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Newsletter Nº 162 / 14 de Julho de 2020
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE


01 Fernanda de Castro: 120 Anos depois. Homenagens previstas.

02 Agenda de Fernanda de Castro, 1970 (Abril./Maio), transcrição por Maria Antunes Ferreira.

03 Fernando de Castro Ferro: Resumo da sua vida no Brasil, em França e em Portugal, de 1962 a 2004, por Dominique Lemonnier.

04 Manuel Tânger Correia na Fundação António Quadros, por Mafalda Ferro.

05 Manuel Tânger Correia, por Fernando Faria.

06 Livraria António Quadros, promoção do mês: Portugal, Razão e Mistério – A Trilogia, de António Quadros.

 

EDITORIAL, por Mafalda Ferro

 

PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS 2020 MÚSICA POPULAR

Em homenagem a António Quadros, nascido a 14 de Julho de 1923, a Fundação António Quadros entrega pelo 10.º ano consecutivo o Prémio António Quadros a uma personalidade de reconhecido valor.

Com muita alegria e sentido de identidade nacional, informamos que o júri composto por António Roquette Ferro, Francisco de Abreu Gautier, Isabel Rocha e Mello, Madalena Ferreira Jordão e Manuela Fialho (presidente) deliberou galardoar JOSÉ CID com o Prémio António Quadros 2020.

O Prémio será entregue, se a pandemia o permitir, em Rio Maior, às 15h do dia 11 de Novembro de 2020. A vida profissional de JOSÉ CID tem sido dedicada a compor, a interpretar e a divulgar a música popular portuguesa.

Partilharemos informação adicional nas próximas newsletters e, desde hoje, no Sítio da Fundação António Quadros www.fundacaoantonioquadros.pt
 

FERNANDO DE CASTRO FERRO (1927-2004)

Pouco se sabe em Portugal sobre Fernando de Castro Ferro, segundo filho de Fernanda de Castro e de António Ferro, irmão de António Quadros, como se constatou recentemente. Curiosamente, no Dicionário de Pseudónimos, de Albino Lapa (1980, entrada 1439), o seu nome aparece referido como um dos pseudónimos de seu irmão António Quadros. Penso que esta situação se deve ao facto de ter passado grande parte da vida no estrangeiro mas também à desatenção de muitos.  Publica-se hoje um artigo de sua mulher Dominique Lemonnier sobre o percurso final da sua vida. 
 
01  FERNANDA DE CASTRO: 120 ANOS DEPOIS.
Homenagens previstas


Imagem: Fernanda de Castro, Castelo Branco, 1928.

Informa-se sobre as acções cuja preparação está em curso, a realizar no ano em que se completam 120 anos depois do nascimento de Fernanda de Castro:

PUBLICAÇÃO, numa parceria entre a Fundação António Quadros e a Revista «Nova Águia», de um conjunto de trabalhos sobre as actividades e muitas das pessoas com quem Fernanda de Castro conviveu e trabalhou. Os textos são de autoria de António Quadros (Fernanda de Castro: A produção literária para crianças); António Roquette Ferro (Fernanda de Castro e eu); Carmen Dolores (Fernanda de Castro, uma Fonte de Alegria); Eduardo Pitta (Nos 120 anos de Fernanda de Castro); Fernando Dacosta (No Século de Fernanda de Castro); Fernando de Castro Ferro (A mãe esteve sempre mais próxima de nós…); Helena Marinho (Das Palavras e da Música – Intersecções na Obra de Fernanda de Castro); Joana Leitão de Barros (Teresa, a guardiã de todos os começos); José Carlos Seabra Pereira (As palavras aladas de Fernanda de Castro); Madalena Ferreira Jordão (Recordar Fernanda de Castro); Mafalda Ferro (Fernanda de Castro a minha avó), (Os Parques Infantis de Fernanda de Castro), (Amizades, Artistas e a Arte de «Bem-Viver); Manuela Dâmaso (Fernanda de Castro: uma Poetisa na Dramaturgia Nacional); Margarida de Magalhães Ramalho (Fernanda de Castro, uma Mulher tão viva); Paula Morão (Ao Fim da Memória, Memórias de Fernanda de Castro – 'É verdade, é verdade mesmo o que me contas'); Rita Ferro (Imagens); Vasco Rosa (3 Mulheres numa Ponte).

O conjunto é complementado com a bibliografia de Fernanda de Castro e, ainda, com testemunhos inéditos de Alfredo Guisado, 1969; Álvaro Ribeiro, 1953; Amália Rodrigues, 8 de Dezembro; António Quadros, 1990; António Roquette Ferro, 2000; Aquilino Ribeiro, 1945; Augusto Santa-Rita, Abril de 1921; Cecília Meireles, 1930; Cecília Meireles, 1935; Delfim Santos, 1951; Eduardo Pita, 2000; Fernando de Castro Ferro, 2000; Germana Tânger, 2000; João Bigotte Chorão, 2000; João de Barros, 1935; Joaquim Paço d'Arcos, 1946; Joaquim Veríssimo Serrão, 1990; Jorge Segurado, 1987; José Carlos Ary dos Santos, 1974, depois da Revolução de Abril; José Leitão de Barros, 1955; Margarida Homem de Sousa, 2000; Maria Helena Ferro da Cunha de Matos, 2000; Natália Correia, [1973]; Raul Lino, 1969; Teixeira de Pascoaes, 1952.

REEDIÇÃO em volume único de Ao Fim da Memória I e II, de Fernanda de Castro, edição da Fundação António Quadros, com apoios que posteriormente serão partilhados.

EXPOSIÇÃO sobre a sua vida e obra a realizar inicialmente na Fundação e posteriormente na Universidade de Aveiro (acção a confirmar).

 
02 AGENDA DE FERNANDA DE CASTRO, ABRIL/MAIO,1970,
transcrição por Maria Antunes Ferreira.

Imagem: Fernanda de Castro, 1929.

1 de Abril de 1970, quarta-feira

2h, estive em casa do António, que me levou ao S.N.I.; 3h, reunião no S.N.I.; compras no «Celeiro»; 4h, tia Maria José, estive lá até às 7 com a tia Castelo, etc. A Manuela, que também apareceu, trouxe-me a casa.

2 de Abril de 1970, quinta-feira
5.30, cabeleireiro. Jantaram cá a Heloísa e o José Carlos.

3 de Abril de 1970, sexta-feira
9.30, tirei sangue, Dias Amado, para análises; 1.30, radiografias Aleu Saldanha; compras: globos e lâmpadas para o Parque 3, «Mobiladora Alentejana» e «Armazém das Ilhas», Necessidades. Veio jantar a Mané, fomos ver «A Relíquia».

4 de Abril de 1970, sábado
Não saí. À noite, jantaram cá Natália, Heloísa, David Mourão-Ferreira e Pilar, Helena, Dórdio, Isabel Meireles, Emilienne, Eleutério Sanches e mulher. Mais tarde apareceu o José Carlos com o José Francisco.

5 de Abril de 1970, domingo
Não saí. Estive todo o dia deitada. Escrevi à Vera, à Ana Amélia e à Margarida Lopes de Almeida.

6 de Abril de 1970, segunda-feira
Não saí. A Heloísa esteve cá todo o dia a trabalhar. Jantaram a Heloísa e a Inês. O António foi fazer uma Inspecção ao Algarve e veio cá despedir-se.

7 de Abril de 1970, terça-feira
Trabalhei em casa; 6.30, S. Luís «As Noites Quentes de Lady Hamilton», com a Maria Luísa Garin que jantou depois cá em casa.

8 de Abril de 1970, quarta-feira
10.30, Drogaria Pires Tavares (Parques), comprei medalhas de ouro para a Emília e para a Maria de Jesus. Fui buscar a tia Castelo, almoçámos no Parque das Necessidades; 3h, reunião S.N.I. (a tia Castelo seguiu para o Campo Santana); 4.30, tia Maria José; 7h, Dr. Sousa e Faro; 9h, jantar em casa da Natália (anos Helena).

9 de Abril de 1970, quinta-feira
1.ª Lição João Filipe; Não saí de casa; À tarde, estiveram cá a Rita e a Mafalda, para conhecer o primo. A Inês veio jantar.

10 de Abril de 1970, sexta-feira
3h, Assistente Social Misericórdia; À tarde, esteve cá a Pó; 6.30, Parque Infantil S. Pedro d'Alcântara; […] Parque 3; Jantei em casa do António.

11 de Abril de 1970, sábado
11h, compras (Parque 3); 1h, Parque 3; 2.30, lição João Filipe e Arnaldo; 4.30, veio a Heloísa; 7.30, fomos a S.ta Apolónia esperar o Antoninho; 9h, jantámos, eu e a Heloísa, em casa do António.

12 de Abril de 1970, domingo
Saí com a Inês e a Heloísa, fomos a Sesimbra e à Arrábida, lanchámos na Quinta das Torres: À noite, eu e a Inês, fomos ao Império, ver «Os Dois Maridos de Elisabeth».

13 de Abril de 1970, segunda-feira
4h, Presidência da República; 5.30, lição Arnaldo e João Filipe; 7h, Dr. Baião Pinto.

14 de Abril de 1970, terça-feira
10h, Massagista; 12h, Parques (obras); 3h, Heloísa (passou cá o dia e jantou, assim como a Inês, que veio mais tarde); 4.30, lição João Filipe; 5.30, Manuela (que veio tomar chá).

15 de Abril de 1970, quarta-feira
10h, Amostras Eng.º Silvério Martins, encontro com a mulher, que me levou a casa deles, aos Olivais, para ver móveis, etc.; 1h, fui buscar a tia Castelo e ambas almoçámos na Colmeia; 3h, S.N.I.; 4.30, tia Maria José, apareceram a Manuela, a Isabel e o noivo; 7.30, fomos todos a casa do António mas demorei-me pouco e vim para casa jantar e deitar-me, estafada; Às 9.30, telefonou-me o Fernando, do Rio. Fiquei radiante porque vem a França e poderei ir vê-lo a Paris.

16 de Abril de 1970, quinta-feira
Não saí; estiveram cá o António, o Antoninho e o João Filipe, que veio dar lição; a Inês veio jantar.

17 de Abril de 1970, sexta-feira
Estive todo o dia em casa; lição João Filipe; esteve cá a Pó. Jantei na cama.

18 de Abril de 1970, sábado
Chegada Jacinta com a criada; tia Castelo veio almoçar, assim como António, Pó, Mafalda, Rita e Antoninho; Fui jantar ao «Cantinho Alentejano» com a Inês, José Francisco e José Carlos, convidada por este último.

19 de Abril de 1970, domingo
12h, Aeroporto: Chegou a Dominique; Fomos a Óbidos, onde passámos a tarde em casa do António; jantámos no «Cantinho Alentejano», com a Heloísa, a Inês e as irmãs.

20 de Abril de 1970, segunda-feira
De manhã fui ao Banco e às compras com a Dominique. Almoçámos em casa do António. Levei a Dominique a ver a Manuela; 3h, visita aos Parques com Assistente Social da Misericórdia; lição João Filipe.

21 de Abril de 1970, terça-feira
11h, Emissora Nacional, La Voix de l'Occident, Programa «Afrique – Souche»; lição João Filipe; despedida Dominique, Aeroporto.

22 de Abril de 1970, quarta-feira
Vieram almoçar a tia Castelo, o Antoninho e um amigo deste; 3h, S.N.I.; 4.30, tia Maria José; veio jantar a tia Castelo.

23 de Abril de 1970, quinta-feira
Não saí. Esteve cá o António. A Luísa veio passar o dia e jantar, assim como a Inês. lição João Filipe.

24 de Abril de 1970, sexta-feira
Não saí. Estive só todo o dia. Lição João Filipe.

25 de Abril de 1970, sábado
11h, cabeleireiro, manicura; 1h, almoço Parque 3 com Heloísa e Alexandre Ribeirinho; jantei, com a Heloísa, em casa do António.

26 de Abril de 1970, domingo
11h, cinema S. Jorge [...]. Convidei António, Pó e os três pequenos. Almocei na «Benard»; Passeio com Inês, Heloísa e Isabel («saloios», Estoril, Manique, etc. «Quinta das Pedras». Jantámos numa «adega regional» em Alcoitão; 9.15, a Inês e eu fomos ver «A Celestina». No fim, fomos ver a Amélia Rey Colaço.

27 de Abril de 1970, segunda-feira
Às 3, veio a Heloísa que esteve todo o dia a trabalhar; 5.30, lição João Filipe e Arnaldo. Jantaram cá a Heloísa, a Inês e a Mané, depois do jantar, estiveram cá o António e a Pó. Falou o Nucha, de Paris.

28 de Abril de 1970, terça-feira
Almoço nas Necessidades (Maria Schultz, António Sarmento, Heloísa); lição João Filipe; jantar em casa da Maria Germana (M.ª Cristina, Mané).

29 de Abril de 1970, quarta-feira
1h, o José Carlos veio buscar-me. Almoçámos no Parque das Necessidades; 3h, S.N.I.; 4h, compras; 4.30, tia M.ª José; 9h, jantar Isabel Meireles (Inês, Heloísa, Natália, João Meireles e filho, Mário Cezariny, etc).

30 de Abril de 1970, quinta-feira
Não saí. A Inês veio almoçar.

1 de Maio de 1970, sexta-feira
4h, partida para Madrid; jantar na Pousada de Elvas; dormida em Badajoz.

2 de Maio de 1970, sábado
Chegada a Madrid (Hotel Mercator); encontro com Fernando e Dominique; jantar «Valentim».

3 de Maio de 1970, domingo
Madrid, Retiro; almoço na Cafetaria Madrid; jantar Edelweiss.

4 de Maio de 1970, segunda-feira
Almoço «Galerias Preciados»; compras; partida para Lisboa: dormida no Parador de Mérida; jantar.     

5 de Maio de 1970, terça-feira
Almoço na Pousada de Elvas; chegada a Lisboa.

6 de Maio de 1970, quarta-feira
Passei o dia na cama. Vieram jantar a Inês, a Heloísa e a Mané.

7 de Maio de 1970, quinta-feira
Passei o dia deitada. Estiveram cá a Pó e o António.

8 de Maio de 1970, sexta-feira
Passei o dia deitada. Esteve cá o Antoninho. À noite, vieram jantar a Inês, a Heloísa e a Mané; Teatro de Cascais «Um chapéu de palha de Itália» (Ceia em Cascais).

9 de Maio de 1970, sábado
Saí às 2 da tarde, com a M.ª Luísa Telmo para ver casas: Caneças, Algueirão, Alcoitão, Sintra, Alhandra, etc; lanche em Sintra, na «Piriquita»; jantei com o José Carlos e o José Francisco na «[...]».

10 de Maio de 1970, domingo
Fiquei todo o dia deitada e sozinha; ando anormalmente cansada.

11 de Maio de 1970, segunda-feira
Não saí. A Heloísa almoçou e jantou. A Inês também veio jantar.

12 de Maio de 1970, terça-feira
Todo o dia em casa. A Inês veio jantar. À noite, Mané e dois casais seus primos ‒ uma das raparigas veio ler-me versos, bastante dotada.

13 de Maio de 1970, quarta-feira
Almoço em casa: tia Castelo, António e Antoninho. 3h, S.N.I.; 4.30, tia M.ª José; 9.30, Tivoli, com a Heloísa «Quando a Primavera acaba».

14 de Maio de 1970, quinta-feira
Passeio, à procura de casas, com a M.ª Luísa Telmo (Azeitão e arredores); 7h, Dr. Sousa e Faro.

15 de Maio de 1970, sexta-feira
Parque 1. Passeio de automóvel com a M.ª Luísa Telmo, arredores de Lisboa, Alenquer, etc. Jantei em casa do António.

16 de Maio de 1970, sábado
2h, Partida para Beja com Natália, Helena e Dórdio; jantar na Vidigueira (Manuel António Manços), Grupo Coral.

17 de Maio de 1970, domingo
Almoço em Beja; Partida para Marvão; Instalação na Pousada.

18 de Maio de 1970, segunda-feira
Visita de Marvão; comprei uma casa na Rua do Castelo; almoço na Pousada; partida para Lisboa; jantar em Abrantes.

19 de Maio de 1970, terça-feira
Não saí. A Inês veio jantar.

20 de Maio de 1970, quarta-feira
A tia Castelo veio cá almoçar: tia Maria José com a tia Castelo. S.N.I. Veio jantar o José Carlos.

21 de Maio de 1970, quinta-feira
À tarde, Heloísa, com quem fui ao médico que a tranquilizou. Jantaram: Heloísa, Inês e Mané.

22 de Maio de 1970, sexta-feira
Almoço em casa c/ Manuela. Centro de Estudos Ultramarinos (Fui falar com o Ribeirinho para arranjar explicador para o João Filipe). À noite, estive em casa do António a ver a Televisão (Festival da Canção).

23 de Maio de 1970, sábado
Partida para Marvão com a Inês e a Heloísa. Pousada de Santa Maria, Valência de Alcântara.

24 de Maio de 1970, domingo
Marvão. Valência de Alcântara. Visita da Vila e procura de casas.

25 de Maio de 1970, segunda-feira
Chegada de Marvão. Não saí. Estiveram cá o António e o Antoninho. À tarde, veio o Alexandre dar lição com João Filipe.

26 de Maio de 1970, terça-feira
Veio a Heloísa que esteve a trabalhar nas contas dos Parques. Fui buscar a tia Castelo e a Umbelina. Jantámos todos em casa do José Fernando que fazia anos.

27 de Maio de 1970, quarta-feira
3h, reunião S.N.I. Compras: Super-mercado, Braz e Braz, etc. À noite, estive em casa do António.

28 de Maio de 1970, quinta-feira
6.30, cinema com Heloísa, (Beijos Roubados, S. Jorge). Encontrei, no cinema, o José Carlos, o José Francisco e o Torquato da Luz. Jantei em casa da Natália.

29 de Maio de 1970, sexta-feira
Jantar em casa, oferecido ao João e família. Estiveram: tia M.ª José; tia Castelo; António, Pó e os três pequenos; Chico e João Filipe; Manuela e Vasco; João, M.ª Eugénia, filhos e nora; M.ª Luísa, José António e filho; José Fernando e M.ª Luísa e [Josesinha]; Umbelina, Pedro e três filhos; M.ª Helena e Luís — 32 pessoas.

30 de Maio de 1970, sábado
Esteve cá a Heloísa com quem fui ao Monumental ‒ Programa Curto-Circuito. Veio jantar e a Inês veio depois.

31 de Maio de 1970, domingo
1h, Missa, Loreto. 3.30h, partida para Óbidos. Visita ao António e à Pó; jantar nas Caldas em casa da Mané.

 

Identificação das pessoas nomeadas por Fernanda de Castro (FC), nos meses de Abril e Maio, apenas por um nome (ordem alfabética):

Ana Amélia – Anna Amelia de Queiroz Carneiro de Mendonça – jornalista, poetisa brasileira
Antoninho – António Roquette Ferro – neto de FC
António – António Quadros – filho de FC
Chico – Francisco Telles de Castro e Quadros – irmão de FC
Dominique – Dominique Lemonnier – mulher de Fernando de Castro Ferro
Dórdio – Dórdio Guimarães – poeta, cineasta
Emilienne –  (?)
Fernando – Fernando de Castro Ferro – Filho de AF e FC
Helena – (?) – Helena Roque Gameiro
Heloísa – Heloísa Cid – poetisa
Inês – Inês Guerreiro – artista plástica e gráfica, retratista, cenógrafa
Irmãs da Inês – Maria Luísa Guerreiro e Manuela Guerreiro Novaes
João Filipe – João Filipe Quadros – sobrinho de FC – filho de Chico
João, M.ª Eugénia – João e Maria Eugénia Quadros – irmão e cunhada de FC
José Carlos – José Carlos Ary dos Santos – poeta
José Fernando e M.ª Luísa – José Fernando Telles de Castro Mexia Salema – primo de FC e sua 1.ª mulher
José Francisco – amigo de José Carlos Ary dos Santos
M.ª Helena e Luís – Maria Helena Cunha de Matos e Luís de Matos, seu marido – sobrinha de AF e FC
M.ª Luísa Telmo – Maria Luísa Cottinelli Telmo – mulher do Arquitecto Cottinelli Telmo
M.ª Luísa, José António e filho – Maria Luísa Quadros, seu marido e filho António – irmã, cunhado e sobrinho de FC
Mafalda – Mafalda Ferro – neta de FC
Mané – Maria Manuel Lima de Carvalho
Manuela – Manuela Telles de Castro e Quadros Barreto de Carvalho – irmã de FC
Vasco – Vasco Barreto de Carvalho – cunhado de FC
Maria Cristina – Maria Cristina Lino Pimentel – pianista
Maria Germana – Maria Germana Tânger Correia – intérprete de poesia
Maria Luísa (Dina) – Maria Luísa Garin
Natália – Natália Correia – poetisa
Nucha – Petit nom de Fernando de Castro Ferro – Filho de António Ferro e FC
Pedro e três filhos – Pedro Cunha e seus filhos Pedro, Patrícia e Filipe Cunha – filho e netos de Umbelina –  sobrinhos de AF e FC
Pilar – Pilar Mourão-Ferreira – segunda mulher do David Mour-ao-Ferreira
Pó – Paulina Roquette Ferro – nora de FC
Ribeirinho – Alexandre Ribeirinho – actor
Rita – Rita Ferro – neta de FC
Teresa – Teresa Leitão de Barros – escritora, irmã do cineasta
Tia Castelo – M.ª do Castelo Telles de Castro – tia materna de FC
Tia Maria José – M.ª José Telles de Castro – tia materna de FC
Umbelina – Umbelina Ferro da Cunha – cunhada de FC

E, ainda:
S.N.I. – Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo
Campo Santana – localização da casa de Maria José Telles da Silva de Castro Mexia Salema  – tia materna de FC

 
03 FERNANDO DE CASTRO FERRO: RESUMO DA SUA VIDA NO BRASIL, EM FRANÇA E EM PORTUGAL, DE 1962 A 2004, por Dominique Lemonnier.


Em finais de 1962, depois de um grave acidente de automóvel em Portugal no qual morrem, além de um amigo, as suas duas filhas Tracy e Grett, situação que muito o perturbou, Fernando de Castro Ferro deixa Portugal e, a convite de um grande amigo, instala-se no Rio de Janeiro.


Depois de ter trabalhado durante alguns meses no Turismo de Portugal dirigido então por Jorge Felner da Costa é convidado por Roberto Marinho, Presidente – Director-geral entre outros da Rede Globo de Televisão, a organizar uma editora que complementaria algumas edições de revistas femininas e de fotonovelas, e, também, de dirigir uma revista de cultura geral intitulada «Aconteceu» que compilava diversos artigos portugueses e brasileiros ilustrados com desenhos e fotografias, sendo que todas essas revistas eram impressas pelo Grupo «Rio Gráfica». Durante os dois anos que trabalha nesse projecto, Fernando edita, entre muitos outros, um livro sobre a gravura brasileira, um livro de Augusto Federico Schmidt ilustrado por artistas de renome e A Princesa dos Sete Castelos, de Fernanda de Castro, sua mãe, com ilustrações de Inês Guerreiro.


Posteriormente, é contactado pelo «Groupe Huber», dirigido por Gilberto Huber, com o objectivo de criar duas outras editoras em 1963-64: EDITORA EXPRESSÃO E CULTURA; e EDITORA LICEU, didáctica, em parceria com as «Edições Hachette» mas com obras adaptadas e traduzidas para publicação no Brasil, e obras escritas por especialistas brasileiros.


Em 1966, em representação do Brasil, participa num Congresso Mundial de Editores realizado na Holanda e, em 1968, também em representando o Brasil, na Feira do Livro de Frankfurt, concretiza uma ideia sua, completamente inédita num local semelhante. O stand fabricado no Rio de Janeiro e transportado por navio, atrai os visitantes e colegas com uma prova de Café Brasileiro e Caipirinhas… com moderação, claro.


Já nos anos 70, durante um determinado período, Fernando dedica-se exclusivamente à tradução para português de obras em francês e inglês, sendo contratado por diversas editoras com as quais havia já trabalhado (Civilização Brasileira, Zahar Editora, Melhoramentos, entre outras) o que lhe permite uma grande liberdade de horários de trabalho como sempre preferiu, à semelhança de seu pai, António Ferro.


Ainda nos anos 70, trabalha, com alguns dos "antigos" da primeira equipa que integrara, na constituição da Editora «ETCETERA», desta vez tipicamente brasileira, com revistas para crianças e para adultos. Esta Editora era uma Sociedade com três sócios, um director financeiro, um director artístico e um director editorial, cargo este, ocupado por Fernando de Castro Ferro.


A distribuição das edições «ETCETERA» estava a cargo da «Hachette» que, nesse sentido, abriu uma sucursal no Rio, em vigor nos anos 1972-1973, ano em que, tristemente, a sociedade se desfez e a editora terminou a sua actividade.


Em 1976, Fernando e a sua família regressam a Paris, terra natal de Dominique Lemonnier, sua mulher e mãe dos filhos Vicente e Stephanie Lemonnier Ferro. Ainda sem carta de trabalho, ingressa na Escola INLÍNGUA como professor de Português e de Inglês continuando, também, a fazer traduções.


Alguns anos mais tarde, especializa-se em traduções cada vez mais técnicas, sempre supervisionado por especialistas, sobre aeronáutica, arquitectura, contabilidade, e legais e até relacionadas com agricultura e criação intensiva de gado no Brasil, colaborando com varias agências de traduções em Paris.


Perante o envio de pessoal francês para Angola, Fernando detecta uma oportunidade a não perder e funda com sua mulher, com grande sucesso, uma filial da Escola em Lisboa onde são ministrados cursos intensivos particulares e colectivos para ensino da língua portuguesa a estrangeiros.


Em 1992, com 65 anos, então na idade da reforma em França, termina a sua colaboração com a INLÍNGUA de Paris e inicia diversas acções no campo imobiliário em Portugal, essencialmente com sócios franceses. É então que se instala definitivamente em Portugal continuando a ocupar-se da INLÍNGUA.

Fernando de Castro Ferro morre em sua casa no Monte Estoril no dia 4 de Janeiro de 2004.


Imagens: Fernando de Castro Ferro com Dominique e Vicente, seu filho mais velho, Rio de Janeiro, 1965; Vicente Ferro, Lisboa, 1984; Stephanie Ferro, Lisboa, 1984; Livro de Poesia de Stephanie, sua filha mais nova. Paris, 2006.

 
04 MANUEL TÂNGER CORREIA NA FUNDAÇÃO ANTÓNIO QUADROS,
por Mafalda Ferro.


Com grande alegria e sentido de responsabilidade, a Fundação recebeu no passado mês de Junho uma dezena de caixas – arcas com tesouros ainda por explorar provenientes do espólio documental produzido e reunido por Manuel Tânger Correia ao longo da sua vida. Este espólio está ainda, como atrás referido, por tratar mas uma rápida e atenta espreitadela ao interior destas arcas, permite-nos deduzir o interesse do seu conteúdo.


Fruto de generosa doação por parte do Embaixador António Tânger Correia, este espólio vem juntar-se ao de sua mulher, Maria Germana Tânger, já em adiantada fase de tratamento arquivístico, podendo já revelar-se alguns documentos cujo tratamento está finalizado: acondicionados, catalogados, inventariados, descritos, como:

Escritos e Actividades de Germana Tânger (já tratados): 930 documentos, na sua maioria manuscritos.

Correspondência para Germana Tânger (já tratada): 1700 peças epistolares escritas por 650 autores dos quais se destaca apenas algumas personalidades como Alberto de Monsaraz, Amélia Rey Colaço, António Quadros, Azeredo Perdigão, Campos de Figueiredo, David Mourão-Ferreira, Fernanda de Castro, Fernando Sylvan, Geneviève Mallarmé, José Carlos Ary dos Santos, José Osório de Oliveira, José Régio, Maria de Carvalho, Miguel Torga, Natércia Freire, Rómulo de Carvalho, Virgínia Victorino, entre centenas de outros de idêntica importância.

Colecção de Arte (já tratada): Cartas Reais de Dom Luiz e de Dom Carlos; Diplomas; Cartazes; Medalhas; Selos; Esculturas; Postais, Prémios; Peças museológicas como um Relógio de Mesa do Século XIX; desenhos originais como os de Maria Adelaide Lima Cruz, por exemplo.


Publica-se, de seguida, uma mini-biografia de Manuel Tânger Correia, por Fernando Faria pela qual se agradece a colaboração da 
«Tribuna das Ilhas online».
O trabalho biográfico que a Fundação António Quadros pretende construir será efectuado durante o processo de tratamento deste espólio na sua passagem para o Arquivo Histórico da Fundação António Quadros.

Agradece-se, de novo, a generosidade e a confiança de António Tânger Correia, filho único do casal Manuel e Maria Germana.

Imagem: Maria Germana e Manuel Tânger Correia com seu filho António em Queluz.

 

05 MANUEL TÂNGER CORREIA,
por Fernando Faria.


Segundo filho de António da Cunha Correia – funcionário dos Correios e Telégrafos – e de D. Zélia Maria de Medeiros Tânger, dona de casa, Manuel Tânger Correia nasceu em Santa Cruz das Flores a 24 de Outubro de 1913 e, além do primogénito António, teve ainda mais três irmãos: Raul Tânger da Cunha Correia, oficial do Exército que, tal como seu tio materno Manuel de Medeiros Tânger foi presidente da direcção do Fayal Sport Club; Mário Tânger da Cunha Correia e Humberto Tânger da Cunha Correia.


Concluído o curso liceal, Manuel Tânger matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa, que frequentou até ao 3.º ano e onde, segundo relata o seu grande amigo Dr. José da Silva Peixoto, terá sido “vítima da hostilidade manifesta do titular da cadeira de Direito Administrativo”, levando-o a optar pela Faculdade de Letras. Fez um curso brilhante, “licenciando-se com muito mérito, devido ao seu inegável talento e ao seu trabalho probo, eriçado de dificuldades”.


Trabalhador-estudante, Manuel Tânger trouxe consigo para Lisboa, dois irmãos mais novos, de “cuja educação se encarregou”. Para isso, não só “dava explicações aos filhos do hospedeiro, em troca do alojamento para si e para os irmãos” como mantinha “outros cursos com lições em casa dos explicandos” e só quando terminava esta estafante missão é que se entregava à sua preparação académica.


Apesar destas árduas tarefas, manteve sempre grande amor pelo Teatro, onde “esbanjou talento, saúde e os seus preciosos ócios de escolar em férias”1.


Esse amor nasceu no Liceu e desabrochou no grupo cénico do Angústias Atlético Club criado em 1935, que teve como encenador o professor António Pinheiro de Faria e onde actuaram amadores de inegável mérito. Entre eles, estava, desde a primeira hora, Manuel Tânger Correia que, mesmo quando a família já residia em Lisboa, vinha “expressamente ao Faial para integrar o elenco do grupo”, ficando instalado “em casa de amigos mais próximos, mas com a construção da nova sede passou a dispor de um quarto que lhe era expressamente destinado, devidamente mobilado2”. A temporada teatral do Atlético, que atingia ponto alto nos meses de Agosto e Setembro, trazia Manuel Tânger até à Horta e, mesmo durante a sua estada, não deixava de dar explicações “do 1.º ao 6.º ano dos liceus” e de preparar “para exames de aptidão às faculdades de Letras e Direito”3. Antes do seu regresso a Lisboa, era distinguido com uma festa de homenagem que, avaliar pelas notícias dos jornais locais, decorria sempre “com bastante entusiasmo, sendo grande a concorrência”4, e que “coroava com infindáveis palmas o trabalho de Manuel Tânger tributando-lhe assim a seu mais vivo testemunho de simpatia e admiração” ele que já se destacava como “um valor seguro da nova geração, de que é um dos primeiros e um filho deste distrito de quem há muito a esperar na certeza inabalável que há-de honrar a terra que lhe foi berço”5. Além de professor particular, Manuel Tânger dirigiu, enquanto estudante, o Grupo de Teatro Moderno da Faculdade de Letras de Lisboa, ao qual dedicou grande entusiasmo que se traduziu numa intensa actividade, assinalada de modo especial, pela representação de peças de autores consagrados como Raul Brandão, Miguel Torga, José Régio ou Garcia Lorca. Frequentou também o curso do Conservatório Nacional e concluiu a licenciatura em Filologia Românica em 1951, apresentando e defendendo a tese intitulada “António Patrício, poeta trágico”. Fez crítica literária na imprensa de Lisboa, foi professor liceal e, de 1952 a 1955, leitor de Português na Universidade de Poitiers e na Faculdade Católica de Paris.


Nos primórdios da Televisão em Portugal (1956) foi convidado para director de programas da RTP, “funções em que, conforme salientou o matutino ‘O Século’, a despeito do interesse e carinhoso apoio que dispensou ao Teatro e aos artistas, não deixou de sofrer – pelo seu espírito independente – contrariedades e perseguições que o abalaram profundamente”. Dedicou-se depois à carreira diplomática, tendo exercido durante alguns anos o cargo de adido cultural na embaixada de Portugal no Brasil, onde foi intensa a acção despendida na promoção da nossa literatura. “Investigador inteligente e profundo, deixou publicados vários ensaios, assim como alguns estudos ainda inéditos, sendo de referir os que consagrou a António Patrício, Antero de Quental, Raúl Brandão e outros” 6.


Casara em 1948 com D. Maria Germana Dias da Silva Moreira, a conhecida e famosa Maria Germana Tânger, que foi actriz, encenadora, professora de dicção no Conservatório Nacional, colaboradora da RDP e RTP e grande divulgadora por todo o mundo dos principais poetas e prosadores portugueses. Tiveram um filho, o Dr. António Manuel Moreira Tânger Correia, que seguiu a carreira diplomática atingindo o cargo máximo de embaixador.


Vítima de um acidente de viação numa estrada espanhola próxima de Valladolid, o Dr. Manuel Tânger Correia, que à época desempenhava as funções de cônsul de Portugal em Gijón, faleceu aos 61 anos de idade e foi sepultado a 24 de Janeiro de 1975 no cemitério de Queluz, distrito de Lisboa.

Publicado em «Tribuna das Ilhas online», 11.12.2015.

1 - Peixoto, José da Silva, «O Telégrafo», 13 Fevereiro 1975.
2 - Idem, em Lobão, Carlos M. Gomes, Angústias Atlético Club/Subsídios para a sua história, 1991, p. 129.
3 - «Correio da Horta», 1 Agosto 1939.
4 - «O Telégrafo», 29 Setembro 1938.
5 - «Correio da Horta», 29 Setembro 1939.

6 - «O Século», 24 Janeiro 1975 cit. em «O Telegrafo», 30 Janeiro 1975. 
 
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TÍTULO: Portugal, Razão e Mistério – A Trilogia.

AUTORIA:
António Quadros.

EDIÇÃO
- Lisboa: Fundação António Quadros Edições e Alma dos Livros, 2020.

PVP até 14 de Agosto de 2020: 20.00€


DEPOIMENTO
: Foi a minha última aquisição bibliográfica antes do confinamento. No topo de uma ilha de livros, erguia-se como um bastião, convidando à posse, correspondendo ao já longo questionamento sobre o 3.º vol. da obra, anunciado e nunca editado, resolvendo o mistério.
Agora, a obra surge completada e emoldurada por um paratexto que lhe potencia a sedução, encenando um colóquio entre desaparecidos e colegas de pena, com modalizações que não comento para evitar alongar-me, mas que constituem importante moldura desta obra notável: de Mafalda Ferro, Joaquim Domingues, Pinharanda Gomes e Francisco da Cunha Leão, em pórtico, e, no fim, de Pedro Martins, encerrando com a última entrevista do autor por Antónia de Sousa («Diário de Notícias», 11/3/1993). Nesta, a última fala replica-se em epígrafe ao volume como mensagem aos concidadãos, recuperando a que encerra a 'Mensagem'  (1934) de Fernando Pessoa aos seus 'Fratres'. 86 anos depois de Pessoa, 33 anos depois de se instalar o fantasma do terceiro livro de 'Portugal, Razão e Mistério'.

ANNABELA RITA [Leia o texto completo em www.fundacaoantonioquadros.pt ]

 
 
     
 
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