clique aqui se não conseguir visualizar correctamente esta newsletter
|
|
|
|
|
|
Newsletter Nº 158 / 14 de Março de 2020 |
|
|
|
|
|
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros |
|
|
|
ÍNDICE
01 – António Quadros e a sua TRILOGIA, por Mafalda Ferro.
02 – Como um só Navio, Poema de António Quadros.
03 – Versos soltos, em Viagem Desconhecida. Itinerário Poético, de António Quadros.
04 – Versos soltos e um Poema, em Além da Noite. Poemas, de António Quadros.
05 – Natércia Freire, lembrada no Dia da Poesia, por Mafalda Ferro.
06 – Livraria António Quadros, promoção do mês: Portugal, Razão e Mistério – A Trilogia, de António Quadros. Divulgação.
EDITORIAL,
por Mafalda Ferro
Informa-se que, estando em vigor o Plano de Contingência COVID 19 do Município de Rio Maior desde o dia 09/03/2020, até ao dia 03/04/2020 (de acordo com o desenvolver da situação), Luís Filipe Santana Dias, Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior (CMRM), determinou, entre outros casos, a suspensão de todas as actividades da Biblioteca Municipal; de eventos e/ou visitas aos espaços culturais e turísticos que estejam sob gestão municipal; de acções, encontros ou outros similares promovidos pelo Município ou por outras entidades nos equipamentos municipais, apelando às Instituições que tomem medidas similares às adoptadas pela Câmara Municipal.
Assim sendo, durante o período recomendado pela CMRM, pela DGS e pelo Governo, a Fundação António Quadros decidiu suspendeu todas as iniciativas, mesmo as anteriormente programadas, que envolvem contacto directo com o público e ainda as deslocações para outras localidades.
No entanto, sempre que possível, o atendimento a investigadores, a outras entidades e aos clientes da Livraria António Quadros continuará activo embora apenas via telefone e/ou Internet.
Solicita-se, durante este tempo, a utilização exclusiva do número 965552247 e do e-mail mafaldaferro.faq@gmail.com
ANTÓNIO QUADROS é lembrado no mês da sua partida, muito especialmente no Dia 21 de Março que é também o Dia da Poesia.
A presente newsletter é-lhe dedicada assim como à grande poetisa NATÉRCIA FREIRE, meses depois do centenário do seu nascimento.
Aos «AMIGOS DA FUNDAÇÃ0»:
Se ainda não o fez, pode desde já proceder à transferência correspondente ao seu contributo anual. Muito obrigada.
Fundação António Quadros
CONTA: 7-5227502 000 001
NIB: 0010 0000 5227502 0001 18 (BPI)
IBAN: PT50 0010 0000 5227 5020 0011 8
BIC/SWIFT: BBPIPTPL
|
|
|
|
|
01 – ANTÓNIO QUADROS E A SUA TRILOGIA,
por Mafalda Ferro.
Uma das maiores obras de António Quadros
PORTUGAL, RAZÃO E MISTÉRIO – A TRILOGIA
Está já à venda nas livrarias de todo o país
A trilogia publica, além dos 3 livros de António Quadros e de textos de Joaquim Domingues, Pedro Martins e Pinharanda Gomes, a entrevista que António Quadros concedeu a Antónia de Sousa («DN») em MARÇO de 1993, entrevista essa que viria a ser publicada 10 dias antes da sua morte.
A leitura dessa extensa e extraordinária entrevista, muito bem conduzida por Antónia de Sousa, leva-nos a concluir que foi aí que António Quadros registou o seu testamento espiritual e intelectual. Este pensador, inteligente, lúcido e detentor de um firme amor a Portugal e à sua História, refere os dois projectos que gostaria ainda de concretizar: a publicação do 3.º Livro de Portugal, Razão e Mistério que lamentavelmente não terminou mas que a Fundação António Quadros e a Alma dos Livros deram à estampa e, também, a publicação da sua poesia.
A entrevista termina com um conselho do seu autor:
Acreditem em Portugal
porque Portugal está no mais fundo de cada um de vós
e sem Portugal sereis menos do que sois.
Ter-me-ia dado muita alegria lançar este livro no dia 21 de Março acompanhando a sessão com um sarau de poesia de António Quadros mas, como não foi possível, as apresentações previstas para Março em Rio Maior, Porto e Lisboa, não foram canceladas, apenas adiadas.
Agradeço aqui a quantos se empenharam para que tudo acontecesse durante em Março, nomeadamente a Joaquim Domingues, Pedro Martins, Ricardo Antunes e a sua equipa da Alma dos Livros, aos professores e alunos da Escola Secundária de Rio Maior, a Madalena Ferreira Jordão e Francisco d'Orey Manoel e aos queridos amigos e admiradores de António Quadros que, em diferentes pontos do país, iriam apresentar a obra, falo de José Carlos Calazans, José Almeida, Júlio Ricardo, Manuela Dâmaso, Miguel Real, Paulo de Sá e Paulo Samuel. |
|
|
|
|
02 – COMO UM SÓ NAVIO,
Poema de António Quadros.
Um beijo só, amor, e deixa-me partir,
à procura de ti,
dentro de mim.
Voltarei mais forte e mais sincero,
pois como posso amar-te, sem te achar
no meu deserto de coisas incompletas?
Um beijo só, amor, e deixa que me afaste,
para as regiões
onde és fonte de mim.
Quando voltar, hei-de te dar a conhecer
a tua imagem pura reflectida nos teus olhos,
para que também eu seja contigo no teu mundo.
Um beijo só, amor, e deixa-me contigo,
pois sem o teu corpo
eu posso desejar-te melhor.
E depois, na esteira desse encontro perfeito,
As nossas vidas seguirão eternamente juntas
Como um só navio, vencendo os temporais.
em Viagem Desconhecida. Itinerário Poético, 1952.
Capa e ilustrações de Martins Correia. |
|
|
|
|
03 – VERSOS SOLTOS, EM VIAGEM DESCONHECIDA. ITINERÁRIO POÉTICO,
de António Quadros.
Percorre o teu caminho até ao fundo,
E com os versos que achaste, aumenta o mundo.
Não sejas um escritor mas um profeta.
Em «Poética Contraditória»
Em nome de mim, serei forte e sem tréguas,
Mas em nom de quem, serei eu?
Em «As labaredas de silêncio»
Sinto que é uma antiga dor,
uma dor de sempre.
Em «Todo o dia a minha alma soube a lágrimas»
Como não amar tudo o que existe,
Se a tudo estou ligado
E a tudo devo a vida?
Em «Irrecusável»
Uma lufada de vento, uma folha seca, um sorriso
E todo o mundo a abrir-se, a revelar-se
Ante os nossos olhos extasiados e transparentes.
Em «Uma lufada de vento»
António Quadros, em Viagem Desconhecida. Itinerário Poético, 1952.
Capa e ilustrações de Martins Correia. |
|
|
|
|
04 – VERSOS SOLTOS e UM POEMA, EM ALÉM DA NOITE. POEMAS,
de António Quadros.
Só há em mim perguntas sem resposta,
Instinto para amar, para durar.
A grande porta abrir-se-á um dia,
E tudo será noite, ou vida, ou luz.
«Nada Mais»
Choro a derrota de não me achar senão a mim.
Tudo é eu.
«Apenas um sinal»
Fecha os olhos mais fundo, mais e mais,
Defende-te melhor do pensamento.
«Vem longe a madrugada»
Quero estar só comigo mesmo,
quero ser eu, eu,
eu, e não nós.
Quero ser um oásis,
uma ilha,
um navio que nunca chega à terra.
Quero ser espectador,
e não actor.
«Não quero»
E, naquela aldeia
Onde nasceu um poeta,
Por nascer um poeta,
Morreu a poesia.
«Poesia»
Pois me encontrei também como temia
Com a noite, a escuridão, o abismo, o nada…
«A voz dos cativos»
Vem, noite,
vem docemente afagar a minha alma…
que todo este horror desapareça!
Lágrimas, soluços, tristes e longos beijos,
a tua máscara fria,
os teus olhos fixos de quem viu a morte.
vem noite.
A minha filha morreu e eu quero dormir,
quero sonhar com esses dias em que ignorava a morte.
Não chores, meu amor!
Espera pela noite!
Iremos os dois de mão dada pela estrada fora.
Lá ao fim, a nossa filha sorri…
Vem, noite,
vem docemente afagar a nossa alma…
«Vem Noite»
António Quadros, em Além da Noite. Poemas, 1949.
Capa e ilustrações de Manuel Lapa.. |
|
|
|
|
05 – NATÉRCIA FREIRE, LEMBRADA NO DIA DA POESIA.
por Mafalda Ferro.
Conheci Natércia Freire em casa da minha avó Fernanda de Castro de quem era muito amiga e fui-a encontrando durante muitos nos.Lembro-a como uma senhora calma, um pouco triste, discreta e suave, foi-me, por isso, difícil saber do silêncio que a envolveu, à tristeza e ao desânimo que sentia, ao desaproveitamento do seu talento, ao medo do despedimento, no período posterior ao 25 de Abril, sentimentos e medos que, nas suas cartas, partilhou com Fernanda de Castro.
Em 1984, Natércia sofreu um acidente que a deixou de cama durante mais de um ano e Fernanda de Castro, também ela presa à cama desde 1982, não a pôde visitar. E custou-lhe bastante pois além das saudades que sentia, gostaria de retribuir a companhia e a amizade.
Natércia e Fernanda de Castro foram amigas durante cerca de 70 anos e, curiosamente, ambas morreram no dia 19 de Dezembro, Fernanda de Castro em 1994 e Natércia, dez anos depois, em 2004.
A Fundação António Quadros guarda, de Natércia, 13 cartas para António Quadros, 151 cartas que escreveu a Fernanda de Castro, 13 dirigidas a António Ferro e um número ainda não contabilizado de missivas enviadas a Maria Germana Tânger.
A Fundação preserva ainda manuscritos de muitos poemas como “A Voz”, “Eu vou, Irmãos”, “O Noivo e o Cordeiro”, “Vento do Céu”, “Provinciana”, “Distância”, “Não batam à minha porta”; e textos em prosa como “A aventura das pedras preciosas, do oiro e das pérolas nos caminhos do Mundo”, “A Moda”, “Dois meninos de Silêncio: o menino vai nascer”, “E a flor?”, “O Museu de Arte Popular”, O Regresso à poesia em três pequenos capítulos”, “Pastores”.
Mas a documentação mais interessante é de facto a correspondência em que Natércia partilha com os seus amigos "Ferro" os bons e maus momentos que vai atravessando, enviada da Parede, de Samora Correia, Póvoa de Santa Iria, Nazaré, Benavente, e outros locais. Infelizmente, a partir de certa altura, a autora deixa de datar as suas cartas, o que impede a fixação de datas extremas deste conjunto epistolar. No entanto, estabeleceu-se o período (provisório) entre 1922-1965. Seria necessário proceder-se à leitura destas cartas para lhes poder atribuir uma data mas a quantidade, extensão e o facto de se tratar de manuscritos, dificulta e requer uma disponibilidade de tempo, impossível de momento.
Dedicatórias manuscritas, na Biblioteca da Fundação António Quadros:
- "A Fernanda de Castro […] de seu marido e de sua alma - as duas sempre tão juntas, com a devoção, a amizade e a maior admiração da Natércia Freire.". ( em Infância de que nasci, 1955)
- "À querida Fernanda de Castro, amizade e admiração de longa data, da sua comadre que muito lhe quer. Natércia,". (em Liberdade Solar. Poemas, 1978)
- "Ao António Quadros, á […] da sua Arte de ser Português e ser Artista com a sempre afectiva admiração da Natércia. Natal de 1974.". (Liberdade Solar. Poemas, 1978)
- "A António Quadros, à sua poesia, à sua alma, à simplicidade do seu pensamento, com a mais viva admiração e amizade, oferece a Natércia Freire". (Poemas e Liberta em Pedra, 1967)
- "Ao Dr. António Quadros, que sempre tem entendido tão bem a minha prosa e a minha poesia. Ao Poeta, escritor, ao Filósofo, com a admiração sempre renovada. Natércia. 1964." (em Liberta em Pedra. Poemas. [s.d.])
- "Ao Secretário-geral do “Diário de Notícias”, com a admiração da Natércia Freire. Obra dedicada "A Fernanda de Castro, coragem e alegria, a quem devo a coragem de publicar este livro. N. F. (em A Alma da Velha Casa. 1945)
REFERÊNCIAS:
Não me sinto à vontade para falar de tudo isto, porque, necessariamente, sou também obrigada a falar de mim, mas que fazer? Transcrever os magníficos artigos que a Natércia Freire, a minha querida Natércia, escreveu sobre os parques com a sua extrema sensibilidade, a sua ternura, o seu talento de grande poeta?
Fernanda de Castro, em Ao Fim da Memória I
Tenho, enfim, uma convivência regular e muito agradável com artistas e escritores que me interessam, como o José Carlos, a Natália Correia, o Bernardo Santareno, a Natércia Freire, etc.
[…]
Nesta sessão de poesia, Maria Germana Tânger e Manuela Arraiano disseram vários poemas dos seus reportórios. Leram ou recitaram os seus próprios poemas Natércia Freire, António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira, Heloísa Cid, Edith Arvelos, Irene Gil, Miguel Trigueiros e o meu filho mais velho, António Quadros.
Fernanda de Castro, em Ao Fim da Memória II
Em Natércia Freire, a poesia parece não ser um monólogo mas antes um diálogo e adiante Há em Natércia todos os indícios de que será capaz de ir tão longe quanto permitido lhe for e termina estamos em presença de uma escritora tão rica de sugestões, que tudo pode esperar da sua obra.
António Quadros, em «Os poemas de Natércia Freire, diálogo e invocação»,
no «Diário do Norte».
Outra das grandes amigas, admiradoras e divulgadoras da obra de Natércia é Maria Germana Tânger cujo espólio está fase de tratamento arquivístico na Fundação António Quadros.
Natércia Freire nasceu no Ribatejo, em Benavente, em Outubro de 1919 e morreu em 2004, com 85 anos. Poetisa, jornalista, romancista, contista, professora primária desde 1944 (curso do Magistério Primário), coordenou durante 20 anos a página "Artes e Letras" do "Diário de Notícias", até 1974.
Foi Membro de Honra da Associação Internacional dos Jornalistas e Escritores Latinos, da Comissão de Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (de 1971 até 1974); colaborou em revistas como «Panorama», «Atlântico», «Bem Viver» e na Emissora Nacional; iniciou a sua actividade literária em 1935 com o livro Castelos de Sonho, tendo posteriormente publicado dezenas de obras em poesia e prosa.
Pela sua actividade literária, recebeu prémios como:
Prémio Antero de Quental (1947 e 1952)
Prémio Ricardo Malheiros (1955)
Prémio Nacional de Poesia /1971)
Medalha de Ouro de Mérito Nacional Francês;
Diploma de Honra do Clube dos Intelectuais Franceses.
Em 2016, a CML inaugurou na freguesia de São Domingos de Benfica a Rua Natércia Freire e mais recentemente, a 28 de Outubro de 2019, data do centenário do seu nascimento, foi agraciada, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. |
|
|
|
|
06 – LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS,
Promoção do mês.
TÍTULO: Portugal, Razão e Mistério – A Trilogia.
AUTORIA: António Quadros.
COORDENAÇÃO: Mafalda Ferro.
EDIÇÃO - Lisboa: Fundação António Quadros e Alma dos Livros, 2020.
PVP até 14 de Abril de 2020: 22.50€
RESUMO: Portugal, Razão e Mistério, a trilogia, não é apenas uma terceira edição dos volumes anteriormente publicados, já que às duas obras iniciais se adicionou o inédito Livro III "O Cálice da Última Tule", embora incompleto.
Enriquecida com uma Nota Prévia de Joaquim Domingues e um posfácio de Pedro Martins, a Trilogia exibe ainda a entrevista que António Quadros concedeu a Antónia de Sousa em Março de 1993, entrevista essa que viria a ser publicada no Diário de Notícias no dia 11 de Março de 1993, 10 dias antes da sua morte. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|