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Newsletter Nº 58 / Outubro 2013
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

EDITORIAL
por Mafalda Ferro


Foi com grande alegria que acolhemos a decisão do Júri do Prémio António Quadros que deliberou eleger a obra A Cidade de Ulisses, de Teolinda Gersão, como vencedora em 2013,. Pessoalmente, eu adorei e recomendo vivamente a sua leitura. Agradeço o excelente trabalho realizado pelo Júri  e felicito a autora da obra premiada.

Publicamos hoje um texto de Carlos Pazos, investigador cuja tese de doutoramento efectuada com o apoio da Fundação António Quadros, tem por título: Relações culturais intersistémicas no espaço ibérico: o caso da trajectórica de Alfredo Guisado (1910 – 1930). Lembramos que Alfredo Pedro Guisado, juntamente com Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Ronald de Carvalho, Fernando Pessoa, José de Almada-Negreiros, Álvaro de Campos e António Ferro (editor), integrou o grupo do Orpheu. António Pedro Guisado que, mais tarde, assumiu o pseudónimo de Pedro de Meneses, foi colega no Liceu Camões (então Liceu do Carmo) e amigo de António Ferro, assim como de Azeredo Perdigão. Veja-se a fotografia que de seguida publicamos.

Chamamos a atenção para o 4.º Congresso Internacional SCIENCE MATTERS: HUMANITIES AS SCIENCE MATTERS que se realizará no Porto nos dias 15, 16 e 17 de Outubro de 2013. Parabéns à Organização.

Divulgamos aqui António Ferro. A Vertigem da Palavra, a mais recente obra de Margarida Acciaiuoli  que promete grandes surpresas e cuja publicação esperamos ansiosamente.

Continuamos atentos às actividades de Rio Maior que continua em franco desenvolvimento.

Por fim, salientamos, as promoções da nossa Livraria, para este mês.
Boa Leitura.
 

PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS
por Fundação António Quadros



Entendeu a Fundação António Quadros que um dos meios mais adequados para celebrar a vida e a obra de António Quadros seria o de criar um prémio literário com o seu nome, destinado a promover e divulgar o pensamento português, nas suas múltiplas expressões e géneros, tarefa a que, lúcida e generosamente, o seu patrono dedicou grande parte da sua actividade intelectual como crítico, hermeneuta e historiador da filosofia, da História, da literatura e da arte portuguesa e luso-brasileira, dos seus mitos e símbolos e do seu mais fundo e transcendente sentido espiritual e humano.

António Braz Teixeira em Regulamento do Prémio António Quadros.



O Prémio António Quadros distingue, pelo terceiro ano consecutivo, uma obra literária publicada pela primeira vez em língua portuguesa num dos dois anos anteriores à sua selecção. Depois do prémio de Filosofia, atribuído a Natureza, Razão e Mistério para uma leitura comparada de Sampaio (Bruno), de Afonso Rocha, e do Prémio da Poesia, ganho por Lendas da Índia, de Luís Filipe Castro Mendes, a categoria seleccionada para 2013 foi o Romance. O Júri, presidido por Manuel Cândido Pimentel e também constituído por Alexandra Lopes, Guilherme Oliveira Martins, Manuel Frias Martins e Maria João Lopo de Carvalho, deliberou premiar a obra A Cidade de Ulisses, de Teolinda Gersão.

Brevemente, divulgaremos a data e o local da cerimónia de entrega do Prémio.

 

ALGUMAS NOTAS SOBRE UM DOS PRIMEIROS MODERNISTAS PORTUGUESES: ALFREDO GUISADO
por Carlos Pazos Justo
Universidade do Minho. Grupo Galabra (USC)


A diferença dos outros membros do primeiro modernismo português de meados da década de 10 do século XX, Alfredo Guisado é na altura, além de candidato a poeta reconhecido, um agente social e político empenhado, concretamente no âmbito da colónia galega de Lisboa, à qual pertence por via paterna e materna.
A família Guisado, a usufruir uma cómoda posição económica graças ao sucessos dos vários negócios que possuía, participa ativamente nos movimentos políticos coetâneos da Galiza e, por outra parte, faz um decidido investimento na formação dos seus descendentes mais jovens com o objetivo de fortalecer o indubitável processo de ascensão social. Os Guisado, segundo conseguimos apurar na Tese de Doutoramento que defendemos recentemente na Universidade do Minho, estão marcados desde longa data pelo fenómeno migratório oriundo da Galiza e com destino preferente na capital lusa. A primeira notícia de um Guisado em Lisboa de que temos notícia data do já longínquo ano de 1745. Em março desse ano, segundo o historiador Domingo González Lopo, foi atendido na enfermaria de São Vicente do Hospital de Todos-os-Santos Francisco Guisado, natural da paróquia de Pias (concelho de Ponte Arêas, no sul da Galiza, berço dos pais de Alfredo Guisado); a ficha hospitalar indicava a profissão ou condição, mosso de saco. Apesar do provável penoso trabalho e das menos amáveis palavras que os altivos lisboetas lhe dirigiriam a este Guisado e as outros emigrantes - Debaixo de galego só um burro, Cinquenta galegos não fazem um homem, Pariu a galega!, etc. –Pias, Ponte Arêas, e Lisboa vão estar de alguma forma interligados no percurso de Alfredo Guisado e, cumpre dizê-lo, até os dia de hoje, quase 300 anos depois!
A galeguidade guisadiana, historicamente construída, ficou expressa em numerosas tomadas de posição, entre as quais destaca a publicação em 1921 em Lisboa de Xente d’a Aldea. Versos Gallegos, poemário repertorialmente galego e galeguista. Por outro lado, cabe substantivar a função não menor que como intermediário iria exercer entre os seus colegas de Orpheu ao visibilizar questões galegas, como é o movimento camponês – agrarismo- do qual ele é um dos líderes dentro das margens do coletivo galego de Lisboa. Neste sentido, em carta a António Ferro (a 8/08/1914), Alfredo Guisado confessava: “Recebi ontem por um polícia, uma intimação do administrador do concelho de Puenteareas, que por ordem do Governador civil me intimava, debaixo de grave responsabilidade para mim, a não consentir conferências, nem assembleias gerais extraordinarias, nem comícios na sêde da Sociedade de Agricultores de que eu sou presidente”.
Com António Ferro, com quem mantém uma estreita relação de amizade segundo se desprende da correspondência conservada, une-o a vontade de intervir noutros campos além do literário. Se Alfredo Guisado conseguiu -apesar das suas origens- fazer carreira política, sendo eleito em 1925 deputado à Assembleia da República, António Ferro iria destacando-se pouco e pouco para as novas elites políticas surgidas após o golpe militar de 1926, chegando a liderar os rumos oficiais da cultura no Estado Novo à frente do Secretariado Nacional de Propaganda, já na década de 30. Note-se, diga-se de passagem, na deficiente atenção que tem recebido este assunto, ainda hoje não inteiramente esclarecido; quanto a mim, por exemplo: qual o papel de António Ferro no resgate e reconhecimento de que são objeto alguns dos escritores da Orpheu desde finais da década de 20 do século passado?
Nestas rápidas linhas, cabe ainda ressaltar o papel guisadiano à hora de dar a conhecer a nova proposta literária da revista Orpheu. Hostilizados e mesmo marginalizados pelo meio literário (e não só) lisboeta, os órphicos enfrentam grandes dificuldades para dar continuidade aos seus projetos ou chegar a outros públicos fora das fronteiras portuguesas. Neste quadro, as únicas notícias efetivas relativamente à visibilidade da Orpheu fora de Portugal devem-se, sem dúvida, ao labor de intermediário de Alfredo Guisado. Será em publicações da rede social que Guisado tem na Galiza – Vida Gallega, El Eco de Santiago, La Concordia e El Tea- que vamos encontrar convocadas e adjetivadas as novidades literárias de Fernando Pessoa e os seus colegas; assim, por exemplo, diziam em El Eco de Santiago (1915): “En general sobresalen los trabajos en prosa. Creo que en primer lugar debe citarse O marinheiro, de Fernando Pessoa. Aunque sutil y quintaesencia en demasía, tiene verdaderos atisbos de genio y atrae fuertemente a toda alma soñadora y filosófica. Puede ser base de una reputación entera. Entre los Frizos de Almada-Negreiros hay algunos verdaderamente primorosos: el titulado O Echo y que refiere muy galanamente los primeros celos de Eva, es una joya de filigrana”. As críticas literárias, porém, não deixam de censurar as novidades presentes nos textos dos de Orpheu ou a frontalidade do campo literário português: “Los llamados paúlicos han aguantado sobre ellos la implacable metralla de la prensa cotidiana lisbonense. Algunos diarios llegaron a dar la palabra al doctor Julio de Mattos, versado en enfermedades mentales” (El Tea, 1915).
Em suma, a trajetória literária, política e social de Alfredo Guisado - que agora apenas rascunhamos- dá notícia da esquecida costela galega do primeiro modernismo português ou do percurso da colónia galega de Lisboa assim como das importantes relações de variado tipo que se estabelecem entre as elites culturais e políticas de ambas as margens do rio Minho.


Alfredo Guisado, José de Azeredo Perdigão e António Ferro, 1928
 

RIO MAIOR: CULTURA EM CRESCIMENTO
por Fundação António Quadros


A H2O é uma associação de jovens sem fins lucrativos, sedeada na Aldeia de Arrouquelas, no Concelho de Rio Maior. Esta Associação, fundada em 1996, tem hoje cerca de cem sócios com idades compreendidas entre os 12 e os 34 anos e desenvolve a sua actividade tendo em vista a promoção de uma consciencialização ambiental.

Fomos encontrá-los a almoçar na Serra dos Candeeiros, um grupo de 30 jovens oriundos de quase todos os países da Europa que, unidos pela vontade de combater a desertificação das áreas rurais não só em Portugal, como no resto da Europa, se instalaram em Rio Maior. A H2O está inserida num projecto europeu de formação que tem por base a educação não formal e promove hábitos de cidadania que acompanhem o desenvolvimento sócio/pedagógico dos jovens.
Tivemos oportunidade de conversar brevemente com o Presidente da H2O, Alexandre Jacinto, que nos falou com entusiasmo sobre a reação do grupo quando, nas Salinas de Rio Maior, aprenderam a “Ser Salineiros” e a fazer queijo de sal. Iam, de seguida, passar a tarde com um simpático pastor que desde os sete anos exercia com alegria a sua actividade. Falámos com ele e, rodeados por um rebanho de cerca de 80 cabras, percebemos que o saboroso queijo que nos tinha deliciado ao almoço na Cooperativa “Vila Chã” tinha sido confeccionado com leite dessas mesmas cabras.

Quando interrogados pela equipa da RTP que os entrevistou nessa tarde, os jovens dissertaram sobre a importância e o prazer que sentiam em trabalhar em centros rurais, em alternativa aos centros urbanos já completamente saturados.


 

SCIENCE MATTERS: HUMANITIES AS SCIENCE MATTERS
4. th International Conference - History, Philosophy & Arts
por Fundação António Quadros


O congresso será acompanhado por uma exposição em que cada artista produzirá um pequeno texto explicando a sua obra, de acordo com a filosofia "SciMat" em que a Arte deve ter uma abordagem abrangente. As obras de arte, fotografias, pinturas, esculturas e outras peças serão apresentadas associadas aos conteúdos científicos.


SPEAKERS: Kajsa Berg - East Anglia University, United Kingdom; Maria Burguete - Science history & philosophy professor, Portugal ; Jean Connerade - European Academy of Sciences, Arts & Letters, France ; Anne-Sophie Godfroy - Maître de conférences, France ; Françoise Icart - European Academy of Sciences, Arts & Letters, France ; Lui Lam - San Jose State University professor, United States ; Marta De Menezes - Arts professor, Portugal; Alexandra Nobre - Biology Professor Minho University, Portugal; Hauke Riesch - University College London, United Kingdom; E. Bastidas - Attune Institution, Suriname G.SMITH & NSU, United States; Nigel Sanitt - Pantaneto Forum Director, United Kingdom; David Schmool - Université de Perpignan Via Domitia, France; Rita Roquette de Vasconcellos - Architect & Designer, Portugal; Gregory Vastatzidis - European Academy of Sciences, Greece

COCHAIRS: Maria Burguete (Portugal); Nigel Sanitt (UK).

INTERNATIONAL ADVISORS: Manuel Bicho (Portugal), João Caraça (Portugal), Patrick Hogan (USA), Brigitte Hoppe (Germany), Lui Lam (USA), John Onians (UK), David Papineau (UK), Michael Shermer (USA), Edward O. Wilson (USA) and Robin Warren (Australia).



Local: Casa do Infante. O’Porto. Data: 15 - 17 Outubro 2013
Informações: tel. 222060423 - casadoinfante@cm-porto.pt. - www.scimat-2013.com
 

LIVRARIA - LIVRO DO MÊS


No dia 26 de Outubro de 1933, António Ferro criou o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) que, a partir de 1944,  passou a intitular-se Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI). Oitenta anos depois, a Fundação António Quadros disponibiliza, a preços reduzidos, (15,00€) cada uma das seguintes obras da “Política do Espírito” de António Ferro:

1. Apontamentos para uma Exposição. Lisboa: Edições SNI, 1948.

 
2. Arte Moderna. Lisboa: Edições SNI, 1949.



3. Artes Decorativas. Lisboa: Edições SNI, 1949.


4. Eça de Queiroz e o Centenário do seu Nascimento. Lisboa: Edições SNI, 1949.




5. Imprensa Estrangeira. Lisboa: Edições SNI, 1949.



6. Jogos Florais. Lisboa: Edições SNI, 1949.




7. Museu de Arte Popular. Lisboa: Edições SNI, 1948



8. Sociedades de Recreio. Lisboa: Edições SNI, 1950.






9. Turismo, Fonte de Riqueza e de Poesia. Lisboa: Edições SNI, 1949.



De 14 de Outubro de 2013 a 14 de Novembro de 2013:
PV 15,00€

A partir do dia 14 de Novembro de 2013:
PVP 20,00€
PV "Amigos da Fundação": 16,00€

Os valores referidos incluem os custos de envio para Portugal Continental.
 

AGENDA CULTURAL


A obra António Ferro. A Vertigem da Palavra de Margarida Acciaiuoli será apresentada por José Sasporte e Manuel Villaverde Cabral em Novembro no Padrão dos Descobrimentos, em Belém. Brevemente, divulgaremos informação mais detalhada.


 
 
     
 
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