2024 - HIST0RIA CONTEMPORANEA


PRÉMIO ANTÓNIO QUADROS

2024

 

Categoria:

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA.

 

Obra Literária Vencedora:

Viagem à década de 1920. O diáfano brilho da extravagância.

 

Edição:

ArTravel, 2023.

 

Autoria:

Maria João Castro.

 

 

Nota biográfica da Autora:

MARIA JOÃO CASTRO integra o Centro de Humanidades (CHAM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa onde é, presentemente,  investigadora contratada com o projecto “TravelconT. Cruzamentos da Viagem Contemporânea no Turismo Pós-Colonial”.

Os seus domínios de especialização centram-se dentro da História da Cultura Contemporânea no que concerne às Circulações Globais (Viagem e Turismo) tendo vindo a publicar obras que convocam estes mesmos âmbitos tai como "Viagem a Zanzibar 1906" (2024), "Pintura Colonial Contemporânea" (2021) ou "Império e Turismo" (2019) e ainda outras de literatura de viagem.

Coordenou com Margarida Acciaiuoli "Arte & Discursos dos factos aos relatos construídos por estrangeiros acerca de Portugal" (2014) e são também de sua autoria, entre muitas outras publicações, "Dança e Poder. Diálogos e Confrontos no século XX" (2015) e "Os Ballets Russes em Lisboa", obra publicada na colecção «O essencial sobre», n.º 133 (2017).

   

Coordenação:

Mafalda Ferro.

 

Júri:

António Roquette Ferro (vogal), Francisco Ferro Gautier (vogal), Madalena Ferreira Jordão (vogal), Mafalda Ferro (presidente).

 

Cerimónia de entrega:

 

PAQ 2024 

 

Troféu:

O troféu «Vida», em forma de espiral (bronze sobre base em madeira de mogno), criação da arquitecta / escultora Cristina Rocha Leiria.

 

Apoios:

Câmara Municipal de Rio Maior; Casa da Caldeira; Doces d'Aldeia; Enoport Wines; Loja do Sal.

 

  

Relatórios dos jurados: 

Relatório de António Roquette Ferro: Escrever umas curtas linhas sobre o livro “ Viagem à Década de 1920“ resultou em mim um turbilhão de emoções que tinha esquecidas no mais profundo que a minha mente seria capaz de suportar! É mergulhar num poço de vivências, que eu por pouco não vivi, mas cujos reflexos me chegaram, como estivesse presente em cada uma das páginas deste fantástico livro.

Maria João Castro convida-nos a visitar os “loucos anos XX” e, com ela, experimentar o sal da cultura, em toda a sua amplitude. O livro respira arte, uma arte efémera e espartilhada, em época vivida em velocidade, mas que deixou marca indelével, consistente e duradoura; chegando aos nossos dias, envolta em mistério e dificilmente decifrável!

Senti, um diamante por lapidar, tal é a quantidade e qualidade dos artistas e intelectuais que maravilhavam aquela época e que tantos seguidores e discípulos aplaudiram. Alguns ensaiaram realizar projectos com estilo próprio, que por vezes resultaram em corolários mal conseguidos, ou mesmo medíocres.

O livro relata estórias dentro da história, factos contextualizados, relatos cientificamente suportados. Tudo isto com muitas e interessantes ilustrações de época, na sua maioria desconhecidas do grande público.

Numa altura em que se vivia um pós-guerra que coabitava com um período pro-guerra, tudo teria de acontecer, como estava a acontecer! Era o tempo de viver depressa, em euforia, em fantasia, em alegria, em excessos e muitas vezes, em quase cegueira colectiva! No entanto, tudo isto contribuiu eficazmente para a emersão de grandes vultos que se multiplicavam nas artes, na literatura e em todas as expressões culturais.

Muito mais poderia dizer da obra que a Fundação António Quadros, vai premiar este ano de 2024. Esta publicação de consulta permanente irá com toda a certeza contribuir para que o conhecimento público saia reforçado nesta década em particular e optimizado em todas as vertentes do seio artístico e cultural, tão grato aos investigadores e historiadores.

 

Relatório de Francisco Gautier: “Viagem à Década de 1920, o Diáfano Brilho da Extravagância", de Maria João Castro, é uma obra fascinante que nos transporta para o esplendor dos anos 20, destacando a sua exuberância cultural e artística.

A autora explora magistralmente a influência de figuras chave como António Ferro, cuja visão modernista e defesa do movimento futurista foram cruciais para a transformação cultural de Portugal nessa época. Factos de que tanto me orgulho.

É para mim inspirador reconhecer que António Ferro, meu bisavô, com o seu entusiasmo pela inovação e propaganda cultural, ajudou a moldar o imaginário da década, promovendo a ideia de uma arte moderna e de vanguarda. Maria João Castro capta essa essência ao entrelaçar a importância do próprio com o contexto europeu de efervescência criativa, oferecendo uma perspectiva única sobre o diálogo entre tradição e modernidade.

Esta obra reflecte uma viagem brilhante pela extravagância e pelo espírito inovador que marcaram a década 20, enriquecido pela visão de Ferro como um dos grandes protagonistas dessa transformação cultural.

 

Relatório de Madalena Ferreira Jordão: Ao ler VIAGEM À DÉCADA DE 1920 O diáfano brilho da extravagância da autora Maria João Castro, viajei no tempo, vivi um déjà vu, não uma vivência física, mas recordações de serões, onde anteriores gerações viveram a loucura, o glamour, O diáfano brilho da extravagância.

Maria João Castro coloca a sua aprendizagem neste livro, transporta-nos através da sua licenciatura em turismo, às relações internacionais da sua pós graduação e à história de Arte Contemporânea no seu mestrado, nunca perdendo o foco da Arte e do Poder, que se cruzam com a sua especialidade, centrada nas Ciências da Arte e das Circulações Globais dentro da História da Cultura Contemporânea.

Dedica este trabalho ao seu Mestre, o Professor Catedrático José Augusto França (1922-2021), um nome grande, entre os seus pares, da historiografia da Arte em Portugal.

É Nuno Júdice (1949-2024), Professor Universitário, poeta, ficcionista e ensaísta que escreve o prefácio, recordando-nos a Belle Époque (1871-1914), apesar de todas as vicissitudes.

Nesta viagem que começa no pós primeira Guerra Mundial, atravessa Paris com a sua loucura, instala-se em Lisboa nos seus salões de arte, nas suas manifestações culturais, no ambiente nocturno da vida boémia, visita o Porto e as diversas termas do país, onde se vive o delírio, termina no caminho do Novo Caos, termina em Grande Depressão.

Em 2023, a obra VIAGEM À DÉCADA DE 1920 O diáfano brilho da extravagância é galardoada com prémio Academia Portuguesa da História.

A obra trata de uma época muito ligada e significativa para os mentores da Fundação António Quadros. 

 

Relatório de Mafalda Ferro: «TANTO QUE PENSEI SABER, TANTO QUE NÃO SABIA!»

Através da obra bilíngue “Viagem à Década de 1920, o Diáfano Brilho da Extravagância", de Maria João Castro, somos agradavelmente surpreendidos, encantados e absorvidos por uma das décadas mais frenéticas, talvez mesmo a única, de todos os tempos.

Não se cingindo apenas aos acontecimentos em Portugal, Maria João Castro contextualiza, cruza informação, refere personalidades e ocorrências significativas para a História Contemporânea de Portugal, e do mundo ocidental, citando sempre as suas fontes.

No início da referida década, Portugal, sofria ainda as consequências recentes dos estragos e perdas causados pela período da Grande Guerra (1914-1918), período esse lembrado por Fernanda de Castro, nas suas Memórias:

 

Nos primeiros meses pouco se fez sentir em Portugal, mas depois os alimentos começaram a escassear e foi o terrível momento dos assaltos às lojas, especialmente às mercearias, que ficavam saqueadas e vazias. Assisti a um desses assaltos porque em frente da minha casa, Travessa de Santa Quitéria, havia uma tendinha que foi arrombada e completamente esvaziada, ficando os seus donos, que eram boas pessoas, na mais negra das misérias. Depois mandámos soldados para França, que se bateram como heróis e voltaram, ou não, conforme o destino e os homens quiseram.

 

Reagindo às circunstâncias, procurava-se a diferença, ansiava-se por liberdade, era quase imperioso ignorar ou combater tabus não só através da arte, da música, da dança e da literatura, como se impunha romper preconceitos e hábitos sociais, recusar a comodidade e as certezas correndo riscos financeiros, chocando e desafiando. E neste estado de espírito se chegou à década de 1920 tão bem retratada e documentada por Maria João Castro.

Impossível referir aqui o quanto aprendi e gostei desta obra, essencial ao estudo histórico de um tempo tão específico quanto diferente de todos os outros. Tanto que pensei saber, tanto que não sabia!

De página em página, de imagem em imagem, respiramos o início da modernidade em Portugal, atravessando as circunstâncias em torno da publicação de revistas como a ABC ou de livros como Teoria da Indiferença, Leviana e A Idade do Jazzband de António Ferro; dos cabarets e clubes nocturnos que apenas se conhece através de memórias dos antigos e de escritos; de novos estilos de dança e de espectáculos; das façanhas de aventureiros e burlões como o Artur Alves dos Reis cujo julgamento foi registado por Ferro numa série de artigos; do início da ditadura militar em Portugal; do percurso de tantos e tão excelentes pintores modernistas; de novas casas de teatro, de hotéis e termas.

Através de uma riquíssima iconografia, o livro patenteia uma nova forma de vestir, os deliciosos fatos de banho, chapéus e joias de então, os automóveis e a mudança nos conceitos arquitectónicos, turísticos e desportivos.

 

Salientando a força das imagens em perfeita harmonia com o texto e com a época, resta-nos acrescentar que a autora conseguiu de forma muito bem fundamentada, guiar-nos durante um percurso de aprendizagem, informação, memória e encanto, reforçando as alterações profundas da década de 1920 face à década anterior.

 

Júri, notas biográficas:

António Roquette Ferro

Filho de António Quadros e de Paulina Roquette Ferro e neto de António Ferro e de Fernanda de Castro, nasceu em Lisboa no dia 24 de Janeiro de 1952.

No IADE-Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (actividade principal da sua vida profissional), ocupou os cargos de Adjunto da Direcção (1983), director-adjunto (1987), director-executivo (1989), director-geral (1990). No âmbito das suas funções, dirigiu a revista de Cultura «A Idade da Imagem», criou o DIP, um departamento de integração profissional que orientava e que chegava a colocar no mercado profissional cerca de metade dos alunos já formados.

Na Fundação António Quadros, integrou o Conselho de Administração (2008- 2011) e desde 2011, o Conselho Consultivo, participando, sempre que possível, nas suas actividades.

Foi director do Círculo Eça de Queiroz e, presidiu ao Clube de Ténis do Estoril.

Depois da sua saída do IADE, em 2010, fundou e foi sócio-gerente da «Arte na Linha - Empresa de eventos de desenvolvimento cultural»  e desde 2016, tem comissariado diversas exposições de pintura.
 

Francisco Roquette Ferro Gautier

Nascido a 16 de Janeiro de 1976, bisneto do António Ferro e Fernanda de Castro, neto mais velho de António Quadros, é conhecido pelas suas qualidades de bom comunicador.

A sua primeira palestra sobre empreendorismo, com apenas 20 anos de idade, aconteceu no antigo palácio do IADE, no âmbito das conferencias First Tuesday.

Estudou marketing e publicidade no IADE, não tendo terminado o curso por cedo ter ingressado no mundo empresarial, território do marketing promocional e eventos.

Posteriormente, com apenas 23 anos, criou, uma agência de design, uma agência de eventos b2b e b2c e outra de marketing promocional.

Deixou de ser empresário 15 anos depois para aceitar o desafio de ser COO de uma agência de marketing de influência, sector onde se especializou desde 2014.

É, hoje, COO de um grupo de agências com 22 anos de mercado, líderes em diferentes segmentos.

Apaixonado pela leitura, por viagens, visitou já 42 países e tem sempre pronto um plano para a sua próxima viagem.

Amante da cultura portuguesa, faz questão de a levar aos sete cantos do mundo, sempre que possível, seja ao filho do Che Guevara ou a uma simples família Berber. Em cada viagem carrega sempre símbolos nacionais para oferecer e esclarecer.

Extremamente criativo, são de sua autoria várias marcas e conceitos que ainda hoje imperam com sucesso em Portugal.

Na Fundação António Quadros, integra o Conselho Consultivo, apoiando e participando, sempre que possível, em várias actividades.

 

Madalena Ferreira Jordão

Nascida em Lisboa, freguesia de Alcântara, a 4 de Maio de 1950.

Frequentou o Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões, integrado no Departamento de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, e o Curso de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Colaborou, como investigadora, no CPES Centro de Pesquisa e Estudos Sociais da Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia.

Entre 1969 e 2008 fez parte da Direcção do IADE e integrou os órgãos directivos das Escolas Superiores de Design e de Marketing e Publicidade.

Fez parte da Secção de Genealogia, Heráldica e Falerística do CPES da Universidade Lusófona.

Actualmente, agrega a direcção da Associação Portuguesa de Genealogia, exerce o cargo de Secretária-Geral da Academia Portuguesa de Ex-Libris e é Vice-Presidente da Secção de Genealogia, Heráldica e Falerística da Sociedade de Geografia de Lisboa. 

Na Fundação António Quadros, integra o núcleo de Amigos da Fundação António Quadros e exerce o cargo de Membro do Conselho de Administração.

 

Mafalda Ferro

Nasceu em Lisboa a 28 de Dezembro de 1953.

Na Misericórdia de Lisboa, trabalhou com crianças e jovens (1977/2004) e no Arquivo Histórico (2004/2011). No IADE-Instituto Superior de Artes Visuais Design e Marketing, integrou o Conselho Fiscal (1993/1998) e o Conselho de Administração  (1998/2007)

Em 2008, criou a Fundação António Quadros, assumindo, até hoje, os cargos de presidente executiva, presidente do Conselho de Administração, coordenadora do Arquivo, da Biblioteca, da Colecção de Arte, do Projecto Editorial, do Prémio António Quadros, do Sítio e da newsletter mensal e de todas as actividades.

Desde 2008, no âmbito das suas funções, procede à organização, descrição e catalogação dos espólios documentais, bibliográficos e artísticos de António Ferro, Fernanda de Castro, de António Quadros, Augusto Cunha, Maria Germana e Manuel Tânger Correia; organiza exposições; tem publicado diversos textos e prefácios em volume ou em periódicos, participa em colóquios e mesas-redondas e procede a trabalhos de investigação.

Em 1999, assinou com sua irmã, Retrato de uma Família: António Quadros, Fernanda de Castro e António Ferro.

Coordenou, sozinha ou em parceria, obras como: Alma, Sonho, Poesia, de Fernanda de Castro (2010); Delfim Santos e a Família Castro e Quadros Ferro (2011); António Quadros: 18 anos depois (2011); Turismo em Portugal. Passado. Presente. Que Futuro? Actas do colóquio organizado pela Fundação António Quadros (2011); António Quadros e António Telmo: epistolário e estudos complementares (2015); António Ferro. 120 Anos. Actas (2016); Portugal, Razão e Mistério  A trilogia, de António Quadros (2020); A Paixão de Fernando P. Romance de António Quadros (2023); A Paixão de Fernando P. Romance de António Quadros, 2.ª edição revista e aumentada (2024).