Fundação terá actividades de carácter cultural, artístico, científico, educativo e social
Literatura: Fundação António Quadros foi apresentada ontem em Lisboa 24.03.2009 - 09h21 LusaA Fundação António Quadros, apresentada ontem em Lisboa, destina-se a preservar a memória e dar a conhecer "o pensamento e a obra" do escritor António Quadros e dos seus pais, Fernanda de Castro e António Ferro.
Instituída em Maio de 2008 por iniciativa dos três filhos de António Quadros (1923-1993) - Mafalda Ferro, Rita Ferro e António Ferro - que herdaram o espólio do pai e dos avós, Fernanda de Castro (1900-1994) e António Ferro (1895-1956), a Fundação foi oficialmente reconhecida, em Conselho de Ministros, em Janeiro.
"[A Fundação] tem por fim a prossecução de acções de carácter cultural, artístico, científico, educativo e social que visem a divulgação do pensamento e obra de António Quadros, Fernanda de Castro e António Ferro, assim como de outras personalidades de mérito", disse a presidente, Mafalda Ferro, numa cerimónia realizada ao fim da tarde no Círculo Eça de Queiroz, no Chiado.
O património cultural da Fundação, indicou a responsável, "é constituído por um valioso acervo documental impresso e manuscrito e reflecte algumas das principais tendências da acção cultural e artística em Portugal durante o século XX".
"Contempla, na sua maioria, conjuntos epistolares, iconografia (fotografias e medalhística) e colecções da imprensa da época, salientando-se o importante espólio bibliográfico do pensador português António Quadros", precisou.
Na sala do Círculo Eça de Queiroz, apinhada de familiares e amigos, Rita Ferro recordou a avó, uma mulher forte e carismática que, ao longo de 94 anos de vida, foi tradutora, conferencista, declamadora de poesia, autora de guiões cinematográficos e de numerosas letras para canções infantis e fados e fundadora e sócia número um da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (antecessora da Sociedade Portuguesa de Autores).
Com uma obra literária composta por 34 títulos, entre memórias, poesia, romance, teatro, literatura infantil e juvenil e divulgação científica, distinguiu-se também pelas suas características mediúnicas, que lhe valeram a amizade de Fernando Pessoa, visita diária lá de casa, que deixou escrito num papel inédito "Gosto da F.C.".
Fernanda de Castro sobreviveu quase 50 anos ao marido, António Ferro, uma figura ligada ao movimento modernista em Portugal, editor da revista “Orpheu”, que viria a ocupar o cargo de Director do Secretariado Nacional da Propaganda durante a ditadura de Salazar, retirando-se da vida política em 1949, sete anos antes de morrer.
O filho de ambos, António Quadros, também publicou 34 livros, distribuídos pelos mais variados géneros: arte, ensaio, teoria da literatura, filosofia, contos, um romance e cinco livros de poemas, tendo sido distinguido com diversos prémios. Publicou uma das primeiras tentativas de fixação da obra completa de Fernando Pessoa, bem como vários ensaios sobre a sua vida e obra, fundou a Escola Superior de Design, Marketing e Publicidade (IADE) e dirigiu as Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.