi a estar no meio, a puxar pelos brios, a elaborar e a ousar a diferença. No meu casamento com o Rui, quis sair da conservatória de braço dado com os cônjuges. Soube reanimar em mim a nobreza que as dificuldades da vida quase tinham erodido. E como ficava linda, quando ao chegar eu com um novo boné ela queria experimentá-lo, em pose, para a fotografia!

 

Passou-me a Ode Marítima, o seu grande trabalho, estreado em 59, um ano depois de eu nascer. Essa Ode que se tornou também o meu grande trabalho, que, ao fim de trinta e muitos anos, ainda não consegui escavar na totalidade. O que nós trabalhámos: coragem, coragem, entusiasmo, atira-te para o abismo, sem receio, com toda a tua alma. E eu por vezes morria, morria na chuva, morria nas poças oleosas da Lisboa esburacada. Mas ouvia, e ouço sempre, aquele som da sua voz, de todo o seu corpo vibrante a levantar-me com o filão mais profundo da poesia.

 

No último minuto, a sós, ainda nos rimos com a proposta de um champanhe para festejar o seu 98º aniversário. E olhando-me com aquele "olhão", numa tranquilidade espantosa, disse-me: eu não estou nada bem.

Para sempre minha querida mãe Germana.

 
07 MARIA GERMANA TÂNGER – GENERALIDADES,
por Mafalda Ferro.

 
Mário Cesariny chamou-lhe a poeta de poetas;

Almada Negreiros, ao ouvi-la dizer Poesia, disse-lhe Maria Germana, você passa a dizer a minha poesia.

 

Maria Germana…

- Até ao fim dos seus dias, lamentou o atropelo que se faz à língua portuguesa, como o do Acordo Ortográfico.

- Sublinhava que dizia poesia, não declamava. Era contra a declamação porque, se deve sentir o que se diz, sentir o poeta.

- Durante os seus 25 anos de carreira, ensinou Poesia e a Arte de a Dizer a centenas de alunos como consta numa lista, em 21 páginas, preservada na Fundação António Quadros, na qual se reconhecem nomes como José Carlos e Diogo Ary dos Santos, José Walenstein, Carlos Fogaça, João Lagarto, Maria Emília Arriaga, Maria Alberta Menéres, João Grosso, Graça Lobo, Leonor Poeira, António Tânger Correia, Rita Blanco, São José Lapa, Isabel Medina, Teresa Corte Real. Ensinou também Maria Guinot, Alexandra Lencastre, Rui Vieira Nery…

 
 
     
 
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