Manuel Tânger Corrêa (1913 / 1975) VIDA E OBRA, por Mafalda Ferro I – VIDA 1882 Zélia de Medeiros Tânger [da Cunha Corrêa] (mãe de Manuel Tânger Corrêa) nasce na Horta, Ilha do Faial, Açores, filha de José Cristino Tânger e de Maria Adelaide da Silva Tânger, ambos nascidos na Horta. 1886 António da Cunha Corrêa (pai de Manuel Tânger Corrêa) nasce na Horta, ilha do Faial, Açores, filho de António Francisco Cunha Corrêa e de Filomena Cunha Corrêa. Com 28 anos, a 7 de Setembro de 1914, casado com Zélia de Medeiros Tânger da Cunha Corrêa, residente na ilha das Flores, é aprovado no exame para Arrais de embarcações. 1913 Manuel Tânger Corrêa, ilhéu de sete costados, nasce no dia 24 de Outubro, concelho e freguesia de Santa Cruz das Flores, Açores, filho de António da Cunha Corrêa, amanuense da Câmara Municipal e funcionário dos «Correios, Telefones e Telégrafos» e de Zélia Tânger Corrêa, doméstica, ambos naturais da cidade da Horta, ilha do Faial. Utiliza até ao fim da vida o último apelido da mãe e o do pai (com a grafia original). Tem 4 irmãos que, adaptando o «Corrêa» à escrita moderna, utilizam apenas os apelidos do pai "Cunha Correia": - António da Cunha Correia Júnior, filho mais velho (Matriz da Horta, 25 de Agosto de 1912 / Rio de Janeiro, 18 de Março de 1992), poeta, jornalista, crítico literário no Rio de Janeiro onde desempenha as funções de Secretário Burocrático do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e trabalha nas Legações de Haia e Nova Deli e nas Embaixadas de Karachi (Paquistão) e do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores e directores do jornal Mocidade Académica, quinzenário do Liceu Manuel de Arriaga. Escreveu vários livros em poesia e prosa, dos quais se destaca: Musa incipiente (1934), Rústicos (1935), Pó (1936), Planeta Caos (1936), Ilhas Maravilhosas (1940), Via Láctea (1941), Trovas do meu Bailado (1957), Bazar de Miniaturas (1959), e ainda Sonetos, Dois poemas sem rumo, Cantigas de embalar, Crónicas de longe e de perto, O Crime dos Baldios, O Verão há-de chegar e a opereta Manta de Retalhos levada à cena na cidade da Horta. António da Cunha Correia Júnior casou, em Goa, a 12 de Janeiro de 1945, com D. Maria Eulinda Beatriz da Piedade Reis e foi pai de Mário Reis Correia, de Ricardo Reis da Cunha Correia, de Carlos Reis da Cunha Correia e de Fátima Reis Correia, os dois primeiros nascidos em Nova Deli (União Indiana) e os outros em Karachi (Paquistão). - Raul Tânger da Cunha Correia foi oficial do Exército e, tal como seu tio materno Manuel de Medeiros Tânger, foi presidente da direcção do Fayal Sport Clube. - Mário Tânger da Cunha Correia foi guarda-livros numa importante empresa em Moçambique. - Humberto Tânger da Cunha Correia foi tesoureiro da Câmara Municipal da Beira e casou com Maria Eduarda (?). 1926/1936 Manuel Tânger Corrêa frequentou a Instrução Secundária com o n.º 503, no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, terminando aprovado com distinção (16 valores) no dia 16 de Janeiro de 1936. Durante esta década, integrando o Grupo Dramático do Liceu Manuel de Arriaga, participou com seus irmãos António e Mário, com os amigos Marta Luísa Morisson, Dulce Correia, Francisco Silveira Amaral e com Manuel Lucas Goulart (o ponto), na representação apoteótica, colossal e hilariante da comédia em 3 actos «As Cerejas» dedicada ao Reitor e aos professores do liceu. A representação do Teatro Faialense repetiu-se quatro vezes em S. Miguel. 1934 O Ministério da Guerra atribuiu-lhe a isenção condicional do Serviço Militar quando ainda frequentava o Ensino Secundário. 1935/1946 O seu amor ao teatro nasce em 1935 quando, estudante do liceu em Lisboa, participa entusiasmadamente desde a primeira hora nas actividades cénicas do recém-criado Grupo de Teatro do «Angústias Atlético Club». Durante os meses da temporada teatral do Atlético (Agosto e Setembro), finalista do 6.º ano do Liceu Passos Manuel, desloca-se e instala-se no Faial para integrar o elenco do grupo, mas, como, então, a família residia em Lisboa e não tinha casa própria nos Açores, vai aceitando convites para ficar em casa de amigos. Mais tarde, depois de o «Atlético» ter uma sede, passaria a usufruir de um quarto mobilado que lhe era expressamente destinado. O primeiro espectáculo (15 de Setembro de 1935) leva à cena as comédias «Educação Inglesa», «Os Inquilinos do Sr. Zacarias» e um acto de variedades; o último apresenta a peça em três actos «Situação Complicada» (15 de Agosto de 1946). Enquanto continua a dar explicações a alunos de anos inferiores ao seu, vai-se preparando para os exames de aptidão às Faculdades de Letras e de Direito e assume a responsabilidade de sustentar e educar dois dos irmãos mais novos.Entre os seus explicandos estavam os filhos do dono da casa que, em troca lhe facultavam alojamento gratuito para si e para os seus irmãos. 1936/1940 Ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que frequenta desde o dia 10 de Outubro de 1936 até ao final do ano lectivo de 1940/1941. 1937 Adapta para a RTP, em emissão a 3 de Junho de 1937, «O Preço da Glória», comédia em um acto de Georges de Wissant, realizada por Nuno Fradique. Conforme noticiado a 1 de Outubro de 1937 no Correio da Horta, n.º 1660 – Ano VII, o Grupo Dramático do «Angústias Atlético Club» organizou uma festa em sua honra. 1939 Portugal vivia então em pleno surto de tuberculose cujo tratamento se limitava ao isolamento e à prevenção. No dia 23 de Maio, necessitando urgentemente de trabalhar, MTC solicita ao seu médico, Dr. Goulart de Medeiros, que lhe passe um certificado também assinado pelo Delegado de Saúde de Lisboa atestando que não sofre de doença contagiosa, particularmente de tuberculose evolutiva, e que tem a robustez física necessária para o desempenho de funções públicas de escrivão intérprete de 1.ª classe do quadro do pessoal auxiliar da Inspecção de Sanidade Marítima do porto de Lisboa. No mesmo dia, com igual objectivo, arranjar emprego, declara por escrito que está integrado na ordem social estabelecia pela Constituição Política de 1933 com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas. 1942 Segundo relata o seu grande amigo José da Silva Peixoto, sofrendo com a má vontade de um dos professores do curso de Direito, opta pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 1944 A 4 de Janeiro assina um manuscrito de ditos e pensamentos, em francês, a que chama «Un Rêve d'un Rêveur». 1945 Escreve a peça de teatro em 3 actos «Sempre e Nunca», que permanece inédita. No dia 31 de Maio, no Teatro do Ginásio da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, participa na Semana da «Queima das Fitas», interpretando o "Gebo" na peça de teatro de Raul Brandão, «O Gebo e a Sombra». 1946 Enquanto estudante na Faculdade de Letras, pensa, funda, escreve os estatutos e dirige o teatro universitário, criando o 1.º grupo de teatro experimental português que intitula «Grupo de Teatro Moderno», assumindo-se como principal intérprete em peças de autores consagrados como Raul Brandão, Miguel Torga, José Régio ou Garcia Lorca. Entusiastas desde o início, seguem-no os seus colegas Abel Flórido, Joaquim Serra, António Almodôvar, Madalena Núncio de Carvalho, Fernando Alves Soromenho, Luís de Sousa Rebelo, Rogério Boa-Alma, Dulce Rebelo e Artur Nobre de Gusmão. Os cenários são de Guilherme Filipe e António Dacosta. A presidência, a seu convite, é assumida por Delfim Santos. Em Abril, Maio e Julho, o «Grupo de Teatro Moderno» actua em várias salas de teatro, representando peças de teatro interpretadas por Manuel Tânger Corrêa e por Maria Germana Tânger: · 22.04.1946, Teatro do Ginásio – «O Mar», de Miguel Torga, e «O Doido e a Morte», de Raul Brandão; · 03.05.1946, Teatro Luísa Todi, em Setúbal – com o mesmo programa; · 10.05.1946, Teatro do Ginásio – com o mesmo programa acrescido da peça «Judas» de António Patrício; · Em Julho, «Casa das Beiras», em colaboração com o Conservatório Nacional – homenagem a Carlos de Sousa. Em Maio, apresenta o seu trabalho, manuscrito em 54 fólios, para a Cadeira de Estudos Camonianos dirigida por Vitorino Nemésio na Faculdade de Letras, ano lectivo de 1945-1946, que intitula «Visão Caleidoscópica de Camões». A 13 de Dezembro, redige e apresenta o «Relatório da direcção do Grupo de Teatro Moderno da Faculdade de Letras de Lisboa» à Administração da Faculdade de Letras; relatório de actividades desse ano com rasgados agradecimentos e elogios aos colegas colaboradores durante esse ano (Madalena Núncio de Carvalho, Maria Rafaela Saldanha, Maria Cândida Ferreira, Dulce Rebelo, Maria da Soledade Freire, Manuel Moreno Gomes, Rogério Boa-Alma, José Pisani Burnay, Camilo Solevinho), ao ensaiador, o Prof. Carlos de Sousa, e ao Professor Delfim Santos, presidente do Grupo (figura que desde a primeira hora incerta foi como que o nosso pai espiritual e advogado devotado, o nosso animador [PT/FAQ/AFC/15/00216]). Termina o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa com 15 valores, destacando-se especialmente em Latim, Francês, Literatura Portuguesa, Filologia Portuguesa, apresentando a sua tese sobre António Patrício. 1947 Como referido em A Ilha, n.º 784, de 12 de Abril de 1947, o Grupo de Teatro Moderno leva à cena nos Açores, em absoluta estreia, «Yerma», peça em 3 actos e 6 quadros de Frederico Garcia Lorca, traduzida por Cecília Meireles. Manuel Tânger Corrêa e Maria Germana Dias Moreira integram o elenco. No mesmo dia, é entrevistado pelo «Correio do Ribatejo» sobre o Teatro Moderno, o seu elenco e os colaboradores. No dia 18 de Abril, no âmbito do intercâmbio luso-britânico, profere no Grémio Literário [A Voz, n.º 7217] a conferência «Evolução do teatro desde a Grécia até aos nossos dias». No dia 21 de Abril de 1947, o «Grupo do Teatro Moderno» realiza um espectáculo a favor da Sociedade Filantrópico-Académica de Coimbra, no Teatro Avenida de Coimbra, no qual participam, entre outros, Manuel Tânger Corrêa e a sua noiva Maria Germana Dias Moreira. O espectáculo é apresentado por Paulo Quintela e os cenários são dos pintores Guilherme Filipe e António Dacosta. No dia 22 de Abril de 1947, o «Grupo do Teatro Moderno» actua no Teatro Rosa Damasceno em Santarém, levando à cena «Mar», de Miguel Torga, e «O Doido e a Morte», de Raul Brandão. No dia 23 de Abril, o Diário de Coimbra publica «A visita do teatro de estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa: Madalena Núncio confia-nos as suas impressões». A 1 de Julho, Manuel Tânger Corrêa é admitido na Caixa de Previdência dos Empregados de Escritório do Distrito de Lisboa para o seu primeiro emprego. 1948 A 30 de Março, inscreve-se (sócio n.º 30797) na Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), onde permanece até cerca de 1950. A 29 de Julho, inscreve-se (sócio n.º 17531), no Sindicato Nacional dos Empregados de Escritório do Distrito de Lisboa. Em Lisboa, ensina Português, Francês, Inglês e Direito Comercial na Academia Internacional de Ensino por Correspondência, no Instituto Lusitano de Comércio e no Liceu D. João de Castro. No dia 31 de Julho desse ano, casa com Maria Germana Dias da Silva Moreira que viria a destacar-se como actriz, encenadora, professora de dicção, colaboradora na RDP e na RTP e grande divulgadora por todo o mundo dos grandes poetas e prosadores portugueses utilizando o nome de Maria Germana Tânger. 1949 No dia 20 de Junho, Manuel Tânger Corrêa presta provas para actor e é aprovado, juntamente com Isabel de Castro e Jacinto Ramos, conforme referido dois dias depois em A Voz, no artigo «Exames para actores profissionais no Conservatório Nacional». 1950 No dia 28 de Março, conforme anúncio publicado no Diário de Lisboa, n.º 9810, de dia 24, Manuel Tânger Corrêa comenta nas «Terças-feiras clássicas do Tivoli» «Henrique V», de Lawrence Olivier e de Shakespeare. 1951 Com 37 anos, a 10 de Agosto, Manuel Tânger Corrêa ainda trabalha em Lisboa como chefe dos serviços externos da Caixa de Previdência dos Transportes Automóveis, quando decide mudar o rumo da sua vida. Solicita, por isso, um «atestado de bom comportamento moral e civíl para efeitos de exame de admissão a estágio do Ensino Técnico e Profissional». Continuando a frequentar o curso do Conservatório Nacional, conclui a licenciatura em Filologia Românica, apresentando e defendendo a tese intitulada “António Patrício, poeta trágico”. Faz crítica literária na imprensa de Lisboa e é professor do liceu. Terminado o curso, candidata-se a Leitor de Português em França, em resposta a um anúncio para Leitores de Português em França, Espanha e Itália. É aceite e, no dia 1 de Novembro, inicia funções como Leitor de Português na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Poitiers, correspondendo-se quase diariamente com A. Medeiros-Gouveia, Secretário do Instituto de Alta Cultura, do Ministério da Educação Nacional em Lisboa. É eleito Presidente de Honra do Ateneu Franco-Ibérico de Poitiers. Residia então sozinho em Poitiers, na Rue de la Tranchée, n.º 6 mas, em Dezembro, desloca-se a Portugal para passar o Natal com a mulher que espera um filho seu. 1952 No dia 24 de Abril, nasce em Lisboa, São Sebastião da Pedreira, o seu filho António Manuel Moreira Tânger Corrêa. Regressa a França e continua a leccionar como Leitor de Português na Universidade de Poitiers. No dia 4 de Setembro, de férias em Portugal, no Cine-Teatro da Caixa Recreativa do Sanatório Jerónimo de Lacerda, interpreta o Sr. Milhões numa peça de Raul Brandão, parte do espectáculo de teatro e variedades levado a efeito pelos doentes do Sanatório de Santa Maria. 1953/1955 Continua a desempenhar as suas funções enquanto Leitor de Português na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Poitiers. A 30 de Setembro de 1953, adere ao Sindicato Nacional dos Professores de Ensino Particular (sócio n.º 3537) como Professor de Ensino Técnico, licenciado em Românicas. 1955 A 31 de Outubro, regressa a França para assumir o cargo de Leitor de Português no Instituto Católico de Paris. Corresponde-se quase diariamente com A. Medeiros-Gouveia, Secretário do Instituto de Alta Cultura, do Ministério da Educação Nacional em Lisboa. Em Paris, escreve “Mallarmé e Fernando Pessoa através do ‘Corvo’ de Edgar Allan Poe” cujo original assina MT/MG, mas que viria a publicar e a assinar apenas com o seu nome no Rio de Janeiro, em 1968. No sábado, 5 de Dezembro de 1955, participa na sessão inaugural dos cursos sobre Estudos Portugueses a realizar todos os sábados, no Centro de Estudos e investigações Ibero-Americanas do Instituto Católico de Paris, Faculdade de Letras. 1956 A partir de 14 de Janeiro de 1956, ministra, todos os sábados, no Centro de Estudos e investigações Ibero-Americanas do Instituto Católico de Paris, Faculdade de Letras, o curso «Estudos Portugueses: cadeira sobre Padre António Vieira». Regressa a Paris a 9 de Setembro para continuar a assumir o cargo de Leitor de Português na Universidade Católica de Paris mas, a 30 de Novembro, é informado por A. Medeiros-Gouveia do Instituto de Alta Cultura de que «A direcção, na sua última reunião, resolveu dar por finda a sua missão no Instituto Católico de Paris». Ainda em Paris, colabora em programas da Radiodiffusion Télévision Française para Portugal. Esta colaboração continua, mesmo depois do seu regresso a Portugal, até 1966. Em Portugal, no dia 20 de Novembro, realiza a conferência «Moderna Poesia Portuguesa» acompanhado por récita de Maria Germana Tânger, no Centro Nacional de Cultura. Em Dezembro, nos primórdios da Televisão em Portugal (1956), é convidado para assumir a primeira direcção de programas da RTP, funções em que – conforme salientou o matutino O Século - a despeito do interesse e carinhoso apoio que dispensou ao Teatro e aos artistas, não deixou de sofrer – pelo seu espírito independente, contrariedades e perseguições que o abalaram profundamente. 1957 Continua a colaborar com a Radiodiffusion Télévision Française e, também, a dirigir os programas da RTP. 1958 Adapta pequenas peças em 1 acto para emissão na RTP como «Um segredo que toda a gente sabe», de Alexandre Casona; «Meu Filho», comédia de Pierre Didier (emitida a 9 de Julho); «Realidade da Fantasia», de Claude Gével. Traduz, também para emissão na RTP, do francês para português (tradução francesa de Li Tche-Houa e Robert Ruhlmann) a tragédia chinesa «O adeus à favorita» e a peça em 3 actos «Noite sem madrugada», de Thierry Maulnier 1959 A 19 de Maio, enquanto sócio n.º 1584 do Sindicato Nacional dos Profissionais de Telecomunicações e Radiodifusão, tem a categoria Profissional de «Chefe da Secção de Informação e Arquivo / Radiodifusão». A sua mulher oferece-lhe um exemplar da «Ode Marítima» de Álvaro de Campos, com a dedicatória manuscrita: «Manuel, não sei se teria sido capaz de dizer esta Ode sem o teu apoio, sem a tua inteligência, sem o teu carinhoso e constante amparo. Maria Germana, 30 de Novembro de 1959». 1960 Lecciona em Lisboa no Liceu Camões (secção de Alvalade), «Francês», «Ciências Geográfico-Naturais» e «Língua e História Pátria». No dia 5 de Junho, o seu filho faz a 1.ª Comunhão no Palácio de Queluz. A Revista «Ocidente» publica António Patrício (poeta trágico). Ensaio, de sua autoria. No dia 27 de Dezembro, em sessão da Assembleia-geral da Casa dos Açores presidida por Abel de Abreu Sotto Mayor, é eleito Vice-Presidente da direcção da Instituição, facto de que é informado por carta dois dias depois. Consultor Literário da revista técnica Electricidade, desde a sua fundação e, posteriormente, sócio honorário, publica, no n.º 13, Janeiro/Março de 1960, p. 44, da revista, o seu texto «Evolução da Ciência». 1961 Lecciona em Lisboa no Liceu Camões (secção de Alvalade) «Língua e História Pátria». 1962 Residindo na Av. Eng.º Duarte Pacheco, 1, com graves problemas de saúde, é internado no Hospital de Santa Maria de 11 de Julho até 29 de Setembro, sendo obrigado a ausentar-se da RTP até 1964. Entretanto, o cargo que ocupava é extinto. 1963 No dia 5 de Abril, é internado no Caramulo (Estância Senatorial do Caramulo) com tuberculose pulmonar. No dia 26 de Maio, o seu filho faz a Comunhão Solene e Crisma no Colégio Manuel Bernardes e, com grande pena sua, não pode acompanhar o filho. Adquire com sua mulher, a prestações, uma moradia no Bairro das Casas Económicas de Queluz, dois andares, 12 divisões e quintal por 414 contos, assinando o contrato no dia 31 de Maio. 1964 Em Março, no Caramulo, é declarado completamente curado e recebe alta. De volta à RTP, continua a aguardar uma decisão por parte da RTP sobre a sua situação profissional. Ainda sem resposta, candidata-se ao cargo de Director-geral da RTP, recentemente vago, mas é encarregado (provisoriamente) de organizar um serviço Literário e Artístico. Desde Julho, a convite de José Solari Allegro, assume a direcção de um programa semanal (domingos) da Emissora Nacional intitulado «Música e Poesia» no âmbito do qual assina e apresenta um «Curso de Literatura Portuguesa» com os seguintes capítulos: «Do Século XII ao Século XVII»; «Século XVIII»; «Século XIX | Romantismo e Ultra-Romantismo»; «Século XIX | Realistas e Parnasianos»; «Século XIX | Simbolismo»; «Século XIX | Saudosismo»; «Século XIX | Outros Poetas de Inspiração Nacional»; «Século XIX | Orfeu [Orpheu]». 1965 Enquanto sua mulher e seu filho estão em Paris, permanece em Queluz e escreve os primeiros 24 guiões (1/24) para os programas radiofónicos de sua autoria, «Música e Poesia», que apresenta na Emissora Nacional entre 21 de Julho e 29 de Dezembro de 1965, com interpretações alternadas de Carmen Dolores, Lurdes Norberto, Manuel Lerena, Maria Germana Tânger, Pedro Pinheiro, Maria Júlia, Carmo Lopes, Norberto Barroca, Maria Armanda, Costa Guerra, Laura Soveral, Ana de Sá, Leonor Poeira, Maria do Carmo Ribeiro, Fernando Franco, Jorge Vale e José de Raimond sobre (por esta ordem): «O Século XVIII – Os pré-românticos»; «Bocage – Aspectos de uma psico-estética»; «O Século XVII – A Poesia como mero entretenimento»; «António Patrício – Aspectos de uma psico-estética»; «O Século XV – O 'Cancioneiro-Geral' de Garcia de Resende»; «Cesário Verde – O poeta da naturalidade»; «Do Século XII ao Século XIV – domínio literário do galego-português em toda a península»; «Camilo Pessanha – Aspectos de uma psico-estética»; «Século XVI – O apogeu da literatura portuguesa»; «António Nobre – Aspectos de uma psico-estética»; «O Século XIX – Primeiro Período: O Romantismo»; «Camões Lírico»; «O Romantismo Português»; «Mário de Sá-Carneiro – Aspectos de uma psico-estética»; «António Feliciano de Castilho – Mestre do Ultra-Romantismo»; «O Ultra-Romantismo – Soares de Passos e João de Lemos»; «O Século XIX – Segundo Período – O Realismo»; «Antero de Quental – Aspectos de uma psico-estética»; «O Ultra-Romantismo – Maria Browne, Mendes Leal e Alexandre Braga»; «Gil Vicente – precursor do teatro europeu moderno»; «Nossa Senhora na Poesia Portuguesa»; «Olavo Bilac – O mais lusitano dos poetas brasileiros»; «O Ultra-Romantismo – Luís Augusto Palmeirim, Gomes de Amorim e Pereira da Cunha»; «O Parnasianismo – João Penha e Gonçalves Crespo». 1966 Em Agosto de 1966, está de novo internado no Caramulo, enquanto a sua mulher e o filho passam férias nas Azenhas do Mar, na «Casa Branca» da família de Raul Lino, sem nunca deixarem de se corresponder. Escreve mais 50 guiões (25/64) para programas radiofónicos de sua autoria, «Música e Poesia», cuja apresentação retoma na Emissora Nacional a partir de 1 de Maio até 5 de Outubro, com interpretações alternadas de Carmen Dolores, Manuel Lereno, Álvaro Benamor, Manuel Lescano, António Carlos, José de Raimond, Hermínia Tojal, Carlos Santos, Maria Ribeiro Cruz, Norberto Barroca, Maria Germana Tânger, Costa Guerra, Maria Armanda, Catarina Avelar, Pedro Pinheiro, Laura Soveral; realização também alternada por Eduardo Street, Jorge Santos, Castela Esteves, Telles Gomes, João Alves, Gomes Serra; e assistência técnica de Leonel da Silva, Aníbal, Daniel Sanches ou Neves Feijó. Temas: «O Ultra-Romantismo – José Simões Dias, Bulhão Pato e Tomás Ribeiro»; «Realistas e Parnasianos – Manuel Duarte de Almeida, António Feijó e Gomes Leal»; «Guerra Junqueiro – Precursor do nacionalismo saudosista»; «Parnasianos – Fernando Caldeira, António de Azevedo Castelo Branco, Luís Osório e Hamilton de Araújo»; «A 'Mensagem' de Fernando Pessoa», «João de Deus – O maior poeta do Amor» [15 fólios]; «António Fogaça – o poeta d'’As orações do Amor’»; «João Lúcio – um poeta verdadeiramente impressionista»; «José Duro – o poeta que cantou a dor»; «António Sardinha – o poeta da 'Epopeia da Planície' alentejana»; «Guilherme de Faria – Um poeta saudoso de si mesmo»; «Roberto de Mesquita – um poeta simbolista na solidão insular»; Carlos Queiroz – um poeta convergente»; «Augusto Gil – um poeta que o povo adoptou»; «Tomás António Gonzaga – O poeta da Marília de Dirceu»; «Sebastião da Gama – o poeta da alegria de viver»; «Filinto Elísio – O poeta exilado que nunca esqueceu a pátria»; «Alberto Osório de Castro – o poeta do Mundo Português»; «Nicolau Tolentino – O grande humorista do Século XVIII»; «Sá de Miranda – O reformador da Poesia Portuguesa»; «Afonso Duarte – Aspectos de uma psico-estética»; «Cândido Guerreiro – Aspectos de uma psico-estética»; «Camões épico – Os Lusíadas»; «João de Barros – Aspectos de uma psico-estética»; «Mário Beirão – Aspectos de uma psico-estética»; «António Ferreira – O grande trágico do Século XVI»; «Fausto Guedes Teixeira – Aspectos de uma psico-estética»; «Gil Vicente – Um grande poeta lírico»; «António Correia de Oliveira – Aspectos de uma psico-estética»; «Frei Agostinho da Cruz»; «Afonso Lopes Vieira»; «D. Francisco Manuel de Melo»; «Teixeira de Pascoaes»; «Francisco Rodrigues Lobo»; «Florbela»; «Curvo Semedo»; «O Orfeu»; «Fernando Pessoa / Ricardo Reis e Alberto Caeiro»; «Fernando Pessoa / Álvaro de Campos»; realizado por Jorge Alves. No sábado, dia 7 de Maio, durante a «Tarde Literária do Museu João de Deus», profere a palestra «António Patrício – Trágico» acompanhada de leitura de excertos da obra de António Patrício, lidos por Maria Germana Tânger. No dia 16 de Junho de 1966, a convite da Comissão Delegada da «Tábula Rasa» que celebra o seu 27.º aniversário, profere uma palestra sobre Camões ilustrada pelos alunos de «Arte de Dizer» de Maria Germana Tânger, seguida de um jantar comemorativo, sob a presidência de General Luís Augusto Ferreira Martins. A 22 de Setembro, é nomeado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Franco Nogueira, para o cargo de Adjunto do Conselheiro Cultural ou Adido Cultural na Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro. No âmbito das suas funções, dedica-se também a promover entusiasmadamente a literatura portuguesa. No dia 9 de Outubro, é homenageado pelo Cenáculo «Tábula Rasa», com um almoço em sua honra presidido pelo Comendador Júlio Cabral no Salão Nobre da Casa do Alentejo devido à sua recente nomeação para Adjunto do Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, elogio pelo presidente Júlio Navarro Cabral. Estiveram presentes Raul Lino, Ivo Cruz, Natércia Freire, Maria Germana Tânger, Augusto de Castro, Luís de Oliveira Guimarães, Adolfo Simões Müller, Oliva Guerra e muitas outras personalidades ligadas às Artes e às Letras. É nomeado Membro da Associação Brasileira de Educação e, por sua iniciativa, são atribuídas 120 bolsas de estudo para que estudantes brasileiros possam viajar para Portugal. No dia 29 de Novembro, o Correio da Horta publica o artigo «Cunha Correia» sobre Manuel Tânger Corrêa e seus irmãos, António, Mário e Humberto Cunha Correia. A 16 de Dezembro, integra a Comissão Delegada da «Tábula Rasa» para o triénio 1966/1968. Nesse dia, profere uma palestra sobre Gil Vicente ilustrada por Maria Germana Tânger. 1967 Em Fevereiro, o novo Embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, José Manuel Fragoso toma posse. Convidado pela Universidade de Petrópolis, Manuel Tânger Corrêa é autorizado pela Embaixada de Portugal a leccionar a cadeira de Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na Universidade Católica de Petrópolis. Ministra um Curso de Literatura Portuguesa Contemporânea «Do 'Orfeu' aos nossos dias» aos estudantes portugueses no Brasil. O contrato de professor substituto até 28 de Fevereiro de 1968 é assinado entre a Universidade Católica de Petrópolis, representada pelo seu Reitor José Fernandes Veloso, e Manuel Tânger Corrêa por indicação de Germano Müller. Configura o curso apoiando-se no trabalho anteriormente efectuado para os programas radiofónicos de sua autoria, «Música e Poesia», que apresentara semanalmente na Emissora Nacional entre 21 de Julho de 1965 e 5 de Outubro de 1966. Manuel Tânger Corrêa participa na organização do «II Festival Internacional da Canção no Brasil», realizado no Rio de Janeiro, contando com a participação de mais de duas dezenas de países e anunciando a presença do Duo Ouro Negro. No Brasil, é alvo de inúmeras homenagens por entidades das quais se destacam a Universidade Estadual da Paraíba – UEPB (Março); a Casa dos Açores do Rio de Janeiro (3 de Março); Universidade de Petrópolis (22 de Abril); homenagem espontânea dos alunos do Colégio de Santa Isabel: Petrópolis depois da representação da peça «As Pupilas do Senhor Reitor». Manuel Tânger Corrêa sobe ao palco e profere uma palestra sobre a vida e obra de Júlio Diniz. A 10 de Abril de 1967, às 17h., profere uma conferência subordinada ao tema «O Orfeu perante os Movimentos Pós-Românticos» na Associação Brasileira de Educação, tendo ainda recitado algumas poesias. Nessa ocasião, é convidado para sócio da Associação Brasileira de Educação, o primeiro sócio não-brasileiro. Uma honra! Ver O Mundo Português de 10 de Abril de 1967, Rio de Janeiro. No dia 6 de Maio, na Universidade de Petrópolis, Manuel Tânger Corrêa preside à Mesa em que o Professor Ovídio Cunha profere a conferência «Fundamentos Geopolíticos da Comunidade». No dia 11 de Maio, a convite do município, realiza a conferência «Panorâmica da Poesia Portuguesa» em Belo Horizonte. Integra a Mesa de Honra do I Festival de Folclore Português do Guanabara. A 14 de Maio, no Rio de Janeiro, é eleito Sócio Honorário do Orfeão Português. Ainda em Maio, profere na Associação Brasileira de Educação no Rio de Janeiro uma conferência sobre «as principais correntes dominantes na literatura portuguesa do romantismo até ao realismo». No dia 28 de Maio, integra a Comissão de Honra da Festa Luso-Brasileira realizada no Rio de Janeiro em benefício dos Bombeiros Voluntários de Fafe. Em Junho, durante uma visita de cortesia ao Governador do Estado da Guanabara Negrão de Lima, oferece-lhe um volume encadernado da última obra de Ferreira de Castro. Nesse mesmo mês, é internado no hospital da Casa de Portugal devido a uma intoxicação alimentar. No dia 10 de Junho, esteve presente na Mesa de Honra da «Casa das Beiras» comemorando a «Semana de Portugal» e presidiu às mesmas comemorações no Instituto de Estudos Portugueses. Marcou presença no embarque de Maria Teresa Quinta, Maria José Vilar e Adélia Pedrosa, fadistas radicadas no Brasil, rumo a Portugal. No dia 29 de Junho, recebe a visita de sua mãe. No sábado, dia 1 de Julho, o Diário da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara publica o Requerimento n.º 20 de 1967 que, por decisão unânime da Assembleia Legislativa, se «concede o título de cidadão do Estado da Guanabara ao Professor Manuel Tânger Corrêa». A notícia é publicada em todos os jornais brasileiros dos quais se destacam O Globo, Gazeta de Notícias e Mundo Português. No dia 22 de Julho, enquanto orador oficial da sessão solene presidida pelo Embaixador de Portugal, comemorativa do 15.º aniversário da Casa dos Açores no Rio de Janeiro, Manuel Tânger Corrêa é apresentado por Raimundo Canto e Castro Júnior. No dia 12 de Setembro, na Universidade Federal de Minas Gerais, no seu 40.º aniversário, durante a «1.ª Semana de Estudos Portugueses» inserida na «XIII Semana de Intercâmbio Cultural Internacional», Manuel Tânger Corrêa profere, no dia 8, a conferência «Evolução da Poesia Portuguesa, do Orfeu aos nossos dias», e, no dia 6, Maria Germana Tânger dá um recital de Poesia no Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro. No dia 2 de Outubro, durante uma broncografia no Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, Manuel Tânger Corrêa sofre um colapso cardíaco e respiratório. Prontamente socorrido com massagens cardíacas e respiração artificial, recupera, sendo internado no Hospital da Casa de Portugal onde é submetido a uma operação cirúrgica. Regressa a casa, restabelecido, no dia 30 de Novembro. Segundo notícia publicada n' O Globo, no dia seguinte, «Ficou morto durante 10 minutos». Goza dois meses de "baixa" em Lisboa e declara que não mais se submeterá a outra operação. Em Novembro, no âmbito do Curso de Língua e Literatura Portuguesa promovido pela UPEB, «Curso Cultural da UPEB», Evanildo Bechara profere uma conferência no Real Gabinete Português de Leitura e é apresentado por Manuel Tânger Corrêa. Em Dezembro, Manuel Tânger Corrêa e Vanda Estrela organizam o Certame Luso-Brasileiro que escolhe os melhores alunos para conhecer Portugal. A 15 de Dezembro, marca presença com sua mulher na Mesa de Honra do Jantar/cerimónia de instalação do «Elos Club» no Hotel Olifas em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. 1968 Enquanto Académico da «Academia Luso-Brasileira da Cova da Onça», participa na maioria dos almoços temáticos semanais (tertúlias) realizados todas as sextas-feiras no restaurante da Rua do Ouvidor para o qual eram convidadas muitas personalidades, das quais se destaca Adriano Moreira. A 15 de Janeiro, «Lançadas as bases da Universidade Dom João VI, na Guanabara», preside à palestra/debate realizada pelo Prof. Heitor Calmon no Teatro Gil Vicente, Pavilhão de Portugal, subjugada ao tema «A Universidade Moderna e o Papel dos Povos de Língua Portuguesa», promovida pela União Portuguesa dos Estudantes no Brasil e pelo Centro dos Portugueses do Ultramar. Entre 15 e 27 de Janeiro, participa no II Simpósio de Línguas e Literatura Portuguesa realizado na «Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara – Centro Filológico Professor Clóvis Monteiro» e recebe um diploma assinado por Omar Guterres da Silveira, Leodegário A. de Azevedo Filho e Jairo Dias de Carvalho. A 19 de Janeiro, em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, é eleito Sócio Honorário da Academia de Letras do Vale do Paraíba, no ano do jubileu de Urupês, obra de Monteiro Lobato publicada originalmente em 1918 (1918/1968). A 20 de Janeiro, em celebração do aniversário de sua mulher, de visita ao Rio com seu filho, festeja na noite carioca. Em Janeiro, Manuel Tânger Corrêa entrega prémios aos anónimos da GEAD. No dia 3 de Junho de 1968, Manuel Tânger Corrêa realiza a conferência «Mallarmé e Fernando Pessoa perante 'O Corvo' de Edgar Alan Poe» com a colaboração do Prof. Duke Ryan (da Embaixada da América), da actriz Henriette Morineau e de Maria Germana Tânger, que recitaram, à vez, trechos em português, francês e inglês, no Auditório do Palácio da Cultura, Rio de Janeiro, sob organização do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Divisão de Educação Extra-Escolar, Secção de Cultura. No dia 7 de Junho de 1968, Manuel Tânger Corrêa proferiu a conferência «Simbolismo Português», que, organizada pela Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras e pela Casa das Beiras com a colaboração do Mundo Português, foi presidida pelo Cônsul-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Dr. João Pequito. A conferência foi ilustrada por Maria Germana Tânger no âmbito da «Semana de Portugal», de 3 a 10 de Junho. No dia 4 de Julho, em S. Paulo, Manuel Tânger Corrêa profere a conferência «A Poesia Portuguesa – Do Simbolismo ao Modernismo» acompanhado por recital de poesia de Maria Germana Tânger no «Clube Português». No dia 29 de Outubro, acontece o porto de honra e lançamento da obra de Manuel Tânger Corrêa, «Mallarmé e Fernando Pessoa perante 'O Corvo' de Edgar Allan Poe – esboço de literatura comparada», na Casa das Beiras, Rio de Janeiro, cujo texto original escrevera em Paris, em 1955. 1969 Em Outubro, no Rio de Janeiro, publica «A Poesia Portuguesa Medieval», no «Caderno Literário da Revista da 'Casa das Beiras'». A Revista Ocidente publica o seu texto «Em busca de uma estética literária (ensaio)». De 3 a 17 de Julho de 1969, integra a Comissão Organizadora do 1.º Congresso Brasileiro de Língua e Literatura realizado no Rio de Janeiro no Auditório do Instituto de Educação do Estado da Guanabara, dedicado à memória de Tasso da Silveira (1895/1968), e participa com a conferência «Situação Actual da Poesia Portuguesa», ao lado de muitos, dos quais se destaca João Alves das Neves com «Situação Actual do Conto Português». Todas as conferências são publicadas no mesmo ano em «1.º Congresso Brasileiro de Língua e Literatura» pela Sociedade Brasileira da Língua e Literatura. O mesmo texto volta a ser publicado no ano seguinte no Rio de Janeiro em «Situação Actual da Literatura Portuguesa» na colecção de Estudos Universitários, n.º 4. 1970 A 7 de Janeiro rejubila com o término do Curso dos Liceus, 7.º ano, com 15 valores, de seu filho António Manuel Moreira Tânger Corrêa, diploma passado pelo Reitor do Liceu Nacional Padre António Vieira, António Henrique de Araújo Stott Howorth. A 20 de Abril, é-lhe atribuído em Brasília, por decreto de 10 de Abril de 1970, pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Grão-Mestre da Ordem de Rio Branco, o grau de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco. A 31 de Agosto, no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Belas Artes atribui-lhe, pelo seu mérito pessoal e apreço à Nação Portuguesa, o título de Correspondente Cultural, com Honras Académicas nesta Corte Consagratória de Artistas Plásticos, entregando-lhe um diploma assinado pelo General José Venturelli Sobrinho, fundador e primeiro presidente da Academia. 1971 No dia 13 de Agosto, no Rio de Janeiro, escreve a sua mulher, comentando e transcrevendo uma carta de Humberto Delgado que lhe anuncia a sua saída do Ministério. Manuel Tânger Corrêa, à época, desempenhava as funções de cônsul de Portugal em Gijón. 1975 A 20 de Janeiro, Manuel Tânger Corrêa morre de choque traumático em Espanha; o seu corpo, depois de transladado, é sepultado quatro dias depois, no dia 24, no cemitério de Queluz, distrito de Lisboa. Tem 61 anos. II – OBRA Bibliografia activa · Mallarmé e Fernando Pessoa através do "Corvo" de Edgar Allan Poe – esboço de literatura comparada. Rio de Janeiro: Departamento Cultural da Casa das Beiras do Rio de Janeiro, 1968. Nota: Obra escrita em Paris, em 1955. · António Patrício (poeta trágico). Ensaio. Lisboa: Revista «Ocidente», volumes LVI, LVIII, LIXI, 1959/1969. · Em busca de uma estética literária. Lisboa: Revista «Ocidente», volume LXXVI, 1969. · Situação Actual da Literatura Portuguesa. Autoria: Manuel Tânger Corrêa, João Alves das Neves, Leodegário de Azevedo, Fernando Mendonça, António Basílio Rodrigues. Colecção de Estudos Universitáros n.º 4. Rio de Janeiro: Edições Gernasa, 1970. Nota: Cinco das conferências proferidas no 1.º Congresso Brasileiro de Língua e Literatura (de 3 a 17 de Julho de 1969). Bibliografia passiva Nós, os Finalistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa fomos assim… (de 1942 a 1946). Autoria: Finalistas da Faculdade de Letras 1942/1946. Lisboa: Oficinas de S. José, 1946. Nota: Obra que regista através de textos e caricaturas a identidade dos alunos e dos professores dos anos 1942/1946. Entre os finalistas, está Manuel Tânger Corrêa. Obra inédita: · Apontamentos críticos sobre a moderna Poesia Portuguesa. · Apontamentos críticos sobre a moderna Literatura Portuguesa. · Três anos de crítica teatral. · Sempre e nunca, peça teatral em 3 actos, traduzida para francês com o título «Jamais». · Panorâmica da Poesia Portuguesa Moderna · Romantismo e Romantismos. · Rimbaud e Sá-Carneiro. · A Inglaterra na evolução do teatro. · Originalidade e Valor do Teatro de Shakespeare. · Consolação de Samuel Usque (1963). · Em torno da soledad primera de Góngora». Lisboa, 14 de Março de 1946. Traduções: Entre outras peças francesas para a RTP, salienta-se · Noite sem Madrugada (La maison de la nuit), de Thierry Maulnier: para o Teatro Nacional D. Maria II. · O Preço da Glória (Pour être Joué), de Georges Wissant: emitida na RTP. · Um segredo que toda a gente sabe (La fable du secret bien gardé), adaptação francesa da peça de Casona por Andrré Camp: emitida na RTP. · Realidade da Fantasia (Dans l'histoire du cœur), de Claude Gével: emitida na RTP. · Meu Filho (Mons Fils), de Pierre Didier: emitida na RTP. · Fernando Namora.
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