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Newsletter Nº 195 / 14 de Abril de 2023
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 «O Mundo Português» e «O Exame do Meu Menino», duas obras de Augusto Cunha, por Mafalda Ferro
02  António Quadros, sobre Sebastião da Gama e a sua "Serra-Mãe". Publicação.
03 Protocolo assinado com a Associação Cultural Sebastião da Gama. Memória.
04 — Exposição «Tipografias e Registos – Pintura e Poesia em Diálogo» Memória.
05 As Revolucionárias — Doze Mulheres Portuguesas desobedientes. Livro cuja leitura aconselhamos.
06 Bienal Cultura Educação: Propostas artísticas e culturais para jovens e crianças. Divulgação.
07 Programação prevista para as restantes newsletters de 2023. Informação.
08 Livraria, obra em promoção: Sabatina de Estudos da Obra de António Quadros.

 

EDITORIAL, 
por Mafalda Ferro

Divulgamos hoje, por iniciativa da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, o terceiro ciclo de conferência focado em temas do Património Cemiterial que é fundamental dar a conhecer de modo a sensibilizar para a sua salvaguarda, a iniciar amanhã dia 15 de Abril com a possibilidade de assistir presencialmente, ou on-line AQUI


No próximo sábado, dia 15, pelas 16 horas, Gisela Monteiro, Mestranda em História da Arte na FCSH NOVA, investigadora na Divisão de Gestão Cemiterial da Câmara Municipal de Lisboa, vai dar a conhecer as representações de A Casa Portuguesa no Cemitério: Tradição e Cultura Popular.


Resumo: 
Nas primeiras décadas do século XX surgiu um novo estilo de jazigos nos cemitérios nacionais: com cobertura em telha vermelha, alpendres, postigos, painéis de azulejos e janelas com cortinados de renda, estas pequenas casas portuguesas apresentam-se como uma réplica da arquitetura nacional em voga à época. Apesar de terem ficado também conhecidos como jazigo de tipo Raul Lino, pouco se relacionam com as incursões de Raul Lino na arquitectura funerária.

Nesta apresentação será contextualizado o trabalho funerário do arquitecto Raul Lino, o que se entende por estilo Casa Portuguesa e a forma como este surge nos cemitérios, se adapta à realidade e função de um jazigo e como é, mais tarde, abandonado e substituído pelas linhas da arquitectura modernista nacional.


ACESSO LIVRE

Local: Museu Municipal – Núcleo de Alverca, Sala de Conferencias, Alverca do Ribatejo

Informações: museumunicipal.nucleoalverca@cm-vfxira.pt

 
01 «O MUNDO PORTUGUÊS» E "O EXAME DO MEU MENINO", DUAS OBRAS DE AUGUSTO CUNHA (10 de Abril de 1894 / 18 de Abril de 1947), 
por Mafalda Ferro.


Prestamos hoje homenagem a Augusto Cunha (AC) que nasceu e de nós se despediu 53 anos depois, durante o mês de Abril.


Augusto Henrique Roberto da Cunha, conhecido familiar e literariamente por Augusto Cunha, nasceu em Lisboa na freguesia dos Anjos no dia 10 de Abril de 1894, filho de Henrique Roberto da Cunha e de Carolina Teresa Galvão da Cunha.


Modernista, humorista, escritor, poeta, cronista, novelista, crítico literário e de espectáculo, conferencista, dramaturgo e amante profundo do teatro em todas as suas vertentes, autor de textos de crítica literária, de divulgação turística e de entrevistas, Augusto Cunha marcou presença constante na imprensa portuguesa, colaborando assiduamente em inúmeros periódicos da época dos quais se destaca «Portugal Colonial», «Portugal Cine Revista», «Ilustração Portuguesa», «A Voz», «Gazeta dos Caminhos de Ferro», «Domingo Ilustrado», «Notícias Ilustrado», «Sempre Fixe», «Diário de Notícias», «Diário da Manhã», «Diário de Lisboa», «Notícias de Lourenço Marques», «Primeiro de Janeiro», «Comércio do Porto», «Atlântico», «Panorama», «Acção», «O Mundo», entre muitos outros.

Augusto Cunha reuniu e produziu um importante conjunto de documentos, obras de arte, publicações em volume e na imprensa, importante espólio que deixou aos seus herdeiros e que integra hoje o acervo da Fundação António Quadros, embora a maioria das obras de arte, nomeadamente os seus retratos por artistas modernistas, permaneça na posse da sua família.

Através da vasta obra que publicou e dos retratos que lhe foram oferecidos, pode comprovar-se o grande número de amigos que reuniu. Entre o grupo dos artistas modernistas que assinaram capas e/ou ilustrações dos seus livros, refere-se Abel Manta, Amarelhe, Bernardo Marques, Carlos Botelho, Cottinelli Telmo, Eduardo Malta, Estrela Faria, Francisco Valença, Jorge Barradas, Lino António, Manoel Lima, Maria Adelaide Lima Cruz, Martins Barata, Mesquita, Manoel Lima, Paulo Ferreira, Paulo Roberto Araújo, Rodriguez Castañé, Sarah Affonso, Stuart de Carvalhais, Teixeira Cabral. Foi retratado e caricaturado por Eduardo Malta, Teixeira Cabral, Francisco Valença, Norton e fotografado por Sampayo, Achiles e Salazar Diniz.


O seu percurso está desde cedo ligado ao de António Ferro, tantos foram os projectos que trabalharam em conjunto, os amigos que partilharam, o bairro onde ambos viveram e a família que passou a ser a mesma depois de, em 1919, Cunha ter casado com a irmã de Ferro.

Muito se poderia escrever sobre esta figura e a obra que deixou pois, apesar de assim o temos feito nas nossas newsletters todos os anos a 14 de Abril, ainda há muito por saber e contar.

Debruçamo-nos hoje apenas em duas das suas obras que, no nosso entender, merecem especial destaque.


Principiamos pela que consideramos ser a sua obra maior, aquela à qual se deve ainda, bem como ao seu autor, um estudo sério: «O Mundo Português Revista de cultura e propaganda, arte e literatura coloniais», edição da Agência Geral das Colónias com o apoio do SPN/SNI.


Poucos se lembram ou mencionam esta publicação, o que lamentamos.

Sabemos que expressões, conceitos e procedimentos utilizados durante o século XX, são hoje considerados incorretos e ultrapassados, sabemos que se tenta não associar a esse período, ou mesmo desassociar, alguns escritores, políticos, filósofos e artistas, sabemos que há quem se sinta legitimado para apagar determinados momentos da nossa história, sabemos também que todos incorríamos repetidamente no erro de procedermos por nos acharmos superiores ou inferiores a outros.

No entanto, fomos abrindo os olhos, fomos abraçando a mudança, tivemos tempo para nos redimir e entender o quanto Portugal e os portugueses precisavam evoluir. Apesar disso, é preciso dizê-lo, mesmo para se criticar negativamente, com certeza e confiança, é preciso que se conheça bem aquilo de que se fala.

Acreditamos que, assim como «O Mundo Português» é uma publicação considerada «maldita» por ser identificada como o colonialismo e com Augusto Cunha, o Museu de Arte Popular também o é por ter sido criado pelo grande homem de cultura e turismo que foi António Ferro.


Os textos d'«O Mundo Português» são ilustrados com reproduções fotográficas ou desenhos a preto e branco que retratam as paisagens, os usos e costumes, as profissões, os animais, o modo como os habitantes se deslocavam por terra ou por água, os trajes, os ofícios, as danças, o artesanato, os momentos de paz e de guerra entre as tribos, as armas e os utensílios comuns nas então colónias portuguesas e, até, dicionários de dialectos.
Retrato de uma época, de várias culturas, de um passado a caminho do futuro, de uma África, ou de uma Ásia, existentes ainda nas páginas d'«O Mundo Português», antes da sua modernização, patente em cada texto e em cada imagem.
Querendo apagar a memória dos tempos do chamado colonialismo, arriscamo-nos a apagar também a riquíssima História do povo africano ou de outras colónias.

Lembramos Fernanda de Castro que, sempre apaixonada pelos sons e aromas, pela flora e pela fauna, pela alma dos povos africanos, assim inicia o seu mais forte poema: 


África,

no teu corpo rugem feras,

uivam fomes e medos ancestrais,

no teu sangue há marés,

na tua pele há dardos e punhais.

Ventre de continentes,

és mater e matriz.

Ásia é semente, Europa é flor,

outros serão essência ou tronco,

tu, África és Raiz.

 Fernanda de Castro, em África Raiz, 1966.

Para a feitura desta extensa obra, publicada em 152 números (alguns duplos), Augusto Cunha, o seu ideólogo e director, contou com a colaboração de uma equipa formada por grandes personalidades da Literatura, da História  e das Artes. Dizem-nos que uns são africanistas ou colonialistas e que outros não. Reconhecemos-lhes apenas o talento já que, tanto quanto sabemos, nenhum deles roubou, matou, foi preso ou acusado de maldade ou actos contra o Ser Humano. Será que estamos enganados?
Não pretendendo nomear exaustivamente quantos constituíram esse grupo de colaboradores, referimos apenas alguns dos autores e dos ilustradores d'«O Mundo Português»:

 

ILUSTRADORES

Álvaro Canélas, Atília Mendly, Bernardo Marques, Carlos Botelho, Carvalho Mesquita, Diogo de Macedo, João Augusto Silva, João Carlos, Jorge Barradas, Luiz Areosa, Manuel Lapa, Maria Franco, Stuart, Manuel Lima, Estevão dos Reis, entre outros.

AUTORES DE TEXTOS

Além de Marcelo Caetano, então Ministro das Colónias, Afrânio Peixoto, Alexandre Sarmento, Amadeu Cunha, António Ferro (reprodução de uma conferência), António Lopes Ribeiro, António Metelo, Armando de Lucena, Cabral do Nascimento, Carlos Bivar, Carlos Bivar, Castro Soromenho, Edmundo Correia Lopes, Emílio Castelo Branco, Francisco Mantero, Freitas da Costa, Gastão Sousa Dias, Hugo Rocha, Irene Gil, João de Azedo Coutinho, José Osório de Oliveira, Luís Colaço, Manuel Ferreira, Manuel Múrias, Maria Archer, Marinho da Silva, Marques Pereira, Norberto Gonzaga, Raul Feio, Ruy Cinatti, Ruy Sant'Elmo, Teófilo Duarte, Venâncio Deslandes, entre outros.

 

ESTRUTURA

1.ª Série

1934 – Jan./Dez., n.os 01 / 12

1935 – Jan./Dez., n.os 13 / 24

1936 – Jan./Dez., n.os 25 / 36

1937 –  Jan./Dez., n.os 37 / 48

1938 –  Jan./Dez., n.os 49 / 60

1939 – Jan./Dez., n.os 61 / 72

1940 – Jan./Dez., n.os 73 / 84

1941 – Jan./Dez., n.os 85 / 96

1942 –  Jan./Dez., n.os 97 / 108

1943 – Jan./Dez., n.os 109 / 120

1944 – Jan./Dez., n.os 121 / 132

1945 – Jan./Dez., n.os 133 / 144

2.ª Série

1946 / 1947 –, n.os 01 / 08 (publicado depois da morte de Augusto Cunha)


Quando no dia 18 de Abril de 1947, mês que também o viu nascer, Augusto Cunha morreu, vítima de doença dolorosa e prolongada, levou consigo o seu «Mundo Português». No último número da revista (o único póstumo), Raul Feio publicou «Morreu Augusto Cunha»:


[excerto] 
Lembrava-me que nunca mais o ouviria conversar, que nunca mais o ouviria dizer aquelas suas (e já tão nossas!) graças e trocadilhos, que nunca mais o veria acender o cigarro daquela maneira tão sua, que nunca mais o veria sacudir a cinza do fato com aquele gesto tão seu… Assim, é exactamente assim. Só coisas pequenas me vieram à cabeça. Não pensei sequer que tinha morrido um artista, que tinha desaparecido um homem bom, profundamente bom, um homem como poucos! – e adiante – Estive depois sozinho no seu escritório, sentado na sua cadeira, diante daquela grande secretária. E em tudo estava o ar das coisas sucedidas de repente e inacreditavelmente definitivas. Os livros e as caricaturas, a caneta, os jornais, os papéis em desordem, viviam como eu exactamente o espanto daquele momento. Vi cartas para responder e senti problemas a decidir. Mas tudo tinha parado. Nunca mais ouviria  o meu velho amigo ler-me o rascunho duma crónica, expor-me a ideia do novo livro e interessar-se como só ele sabia, interessar-se de alma e coração pelas minhas pequenas tragédias.


A segunda obra que lembramos hoje é a peça de teatro «O exame do meu menino» escrita por Augusto Cunha em 1930 a pedido de Fernanda de Castro.
A ideia da poetisa, que viria a concretizar-se nesse ano, era levá-la à cena  no Teatro da Trindade a 23 de Novembro e, assim,  angariar fundos para os seus Parques Infantis.
O "Meu Menino" foi interpretado por Vasco Santana e a peça foi publicada no mesmo ano com capa de Maria Adelaide Lima Cruz.


Acreditamos que o formato da peça criada por Augusto Cunha foi recriado nas famosas "Lições do Menino Tonecas" com um texto muito semelhante.

[O programa "As Lições do Tonecas" surgiu pela primeira vez no Rádio Clube Português em 1934, tendo como interpretes Henrique Samorano e Oliveira. Uma adaptação destes textos, pela RTP, foi para o ar nos anos em 1996 até 1999, com Luís Aleluia no papel de Tonecas e Morais e Castro no papel do professor.]


"O exame do meu menino" comprova bem os dotes de humorista do seu autor, ele que esteve na origem da fundação da primeira Associação dos Humoristas, ideia concretizada pelo «Sempre Fixe».

Com o mesmo sentido de humor mas para adultos, Cunha publicou obras literárias como "Mais um", "Mais outro", "PBX", "Contos escolhidos", "Contos sem cotação", "O Homem que salvou o mundo", Os Meninos d'ouro" e outros.

 


Sobre o seu cunhado e amigo, António Ferro escreveu:

Um humorista cujo ser interior, profundamente triste, precisa de ser equilibrado constantemente pelo seu ser intelectual, voluntário, que parece, ou é, alegre, fácil, comunicativo. Augusto Cunha, desta forma, antes de fazer rir os outros, sentia, primeiro, a necessidade orgânica, instintiva, de se fazer rir a si próprio, de se defender da sua tristeza congénita. Uma amizade profunda nos ligou, mas não é ela, por si própria, que me leva a afirmar que Augusto Cunha foi um dos grandes humoristas portugueses dos últimos cinquenta anos, se bem que o seu humorismo, na verdade, tivesse sido um dos elementos criadores dessa amizade.

 Sobre o seu tio, António Quadros escreveu:

Augusto Cunha foi uma das personalidades mais singulares do grupo modernista. Com uma complexa mas rara personalidade, era um homem consciencioso, meticuloso, sério, com um semblante muitas vezes melancólico, alguém que observava o mundo com um olhar malicioso e que se ria à socapa não só dos podres ou das futilidades da vida social do seu tempo, mas até de si próprio, expressando-o por uma ironia que nunca chegava à dureza do sarcasmo, pois era essencialmente um homem bom, sem sombra de azedume ou de despeito.

 
02 ANTÓNIO QUADROS, SOBRE SEBASTIÃO DA GAMA E A SUA "SERRA_MÃE".
Publicação.


António Quadros, então um jovem de 22 anos, escreveu, sobre Sebastião da Gama, algo que pode, hoje, à luz da sua morte com apenas 27 anos, ser  considerado quase premonitório e de que partilhamos um excerto:


Um temperamento sensível em contacto com a grandeza de um quadro 
natural como o da Serra da Arrábida, não podia deixar de originar um poeta. Porque Sebastião da Gama é Poeta indiscutivelmente. A sua alma mística, transportada. A sua alma inquieta sempre voltada para Deus. Sim, a poesia de Sebastião da Gama está profundamente impregnada de misticismo. Misticismo, filho do ambiente, filho da Serra-Mãe. Os seus poemas são hinos. Dir-se-ia que o Poeta não tem os pés presos à terra com solidez. Dir-se-ia que não está na terra. Que apenas se serve dela para, mais facilmente, poder transportar a sua alma para fora do seu seio. A sua poesia não é descritiva nem simbólica, porque é principalmente oração.


[FAQ/02/0498/00054: 1946.01.09, «Vitória», rúbrica «Crítica Literária», 
artigo "Serra-Mãe, poemas de Sebastião da Gama". Autoria: António Quadros]


 
03 PROTOCOLO ASSINADO COM A ASSOCIAÇÃO CULTURAL SEBASTIÃO DA GAMA.
Memória


Acreditamos que, através da leitura dos poemas de Sebastião da Gama, António Quadros reconheceu e entendeu a alma 
do Poeta. Curiosamente, ou talvez não, desse encontro espiritual, resultou a assinatura de um protocolo de colaboração entre a Associação Cultural Sebastião da Gama (ACSG) sediada em Azeitão e a Fundação António Quadros (FAQ) sediada em Rio Maior, em celebração do centenário de nascimento de António Quadros e dos 99 anos de Sebastião da Gama.

Preparado a duas mãos, por duas mentes, em Azeitão e em Rio Maior, o protocolo foi assinado na Fundação António Quadros no passado dia 10 de Abril, dia do aniversário de Sebastião da Gama.


As duas Instituições, representadas por cada um dos seus responsáveis, Lourenço de Morais e Mafalda Ferro, trocaram publicações dos seus patronos e, ainda, medalhas de ambas as Instituições. Tendo Ruy Belo, o poeta riomaiorense, prefaciado em Novembro de 1970 a segunda edição de "Pelo sonho é que vamos" de Sebastião da Gama (Edições Ática), foi também oferecido à ACSG um mini-catálogo da exposição patente em Rio Maior «Ruy Belo, 90 anos depois». 
O prefácio de "Pelo sonho é que vamos" pode ser lido AQUI




Sebastião da Gama foi também amigo e colega de curso de Manuel Tânger Correia, cujo espólio está incorporado e pode ser consultado no acervo da Fundação António Quadros. 

No livro de curso de ambos, além de caricaturas de cada finalista, estão patentes versos sobre cada um.
Os versos de Manuel Tânger Corrêa iniciam desta forma: Tânger, | excelente rapaz, | mudo, | sisudo, | mas, de tudo, é capaz.
Os de Sebastião da Gama iniciam assim: Do noivado feliz | da serra e do mar, | nasceu o Poeta, | nasceu e sonhou. | Sonhou com o sol, | sonhou com a lua, | sonhou e sorriu, | sorriu para o sonho.

Consultando a série «Escritos e actividades de Germana Tânger (GT)» no arquivo da Fundação António Quadros, são muitas as referências que encontramos sobre a admiração de GT pelo Poeta e sobre o importante papel que desempenhou no ensino e na divulgação de Sebastião da Gama. Citam-se apenas algumas dessas referências:


1959
No âmbito das "Comemorações bocagianas", 194.º aniversário do nascimento de Bocage, realizadas no Club Setubalense, GT interpretou poesia de Sebastião da Gama.

1960 Durante a conferência «Os Mistérios e Invocações da Virgem na Poesia Portuguesa», por Maria de Lourdes Belchior, realizada no Museu Nacional de Arte Antiga, GT disse poesia de Sebastião da Gama, José Régio, Antero, António Nobre, Vitorino Nemésio, Pascoaes, Gil Vicente, Cristovão Pavia, A. Correia de Oliveira, Eugénio de Castro e Fernando Pessoa.

1964-1965 GT produziu, estruturou e criou vários programas sobre Poesia na televisão e na rádio tendo interpretado amiúde poemas de Sebastião da Gama.

1969 Durante as suas aulas no Conservatório Nacional, GT ensinava os alunos sobre a poesia e a prosa de Sebastião da Gama.

1988 No Instituto de Sintra no decorrer do I ciclo literário "Poetas da Serra e do Mar", GT interpretou a poesia de Sebastião da Gama.

1997 Nos 73 anos do nascimento de Sebastião da Gama, GT participou na Homenagem que lhe foi prestada, com uma exposição sobre «Sebastião da Gama, 50 Anos de Poesia».

1997 Ainda nos 73 anos do nascimento de Sebastião da Gama, durante a conferência por António Cândido Franco «A Poesia de Sebastião da Gama», aconteceu um momento de poesia do homenageado interpretada por Germana Tânger.

 
04 — EXPOSIÇÃO «TIPOGRAFIAS E REGISTOS – PINTURA E POESIA EM DIÁLOGO»
Memória.


No dia 21 de Março, Dia da Poesia e da morte de António Quadros (30 anos depois), a artista plástica Fátima Ramalho, a Câmara Municipal de Rio Maior e a Fundação António Quadros inauguraram a exposição «Tipografias e Registos – Pintura e Poesia em diálogo», tendo a artista pintado quatro telas sobre a poesia de António Quadros que ofereceu â Fundação. A exposição pode ser visitada até ao dia 21 de Abril.

 
05 AS REVOLUCIONÁRIAS — DOZE MULHERES PORTUGUESAS DESOBEDIENTES.
Livro cuja leitura aconselhamos


A escritora Maria João Lopo de Carvalho deslocou-se de novo à Fundação António Quadros para aceder à correspondência enviada
a António Ferro e/ou a Fernanda de Castro por duas das biografadas nesta obra, nomeadamente por Ana de Castro Osório e por Virgínia de Castro e Almeida. Acreditamos que a leitura das 70 cartas que a autora consultou lhe permitiu entender melhor o Ser e o Pensar das suas "desobedientes".

Alguns meses passados e a obra aí está, ao dispor de cada um. Vale a pena ler: Bem escrita e estruturada, fruto de uma apurada investigação, e, como brinde, com uma paginação que permite uma leitura sem esforço, mesmo para quem tem problemas de visão.


Título: As Revolucionárias — Doze Mulheres Portuguesas desobedientes.

Autoria: Maria João Lopo de Carvalho.

Prefácio: Inês Pedrosa.

Colecção: Obras Mulheres de Palavra (n.º 19).

Género: Ensaios biográficos.

 
Sinopse: Elas ousaram ser médicas, advogadas, jornalistas, professoras universitárias, cineastas, intelectuais, numa época em que essas actividades estavam proibidas às mulheres. Desobedecendo aos estereótipos do «feminino», dizendo-se ou não feministas, elas fizeram avançar o mundo. Foram pioneiras, desbravadoras, valentes, ousadas e solidárias.

A escritora Maria João Lopo de Carvalho investigou a fundo a vida e a obra de doze extraordinárias portuguesas que fizeram a travessia do século XIX para o século XX e da Monarquia para a República. São elas Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Angelina Vidal, Adelaide Cabete, Domitila de Carvalho, Ana de Castro Osório, Virgínia de Castro e Almeida, Carolina Beatriz Ângelo, Virgínia Quaresma, Irene Lisboa, Regina Quintanilha e Maria Lamas. Muito diferentes entre si, todas elas se cruzaram em algum momento dos seus aventurosos voos existenciais, que Maria João Lopo de Carvalho nos revela com rigor histórico e encantamento revolucionário.


A Autora:  Maria João Lopo de Carvalho é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Publicou mais de cinquenta títulos de literatura infanto-juvenil e cinco romances históricos de grande sucesso: Marquesa de Alorna (2011), Padeira de Aljubarrota (2013), Até que o Amor me mate — As Mulheres de Camões (2015), O Fado da Severa (2017), O Bisavô (2020).

 
06 BIENAL CULTURA EDUCAÇÃO: PROPOSTAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS PARA JOVENS E CRIANÇAS.
Divulgação por Bienal Cultura e Educação

Organização: Plano Nacional das Artes.

Programa da Bienal: www.bienalculturaeducacao.org

Local e data: Em todo o país, de Março a Junho de 2023

Contactos: Info@pna.gov.pt | www.pna.gov.pt


INFORMAÇÕES

Uma Bienal de arte(s) e património(s) dirigida aos jovens e às crianças (feita com eles, e não simplesmente para eles) – e que quer, também, alimentar a infância e a juventude de todas as idades.

 Uma festa para celebrar e tomar consciência da importância transformadora das artes: como podem indestinar a vida de cada um e das nossas comunidades.

Um programa de eventos (exposições, espectáculos, concertos, visitas, conferências, oficinas...)  para valorizar a criação e a programação para a infância e a juventude, os artistas, os professores e os medidadores, quer nas instituições culturais, quer nas educativas - com o grande objectivo de transformar as instituições culturais em território educativo e as escolas em polos culturais.

Um movimento para reconhecer quem está a trabalhar para o publico infanto-juvenil e reforçar redes de colaboração e circulação.

Um festival de muitos (mais de 400 parceiros), em todo o território nacional, para promover uma verdadeira democracia cultural: a participação ativa de cada um na cultura de todos, como agentes culturais e educativos no seu Km2.

 Uma Bienal para deslocar o território, virar o mapa e dar a volta ao país.

O Plano Nacional das Artes (PNA), uma Estrutura de Missão criada por iniciativa dos Ministérios da Cultura e da Educação, incluiu no seu Plano Estratégico, apresentado em Junho de 2019, uma Bienal-Festival que valoriza a criação e a programação artística e a mediação cultural para/com jovens e crianças – e possibilita mais produção e fruição cultural em todo o território.

Desde essa data, a equipa do PNA reuniu com parceiros para debater os princípios estratégicos, o conceito e as premissas dessa Bienal. Este processo permitiu identificar recursos, estruturar parcerias e formas de colaboração necessárias à implementação do evento – e possibilitando uma rede de criadores e programadores para a infância e juventude. Não seria a Bienal do Plano Nacional das Artes, mas de todos e com todos os que quisessem embarcar. Uma oportunidade para reivindicar a Escola como polo cultural e as instituições culturais como territórios educativos. Em 2022 realizaram-se sete encontros, em diferentes pontos do país, para a apresentação de projectos, já certos ou com possibilidade de integrarem a Bienal, mas a necessitarem de coprodução ou parcerias. Esses encontros permitiram construir uma rede de parceiros, viabilizando coproduções/ circulações e a organização do portfolio que constituiu o programa geral da Bienal.

Nestes encontros foram propostos mais de 250 projectos, o que permitiu divulgar as propostas, captar parceiros e/ou coprodutores, estabelecer o compromisso com a Bienal e criar uma rede nacional de entidades que articulam cultura e educação, em cada território.


Neste momento, 414 agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas em todo o país (50% do total), incluindo algumas das escolas com currículo português no estrangeiro, estão a trabalhar com o PNA; essa estruturação de Projectos Culturais de Escola implica a criação de pontes sólidas com as instituições e associações culturais e artísticas de proximidade, num trabalho articulado com os municípios e agentes locais.


Outra das medidas implementadas pelo PNA, a do Artista Residente na Escola, permite a presença de 92 artistas residentes durante este ano letivo (em parceria com o Plano Nacional de Promoção de Sucesso Educativo, Câmaras Municipais, Direções Regionais de Cultura, Organização de Estados Ibero-Americanos e outros parceiros) - aos que se somam os artistas residentes em parceria com o programa Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria. Nos três anos letivos anteriores, realizaram-se 165 residências artísticas em escolas.


Outra iniciativa do PNA, a Academia, propõe Acções de Formação acreditada para professores, a grande maioria à distância, realizadas em colaboração com os Centros de Formação de Associação de Escolas, assim como outros parceiros. Mais de 4.000 professores usufruíram destas Acções de Formação, de curta ou longa duração, em articulação com artistas, mediadores e instituições de referência (CCB, Fundação C. Gulbenkian, Festival Indiejúnior, Jornal Público, DGPC, Trienal de Arquitectura, EGEAC, World Monuments Fund, Museu Nacional de Arte Antiga, entre outras).

 
07 PROGRAMAÇÃO PREVISTA PARA AS RESTANTES NEWSLETTERS DE 2023.
Informação.

As newsletters de 2023, ano do centenário de nascimento de António Quadros, ser-lhe-ão muito especialmente dedicadas. No entanto, destacaremos também a vida e obra de outras personalidades, figuras centrais de importantes efemérides e as actividades da Fundação, de Rio Maior, de outras Instituições ou de Particulares.

Com a disponibilização da Agenda a completar todos os meses, pretendemos dar ao leitor, com antecedência, a oportunidade de sugerir elementos ou publicações para cada mês.

Frequentemente, depois da publicação de cada newsletter, recebemos elementos que evidentemente registamos e agradecemos mas que, em termos da sua publicação, já nos chegam fora de tempo.


AGENDA

Maio: Instituição da Fundação António Quadros (06.05.2008), 15 anos depois; Assinatura de protocolo com a CMRM e transferência para Rio Maior (06.05.2013), 10 anos depois.

Junho: Fernando Pessoa, nascido no dia 13 de Junho de 1888, há 135 anos.

Julho: Congresso «Nos Cem Anos de António Quadros (1923-2023)»; Entrega do Prémio António Quadros BIOGRAFIA; Inauguração do «Jardim António Quadros» em Rio Maior; Lançamento da obra “A Paixão de Fernando Pessoa”, romance inédito de António Quadros, escrito na sua casa de Vale de Óbidos, Rio Maior.

Agosto: Homenagem a António Ferro, nascido a 17 de Agosto de 1895, há 128 anos.

Setembro: Homenagem a Natália Correia, nascida a 13 de Setembro de 2023, há 100 anos.

Outubro: Homenagem a Manuel Tânger Corrêa, nascido a 24 de Outubro de 1913, há 110 anos.

Novembro: Homenagem a Domingos Monteiro, nascido a 6 de Novembro de 1903, há 120 anos.

Dezembro: Homenagem a Fernanda de Castro no mês do seu nascimento e morte (08.12.1900 / 19.12.1994). Homenagem a Paulina Roquette Ferro, nascida a 27 de Dezembro de 2023, há 100 anos.

 
08 LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Obra em promoção até 14 de Maio:

 

Título: Sabatina de Estudos da Obra de António Quadros. Contributo Bibliográfico.
Colecção: Lusíada-Colóquios, n.º 8.
Capa: António Pedro.
Comunicações: João Bigotte Chorão; António Cândido Franco; Paulo Borges; João Luís Ferreira; Elísio Gala; António Telmo; Luís Furtado; Dalila Pereira da Costa; Orlando Vitorino; Pinharanda Gomes; Abel de Lacerda Botelho.
Marginália: Luís Forjaz Trigueiros; Rodrigo Emílio; João Maia; João de Melo; António Quadros na Assembleia da República.
Contributo bibliográfico: Joaquim Domingues | Pinharanda Gomes.
Edição: Lisboa: Fundação Lusíada, 1995.
PVP (em promoção): 16€

 
 
     
 
Apoios:
 
Por opção editorial, os textos da presente newsletter não seguem as regras do novo acordo ortográfico.

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