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Newsletter Nº 168 / 14 de Janeiro de 2021
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE

01
Jorge Pereira de Sampaio recebe Prémio Joaquim Veríssimo Serrão, por Mafalda Ferro.

02 Amigos da Fundação, por Mafalda Ferro.

03 Almada, António Ferro e Pessoa – e o Estado Novo, por Teresa Rita Lopes.

04 Atribuição do título honorário de «Amicus Romaniae» a Mafalda Ferro, pelo Instituto Cultural Romeno.

05 – MESALUÍSA, programa de Luísa Vilar. Divulgação.

06 – Um Soneto de Fernanda de Castro em AFIFE, por Alberto A. Abreu.

07 Uma curiosidade sobre António Ferro-jornalista, por Mafalda Ferro.

08 Livraria António Quadros, promoção do mês: António Quadros e António Telmo: Epistolário e Estudos Complementares.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro

Assista a «A Arte é tudo. Tudo o resto é nada», Eça de Queiroz, por Isabel Pires de Lima, sessão coordenada por Joaquim Pinto da Silva: https://www.luso.eu/live.html 




Depois de um percurso enquanto fotógrafo e curador de exposições fotográficas iniciado em 2017 em S. Pedro do Sul, Aníbal Seraphim inaugurou no passado dia 4 uma nova exposição de fotografias de sua autoria: “O Homem da Máquina Cor-de-rosa”.

Nascido no Porto e vivendo em Vila Nova de Gaia, Aníbal Seraphim optou de novo pela temática da Natureza, integrando assim os registos recolhidos durante os quatro eventos do “Descobrir” e alguns cenários de ruralidade da região que captou durante as suas reportagens. Complementa a exposição com imagens de fauna e flora de várias regiões do globo, um dossier com artigos publicados, imagens de fotojornalismo, livros de imagens e/ou poesia, entre os quais o livro “Descobrir SÃO PEDRO DO SUL” e uma pintura de Teresa Erse a partir de uma das fotografias premiadas.

A exposição estará patente até dia 29 de Janeiro próximo, na Rua Doutor Manuel Rodrigues 5, em Coimbra, de segunda a sexta das 9h às 12.30 e das 14h às 18.30.

 

01 JORGE PEREIRA DE SAMPAIO RECEBE PRÉMIO JOAQUIM VERÍSSIMO SERRÃO,
por Mafalda Ferro

 

Jorge Pereira de Sampaio recebeu no passado mês o «Prémio Joaquim Veríssimo Serrão» da Academia Portuguesa da História pela sua obra "Virgínia Victorino. Vida e Obra" (por mim apresentada em Alcobaça) em que o percurso literário e de vida da "Musa do Soneto”, como lhe chamou Júlio Dantas, é reproduzido e sabiamente comentado pelo seu biógrafo.


Licenciado e Doutor em História, com um mestrado em História da Arte, este investigador que dirigiu o Mosteiro de Alcobaça e criou o Museu de Faiança de Alcobaça, assinou inúmeros estudos e publicações, organizou exposições e colóquios sobre temas associados à História, ao Ensino, aos Usos e Costumes de Alcobaça com especial incidência no estudo de grandes personalidades como Pedro e Inês de Castro cujos restos mortais descansam no já referido Mosteiro e, evidentemente, Virgínia Victorino, poetisa alcobacense por excelência.


A biografia, admiravelmente narrada, dá a conhecer as raízes, a família e os amigos de Virgínia, a cidade onde nasceu e para onde, já adulta, regressava em tempo de férias ou de visita.

Página, a página, vamos descobrindo uma mulher que sabe o que quer e que gere com determinação a sua carreira, seja ela artística ou literária, de docente no Conservatório Nacional ou enquanto directora e intérprete do teatro radiofónico da Emissora Nacional, enfim, uma mulher cuja independência e forma de estar a diferencia e afasta da maioria das suas contemporâneas, uma mulher que opta por criar laços de amizade com mulheres inteligentes, sem preconceitos, criativas e aventureiras, com as quais se identifica e que a aceitam como é, das quais são referidas Fernanda de Castro, Teresa Leitão de Barros, Sarah Affonso, Branca e Ana de Gonta Colaço, Olga Morais Sarmento, Maria Manuela Lima de Carvalho (Mané), entre muitas outras.


Parte do livro funciona como se de um livro de viagens se tratasse, já que compila e divulga abundante informação sobre cada um dos locais ou países que Virgínia visitou e onde viveu, bem como sobre as pessoas que aí conheceu e a acompanharam, os seus interesses e hábitos. Também nesses capítulos, como em todos os outros, o texto é pleno de pormenores, citações e histórias que o confirmam.


Jorge Pereira de Sampaio refere um extenso leque de Homens e Mulheres de grande talento que Virgínia foi encontrando durante o seu caminho, compondo um retrato social e cultural da época. A título de exemplo, além dos anteriormente nomeados, refere artistas plásticos como Almada, Medina, Malta, Ofélia Marques, Leitão de Barros, ou ligados ao teatro como o casal Rey Colaço/Robles Monteiro, Carmen Dolores, Villaret e Eunice Munhoz e, também, escritores, poetas e jornalista como Eduardo Schwalbach, Florbela Espanca, João Ameal, Joaquim Manso, Júlio Dantas, Tomás Ribeiro Colaço e Olegário Mariano.

Entende-se assim que a obra literária de Virgínia, associada à sua aparência singular e a uma personalidade simultaneamente tradicional e progressista, a colocam nas bocas do mundo, despertam curiosidade e, simultaneamente, angariam o respeito e a admiração de muitos intelectuais e artistas que a retratam.


Virgínia tinha grandes amigos e protagonizou verdadeiras histórias de amor e paixão que a vão iluminando ou fragilizando, de acordo com as circunstâncias.


Através da leitura desta obra, entender-se-á que o historiador de Alcobaça, eternamente apaixonado pela cidade que o viu nascer, crescer e fazer-se homem foi, indubitavelmente, a pessoa certa para assinar o tão esperado registo literário da vida e obra de Virgínia Victorino e que merece bem o prémio que lhe foi atribuído.

 
02 AMIGOS DA FUNDAÇÃO,
por Mafalda Ferro

 


No início de mais um ano, o 13.º da Fundação, agradecemos ao Grupo dos AMIGOS DA FUNDAÇÂO o apoio que ao longo de 2020 e dos anteriores anos prestou à Fundação através de donativos financeiros, de doações de livros, documentos e obras de arte, da prestação gratuita de serviços e da colaboração em diversas actividades.

 
03 ALMADA, ANTÓNIO FERRO E PESSOA – E O ESTADO NOVO,
por Teresa Rita Lopes.

 

Numa conferência que fez na Sociedade Nacional das Belas Artes, no início dos anos sessenta, a que assisti, o Almada foi vaiado pelos que achavam que ele contemporizava com o Estado Novo. Mas, que eu saiba, nunca foi activo apoiante: é verdade que fez – e ainda bem! – os painéis da Gare Marítima de Alcântara e mais outras obras, mas coitado, tinha, como Pessoa, que esgadanhar o pão de cada dia! Lembro que o Almada, por escrito, rejeitou que António Ferro pertencesse ao grupo de “Os de Orpheu”, imagino que por discordar da sua colaboração com Salazar no Secretariado Nacional de Propaganda. Mas mesmo a este vou dar o desconto, primeiro, de ter perdido a confiança do Ditador no final da sua curta vida, e, segundo – o mais importante – de lhe devermos a publicação da “Mensagem”.  Foi ele, enquanto director do Secretariado Nacional de Propaganda, (que acabou em SNI) que criou o concurso e o prémio para uma obra de cunho nacionalista, seguramente a pensar em Pessoa, e o incitou a acabar esse livro, de que conhecia os poemas já publicados: a série “Mar Português”, publicada na revista “Contemporânea”. A terceira parte de “Mensagem” só foi escrita em 1934, ia jurar que de propósito para completar as 100 páginas exigidas pelo regulamento. (Como o júri não quis contabilizar as páginas separadoras, seguramente inseridas para completar o número regulamentado, o amigo Ferro acabou por ter que premiar a obra não com um 2º prémio, como erradamente por aí se diz, mas noutra modalidade, como “poema” e não “livro”, embora fizesse questão de manter o quantitativo de cinco mil escudos – que imaginava o jeito que fariam ao Pessoa!)


Estou convencida de que, se não fosse este empurrão de António Ferro, Pessoa não só não teria publicado “Mensagem” mas nem sequer teria escrito esse livro: os poemas já feitos não chegavam para o constituir. Podemos dizer que, se não fosse António Ferro, não teria havido “Mensagem”!


Pessoa não imaginava o que esse prémio iria desencadear de decisivo na sua vida: Salazar, na entrega do prémio, fez um discurso – que Pessoa ouviu pela rádio, não compareceu, et pour cause, já percebera quem ele era e já sobre isso escrevera – em que preconizava que os escritores obedecessem a certas “directrizes”! Isto foi em fevereiro de 1935, seu último ano de vida. Em carta a Casais Monteiro anunciou, pouco depois, que ia entrar em greve de escrita. Encarou mesmo, em carta ao irmão, ir para Inglaterra – exilar-se, imagino. A morte foi o seu exílio: Morreu nove meses depois.

Legenda das imagens:
"Mensagem" de Fernando Pessoa e a dedicatória manuscrita que registou no exemplar que ofereceu a António Ferro: Ao António Ferro, artista in partibus infidelium, com um grande abraço do Fernando Pessoa. 13-XII-1934.

 
04 – ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO HONORÁRIO DE «AMICUS ROMANIAE» A MAFALDA FERRO,
pelo Instituto Cultural Romeno
.

Título honorífico "Amicus Romaniae" 2020

Ana Mafalda Roquette de Quadros Ferro

Pela promoção do intercâmbio cultural romeno-português no âmbito da actividade da Fundação António Quadros e pelo apoio concedido ao Instituto Cultural Romeno nos seus esforços para o reconhecimento em Portugal de algumas importantes personalidades culturais romenas, como Mircea Eliade, Pamfil Șeicaru e outros.

 

Ana Mafalda Roquette de Quadros Ferro é fundadora e, actualmente, Presidente da Fundação António Quadros, na qual teve intensa actividade de animador cultural como coordenadora, editora, curadora, investigadora e conservadora.

 
05 «MESALUÍSA», PROGRAMA DE LUÍSA VILLAR.
Divulgação.


MESALUISA não é apenas um programa de culinária, igual a muitos outros. O formato, os preparativos e a intencionalidade são completamente diferentes.

Fruto de uma séria investigação, as receitas que trabalha baseiam-se nas retiradas ou adaptadas de livros como "Isalita" publicado pela primeira vez em 1925 ou "Cem Receitas sem carne", de Fernanda de Castro, assinado com o pseudónimo Teresa Diniz e publicado em tempos de escassez,

O alinhamento do programa de Luísa Villar inicia com uma ida às compras no Mercado da Ribeira e continua com a preparação dos ingredientes que cozinha para convidados, todas as semanas diferentes como Margarida Magalhães Ramalho, Clara de Sousa, Rita Ferro, Rita Blanco, os seus filhos Salvador e Luísa Sobral, entre outros.

À mesa, a anfitriã conta a história de cada receita e a conversa flui em ambiente de franca cavaqueira, à boa maneira portuguesa.



O programa estreou a 9 de Dezembro, às 14.30 na SIC Mulher, com novos episódios todas as quartas-feiras. A não perder.

 

06 – UM SONETO DE FERNANDA DE CASTRO EM AFIFE,
p
or Alberto A. Abreu


Recebi de presente a Agenda de Viana do Castelo / Dezembro de 95 (um ano depois da morte de Fernanda de Castro) e não resisto em partilhar as imagens do painel de azulejos com um soneto da poetisa (na Casa da Laginha em Afife) e o interessantíssimo texto de Alberto A. Abreu:

 
07 – UMA CURIOSIDADE SOBRE ANTÓNIO FERRO-JORNALISTA,
por Mafalda Ferro.

 

Tem estado a passar na RTP Memória uma série de 2001 sobre o carismático burlão Artur Virgílio Alves Reis: «Alves dos Reis, um seu criado», de Francisco Muita Flores.

Lembrando-me da sequência de artigos de António Ferro publicados entre Maio e Junho de 1930 no «Diário de Notícias» sobre o julgamento de Alves Reis, decidi relê-los. Acredito, hoje, que Moita Flores consultou os artigos de Ferro para se inteirar dos factos patentes na série de sua autoria. Talvez esteja enganada mas algumas das cenas da série são muito semelhantes às narrativas de Ferro. E essas narrativas são únicas.


Veio-me também, parar às mãos um livro de banda desenhada publicado em 1994: "Alves dos Reis, uma burla à portuguesa".
Alexandre Honrado escreveu o argumento e os desenhos são de José Ruy; um desses desenhos
 mostra António Ferro como autor das reportagens sobre Alves dos Reis.


De qualquer forma, relendo esses artigos, acervo da Fundação António Quadros, de que transcrevo alguns excertos, reconheci neles o estilo de António Ferro que, como nenhum outro, ilustrava através da palavra e dissertava para além dos factos concretos.


A 6 de Maio, o título do seu artigo era: Está aberta a audiência! O julgamento do «Angola e Metrópole» começa hoje, ao meio dia. Tudo leva a crer que não será adiado, constando-nos que Alves Reis fará uma confissão completa do seu crime.


E, no dia seguinte, dia 7, O primeiro acto do julgamento do «Angola e Metrópole» foi o verdadeiro acto de apresentação: um verdadeiro desfile de figuras, primeiros gestos, primeiras atitudes… O dia dos fotógrafos, o dia dos repórteres do lápis, dos fabricantes de legendas. Foi um bodo, um autêntico bodo….

E, mais adiante, no mesmo dia: Os réus misturam-se com as testemunhas, com toda a população do tribunal, salvam, por momentos, a sua aparência, tomam, apressadamente, um cálice de liberdade… Alves Reis corre para a sua mulher e beija-a com ternura, com alvoroço e ficam a sorrir e a conversar, alheios de tudo e de todos como se estivessem num jardim… Que mais dizer! Não será melhor acabar? Não será melhor descer o pano sobre este beijo, que não foi, com certeza, um beijo «falso»?

Dois dias depois, no dia 9, o título do seu artigo foi Alves Reis confessou o seu crime e como havíamos noticiado, disse na contestação da defesa, que não teve cúmplices.


No dia 27, Ferro escreve: Todo o crime, tudo o que foge da verdade humana, tudo o que foge da moral criada pela própria Natureza, é inverosímil na sua essência. A primeira exclamação diante de um crime, seja ele qual for, é esta: - Será possível? Será verdade?! E logo a justiça intervém para que não volte a ser possível, para que não volte a ser verdade… Alves Reis, está a ser julgado, justamente, porque fez uma coisa «inverosímil», impossível… E é esse, afinal, o grande papel da justiça: julgar e condenar o que foi verdade, o que pode ser verdade… apesar de «inverosímil»….


Em Junho, dia 13, Ferro descreve [Arnaldo] Ferreira Júnior como alto, loiro, desempoeirado, uma das figuras mais sugestivas da bancada dos réus. Há uma espontaneidade nos seus gestos, nas suas atitudes, nas suas reações, que o defende sem ele dar por isso, que lhe tem criado uma atmosfera simpática e benevolente.


Num dos artigos finais desta série, Ferro partilha.
Eu sou daqueles que desejam acreditar, que gostam de acreditar na confissão de Alves Reis…Este homem como a heroína de Pirandello, estava nu, completamente nu: burlão, falsificador, mau português, mau coração… E não quis aparecer, assim, diante do tribunal e teve a humaníssima vergonha da sua miséria, da sua miséria moral… e construiu, possivelmente a sua confissão, com farrapos de verdade, com farrapos de mentira, não por exibicionismo, não por teatro, mas para se vestir, para comparecer diante dos juízes, diante do tribunal, diante da opinião pública! Mas conseguiria Alves Reis, se viesse a benevolência, matar Alves Reis? Não sei, tenho as minhas dúvidas. Este homem deve ter já o triste orgulho do seu nome… só um caminho deveria seguir, para se salvar: esquecer… Mas isso é possível?

Apenas uma curiosidade…

 
08 LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Promoção do mês.

 

TÍTULO: António Quadros e António Telmo: Epistolário e Estudos Complementares.

COORDENAÇÃO, REVISÃO e NOTAS: Mafalda Ferro; Pedro Martins; Rui Lopo.

EPISTOLÁRIO: Correspondência trocada entre António Quadros e António Telmo ao longo de mais de trinta anos (1959/1991), com especial incidência na década de oitenta, num total de trinta e três cartas existentes nos espólios dos dois filósofos.

PREFÁCIO: Um Encontro de Almas, por António Carlos Carvalho.

POSFÁCIO: As Cartas de António Quadros e António Telmo, por João Ferreira.

ESTUDOS COMPLEMENTARES:

·       António Quadros no debate cultural português, por Rui Lopo;

·       António Quadros, a Lua e a Primavera, por António Telmo;

·       António Telmo, Filósofo da Razão Estética, por António Quadros;

·       Em Memória de uma Amizade, por António Quadros Ferro;

·       O Estilo de Leonardo Coimbra, por António Telmo;

·       Os Privilégios São Difíceis, por Pedro Martins.

BIOGRAFIAS:

·       Breve nota biográfica de António Telmo, por Pedro Martins;

·       Nota biográfica de António Quadros, por Mafalda Ferro.

FOTOGRAFIAS: Acervo Fundação António Quadros.

EDIÇÃO - Lisboa: Labirinto de Letras e Fundação António Quadros Edições, 2015.

ENCOMENDAS: mafaldaferro.faq@gmail.com

PVP até 14 de Fevereiro de 2021
: 8,00€.

 
 
     
 
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