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Fundação António Quadros
Biografia Imprimir e-mail

 Autores 
Biografia
1895 - 1916
1917 - 1923
1924 - 1931
1932 - 1938
1939 - 1944
1945 - 1949
1950 - 1956
1957 - 1998

1939-1944
Em 1939, lança o primeiro jornal cinematográfico de actualidades, o Jornal Português.

António Ferro é alto comissário dos pavilhões portugueses nas exposições de Nova Iorque, com o tema «O Mundo de Amanhã», e de São Francisco -  este último de muito mais modesta expressão, apoiado pela colónia portuguesa da Califórnia, a que era essencialmente dedicado -, ambos projectados pelo Arq. Jorge Segurado e decorados pela equipa de artistas que já estivera em Paris.

A 19 de Novembro, inauguração do primeiro dos postos de turismo fronteiriços, o de Vilar Formoso.

Um mês depois, realiza um empreendimento que lhe granjeia popularidade e simpatias: organizada pelo S.P.N, distribui, na consoada, uma ceia de Natal para 6000 pobres de Lisboa.  

Ainda em Dezembro, faz embarcar para Londres um grupo de pauliteiros de Miranda, a bordo das Astúrias, a fim de tomar parte num grande certame de danças populares, que se realiza no Albert Hall.  

Secretário-Geral dos Centenários da Independência e da Restauração, em 1940, António Ferro é-o também na grandiosa Exposição do Mundo Português, colorário da sua «Política do Espírito», para qual se disponibilizou um orçamento de 35 mil contos e uma área de 560 mil metros quadrados, na zona de Belém, com a realização de 10 congressos independentes, onde intervêm 231 historiadores portugueses e 121 estrangeiros, se promovem marchas populares, récitas de gala e exposições de cartografia, se inaugura o Estádio Nacional e da Fonte da Alameda Afonso Henriques, se amplia o Museu de Arte Antiga e se incia a construção da gare-marítima, da gare fluvial, da auto-estrada e do viaduto que viria a receber o nome de Duarte Pacheco, do Bairro de Alvalade, da Avenida do Aeroporto e do Bairro do Restelo. Promovem-se ainda muitos outros eventos, como a organização da Semana Olímpica e a reabertura do Teatro de São Carlos com os bailados Verde Gaio. No encerramento, é promovida uma peregrinação popular aos lugares históricos da Restauração. Entre 23 de Junho, data da sua abertura, e 2 de Dezembro, data do seu encerramento, a Exposição do Mundo Português recebeu 3 milhões de visitantes. A realização do programa da exposição foi entregue a Cottinelli Telmo, que contou com a colaboração de 12 arquitectos, 20 escultores, e mais de 40 pintores modernos.

Constituídas por um arquitecto, um decorador e um funcionário do Turismo, cria as Brigadas de Turismo, com a intenção de melhorar as pensões e hotéis do País.

A 16 de Agosto deste ano é inaugurada a primeira estalagem de turismo, a Estalagem do Lidador, em Óbidos.

A 8 de Novembro, realiza-se a primeira apresentação, no Teatro da Trindade, do Grupo de Bailados Verde Gaio, que António Ferro imaginou segundo o modelo dos Bailados Russos, de Diaghilev, embora mais num sentido de expressão da cultura popular portuguesa e do «movimento renovador», orientado para a «educação do gosto».

Inauguração dos Concursos de Montras, organizados pelo S.P.N.

Iniciam-se em 1941 os Concursos de Estações Floridas, também de sua iniciativa.

É neste ano, também, que funda o Círculo Eça de Queiroz, no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, na qualidade de um clube exclusivo a sócios, onde, até hoje, se promovem importantes eventos de cariz cultural e literário.

Publica Homens e Multidões, em que reúne uma selecção das suas crónicas e entrevistas inéditas em livro e publicadas na imprensa entre 1926 e 1938. O livro inclui entrevistas e reportagens sobre Franz Lehar, Lloyd George, o rei Afonso XIII de Espanha, a rainha Maria da Roménia, Primo de Rivera, Leopoldo III da Bélgica, o Papa Pio XI, Mussolini e Salazar.

É também neste ano que é nomeado Presidente da Emissora Nacional.  

Desloca-se ao Brasil onde, juntamente com Lourival Fontes, assina o I Acordo Cultural Luso-Brasileiro, de que resultarão, entre outras consequências, a publicação da revista luso-brasileira Atlântico e a criação de uma Secção Brasileira no S.P.N., que se entregará a uma intensa actividade. Na sequência desta visita, profere um ciclo de conferências em vários organismos culturais do Rio de Janeiro e de São Paulo, inaugurando também a Exposição do Livro Português no Rio, e a livraria Livros de Portugal, na mesma cidade.

No âmbito da Emissora Nacional, cria o Gabinete de Estudos Musicais, as Festas da Rádio, o Programa da Manhã, etc.

Em 1942, sob a direcção portuguesa do crítico José Osório de Oliveira, incia-se a publicação da revista Atlântico, que visa estreitar os laços entre o Brasil e Portugal, com um naipe de colaboradores ilustres: Vitorino Nemésio, Aquilino Ribeiro, Endero de Sousa, António José Brandão, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Álvaro Ribeiro, etc. A revista publicar-se-á até 1950.

Ao inaugurar a 10 de Abril a primeira Pousada, a de Elvas, apresenta o plano das Pousadas de Turismo e define os seus critérios: gastronomia regional, mobiliário português, atendimento personalizado, preços módicos. Sucessivamente, de 1942 a 1948, inauguraria a de S. Gonçalo, na serra do Marão, a de Sto. António – Serém, no vale do Vouga, a de S. Martinho, em S. Martinho do Porto; a de São Brás de Alportel, no Algarve; a de Santiago, em Santiago do Cacém; a de S. Lourenço, na Serra da Estrela. O êxito do empreendimento chega até aos nossos dias.

Em 1943, lança  Panorama, Revista de Arte e Turismo, publicada pelo S.P.N., com direcção literária do poeta Carlos Queirós e artística do pintor Bernardo Marques.

Promove ainda, com grande êxito, uma exposição de arte popular em Madrid.  

O Verde Gaio estreia no Teatro de S. Carlos o bailado Dom Sebastião, de cujo argumento é o autor. A música é de Ruy Coelho, a coreografia de Francis e os cenários de Carlos Botelho e de Milly Possoz. Em Dezembro, estreia-se no mesmo teatro o bailado Imagens da Terra e do Mar, com argumento também seu, música de Frederico de Freitas, coreografia de Francis e cenário e figurinos de Paulo Ferreira.

A 26 de Outubro de 1944, o Secretariado de Propaganda Nacional, S.P.N., é remodelado, passando a intitular-se, sempre sob sua direcção, Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, S.N.I, alargando assim o seu campo de actividade e os seus meios de acção.  

António Ferro profere nova conferência, invocando não apenas os primeiros dez anos de intensa actividade, como a forma como respondeu, com a imaginação e os recursos possíveis, às directrizes de Salazar: Seja verdadeiro! Proteja o espírito! Defenda o essencial! Não gaste muito! E lembra, nessa ocasião, a forma como respondeu a um amigo que quis desencorajá-lo a aceitar a pasta do S.P.N.: «Desista. A sua nomeação vai ser mal recebida. É capaz de provocar uma revolução….» Ao que ele respondeu: «Não me julgo tão importante.»   

Pedro Tavares Ferro, seu irmão, colabora com ele nesta fase.
   
Retoma a sua obra com a criação dos Prémios Cinematográficos do S.N.I., o «Grande Prémio», o «Prémio Paz dos Reis» e os «Prémios de Interpretação».