"AO FIM DE MUITOS ANOS"
MUSEU DE ARTE POPULAR
“Este museu que tenho hoje a alegria de inaugurar, sonho que se tornou realidade ao fim de muitos anos (...), é a exemplificação viva, indiscutível de tudo quanto tenho desejado provar com a minha acção, com as minhas palavras.” No dia 15 de Julho de 1948, António Ferro, Director do então Secretariado Nacional de Informação [SNI], inaugurava o Museu de Arte Popular [MAP] com estas palavras. 15 anos depois do nascimento do Estado Novo de António de Oliveira Salazar e da criação do Secretariado da Propaganda Nacional [SPN], o Museu assumia-se como um símbolo vivo do regime e da «Política do Espírito» de António Ferro.
Fazendo da Arte e Cultura Popular um elemento de reafirmação dos ideais nacionalista, quando o SNI inaugura o Museu em 1948 possuía já um vasto trabalho nesse domínio, expresso na realização de exposições, festas, concursos, encenações culturais e espectáculos de música e dança. A reunião do acervo do Museu resultou de um conjunto de iniciativas desenvolvidas ao longo de 13 anos, e do trabalho de recolha de inúmeros colaboradores ligados ao SPN/SNI.
Fortemente conotado pela democracia de Abril com o Estado Novo e depois de declarado encerrado em 2008, 2010 surge como uma nova etapa na vida do museu. Depois de um forte movimento cívico e da projecção de um novo entendimento por parte do Poder político, a sua reabertura surge agendada para o mês de Outubro com um novo projecto museológico. Segundo o IMC, anuncia-se uma leitura actualizada da história e cultura popular da primeira metade do séc. XX português, numa lógica de articulação permanente com a contemporaneidade.
Luís Raposo Pereira
Publicado na Newsletter 11 da Fundação António Quadros
Maio de 2010