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Newsletter Nº 177 / 14 de Outubro de 2021
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

 

01 Exposição «Amália Rodrigues e Fernanda de Castro: evocação de uma amizade» (segunda edição, em itinerância), na Universidade de Aveiro. Divulgação e convite.

02 – António Ferro: Ficção, obra disponível para venda, meados de Novembro. Divulgação.

03 65 Anos depois da morte de António Ferro: Tempos felizes e de Mário de Sá-Carneiro, por Mafalda Ferro.

04 Fernanda de Castro e António Ferro: O Primeiro Encontro – Cem Anos Depois, por Mafalda Ferro e Fernanda de Castro.

05 Mário Braga (1921/2016), centenário do seu nascimento, por Mafalda Ferro.

06 Livraria António Quadros, em promoção: António Ferro: 120 anos depois. Actas.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro

Estamos, finalmente, em condições de revelar o local e a data definitiva da entrega do Prémio António Quadros 2020 MÚSICA: 18 de Novembro às 21.30, Cineteatro – Casa da Cultura de Rio Maior.


Com muita honra e grande alegria a Fundação apoiada pelo Município de Rio Maior e por quem se nos quiser juntar, prestará a justa homenagem a JOSÉ CID nas suas múltiplas vertentes enquanto músico, compositor e intérprete da Música Popular Portuguesa.


A decisão foi tomada por um Júri
constituído por Manuela Fialho (presidente) e, também, por António Roquette Ferro, Francisco Ferro de Abreu Gautier, Isabel Rocha e Mello e Madalena Ferreira Jordão.


O Programa será, brevemente, divulgado mas podemos, entretanto, adiantar que o laureado se ofereceu para cantar alguns dos seus êxitos e, ainda, uma música inédita de sua autoria composta para um poema de Fernanda de Castro, especificamente para a ocasião.


Alguns produtores locais, associando-se a esta homenagem, oferecerão os seus produtos regionais. Referimo-nos a «COOPERATIVA TERRA CHÃ – uma ideia de desenvolvimento local e integrado», «DOCES D'ALDEIA», «ENOPORT WINES» e «LOJA DO SAL».

 


Rio Maior tem um novo jornal em suporte de papel «Rio Maior Jornal».

Dirigido por António Moreira, o número de 29 de Novembro debruça-se sobre os resultados eleitorais destacando uma entrevista a Luís Filipe Santana Dias, Presidente da Câmara de Rio Maior. Entre diversos artigos, importa salientar também a rúbrica «Perguntei ao Vento», de Manuela Fialho. https://rmjornal.com/

 
01 – Exposição «Amália Rodrigues e Fernanda de Castro: evocação de uma amizade» (segunda edição, em itinerância), na Universidade de Aveiro. Divulgação e convite.

 


Esta exposição, inicialmente inaugurada em Rio Maior em Outubro de 2020 pela Fundação António Quadros em parceria com a Câmara Municipal de Rio Maior, estará patente na Sala Hélène de Beauvoir, Biblioteca da Universidade de Aveiro, de 26 de Outubro, às 14.30, até dia 21 de Novembro.



A exposição reúne um conjunto inédito de peças documentais, bibliográficas, musicais, iconográficas e artísticas, pertencente ao acervo da Fundação António Quadros, como registo da amizade que unia estas duas Grandes Senhoras e, também, dos projectos que partilharam. Para a apresentar, tomarão da palavra Mafalda Ferro, Presidente da Fundação António Quadros, Paulo Jorge Ferreira, Reitor da Universidade de Aveiro, e, em representação da Câmara Municipal de Rio Maior, Leonor Fragoso, Vereadora da Cultura.


A sessão incluirá a assinatura de um protocolo de cooperação entre a Universidade de Aveiro e a Fundação António Quadros.


Contamos consigo.

 
02 – António Ferro: Ficção, obra disponível para venda, meados de Novembro.
Divulgação.

 

Tendo como editor Hugo Xavier, a «E-Primatur» publica as obras de ficção de António Ferro escritas num período temporal iniciado em 1920 e que se estende até 1929, reunidas num volume único.


Este volume regista com enorme cuidado editorial as obras anteriormente publicadas em volumes autónomos "Leviana" (dedicada "Ao Pedro de Menezes"), "Teoria da Indiferença" (dedicada "À minha geração, para que me deixe só"), "Batalha de Flores" (dedicada "À Maria Fernanda – a flor mais linda que me coube na batalha"), "A Amadora dos Fenómenos" (dedicada "À Memória de Mário de Sá-Carneiro"), as novelas "Duelo de Morte" e "Suicídio" ilustradas por Bernardo Marques, e, também,
 um conjunto inédito de reproduções fotográficas e das capas originais por artistas modernistas seus contemporâneos, além da capa e do prefácio de António Ferro para "A Ruiva" de Ramón Gómez de La Serna.

O livro inicia com dois importantes textos que muito a enriquecem:


- Uma "Nota do Editor", por Hugo Xavier, que analisa literariamente a ficção de Ferro traçando o perfil das mulheres criadas pelo autor, debruçando-se sobre a sua relação com o modernismo;


- "António Ferro: «Um nome vale, às vezes, uma obra...»", introdução de Luis Leal. Luis Leal defendeu este ano, em Julho, na «Universidad de Extremadura» a sua tese de doutoramento «António Ferro e Ramón Gómez de la Serna, entre el Modernismo y la Vanguardia ibérica: cumplicidades estéticas y contextos ideológicos» que recebeu do júri a qualificação de Sobresaliente, com menção Cum Laude.

 

Como referido por Hugo Xavier AQUI ...

A produção literária de António Ferro faz dele provavelmente o único escritor modernista português a focar-se maioritariamente na prosa.


António Ferro foi o jovem editor da revista Orpheu. A sua ligação ao modernismo vinha do convívio com Mário de Sá-Carneiro e outros jovens.


A sua primeira fase de escritor focou-se no modernismo, tendo escrito poesia, teatro e, sobretudo, prosa ficcional.


A ficção de António Ferro está centrada exclusivamente nos anos 20 do século XX. Fundamentalmente composta por contos e novelas curtas, centra-se na figura feminina, que, para o autor, encarna a novidade da época moderna. Vamps, galãs e carrões enchem os seus contos e novelas.


Os contos e novelas de António Ferro fazem a perfeita travessia dos temas tradicionais da ficção da época para o estilo e a mentalidade modernas. Nisso é um escrito único cujo paralelo possível entre os escritores vanguardistas da época está, de forma quase exclusiva, nas obras de Ramón Gómez de la Serna (que prefaciou uma das novelas de Ferro no que foi reciprocado por este) ou da britânica Mina Loy.


Um certo erotismo, muito humor na construção de personagens que se afirmam como personagens-tipo, assumindo, porém, uma irreverência inesperada, são as marcas destes textos de grande modernidade, em que cada frase é lapidada na perfeição, constituindo cada livro uma obra literária independente, por vezes com uma escrita aforística e impetuosa que projecta a mulher portuguesa para a época moderna.


Com este volume o leitor português tem, pela primeira vez, acesso a um dos grandes escritores modernistas nacionais numa faceta da sua obra pouco conhecida, mas que pode mesmo constituir-se, ao contrário das de outros contemporâneos como Pessoa, Sá-Carneiro ou Almada, como uma espécie de elo perdido da evolução da prosa ficcional portuguesa para a sua maturidade moderna.


[…] Este volume é também enriquecido com um extratexto impresso a cores, contendo a reprodução das capas das edições originais, entre outros materiais iconográficos, feitas por alguns dos pintores e ilustradores mais importantes do primeiro modernismo: António Soares, Bernardo Marques ou Mário Eloy.

 
03 65 Anos depois da morte de António Ferro: Tempos felizes e de Mário de Sá-Carneiro,
por Mafalda Ferro.

 

António Ferro morreu em Lisboa a 11 de Novembro de 1956, há quase 65 anos.

Tinha 61 anos e viveu os seus últimos anos longe da Família, dos Amigos e do Portugal que tanto amou…

Antes de morrer, enquanto tinha ainda forças para pegar numa pena, escreveu ao filho António uma carta, o seu testamento intelectual e humano:


[…]
sê bom, sê bom através de tudo, até quando tenhas de responder à maldade dos outros.

A glória humilde, a glória íntima do coração é a maior e a mais bela de todas, Não poder continuar a fazer bem aos outros, a ser, ao menos, gentil para com eles, é agora o meu maior sofrimento.

Um grande beijo do teu pai, para além da morte, outro para a Pó que estimei sempre, e beijos também para os teus filhos cuja graça já não pude saborear como tanto sonhei e desejei.

E peço-te que não chores… A morte é o único repouso possível para quem está minado como estou minado.

António

30-5-1956

 

Lembrando a sua vida, lamentando a tristeza que sentia nos últimos tempos, decidimos acordar um tempo mais feliz, evocando os amigos dessa época com especial enfoque na figura de Mário de Sá-Carneiro e na revista «Orpheu», projecto em que tanto se orgulhou de participar.

 

Em 1911, António Ferro estudante no Liceu Camões, conhece Mário de Sá-Carneiro que, aluno finalista, abandona o liceu nesse mesmo ano. No entanto, mesmo em tão curto espaço de tempo, a sua amizade com Sá-Carneiro transporta-o para uma realidade feita de Artes, Letras e despreocupação, que imediatamente abraça levando consigo o seu grande amigo e futuro cunhado Augusto Cunha.


Sá-Carneiro oferece-lhe dois dos seus primeiros poemas, Quadras para a Desconhecida e A Um Suicida, ambos dedicados a Tomás Cabreira Júnior, com quem escrevera a peça Amizade e que se suicidara com um tiro, nas escadas do liceu que ambos frequentavam, aos 16 anos de idade.


Escrevem-se amiúde e, no dia 25 de Novembro de 1912, recebe, do amigo, uma carta, de Paris:

 

Meu caro amigo

Quando já supunha que você se desfizera em poesia ou em amor, veio-me a sua carta dar de tal um alegre desmentido – se é que seria triste sorte um corpo humano converter-se todo em estrofes geniais ou em beijos apaixonados.

[…] Escreva longamente dando mtas novidades. Bem vê como eu sou pronto em responder. Recebi a sua carta às 9h. da manhã e escrevo-lhe esta às 9 ½!...

O liceu como vai? O Bettencourt ainda é professor? Senão diga quem é o seu mestre de latim e português.

Enfim, diga mtas coisas como nesta carta, fale de gente conhecida, de teatros, de novas literárias ets., etc.

Um grande abraço e obrigado

M. de Sá-Carneiro

50, Rue des Écoles

Grand Hotel du Globe


Convivendo com Mário Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alfredo Guisado e Almada Negreiros, entre outros, recebe-os frequentemente em casa dos seus pais para discutir livros e ideias até altas horas da noite. 
Fernando Pessoa escreve no seu diário (30.03.1913):


Das 2 e ¼ às 4 e ½ em casa de António Ferro a ouvir-lhe três peças. - Leu duas. - Depois, para a Baixa com ele.


E, assim, se ia compondo o grupo de jovens modernistas que, reunindo em cafés mas, principalmente, no restaurante «Irmãos Unidos» dos pais de Alfredo Guisado, daria origem ao Movimento «Orpheu».


Em 1914, quando, com Augusto Cunha, Ferro publica "Missal de Trovas", livro constituído por quadras ao gosto popular, Mário de Sá-Carneiro, assim como muitos poetas portugueses, regista a sua opinião à laia de introdução.

 

É devido a este convívio presencial ou/e epistolar quase diário que, em Março de 1915, por sugestão de Mário de Sá-Carneiro, António Ferro é convidado por Fernando Pessoa a assumir o papel de editor da revista «Orpheu.


Em «Autores», Novembro de 1960, 
Alfredo Guisado explica:


[...] Nem todos os que escreveram em «Orpheu» fizeram o «Orpheu». Uns faziam parte do grupo, os outros foram apenas aquilo que se convencionou chamar colaboradores. Dos primeiros é que apareceu aquela revista, como daquela revista apareceu a obra de cada um deles. Quem constrói um edifício, não significa que tenha de o habitar e mesmo que também o venha a habitar não se confunde com quem o edificou.

Os que apareceram depois para morar nele, sem terem contribuído para a sua construção, nada têm que ver com os que o construíram. Uns imaginaram-no, tornaram-no realidade, cercaram-no deles mesmos. Os outros aproveitaram-se do que os primeiros quiseram ser e foram.


Uns faziam parte do grupo, os outros foram apenas aquilo que se convencionou chamar colaboradores. Dos primeiros é que apareceu aquela revista, como daquela revista apareceu a obra de cada um deles. Quem constrói um edifício, não significa que tenha de o habitar e mesmo que também o venha a habitar não se confunde com quem o edificou. Os que apareceram depois para morar nele, sem ter contribuído para a sua construção, nada têm que ver com os que construíram. Uns imaginaram-no, tornaram-se realidade cercaram-no deles mesmos. Os outros aproveitaram-se do que os primeiros quiseram ser e foram, para então tentarem ser também o que os outros tinham sido. Suponho que a colaboração em outras revistas semelhantes aparecidas mais tarde, é ainda o prolongamento da colaboração em «Orpheu».

Há uma grande diferença visto que parece ser igual, se por ventura é possível que haja o quer que seja que possa ser igual a qualquer outra coisa que, por sua vez, suponha que possa ser igual ao quer que seja. As coisas mais iguais, são, precisamente, as que mais diferentes se tornam. As que mais se aproximam, pela razão de mais se aproximarem, afastam-se para evitar uma igualdade que pode monotonizar. Ora os fundadores foram: Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, José de Almada Negreiros, Luís de Montalvor, José Pacheco, Armando Côrtes-Rodrigues e eu e ainda Ronald de Carvalho e Eduardo Guimarães. Estes dois últimos encontravam-se nos Brasil. Todos os mais são colaboradores.


[...] 
Quando da organização total da revista, pensou-se na necessidade de haver um editor: Quem?
Foi então que o Sá-Carneiro lembrou o António Ferro. Porquê, se ele não era fundador, isto é, componente do grupo, se bem que andasse muito na nossa companhia? Justificou-o assim o grande poeta da «Dispersão»: Convém que seja ele porque é menor e se surgir qualquer complicação a sua responsabilidade não tem consequências.

 

A relação de Mário de Sá-Carneiro com António Ferro, terminaria abruptamente no dia 26 de Abril de 1916 quando, com apenas 25 anos, em Paris, o poeta põe cobro à vida.

 
04 Fernanda de Castro e António Ferro: O Primeiro Encontro – Cem Anos Depois,
por Mafalda Ferro e Fernanda de Castro.

 

Em Lisboa, no ano de 1921, havia poucos locais que pudessem ser frequentados por senhoras ou raparigas sem acompanhante formal, para dançar, ouvir um concerto ou uma conferência; a Liga Naval Portuguesa, fundada a 23 de Fevereiro de 1915, era um desses sítios.


A Liga Naval ficava, então, no Largo do Calhariz, n.º 29, Palácio Palmela, não muito longe da casa de Maria Fernanda, como era então chamada Fernanda de Castro pela família e amigos mais chegados, que vivia, à época, na Travessa de Santa Quitéria.


Por essas razões e, também, porque era filha de um oficial de Marinha, Maria Fernanda ia lá bastantes vezes com muitos dos seus amigos.


António Ferro realizou, um dia, na referida Liga Naval uma conferência intitulada «Colette, Colette / Willy, Colette» que havia já proferido na «Societé Amicale Franco-Portugaise» a 6 de Novembro de 1920 e que assim iniciava:


Colette,
poupée da França, cartaz dos boulevards, recebe-me no seu gabinete do Matin, um gabinete discreto, fofo, onde ela estiraça a sua indolência de irmã gémea dos fauves…

Colette é, tal e qual, sem tirar nem pôr, a senhora sua arte. Os seus livros são as robes da sua Alma. A cabeça – uma obra prima – é a Vagabonde do seu corpo – a página de Colette que leva mais tempo a ler. Os cabelos, cortados em fúria, são cabelos leoninos, ferozes, que nos embaraçam os sentidos… Os olhos, creiam-me, ora são castanhos, ora são cinzentos, ora verdes, ora azuis: lembram placards luminosos a desorientar a noite, mudando de cor, de segundo a segundo. O seu nariz sensual, de narinas latejantes, é a escada que liga os seus lábios aos seus olhos. A boca é sangrenta, maldosa, homicida, uma boca de amolar tesouras e navalhas… […]

 

Quis a sorte que Fernanda de Castro, ouvindo atentamente o conferencista, talvez até fascinadamente, estivesse presente e, no final, lhe fosse apresentada.

O facto de este ser cinco anos mais velho, já com obra literária e jornalística produzida, com a facilidade de expressão que lhe havia sido conferida durante cinco anos na Faculdade de Direito, podê-la-ia ter intimidado, pelo menos um pouco. No entanto, tal não aconteceu. 
Leia-se a sua «Carta ao meu marido António Ferro" publicada em "Cartas para Além do Tempo", 1989:

 

[…] Lembras-te do dia em que nos vimos pela primeira vez? Foi na Liga Naval, naquela tarde em que fizeste uma conferência sobre a Colette. Gostei, gostei até muito da conferência, mas gostei menos da maneira um pouco arrogante como me perguntaste, quando nos apresentaram: «Então? Gostou?»


Irritou-me essa pergunta que era mais uma afirmação do que uma pergunta e respondi então, com uma falsa, mas bem imitada indiferença: «Da conferência? Não desgostei. Adoro a Colette!».


Tu ficaste verdadeiramente interdito e sempre pensei que foi nesse preciso instante que empreendeste a minha conquista. Quando, finalmente, algumas semanas mais tarde, eu te disse que sim, à velha e bem comportada maneira desse tempo, confessaste-me teres jurado a ti mesmo que terias a tua desforra e que seria com as tuas próprias armas, a tal petulância, a arrogância e esse convencimento, que acabarias por conseguir a vitória. Mas aqui, meu Amigo, enganaste-te redondamente: o que me aconteceu não foi nada disso; foi, entre muitas outras, uma carta tão liricamente lírica que tinha por força que ser piegas.

Mas o estranho é que não era, palavra que não era. Sonharas comigo e viras-me envolta numa nuvem de borboletas brancas que, ao pousarem sobre mim, se transformaram em pétalas de flores de amendoeira, arrastadas pelo vento. E concluías: «Era tudo tão branco, tão perfumado, era tão gracioso o voo das borboletas que o sonho me pareceu de bom agoiro.»


Nesse mesmo ano, 1921, Fernanda de Castro, com apenas 20 anos, ganhou coragem e publicou o seu segundo livro de poemas "Danças de Roda", desta feita assinando pela primeira vez como «Fernanda de Castro». A capa é de Cottinelli Telmo. Sobre estes poemas, escreveria o Conde de Sabugosa: É que, na sua poesia, há frescura, mocidade, viveza e respira-se em toda ela uma atmosfera saudável, que deixa a gente bem disposta…

 
05 – Mário Braga (1921/2016), centenário do seu nascimento,
por Mafalda Ferro.

 

Completou-se este ano, no dia 14 de Julho, o centenário de nascimento do romancista, contista, dramaturgo, tradutor e jornalista português, Mário Augusto de Almeida Braga, grande amigo de António Quadros e, muito justamente, com presença no acervo da Fundação António Quadros.


Mário Braga e António Quadros nasceram ambos no dia 14 de Julho, com dois anos de diferença. 

Sabemos que a amizade que os unia
 teve início na sua juventude, nos anos 40 do século XX, muito antes da participação de Mário Braga no Conselho Consultivo das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, onde António Quadros trabalhava.


Enquanto amigo de António Quadros, Mário Braga ofereceu-lhe uma grande parte das suas obras que, felizmente, estão preservadas na Fundação com dedicatórias manuscritas do seu autor como, por exemplo, a que registou em Entre duas Tiranias. Crónicas. [2.ª edição], 1978:

Lisboa, 10/9/78. Para o António Quadros - este 'rosário' de novas e recentes desilusões – entre duas tiranias com todo o abraço do velho amigo Mário Braga.


A Fundação preserva também um conjunto epistolar de sua autoria para António Quadros e, também, a carta que, por sugestão de Fernando Namora, escreveu a Manuel Tânger Corrêa a 23 de Maio de 1956, sobre a possibilidade de publicação da sua obra "Serranos", em francês, numa colectânea de autores portugueses a publicar em Paris (FAQ/01/1735/00004).


Legenda:
1969.03.11, Coimbra,
carta de Mário Braga para António Quadros 
(FAQ/01/1735/003)


Ana Braga, filha do escritor, vive desde 1991 na Casa da Caldeira, em Correias, freguesia de Outeiro da Cortiçada, Rio Maior, tendo assumido funções como Professora e Orientadora Escolar nas Escolas Fernando Casimiro e Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira, ambas em Rio Maior. Desde então (1991), e até à sua morte (2016), Mário Braga visitou a filha, sem saber que António Quadros (nessa altura, já doente), tinha casa e passava longas temporadas no mesmo município desde 1980. Aliás, nenhum dos dois podia prever que 
as respectivas filhas Ana Braga e Mafalda Ferro se conheceriam na Fundação António Quadros, em Rio Maior.


Mário Braga foi, durante um ano, professor na Lousã, aí se inspirando para escrever Serranos, razão pela qual os habitantes da região lhe prestaram este ano uma homenagem, descerrando uma lápide alusiva ao seu centenário numa casa de xisto na aldeia de Talasnal, pertencente à família do autor, na antiga eira do Talasnal, uma das “aldeias do xisto” do concelho da Lousã, cujos habitantes inspiraram o livro de contos Serranos, sua segunda obra literária. […] A iniciativa incluiu intervenções de José Ricardo Almeida, Ana Braga e outros familiares do homenageado, conforme noticiado no jornal «O Trevim».


Sobre os oito contos de Serranos, escritos durante os serões passados pelo autor na Lousã, António Quadros escreveu no «Diário Popular», 22.12.1948:

Os personagens são tratados com a mão de mestre, em duas ou três pinceladas de pormenor, que penetram fundo, na sua intimidade.


O seu centenário foi igualmente assinalado pelo Centro Nacional de Cultura, através de uma série de artigos sobre a sua obra dramatúrgica, por Duarte Ivo Cruz que assim se lhe referiu:


Foi professor, foi dirigente de entidades culturais e literárias em si mesmas, no ensino superior, na Fundação Calouste Gulbenkian, em universidades e em numerosas entidades ligadas ao ensino e à gestão da cultura. E desenvolveu obra relevante como escritor e como dirigente de entidades de projecção e prestígio. Escreveu dezenas de obras, entre criatividade e análise histórica e literária, alem de desempenhar funções de relevo em si mesmas consideradas.

 

O seu espólio foi doado pela família ao Museu do Neorealismo em Vila Franca de Xira.

 

06 – LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Em Promoção.

 

Título: António Ferro: 120 anos. Actas.

Autoria (textos e intervenções: Alexandro Trindade; Ana Filomena Figueiredo; António Cardiello; Ernesto Castro Leal; Filomena Serra; Guilherme d’Oliveira Martins; José Carlos Calazans; José Guilherme Victorino; Lauro António; Madalena Ferreira Jordão; Mafalda Ferro; Manuel Villaverde Cabral; Margarida Acciaiuoli; Paulo Ribeiro Baptista; Pedro Pavão dos Santos; Raquel Henriques da Silva; Rita Almeida Carvalho; Rita Ferro; Rosa Paula Rocha Pinto; Sérgio Avelar Duarte; Teresa Rita Lopes; Vasco Rosa; Vera Marques Alves.

Prefácio: Alfredo Magalhães Ramalho.

Organização e Coordenação: Mafalda Ferro.

Edição – Lisboa: Fundação António Quadros Edições e Texto Editores, 2016.

Apoio editorial: Paulo Ribeiro Baptista.

Nota: António Ferro nasceu no dia 11 de Agosto de 1895. Em sua homenagem e para memória futura, a Fundação António Quadros e a Texto Editora reproduziram neste volume as acções realizadas em 2015, no âmbito dos 120 anos do seu nascimento, e também um conjunto inédito de imagens, numa obra fundamental para o conhecimento e estudo do pensamento, vida e obra de António Ferro.

Com a participação de diversos especialistas em Literatura, Artes Plásticas, Teatro, Cinema, Bailado ou Museologia, mas também com apontamentos mais intimistas, esta obra demonstra a clara influência de Ferro na cultura da primeira metade do século XX em Portugal.

PVP (promoção até 14 de Dezembro): 12€ 
 
 
     
 
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