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Fundação António Quadros
2016 - TEATRO Imprimir e-mail

PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS 2016

 

CATEGORIA: Teatro.

EQUIPA DE COORDENAÇÃO: Mafalda Ferro; José Carlos Alvarez.

JÚRI: José Carlos Alvarez, presidente; Ana Isabel de Vasconcelos, vogal; Duarte Ivo Cruz, vice-presidente; José Sinde Filipe, vogal.

RELATÓRIO DO JÚRI: Em preparação.

VENCEDORA: Carmen Dolores.

TROFÉU: Troféu “Vida”, da escultora Cristina Rocha Leiria.

CERIMÓNIA DE ENTREGA: Em casa da laureada, data a divulgar brevemente.

 

CARMEN DOLORES – NOTA BIOGRÁFICA

É impossível referir aqui todo o seu percurso de vida, mesmo mencionando apenas a sua actividade profissional. Citamos, por isso, apenas uma pequena parcela do muito que fez em prol do Teatro e decidimos acrescentar alguma informação que poucos conhecem e que recolhemos nos documentos preservados na Fundação António Quadros:


Nascida no dia 22 de Abril de 1924, Carmen Dolores iniciou a sua carreira na rádio, com apenas 14 anos e, no cinema, ainda com 19 anos, representa Teresa de Albuquerque em “Amor de Perdição”. A Academia Portuguesa de Cinema atribuiu-lhe este ano o Prémio Sophia de Carreira 2016.

A sua estreia em teatro acontece mais tarde, em 1945, associada à Companhia Os Comediantes de Lisboa, com sede no Teatro da Trindade. Em 1959, recebe o Prémio de Melhor Actriz pela sua actuação na peça Seis personagens à procura de um autor, de Luigi Pirandello.

Integra o grupo de actores criadores do Teatro Moderno de Lisboa e continua, ao longo da vida, a assumir diferentes funções associadas ao Teatro, ao Cinema, à Rádio, à Televisão e à Arte de Dizer tendo sido gravados diversos discos com poesia recitada por Carmen Dolores.


Carmen Dolores destaca-se também como autora literária com diversas obras publicadas: Retrato inacabado  (1984); Uma vida no Palco  (2003); No Palco da Memória  (2003), Teatro Moderno de Lisboa - 1961/1965. Um Marco na História do Teatro Português com Tito Lívio (2009), entre outras.


Além dos vários prémios recebidos, foi agraciada em 2004 por Jorge Sampaio com a Ordem do Infante D. Henrique, grau de Grande-Oficial.


Com o objectivo de contribuir com alguns elementos que poucos conhecem para a biografia, desta emblemática Senhora, refiro a sua colaboração no projecto social criado por Fernanda de Castro, os Parques Infantis, ensinando as crianças a sonhar e a pensar através da implementação de programas artísticos que contavam com um extraordinário grupo de artistas:

Música e Canto Coral: Nina Marques Pereira e Arminda Correia; Canto  (método Ward): Júlia de Almendra; Teatro: Eunice Muñoz e Carmen Dolores; Desenho: Sarah Afonso e Inês Guerreiro; Arte de Dizer: Maria Germana Tânger; Bailado e Mímica: Ana Máscolo e Águeda Sena.

 

Lembro-me de a ver e ouvir em casa da minha avó, a poetisa Fernanda de Castro, de quem Carmen Dolores era muito amiga, participando em tertúlias literárias, musicais e dramáticas que, aí, amiúde, aconteciam. Além da sua presença, recordo a de muitos e saudosos amigos - artistas plásticos, teatrais e musicais, cineastas, escritores e poetas, entre os quais lembro muito especialmente:


Amália Rodrigues, António Lopes Ribeiro, David Mourão-Ferreira, Edith Arvellos, Germana Tânger, Heloísa Cid, Inês Guerreiro, José Carlos Ari dos Santos, Maria José Avillez Nogueira Pinto, Natália Correia, Natércia Freire, Nina Marques Pereira, Teresa Leitão de Barros, entre muitos outros.


No dia 2 de Setembro de 1961, em carta para Fernanda de Castro, Carmen escreve 
Minha querida amiga, por tentar saber notícias frescas a respeito dos nossos negócios teatrais, só hoje respondo ao seu amável postal, embora as tais notícias sejam ainda muitíssimo incompletas. Continua a ser tudo muito vago; oficialmente nada se sabe […].

 

Carmen Dolores colaborou ainda, nos anos sessenta, no “Teatro de Câmara António Ferro”, projecto criado por Fernanda de Castro que nasceu informalmente em sua casa na Calçada dos Caetanos e teve continuidade, de uma forma mais profissional, em diversos teatros de Lisboa.

 

JÚRI – NOTAS BIOGRÁFICAS

JOSÉ CARLOS ALVAREZ é licenciado em Filosofia e pós-graduado em Ciências Documentais e em Gestão das Artes. Trabalha há mais de 25 anos no Museu Nacional do Teatro, agora Museu Nacional do Teatro e da Dança, tendo assumido a sua direcção em 2001. Assinou diversos artigos e textos publicados, no domínio das Artes do Espectáculo e na área da Museologia. Coordenou a edição e/ou foi autor de várias monografias e catálogos, Foi responsável pela criação da exposição permanente do Museu Nacional do Teatro e da Dança, bem como de 16 exposições temporárias. É membro efectivo do ICOM (International Council of Museums) e da SIBMAS (International Association of Libraries and Museums of the Performing Arts) de que fez parte do comité executivo entre 2006-2008.

Em 2009, recebeu, na qualidade de director do Museu Nacional do Teatro e da Dança, o Prémio Pro-Autor, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores.


DUARTE IVO CRUZ
 concilia, há mais de quarenta anos, a intervenção económica, pública e privada, com a actividade docente e de investigação histórica ligada a temas de História do teatro e de História diplomática e de relações internacionais. É autor de mais de trinta livros numa e noutra área, publicados em Portugal, no Brasil, em Espanha e Nações Unidas. Desempenhou funções governamentais e de representação de Portugal e do Brasil em numerosas entidades internacionais.

Licencido em Direito pela Universidade de Lisboa, foi professor da Universidade Católica Portuguesa, da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e da Universidade Mackenzie de São Paulo.

Publicou na INCM diversos estudos e recolhas da obra de dramaturgos portugueses e brasileiros e três volumes da colecção «O Essencial sobre», sendo o último O Tema da Índia no Teatro Português (2011).


ANA ISABEL DE VASCONCELOS
 nasceu em Leiria, no ano de 1956, é docente da Universidade Aberta. Em 1978, concluiu a licenciatura em Filologia Germânica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É Mestre em Estudos Literários Comparados, pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Nova de Lisboa, com a dissertação Pedro o Cru: o real e o simbólico. Em 2000, obtém o grau de Doutor em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Portuguesa, pela Universidade Aberta, com a tese intitulada O Drama Histórico Português do Século XIX ou Ficções da Representação Histórica no Tempo de Almeida Garrett, publicada, em 2003, pela FCT/FCG. Enquanto investigadora, tem-se dedicado especialmente aos estudos teatrais relativos à primeira metade do século XIX, sendo membro efectivo do “Centro de Estudos de Teatro” da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É membro da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.

Assinou diversos artigos e publicações das quais se destaca, entre muitas outras, Repertório Teatral na Lisboa Oitocentista (1835-1846) em co-autoria com Ana Clara Santos, 2007; ‘Falar Verdade a Mentir’, de Almeida Garrett, edição didáctica destinada a alunos do 8.º ano de escolaridade, em co-autoria com Glória Bastos, 2006; O Teatro em Lisboa no Tempo da Primeira República, em co-autoria com Glória Bastos, 2004; O Teatro em Lisboa no Tempo de Almeida Garrett, 2003; O Drama Histórico Português no Século XIX (1836-56), 2003.

 

JOSÉ SINDE FILIPE estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, abandonou os estudos em prol do teatro. Iniciou-se no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, que ajudou a fundar, e estreou-se profissionalmente no Teatro Experimental do Porto, sob a direcção de António Pedro. Na mesma companhia interpretou sobretudo autores portugueses, como Raul Brandão, Bernardo Santareno e Miguel Torga. Graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian estabeleceu-se em França, onde estudou Encenação no Centre Dramatique de L' Est. Foi aluno de Marcel Marceau, Jacques Lecoq e René Simon. No Brasil, em 1962, dirigiu, entre outras, peças de Bertolt Brecht e de Simone Marchad. De volta a Lisboa, ingressa na companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Encena e interpreta duas peças proibidas pela censura, Sob Vigilância de Jean Genet e A Oração de Fernando Arrabal. Na Companhia de Amélia Rey Colaço, integra o elenco fixo e representa diversas peças de Calderón de la Barca, Durrenmatt, Pirandello ou Harold Pinter. Passou depois pelas companhias residentes do Teatro São Luiz, Teatro Maria Matos, Teatro Villaret,A Barraca e Companhia de Laura Alves. Participar e colabora em várias filmes, curtas-metragens, novelas e séries televisivas. Na arte de dizer, tem uma discografia com a poesia de Fernando Pessoa.