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Newsletter Nº 180 / 14 de Janeiro de 2022
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 – António Ferro e o modernismo, por Paulo Ribeiro Baptista.

02 – Excerto de "Ao Fim da Memória" de Fernanda de Castro (1988): O casamento. Partida de Fernanda de Castro para o Brasil.

03  Excerto de "Ao Fim da Memória" de Fernanda de Castro (1988)Chegada de Fernanda de Castro ao Brasil, encontro com António Ferro.

04  Excerto de "Ao Fim da Memória" de Fernanda de Castro (1988)Fernanda de Castro no Brasil: Oswaldo de Andrade, Berta Singerman, Margarida Lopes de Almeida. O primeiro  recital de poesia.

05  Excerto de "Ao Fim da Memória" de Fernanda de Castro (1988)A Semana de Arte Moderna de São Paulo. O «Grupo dos Cinco». Outras histórias.

06 Fernanda de Castro retratada por Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, por Mafalda Ferro.

07 A Idade do Jazz-Band, conferência de António Ferro, por Mafalda Ferro.

08 Livraria António Quadros, em promoção do mês: António Ferro: Ficção.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro


A presente newsletter é inteiramente dedicada ao I Centenário de um conjunto de iniciativas que tiveram início no  primeiro dia da Semana de Arte Moderna em S. Paulo de 1922, das quais se destaca:

 

A Semana de Arte Moderna em S. Paulo;

A estadia de António Ferro e Fernanda de Castro no Brasil; 

O casamento de António Ferro e Fernanda de Castro;

As conferências «A idade do «Jazz-Band» e «A Arte de Bem Morrer»;

Os primeiros saraus de Poesia de Fernanda de Castro;

A primeira actuação da peça de António Ferro "Mar Alto";

A constituição do «Grupo dos Cinco» e outros modernistas brasileiros;

A apresentação e publicação no Brasil de "Nós", peça lida durante a Semana de Arte Moderna.

 

Para o fazer, publica-se aqui um importante artigo de Paulo Ribeiro Baptista e alguns excertos recolhidos na obra "Ao Fim da Memória" de Fernanda de Castro, com imagens preservadas no acervo da Fundação António Quadros.

Embora António Ferro não tivesse estado presente fisicamente em São Paulo durante a Semana de Arte Moderna de 1922, a sua participação foi real e concreta já que Ronald de Carvalho leu em seu nome o Manifesto Modernista «Nós» (diálogo entre António Ferro e a multidão) de sua autoria que viria a ser publicado no Órgão da Semana de Arte Moderna, a revista "Klaxon - Mensário de Arte Moderna", n.º 3, a 15 de Julho de 1922 em São Paulo: 


António Ferro foi recebido no Brasil como ilustre representante do modernismo português por Menotti del Picchia, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho entre outros outros. 
José Lins do Rego e Carlos Drummond de Andrade dedicaram-lhe artigos arrebatados.

No dia 18 de Novembro, no Teatro SantAna em São Paulo, deu-se a estreia da sua peça de teatro «Mar Alto»,  com Lucília Simões no papel de Madalena, Erico Braga no de Luís, e Georgina Cordeiro no de José. O próprio António Ferro desempenhou nessa ocasião o papel de Henrique.

A peça foi também representada no Teatro Lírico do Rio de Janeiro a 16 de Dezembro desse ano, sendo que, nessa cidade, o papel de Henrique foi representado pelo actor Mário Santos.


Ainda no rasto da Semana de Arte Moderna, António Ferro proferiu em São Paulo as conferências «A Idade do Jazz-Band» e «A Arte de Bem Morrer». Ambas as conferências foram acompanhadas de recitais de poesia por Fernanda de Castro. 

O casal viajou em digressão proferindo conferências não só em São Paulo e no Rio, mas também na Baía, Recife, Santos, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Campinas e Juiz de Fora.

 
01 – António Ferro e o Modernismo,
por Paulo Ribeiro Baptista.


1922 foi um ano fulcral para a afirmação do modernismo. A publicação do Ulysses de James Joyce, em final de 1921, teve um tal impacto que Ezra Pound chegou a propor que terminasse então a Era Cristã e se iniciasse um novo calendário, de uma era moderna1. Na verdade, segundo Jean Michel Rabaté1, o tempo entre o fim da Grande Guerra e o ano 1922 fora o tempo necessário e suficiente para a retoma do movimento de profunda transformação estética interrompido após o apogeu de 19152. Em 1922, pelos grandes salões do modernismo desenvolveram-se e aprofundaram-se conceitos como zeitgeist, (espírito de época), ou gesamtkunstwerk (obra total inspirada em Richard Wagner) que tanto marcaram os movimentos modernista, futurista e dadaísta e que, inclusivamente justificaram a aproximação dos intelectuais e artistas futuristas ao contexto político fascista.


O espírito de época atravessou as fronteiras de todos os países europeus. Em Portugal, uma das figuras que melhor procurou traduzir o zeitgeist foi sem dúvida António Ferro. Como um dos campeões do futurismo e do modernismo em Portugal, esteve presente na primeira grande aventura modernista portuguesa, a revista Orpheu. Contudo, foi ao longo da sua carreira de jornalista que mais sentimos o esforço de promover em Portugal o cosmopolitismo e a modernidade. Em volumes como Colette, Colette Willy, Colette (1921), Gabriel D’Annunzio e Eu (1922), A idade do Jazz Band (1923), Viagem à Volta das Ditaduras (1927), Praça da Concórdia (1929), Novo Mundo, Mundo Novo (1930), Hollywood, Capital das Imagens (1931), recolheu muitos dos seus artigos e entrevistas publicados em O Século e, sobretudo, no Diário de Notícias. Porventura terá sido na sua passagem pela direcção da Ilustração Portuguesa entre 1921 e 1922 que a ânsia de promover os valores modernos e as figuras dos modernistas portugueses mais se fez sentir, na tentativa de tornar aquela publicação ilustrada, suplemento semanal de O Século, num magazine cosmopolita. Infelizmente tratou-se de um episódio relativamente efémero, mas o combate de Ferro prosseguiria noutros títulos da imprensa.


Foi justamente durante o tempo em que Ferro ainda se encontrava a dirigir a Ilustração Portuguesa, impossibilitado, portanto, de se ausentar do país por um período mais alargado, que teve lugar a semana de arte moderna de São Paulo, entre 10 e 17 de Fevereiro de 1922. Embora esse facto tenha impedido a presença física de Ferro, o seu manifesto Nós foi lido no palco do Teatro Municipal de S. Paulo pelo ex-colega brasileiro da Orfeu, o poeta Ronald de Carvalho4. Podemos, por isso, dizer que Ferro esteve presente no evento cultural paulista e esse manifesto, formalmente inspirado nos manifestos futuristas de Marinetti, fazia a apologia dos valores modernos, celebrando os Ballets Russes nas suas múltiplas dimensões, com as justas menções, na música a Stravinsky, na coreografia a Karsavina, na dimensão visual a Bakst. Há, por isso, uma certa dimensão de totalidade que ele sensivelmente apreende, projectando-a no manifesto e sugerindo, no fundo, um olhar sobre os Ballets Russes como uma forma artística totalizante, tema que ele veio a desenvolver noutros textos3.


Por outro lado, podemos encarar a leitura do manifesto Nós, numa expressão tão cara a Ferro, como um “cartaz” da digressão que ele próprio viria a realizar no Brasil ainda em 1922, já liberto do compromisso da Ilustração Portuguesa, acompanhando, em parte, a companhia Lucília Simões-Erico Braga. Aproveitou então para diversificar as conferências por múltiplas cidades brasileiras. A ocasião proporcionou-se também pelo facto daquela companhia de teatro ter levado à cena a peça Mar Alto de António Ferro durante a temporada de espectáculos da companhia no Brasil, apresentada em São Paulo a 19 de Novembro de 1922 e, logo de seguida, no Rio de Janeiro, a 15 de Dezembro de 1922. Em Mar Alto, Ferro representou o papel de um dos protagonistas, a figura de Henrique, no que constituiu a sua estreia em cena6. Na verdade, as críticas ao seu desempenho como actor não foram favoráveis. Por outro lado, apesar do género grand guignol em que alguma da crítica de época a classificou, sobressai o convencionalismo de Mar Alto, como sugere a leitura crítica de Luís Francisco Rebelo, que a considera talhada pelo mais convencional e mundano figurino do “boulevard” francês7. No regresso a Lisboa a peça chocou a sociedade lisboeta e foi censurada e proibida imediatamente após a sua estreia no Teatro de São Carlos, a 10 de Julho de 19238 não tanto pela sua imoralidade mas sobretudo pelo desacato público que ocorreu durante essa estreia9.


Para António Ferro, a temporada no Brasil, iniciada a 22 de Maio de 1922, revestiu-se de um quíntuplo significado. Em primeiro lugar pôde explorar o capital criado com a ligação aos modernistas brasileiros e com a leitura do seu manifesto na semana modernista de S. Paulo; em segundo lugar acompanhou em primeira mão a gloriosa chegada ao Brasil dos pilotos portugueses que atravessaram o Atlântico Sul, Gago Coutinho e Sacadura Cabral; em terceiro lugar viu a sua peça Mar Alto ser representada em várias cidades brasileiras; em quarto lugar mas mais importante, reuniu-se a sua mulher Fernanda de Castro após o casamento por procuração que tivera lugar em Lisboa e no Brasil, apadrinhado pelo aviador Gago Coutinho e pela actriz Lucília Simões; finalmente, coincidindo com o centenário da independência do Brasil, acabou por assumir uma dimensão celebrativa que lhe ampliou o impacto no contexto das relações luso-brasileiras.


Juntamente com Fernanda de Castro, António Ferro percorreu o Brasil de lés a lés dando conferências, geralmente complementadas com a poesia de Fernanda de Castro e, por vezes, com programas mais longos, contando com as interpretações da cantora lírica portuguesa Cacilda Ortigão, com as introduções de alguns dos principais vultos do modernismo brasileiro, como Menotti del Pichia, ou ainda com as ilustrações performáticas da bailarina Ivone Daumerie às leituras da Idade do Jazz Band. Destacam-se os espetáculos que tiveram lugar em São Paulo, organizados pelo Cônsul de Portugal, J. A. de Magalhães, de homenagem à independência do Brasil, a 2 de Setembro de 1922, outros no Rio de Janeiro a 21 de Junho de 1922 e em Recife, a 2 de Julho e 3 de Outubro de 1922 e a 12 de Abril de 1923. É importante sublinhar que as conferências que maior sucesso e eco tiveram na imprensa brasileira foram as apresentações do texto de A Idade do Jazz Band, mais ainda que o manifesto Nós. Por isso voltamos às questões introduzidas no início deste texto, muito particularmente a questão do zeitgeist para a qual, indubitavelmente, António Ferro possuía uma profunda intuição plasmada, contudo, em fragmentos jornalísticos que acabam por limitar e truncar a leitura do conjunto da sua obra10.


Para além de ter cimentado a reputação de António Ferro no Brasil, a longa tournée que realizou nesse país foi, para ele, um interlúdio na sua actividade jornalística e a transição entre a colaboração com o universo de O Século e a passagem para o outro grande jornal português, o Diário de Notícias onde teve a oportunidade de se tornar no globetrotter dos jornalistas portugueses até 1933, antes de assumir a direcção do SPN.


Notas:

01 - Ano 1 p. s.U., Ezra Pound, “The Little Review Calendar”, Little Review 8.2 (Primavera de 1922).

02 - V. Jean Michel Rabaté, 1922, Literature, Culture, Politics, Nova Iorque: Cambridge University Press, 2015, pp. 1-9.

03 - Como sugere Modris Eksteins, o nascimento da “Idade Moderna”, simbolicamente com a apresentação dos Ballets Russes no Teatro dos Campos Elíseos, a 29 de maio de 1913 v. Modris Eksteins, Rites of Spring, NY: Anchor Boks, 1989.

04 - Conhecemos o manifesto graças à sua publicação na revista modernista brasileira Klaxon, 15/7/1922, p. 4.

05 - Por exemplo, “Madame Ballet Russe”, Diário de Lisboa, Ano 1, Nº 5, 12/4/1921, P. 4; Ilustração Portuguesa, Nº 830, 14/1/1922, p. 26.

06 - A sua estreia no teatro enquanto actor profissional não teve continuidade.

07 - V. Luís Francisco Rebelo, Teatro Simbolista e Modernista (1890-1939), Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa, 1979, p. 41.

08 - A récita no Teatro de S. Carlos contou com o actor Mário Santos que substituiu António Ferro na personagem de Henrique e a encenação foi de António Pinheiro.

09 - V. J.-A. França, Os Anos Vinte em Portugal, Lisboa: Editorial Presença, 1992, p. 99.

10 - A que António Quadros procurou dar rumo e sentido v. António Ferro, Obras de António Ferro, Intervenção Modernista-Teoria do Gosto, 1, Lisboa: Verbo, 1987.

 

02 –  O CASAMENTO. PARTIDA DE FERNANDA DE CASTRO PARA O BRASIL,

Excerto de "Ao Fim da Memória" (1988) de Fernanda de Castro. 


Uma amiga convidou-me um dia para ir com ela ouvir uma conferência dum tipo bestial (desculpem, mas a expressão é antiga, quase clássica) que ia falar duma escritora francesa, uma tal Colette, também bestial. Fui e não gostei. Ou antes, gostei porque o assunto tinha interesse, porque a conferência estava bem documentada, mas não gostei porque cheguei ao fim bastante irritada com o ar pedante do conferencista e sobretudo com o seu estilo desconcertante, cheio de ironia, de paradoxos, um pouco à Oscar Wilde.


Quando no fim da conferência nos apresentaram e ele, muito convencido, muito senhor de si, me perguntou se tinha gostado, disse-lhe redondamente que não. O António Ferro olhou-me perplexo e creio bem que foi nesse momento que resolveu vencer, custasse o que custasse, a minha resistência, nem que para tal fosse necessário – sei lá! – pedir-me em casamento. E foi o que ele fez alguns meses depois, quando, colaborando ambos no «Diário de Lisboa» desde o primeiro número, uma convivência quase diária nos aproximou limando as arestas, isto é, tornando-o a ele mais moderado, um pouco menos combativo, e a mim bastante mais compreensiva, mais indulgente para o seu panache, a sua irreverência, o seu espírito de contradição.

Estávamos pois quase noivos, mas noivos recentes, sem datas marcadas, quando Lucília Simões o mandou um dia chamar:


– Vou fazer uma tournée ao Brasil com o Erico. Quer ir também?


António Ferro olhou-a com espanto:


– Para fazer o quê? Para representar?

– Para fazer conferências: uma sobre teatro, antes da minha estreia no Rio, outra sobre o assunto que quiser, para si, para ganhar uns cobres.


António Ferro aceitou imediatamente e, na data prevista, lá partiu com a Lucília.


Passaram dias, semanas, meses, e um dia, quando já estavam quase decorridos os três meses que deveria durar a sua ausência, fui à Baixa fazer compras. 
Passei por acaso – por acaso, afirmo! – em frente da agência da Mala Real Inglesa e, sem nenhuma razão, qualquer espécie de razão, entrei e perguntei em que data partiria o primeiro barco para o Brasil.

A pessoa que me atendeu deu-me então esta resposta extraordinária, que vou reproduzir na íntegra, sem comentários:


– O primeiro barco a partir é o
Arlanza, mas, se pretende passagem, é melhor marcá-la já, porque o barco está completo. Tínhamos dois lugares de primeira classe, mas um deles acaba de ser reservado do Rio para uma senhora Fernanda de Castro.


Não sei o que o homem ficou a pensar de mim, mas saí atordoada, sem uma palavra, como se tivesse apanhado uma martelada na cabeça, e fui a correr para casa. Como, porém, todos tinham saído, e eu não podia esperar mais tempo para desabafar, fui a correr ao muro do quintal gritar pela Teresa e pelo José Leitão de Barros, meus vizinhos e amigos quase de infância.

– O que foi? O que aconteceu? Está a casa a arder?


No auge da excitação, contei-lhes o que tinha acontecido, mas o José deitou logo um balde de água fria no meu entusiasmo:

– Não sejas parva, há uma modista de chapéus que tem o mesmo nome!


Voltei para casa de orelha murcha, mas a passagem, afinal, não era para a modista de chapéus, era mesmo para mim! 
No dia seguinte, logo de manhã, recebi num longo telegrama a explicação do mistério. O telegrama dizia pouco mais ou menos isto:

 

Acabo ter proposta muito vantajosa para série conferências cidades Brasil Stop Tournée oito a nove meses só assinarei contrato se aceitares casamento procuração telegráfica Stop Passagem reservada Arlanza Mala Real Inglesa Stop Peço resposta telegráfica.

 

Ponham-se agora no meu lugar. Por um lado o prazer da viagem, a tentação da aventura, a ideia de que era o próprio destino a empurrar-me – e não haveria, de facto, qualquer coisa de sobrenatural no que tinha acontecido? –, por outro lado, o medo do irremediável, o desconsolo dum casamento à pressa, sem festa, sem enxoval e ainda a secreta apreensão de partir para o desconhecido. E havia ainda a vencer a resistência de meu pai, a desaprovação da família e dos amigos, mas, talvez por isso mesmo, a partir desse momento empreguei toda a minha força de persuasão, toda a minha energia, todo o meu entusiasmo de modo a vencer, um a um, todos os obstáculos: a escassez do tempo, as inúmeras diligências para apressar as formalidades, as dificuldades no patriarcado por causa da procuração, pois, embora a lei o permitisse, nunca, até então, alguém se casara pela Igreja, em Portugal, por procuração telegráfica. Foi preciso um telegrama em cifra do nosso cônsul no Rio de Janeiro para o Ministério dos Negócios Estrangeiros a confirmar a validade da procuração. Mas, finalmente, entre uma ida ao cabeleireiro e uma prova na modista, lá fui, no dia marcado, à Igreja de Santa Isabel, onde também fora baptizada, e onde, desconsoladamente, me esperava o «noivo», o meu cunhado Augusto Cunha, que se prestou a representar o António Ferro na cerimónia.


E foi assim que, exactamente no dia marcado, exactamente no Arlanza, eu parti para o meu destino, rumo ao Brasil, com um vago enxoval nas malas e uma grande ansiedade no coração.

 

[António Ferro partiu para o Brasil em Maio de 1922 a bordo do navio «Siqueira Campos» e, no dia 12 de Agosto, três meses depois, fazendo-se representar em Portugal pelo seu melhor amigo e futuro cunhado Augusto Cunha, casou por procuração com Fernanda de Castro tendo como testemunhas no Brasil a actriz Lucília Simões e o aviador Gago Coutinho.

No final de Agosto, Fernanda de Castro, com apenas 21 anos, enfrentando as convenções da época, contrariando a família, vencendo as suas inseguranças, embarcou completamente sozinha no «Arlanza» (paquete britânico, construído no mesmo ano do «Titanic») para se encontrar com o seu marido. Em 1923, o casal regressaria a Portugal, trazendo consigo o seu primeiro filho, António Gabriel ainda por nascer]

 
03 – CHEGADA DE FERNANDA DE CASTRO AO BRASIL, ENCONTRO COM ANTÓNIO FERRO,

Excerto de "Ao Fim da Memória" (1988) de Fernanda de Castro.

 

A minha chegada ao Rio, em 1922, o primeiro passeio pela cidade, o reencontro com o António, o encontro com Gago Coutinho, que se prestara a ir ao nosso Consulado assinar a procuração que, transmitida telegraficamente em cifra, permitiria o meu casamento na Igreja de Santa Isabel...

Aludi, algumas linhas acima, ao meu primeiro passeio no Rio. Ah, meu Deus, como exprimir o meu espanto, o meu terror ao ver nas paredes do primeiro teatro do Rio de Janeiro enormes cartazes anunciando uma conferência de António Ferro «A Idade do Jazz Band» e um recital de poesia por Fernanda de Castro. Ora eu mal conseguira aprender de cor dois ou três dos meus poemas, quanto mais os dos outros! Calculem, pois, a minha aflição ao ter de organizar à pressa um recital de poesia portuguesa moderna, não tendo sequer à minha disposição os livros necessários! É claro que podia ter-me revoltado, ter-me negado terminantemente a tomar parte nesse espectáculo, mas eu acabava de chegar, não era com certeza muito amável, muito diplomático, provocar conflitos e armar discussões, duas semanas depois do meu casamento. Além disso, não teria encontrado nenhum apoio nos meus amigos, pois, se o meu marido era atrevido e ousado, eles eram doidos, completamente doidos, sobretudo o Oswald de Andrade.

 

04 – FERNANDA DE CASTRO NO BRASIL: OSWALDO DE ANDRADE, BERTA SINGERMAN, MARGARIDA LOPES DE ALMEIDA. O PRIMEIRO RECITAL DE POESIA,

Excerto de "Ao Fim da Memória" (1988) de Fernanda de Castro.

 

O Oswald... Como é que ele havia de achar extraordinária a história do recital, quando, dias antes, ao perguntar como se chamava um filho que tinha, já crescidinho, que não era, naturalmente, filho da Tarsila, me respondeu muito sério:


– Lança-Perfumes Rodo-Metálico.

– Hem?! – perguntei-lhe eu assombrada. – Que brincadeira é essa?

– Não é brincadeira. O menino nasceu no Carnaval, compreendes?

– E então? O que é que isso tem?

– Lança-Perfumes é bisnaga, Rodo é marca, Metálico é qualidade. – E repetiu muito satisfeito: – Lança-Perfumes Rodo-Metálico.

– Ele foi mesmo baptizado com esse nome?

– O que é que tem? O coitado é que não tem imaginação nenhuma, quer que todo o mundo lhe chame só de Rodo.

Nunca consegui averiguar, de maneira satisfatória, se isto era mesmo verdade ou simplesmente blague, mais uma blague do Oswald, mas conto esta história para dar a ideia do bom humor, da verve, da inesgotável fantasia do autor de Memórias Sentimentais de João Miramar, Pau-Brasil, Os Condenados, etc.

Foi também por essa altura, em Setembro ou Outubro de 1922, que no Rio conheci Berta Singerman e Margarida Lopes de Almeida, as duas grandes declamadoras, depois duas grandes amigas, para quem escrevi alguns poemas, entre os quais «Dia de Sol» «Alegria», «Poema da Maternidade», etc. Berta encarregara um poeta de língua espanhola de traduzir os meus poemas, mas talvez porque não compreendesse bem o espírito da língua portuguesa eu não gostava das traduções, de modo que acabámos por fazê-las nós próprias de colaboração, o que era mais um pretexto para estarmos juntas e para falarmos interminavelmente de poetas e de poesia, assunto predilecto de Berta, que de facto dedicou e dedica à poesia uma grande parte, talvez a melhor e maior parte da sua vida.


Mas voltemos ao recital, à minha estreia no Rio (sim, porque depois, durante meses, nunca mais parei).

Resignada mas inquieta – qual inquieta, aterrada! –, lá organizei os programas, lá aprendi penosamente os poemas e no dia previsto lá entrei no palco como o touro entra na arena ou o cordeiro na ara do sacrifício. (Além de tudo, naquele tempo não havia microfones e o teatro era enorme e estava à cunha!)

Calculem, pois, a minha profunda surpresa ao chegar ao fim do recital sem desastre de maior e até com certo êxito talvez (talvez, não!, com certeza!) por ter então vinte anos e um vestido verde que me ficava bem. Voltando aos meus recitais, não posso deixar de rir sozinha ao recordar a nossa chegada, um belo dia, ao Recife. Todos sabem o que é o Carnaval no Brasil e o que representa para os Brasileiros. Pois bem! Tendo morrido o presidente do estado de Pernambuco, poucos dias antes do Carnaval, os Pernambucanos não estiveram com meias-medidas: adiaram-no para depois da Quaresma.

No Recife vimos com espanto que não havia táxis no cais e apenas alguns bagageiros mal-humorados. Entregámos a dois deles as nossas malas e, que remédio!, resignámo-nos a ir a pé para o hotel. Ao chegarmos, porém, ao cruzamento de determinada rua com a maior avenida da cidade, caímos em pleno cordão com máscaras e tudo, e, como os carregadores nos ameaçavam de largar ali mesmo as malas se teimássemos em mudar de itinerário, lá fomos sambando e resmungando até à porta do hotel. Para a conferência do António, alegre, irreverente, revolucionária, com um autêntico jazz band em cena, não era de modo algum prejudicial, muito pelo contrário, a atmosfera festiva na cidade. Para mim, porém, o caso era muito diferente. Assim, quando eu procurava dizer o melhor que sabia o soneto «À Virgem Santíssima» de Antero, rompeu o mais endiabrado, o mais frenético samba que jamais ouvi, manifestação de apreço, homenagem espontânea de um conjunto musical muitíssimo típico, que à última hora resolvera aderir à festa.


Em compensação, a nossa chegada à Baía foi bastante dramática.

Naquele tempo, princípios de 1923, as vacinas não eram ainda obrigatórias, de modo que nos foi possível desembarcar, desprevenidos, numa cidade em que, dias antes, se declarara uma epidemia de febre-amarela.

Como todos os hotéis estivessem fechados pela polícia sanitária, tivemos de ficar numa horrível pensão, onde durante os oito dias que tivemos de esperar pelo barco que deveria trazer-nos para Lisboa só comemos, a conselho do médico, coisas com casca: ananases, bananas, laranjas, cocos, camarões cozidos por mim, e também só bebemos água, três vezes fervida, também por mim, numa lâmpada de álcool. O dono da pensão, boa pessoa e amigo dos Portugueses, passava a vida a dizer-nos, para nos tranquilizar:

– Não tenham medo, só morrem os estrangeiros!


Éramos, porém, muito novos, não acreditávamos ainda na morte e a epidemia não nos impediu de cumprir o nosso contrato, de meter o nariz em todos os cantos e recantos da maravilhosa Baía daquele tempo, a Baía da macumba e do vatapá, do samba e do Senhor do Bonfim, a mais saborosa mistura do sangue de três continentes.

 


As minhas melhores recordações do Brasil – fui lá quatro vezes – são contudo as que estão ligadas à semana revolucionária de São Paulo, aquela revolução literária em que a gente nova das letras e das artes, de sangue na guelra, a golpes de panfletos, de discursos, de artigos nos jornais, deu um golpe de morte nos conformistas, nos académicos, nos botas-de-elástico, inesquecível semana em que convivemos diariamente com alguns daqueles que, mais tarde, foram os grandes do Brasil: Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato, Menotti del Picchia, José Lins do Rego, Guilherme de Almeida, Paulo Prado e outros de que me lembro menos bem.

 
05 – A SEMANA DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO. O GRUPO DOS CINCO. OUTRAS HISTÓRIAS, 

Excerto de "Ao Fim da Memória" (1988) de Fernanda de Castro.

 

Eis o que o António escreveu a propósito desta memorável semana:

Graça Aranha, na tribuna do Teatro Municipal, proclamava a independência da literatura brasileira, os direitos do escritor. Iniciava-se a Semana de Arte Moderna de São Paulo, semana revolucionária, à qual se seguiu uma verdadeira época de terror, no mundo das ideias feitas; Mário de Andrade vestiu-se de Arlequim na sua Pauliceia Desvairada. Oswald de Andrade, papão de burgueses, manifestava os primeiros apetites da sua antropofagia. Menotti tinha acabado de pintar, de modelar, de orquestrar o seu Juca Mulato. Cassiano Ricardo sonhava já com o seu Martim Cererê. Jeca Tatu acabava de nascer, de ser dado à luz no Urupês, de Monteiro Lobato. E até a poesia do meu querido Guilherme de Almeida, admirável retrato lírico do Brasil, se encontrava em rebelião contra si própria, desencaminhada, tresnoitada, virando boémia [...].

Foi neste acampamento revolucionário, neste faroeste de imagens que desembarquei certo dia, atraído por esse empolgante barulho, por essas pistolas, esses bacamartes que disparavam estrelas! Com um Jazz Band inteiro na malinha de mão, com o meu escandaloso Mar Alto, menos peça de teatro do que peça de artilharia, fui logo festivamente recebido pelos meus camaradas de São Paulo, pelos cowboys do planalto, tanto mais que vinha colaborar alegremente na sua algazarra, na sua gritaria, aumentar a confusão geral.

Fazendo ruído, assaltando reputações frágeis que passavam ao nosso alcance, vivi quatro meses com esses bons companheiros, numa camaradagem íntima de todas as horas, numa boémia de espírito que nunca mais esqueço.

 

Lembrei-me agora, ao copiar estas linhas, de um pequeno episódio cómico que ia acabando muito mal:


Estávamos instalados na Rotisserie Sportsman, o melhor hotel de São Paulo nessa época, e todos os nossos amigos iam buscar-nos para um jantar, um passeio, uma visita, uma sessão de cinema.


Nessa noite éramos todos convidados de D. Olívia Penteado. A sua casa, ou, antes, o pavilhão do seu jardim era, como disse o António, a primeira Academia Livre de São Paulo, gabinete de torturas da sociedade paulistana, com os primeiros Picassos e os primeiros Légers que tinham chegado ao Brasil. Segal, Tarsila, Anita Malfati, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, etc., reuniam-se em tremendos conciliábulos e conspiravam continuamente contra todos os burgueses, contra todos os eteceteras da vida, como lhes chamou o António, no seu manifesto Nós, publicado pela Klaxon, a revista do grupo. Pois, como ia dizendo, saímos do hotel essa noite, para irmos a casa da D. Olívia, como todos lhe chamavam. Vesti, pois, o melhor vestido que tinha, de marrocain preto (ainda não o esqueci, como havia de esquecê-lo?), e lá fomos todos até à encruzilhada onde devíamos esperar o bonde.

De repente, já bastante longe do hotel, começou a chover torrencialmente, e à medida que ia chovendo, chovendo, pingos tão grossos que cada um chegaria para matar a sede a um pássaro, o meu vestido ia encolhendo, encolhendo, de tal modo que os meus amigos começaram a rir como doidos, sem me poderem sequer dizer porquê. O António, que ria tanto como eles, apontou para o meu vestido e vi então, horrorizada, que o vestido estava reduzido à sua expressão mais simples, que nem me chegava aos joelhos, o que, naquela época, era perfeitamente escandaloso porque não se poderia sequer imaginar a minissaia. Encabulada, eu queria por força voltar para o hotel, mas qual?! Eles cada vez riam mais, dizendo que já estávamos muito atrasados, que fosse assim mesmo, porque ia fazer um sucesso, que era afinal a mais ousada, a mais revolucionária de todos. Passou um táxi, supremo luxo, acomodámo-nos como pudemos, e lá fomos para casa da D. Olívia, que ficava bastante longe do centro. Os homens desceram, pagaram, bateram à porta e pediram ao criado que lhes emprestasse um chapéu-de-chuva, pois continuava a chover. O meu vestido já não podia encolher mais, mas, um pouco mais calmos, queriam, de qualquer modo, compensar a pouca solidariedade com que tinham encarado o desastre. Deu-se então uma coisa absurda: o nosso táxi, que estava parado sobre os railes do bonde, foi apanhado por este, que não pôde parar a tempo, e atirado de pernas para o ar, para o lamaçal em que se tornara a estrada de terra batida. Desta vez todos se assustaram, tiraram-me do táxi num estado lastimoso, sem uma beliscadura, mas muito chocada e bastante suja de lama. E aqui está como me apresentei pela primeira vez em casa da mulher mais rica e mais elegante de São Paulo, cheia de lama, despenteada, com o resto do vestido pelos joelhos e as meias rotas.


Escusado será dizer que fui recebida triunfalmente e proclamada rainha da Semana de Arte Moderna de São Paulo.


[
António Ferro e Fernanda de Castro foram acolhidos e adoptados pelo «Grupo dos Cinco».
Este grupo, constituído durante a Semana de Arte Moderna de São Paulo entre 10 e 17 de Fevereiro de  1922, continuaria durante muito tempo a organizar tertúlias. Dele, faziam parte as pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti e os escritores Mário de Andrade, Menotti del Picchia e Oswald de Andrade.
Foi precisamente durante uma dessas tertúlias artístico-literárias que Fernanda de Castro posou, simultaneamente, para Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.
]

 

06 FERNANDA DE CASTRO RETRATADA POR TARSILA DO AMARAL E ANITA MALFATTI,
por Fernanda de Castro (em "Ao Fim da Memória", 1988).

Lembro-me de que Tarsila do Amaral e Anita Malfati, as duas maiores pintoras do Brasil, me pediram para fazer o meu retrato com o dito vestido verde.

Posei para as duas ao mesmo tempo e ainda há poucos anos me disseram que os dois retratos tinham sido expostos em São Paulo, numa retrospectiva da pintura brasileira, dos anos vinte e trinta.

 

[O retrato de Fernanda de Castro (óleo sobre tela) por Tarsila do Amaral integra hoje o acervo artístico-cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. A obra foi reproduzida e publicada  por Fernanda de Castro na capa da primeira edição do seu livro "Ao Fim da Memória II".

De acordo com a última notícia recebida, o retrato de Fernanda de Castro (óleo sobre tela) pintado pela artista Anita Malfatti, encontra-se na posse de uma coleccionadora particular, Marta Rossetti Baptista, residente na cidade de São Paulo. 
A obra foi reproduzida e incluída  pela retratada na capa da primeira edição da sua obra "Cartas para Além do Tempo"].

 

07 A IDADE DO JAZZ-BAND, CONFERÊNCIA DE ANTÓNIO FERRO,
por Mafalda Ferro.

A conferência
«A Idade do Jazz-Band» de António Ferro demonstra sem qualquer sombra de dúvida as suas características modernistas que como habitual se revestem de uma forte componente teatral / artística. Durante a  palestra, as palavras do conferencista foram por vezes, interrompidas pela actuação de uma banda de jazz acompanhada por um corpo de mulher que era ele próprio uma dança e terminadas com a pancada de um bombo.


A conferência foi 
proferida (pelo menos) cinco vezes no Brasil:

30 de Julho de 1922 – Teatro Lírico do Rio de Janeiro, apresentada por Carlos Malheiro Dias;
12 de Setembro de 1922 – Teatro Municipal de S. Paulo, apresentada por Guilherme de Almeida;
10 de Novembro de 1922 – Automóvel Club de S. Paulo;
10 de Outubro de 1922 – Teatro Guarany de Santos;
8 de Fevereiro de 1923 – Teatro Municipal de Belo Horizonte.


Eu vivo na minha Época, como vivo na minha Pátria, como vivo dentro de mim. A minha época sou eu, somos todos nós, os minutos da hora, desta hora febril, desta hora dançada 
[…]. António Ferro

Editada pela primeira pela Oficina Gráfica Monteiro Lobato & Co. em S. Paulo e pela segunda, pela Editora Portugália em Lisboa no ano de 1924, a
 publicação com o mesmo título reúne a referida conferência, as apresentações de Carlos Malheiro Dias e de Guilherme de Almeida e, ainda, as palavras de Ronald de Carvalho sobre o autor proferidas no Trianom do Rio de Janeiro a 21 de Junho de 1922, por ocasião da primeira apresentação de outra das suas conferências, «A Arte de Bem Morrer».

 
08 – LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Promoção do mês

Título: António Ferro: Ficção.

Autoria: António Ferro.

Coordenação e Prefácio: Hugo Xavier.

Introdução: Luis Leal Pinto.
Edição – Lisboa: E-Primatur, 2021.

PVP (promoção até 14 de Fevereiro): 23,50€

 
Nota:
Segundo Hugo Xavier, António Ferro foi provavelmente o único escritor modernista português a focar-se maioritariamente na prosa. A ficção de António Ferro está centrada exclusivamente nos anos 20 do século XX. Fundamentalmente composta por contos e novelas curtas, centra-se na figura feminina, que, para o autor, encarna a novidade da época moderna. Vamps, galãs e carrões enchem os seus contos e novelas. Um certo erotismo, muito humor na construção de personagens que se afirmam como personagens-tipo, assumindo, porém, uma irreverência inesperada, são as marcas destes textos de grande modernidade, em que cada frase é lapidada na perfeição, constituindo cada livro uma obra literária independente, por vezes com uma escrita aforística e impetuosa que projecta a mulher portuguesa para a época moderna.


Com este volume o leitor português tem, pela primeira vez, acesso a um dos grandes escritores modernistas nacionais numa faceta da sua obra pouco conhecida, mas que pode mesmo constituir-se, ao contrário das de outros contemporâneos como Pessoa, Sá-Carneiro ou Almada, como uma espécie de elo perdido da evolução da prosa ficcional portuguesa para a sua maturidade moderna. Compõem este volume: Teoria da Indiferença (1920); Leviana (1921); Batalha de Flores (1923); A Amadora dos Fenómenos (1925); duas novelas «Suicídio» e «Duelo de Morte».


O volume é enriquecido com um extratexto impresso a cores, contendo a reprodução das capas das edições originais, entre outros materiais iconográficos, feitas por alguns dos pintores e ilustradores mais importantes do primeiro modernismo: António Soares, Bernardo Marques ou Mário Eloy.

 
 
     
 
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