GERMANA TÂNGER - INFO

Maria Germana Tânger Correia

1920 / 2018

 

A sua Memória registada no acervo bibliográfico, artístico e documental que produziu e reuniu encontra-se hoje na Fundação António Quadros, fruto da doação do seu filho António Tânger Correia. 

 

Nas lembranças de professores do Conservatório Nacional, recordo Maria Germana Tanger, cuja cadeira de Arte de Dizer não frequentei, mas acompanhei a sua acção didática e artística, designadamente através da realização de espectáculos, audições e provas de alunos que desde logo marcaram a sua entrada na Escola.

E não só: Maria Germana era já na altura um grande nome no profissionalismo teatral português, não como actriz mas como declamadora e divulgadora da poesia, em espectáculos e performances em que tantas e tantas vezes se apresentava sozinha, no palco, a declamar poesia. No Teatro da Trindade, por exemplo, uma placa assinala os 40 anos da apresentação da Ode Marítima, inesquecível “espetáculo” de uma só pessoa, ou melhor, de duas pessoas, Germana que declamou, e Fernando Pessoa, que escreveu…

Mas para quem assistiu, é inesquecível!

A sua passagem pela Faculdade de Letras de Lisboa, nos anos 40, será aqui evocada mais pela cultura literária e pela iniciação profissional do que pelos estudos propriamente ditos. Mas serviu para lhe dar uma bagagem didática, que aprofundou em Paris com George Le Roy. E na sequência, foi titular de estudos camonianos na Sorbonne.

Germana Tanger marcou ainda os primeiros programas culturais da RTP e também da EN/RDP. E desenvolveu uma carreira internacional de declamadora, junto de entidades ligadas ao ensino da língua e da cultura portuguesa ou das comunidades portuguesas.

E nesse aspecto, muito lhe ficaram devendo os grandes nomes da literatura, a começar por Almada, Régio, Torga, Sophia, e, em geral, os poetas contemporâneos – mas também, os clássicos, que declamou, com um talento inesquecível, pelo mundo cultural capaz de entender e apreciar a poesia portuguesa.

Duarte Ivo Cruz, 2014