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Fundação António Quadros
Biografia Imprimir e-mail

 Autores 
Biografia
1923 - 1927
1928 - 1939
1940 -1950
1950 - 1960
1960 - 1970
1970 - 1980
1980 - 1993
1994 - 2009

1940
Com 17 anos, participa, vestido de pescador, num bailado em São Carlos em que todos os bailarinos e figurantes são filhos de pessoas da chamada alta sociedade portuguesa.

1942
Revelando grande capacidade de abstracção e um poder de concentração notável, lê vorazmente desde pequeno. Talvez por isso, é precoce a sua estreia literário-jornalística aos 19 anos de idade. Assinando António Gabriel, colabora nos jornais da Mocidade Portuguesa.

Concluído o ensino secundário, matricula-se, na Faculdade de Direito de Lisboa da Universidade de Lisboa, por influência de seu pai, que, para atender a outras prioridades, fora forçado a abandoná-la.

1943
A sua vocação revela-se, porém, muito mais literária e especulativa do que jurídica, pelo que, no ano seguinte, troca a Escola do Campo de Santana pela Faculdade de Letras de Lisboa, então situada no antigo Convento de Jesus.

1945
Por essa altura é retratado por Pedro Leitão e pela pintora Inês Guerreiro, dois grandes amigos da família.  

1946
Cumpre o serviço militar na Póvoa do Varzim, com a categoria de oficial miliciano. Faz a tropa consigo, um grupo de amigos que nunca perderá de vista entre os quais um futuro cunhado, o Manim Roquette.

Inscreve-se como sócio do Sport Lisboa e Benfica, por influência de um grande amigo, Duarte Borges Coutinho, Marquês da Praia e Monforte, que virá a dirigir o Clube. Tornar-se-á feroz adepto dos lampiões.

Aceita o seu primeiro emprego, parcamente remunerado, como chefe da Secção de Propaganda e de Turismo dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Lisboa.  

Durante o início dos anos quarenta, devido à posição dos seus pais, o escritor vive uma intensa vida mundana, frequentando as festas e os clubes da melhor sociedade lisboeta e cascaiense

1947
Publica artigos de crítica em jornais e revistas que reúne num volume que intitula Modernos de Ontem e de Hoje em cujo prefácio escreve com a simplicidade e humildade de sempre, “Estreio-me na vida literária da pior maneira – escrevendo sobre literatura. Eu, que não tenho uma obra, que publico o meu primeiro livro, que inicio um caminho, que sou novo em experiência e em idade, estreio-me, criticando as obras dos outros….” e, mais à frente “ Peço desculpa da ousadia. Ousadia dos vinte anos. Ousadia que, possivelmente, eu próprio, daqui a vinte anos, não saberei perdoar”.

Conclui a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Faculdade de Letras de Lisboa, com uma dissertação sobre a arquitectura portuguesa, que, mais tarde, viria a constituir a base da sua Introdução a uma Estética Existencial, publicado em 1954. A sua personalidade e o seu temperamento estão, por esta idade, consolidados. É uma presença amável e bem-humorada, disponível para os outros e absolutamente incapaz de cinismo ou de vileza.  

Fernanda de Castro dirige, então, a Associação Nacional de Parques Infantis e uma das suas colaboradoras prende a atenção de António Quadros: Paulina Roquette, filha dos Viscondes da Fonte Bôa, uma das maiores belezas do seu tempo.

António Quadros que já tivera dois namoros, considera uma sorte que Paulina, ou Pó como é conhecida, acabasse de romper um noivado de sete anos com um futuro médico. A família da Pó, muito conservadora, começa por demonstrar uma certa reserva em relação ao namoro e à perspectiva da eventual união a uma família de artistas. No entanto, a delicada e discreta presença do escritor, o seu trato afável e a sua precoce e invulgar cultura, acabam por conquistar toda a família. No dia 3 de Dezembro de 1947, organiza com os grandes amigos de então: Guinho Bettencourt, Luís Praia, João Carvalhosa e António Ficalho, a sua festa de despedida de solteiro no restaurante Machado, em Lisboa.

Casa em Lisboa, no dia 8 de Dezembro de 1947, dia da Imaculada Conceição e, também, do aniversário de Fernanda de Castro, sob o olhar de Santa Teresinha do Menino Jesus, cujo santuário – a Igreja das Mercês – patroniza. Preside ao matrimónio, um primo, o Padre Pedro Gambôa.

Os noivos passam a noite de núpcias na pousada de S. Brás de Alportel, seguindo depois para Sevilha, que se tornará, por devoção e tradição, a cidade dilecta do casal.

Do casamento, que vence todas as crises e durará 50 anos, nascem seis filhos e vingam três: António Duarte Roquette de Quadros Ferro (1952) que seguirá as pisadas do pai como Director-Geral do IADE, Ana Mafalda Roquette de Quadros Ferro (1953), que continuará a obra da avó nos Parques Infantis, virá a integrar o Conselho de Administração do IADE e a criar a Fundação António Quadros – Cultura e Pensamento e, Rita Maria Roquette de Quadros Ferro (1955), que com os seus romances iniciará uma terceira geração de escritores da Família Ferro.

A Pó  é recebida na família por Fernanda de Castro, de braços abertos e encontra em António Ferro o pai que perdera aos 14 anos.

1948
A tragédia de dois filhos perdidos, no começo da vida, ensombra o casal e António Quadros cumpre a promessa de fazer uma peregrinação a pé, a Fátima.  

António Ferro, ausente na Suíça, é contactado pela Casa de Saúde Alemã  para experimentar a alegria de ouvir, no choro do neto o seu primeiro sinal de vida.

Em solteiro, passa longos períodos de férias na Quinta da Marinha, onde sua mãe, Fernanda de Castro aluga, 15 anos consecutivos, a casa que aloja ainda hoje, o clube do empreendimento. Depois de casado, varia entre Cascais, Praia da Granja, Praia das Maçãs e Algarve. No Algarve alterna entre Alporchinhos (Armação de Pêra, uma casa típica também alugada por sua mãe e, a Quinta da Balaia, propriedade de dois cunhados.  

António Quadros é excelente tenista e joga durante toda a vida, ganhando, juntamente com o filho, múltiplos torneios de pares. Sam, o cartoonista é um dos seus primeiros parceiros da juventude.

Ainda como aluno da Faculdade de Letras de Lisboa inicia-se nas lides literárias e, entre os pensadores portugueses, é na figura de Delfim Santos que encontra o seu primeiro mestre.

1949
Publica um livro de poesia: Além da Noite, dedicado «À minha mãe, ao meu pai e à minha mulher, três poetas da minha poesia».

1950
Inicia o convívio com Álvaro Ribeiro e José Marinho, ambos discípulos de Leonardo Coimbra, e que, com este, formam, na sua opinião, «o triângulo estruturante da escola filosófica portuguesa no século XX». Assim, começa a frequentar a tertúlia que os dois filósofos portuenses mantêm na velha Brasileira do Rossio, e por onde passaram, ao longo do tempo, figuras cimeiras da cultura portuguesa contemporânea, como, por exemplo, Almada Negreiros, António Duarte, Cândido da Costa Pinto, Jorge de Sena, José Blanc de Portugal, Eudoro de Sousa, Sant’Ana Dionísio, Amorim de Carvalho, José Osório de Oliveira, Pedro de Moura e Sá, Carlos Queiroz, Domingos Monteiro, Francisco da Cunha Leão, Rui Cinatti e Natália Correia. Este convívio será determinante para a estruturação do seu Pensamento e da sua Obra.

Os seus interesses estéticos alargam-se, igualmente, ao dominio do bailado, escrevendo críticas e chegando a ser autor, em parceria com o seu irmão, de um programa semanal na Emissora Nacional.

António Quadros, que adopta este apelido para assumir uma personalidade literária distinta da de seus pais, usa vários pseudónimos; entre eles, o de Rui Bandeira (?), como crítico de artes plásticas para o jornal O Século Ilustrado e para a Rádio Renascença, bem como para outras colaborações esparsas, e ainda o de Paulo Roquette, inspirado num dos apelidos da mulher, com que assina, no princípio de carreira, artigos associados à tauromaquia e aos Parques Infantis de sua mãe.