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Newsletter Nº 197 / 14 de Junho de 2023
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE


01 —
Congresso nos Cem Anos de António Quadros. Divulgação.

02 Fernando Pessoa e os da «Orpheu» em "Ao Fim da Memória", por Fernanda de Castro.

03 António Ferro e Fernando Pessoa: "Mensagem" e o «Prémio Antero de Quental».

04 Inês Guerreiro, uma Artista tão esquecida..., por Mafalda Ferro.

05 32.ª Festa do Espírito Santo no Convento da Arrábida, Memória por Maurícia Teles da Silva

06 "A Política de Portugal e a África Colonial". Divulgação.

07 Programação prevista para as newsletters de 2023. Informação.

08 Livraria, obra em promoção: "Editar Pessoa". Edição Crítica de Fernando Pessoa, por Ivo Castro.


Editorial, 
por Mafalda Ferro



A Fundação António Quadros e a Câmara Municipal de Rio Maior convidam a visitar la exposição «António Quadros e Fernando Pessoa: Retratos e Livros» - Exposição de Esculturas, Retratos (sobre tela, madeira ou papel) e, ainda, de Livros que testemunham a ligação existente entre António Quadros e Fernando Pessoa, demonstrando também os diversos momentos em que a vida e a obra de Fernanda de Castro, António Ferro e António Quadros cruzaram com a de Fernando Pessoa.


Local:
 Rio Maior, Biblioteca Municipal / Fundação António Quadros.
Patente: De 27 de Junho a 28 de Agosto de 2023.
Promoção: Fundação António Quadros.
Autoria/Curadoria: Mafalda Ferro.
Apoio: Câmara Municipal de Rio Maior.  

Para uma visita acompanhada, contacte:
Mafalda Ferro: 965552247 | mafaldaferro.faq@gmail.com

 
01 — CONGRESSO NOS CEM ANOS DE ANTÓNIO QUADROS.
Divulgação.

 
Durante o Congresso «Nos Cem Anos de António Quadros», dias 12 13 e 14 de Julho de 2023 em Lisboa e em Rio Maior, 34 oradores dissertarão sobre outros tantos aspectos da vida e obra de António Quadros.
Marque já na sua agenda.



PROGRAMA:

14.15 / 16.15  — Painel I — 12 de  Julho: Palácio da Independência, Lisboa

— AQ Hermeneuta do Pensamento Português, por José Esteves Pereira.

— AQ e Aarão de Lacerda, por José Carlos Pereira.

— AQ e Jaime Cortesão, por José Almeida.

— AQ e Álvaro Ribeiro, por Elísio Gala.

— AQ e José Marinho: empatia e  distância, por Jorge Croce Rivera.

 

16.30 / 19.30 — Painel II — 12 de  Julho: Palácio da Independência, Lisboa

— AQ e o Modernismo Português, por Annabela Rita.

— Entre o Lirismo e a Perplexidade: a obra poética de AQ, por António José Borges.

— A Ficção de AQ, por António Cândido Franco.

— A Filosofia da Pintura e a Pintura da Filosofia no Diálogo de  AQ e  Lima de  Freitas, por Rodrigo Sobral Cunha.

— AQ e a Antropologia do Imaginário: entre M. Eliade, C. G. Jung e  G. Durand, por Paulo Borges.

— AQ e a Fundação Calouste Gulbenkian: o Elogio da Leitura, por Guilherme d’Oliveira Martins.

 

14.15 / 16.15 — Painel III — 13 de  Julho: Palácio da Independência, Lisboa

— AQ, Agostinho da Silva e  outros vultos evocantes da Tradição Joaquimita, por Renato Epifânio.

— AQ e Raul Leal, por Rui Lopo.

— AQ e Delfim Santos, por Maria de  Lourdes Sirgado Ganho.

— AQ e António Telmo, por Pedro Martins.

— AQ e Dalila Pereira da Costa, por Samuel Dimas.

 

16.30 / 19.30 — Painel IV — 13 de  Julho: Palácio da Independência, Lisboa

— A Filosofia da História Portuguesa em AQ, por Joaquim Domingues.

— AQ e os Descobrimentos, por José Carlos Calazans.

— O Pensamento Político de AQ, por Luís Lóia.

— O Espaço, o Tempo e a Imagem no Movimento Existencial de AQ, por César Tomé.

— A Estética do Bailado em AQ, por Ana Margarida Chora.

— AQ do Acto à Espiral, por Artur Manso.

 

14.15 / 16.15 — Painel V — 14 de  Julho: Fundação António Quadros, Rio Maior

— AQ e a Leitura Paraclética dos Painéis, por António Braz Teixeira.

— AQ e os Esteios da Portugalidade: S. Bruno e Leonardo Coimbra, por Paulo Samuel.

— AQ Crítico Literário, por José Carlos Seabra Pereira.

— AQ e o Significado das Narrativas do Maravilhoso, por Manuel Cândido Pimentel

— A Paixão de AQ por "Fernando P.", por José António Barreiros.

 

16.30 / 19.30 — Painel VI — 14 de  Julho: Fundação António Quadros, Rio Maior

— A Dimensão Religiosa de AQ, por Peter Stilwell.

— AQ e o Culto do Espírito Santo, por Maurícia Teles da Silva.

— AQ e as Tertúlias Filosóficas, por Francisco Moraes Sarmento.

— AQ e a Fundação Lusíada, por Abel Lacerda Botelho.

— AQ Empreendedor, Humanista e  Pedagogo, o IADE, por Madalena Ferreira Jordão

— AQ Personalidade e Obra, por Jorge Preto.

— AQ Influências Familiares, por Mafalda Ferro.

 
02 FERNANDO PESSOA E OS DA «ORPHEU» EM "AO FIM DA MEMÓRIA",
por  Fernanda de Castro.


Para satisfazer a curiosidade de quantos leram o primeiro volume destas Memórias e acharam estranho o meu silêncio a respeito do Orpheu, vou dizer-lhes em poucas palavras uma razão que a meu ver explica por si só o motivo deste silêncio.


Muitos sabem que foi o António, meu marido, o editor desta revista, a primeira revista modernista portuguesa, publicada em 1915. O que talvez poucos saibam é que tinha então dezanove anos e que, sendo eu seis anos mais nova, tinha portanto treze anos, idade em que, em geral, não se pensa ainda em movimentos literários, revoluções culturais, etc., etc. Além disso, eu acabara de perder a minha mãe, acabara de voltar da Guiné e a minha vida era então estudar, estudar, para levar a bom termo a tarefa que a mim própria me impusera: fazer em três anos os sete do liceu. E nem sequer estudava Literatura ou Filosofia, estudava Física, Química e Matemática. Mais tarde, sim, conheci quase todos os escritores e todos os artistas que fizeram o Orpheu, e vou dizer o que sei ou pelo menos aquilo de que me lembro:


A revista teve apenas dois números; o terceiro estava já em preparação, mas, à última hora, o dinheiro faltou porque o pai do Mário de Sá-Carneiro, que a subsidiava, deixou de poder fazê-lo.


Os directores do primeiro número foram Luís de Montalvor e o poeta brasileiro Ronald de Carvalho, sendo o António, como já disse, o editor. Os directores do segundo número foram o Fernando Pessoa e o Mário de Sá-Carneiro, continuando o António a ser o editor.


A importância que teve esta revista foi uma pedrada no charco e essa pedrada ainda hoje influencia, quer o saibam ou não, todos os escritores e artistas das novas gerações.


O director gráfico de ambos os números foi o José Pacheco, que, por sua vez, revolucionou de tal modo as artes gráficas que ainda hoje se reconhece a sua marca em tudo o que de melhor se faz em Portugal neste campo. Lembro-me perfeitamente dele: magro, pálido, com um aspecto doentio, acabando por morrer tuberculoso aqui ao lado, numa enfermaria do Hospital de S. Luís. Tinha um terrível fastio, e fui visitá-lo várias vezes, levando-lhe sempre pastelinhos de massa tenra caseiros, que ele adorava.


Ronald de Carvalho era um grande poeta e um grande amigo. Conheci pouco Luís de Montalvor, o bastante no entanto para ter tido um grande choque com a sua terrível morte. Não conheci Sá-Carneiro, que pouco depois foi viver para Paris, mas conheci Fernando Pessoa. Era um homem calado, ensimesmado, de uma timidez que chegava a incomodar-nos. Falei com ele bastantes vezes porque era amigo duma irmã de minha mãe, a minha tia Castelo, e porque algumas vezes o encontrei numa livraria ou em casa dos seus amigos Teixeira de Azevedo. Não gosto muito de falar de Fernando Pessoa por uma razão delicada, que a mim própria se afigura absurda: começaram a dizer-me, daqui e dali, que ele gostava de mim e que se afastava propositadamente por eu ser casada com o António e ele ser muito seu amigo. Nada disto me parece verdade porque, por mais introvertido, mais discreto que seja um homem, quando está apaixonado acaba sempre por revelar-se através de um gesto, de um olhar, de uma entoação, de um sorriso que os outros não percebem mas que a mulher capta sempre. O que eu sabia, sim, é que ele gostava dos meus versos e que o disse a várias pessoas, o que a própria irmã confirmou há meses ao meu filho António, quando da comemoração, na Fundação Gulbenkian, do quinquagésimo aniversário da sua morte. Isto agradava-me, é claro, mas foi por estas razões que tinha resolvido suprimir o Fernando Pessoa das minhas Memórias. Perante a insistência de alguns e não tendo nada a esconder, resolvi desta vez explicar o meu silêncio, que certas pessoas e até um certo crítico acharam inexplicável.

Um dos colaboradores mais importantes do Orpheu foi Almada Negreiros, mas, estranhamente, a sua colaboração não se traduziu em desenhos nem em pintura, mas em pequenos poemas, em pequenos poemas em prosa a que ele chamou Frisos. Conheci Almada em Madrid, onde estava a fazer a decoração dum cinema na Gran Vía, se não me engano. Soube há dias que esses painéis estão actualmente em Portugal, tendo sido adquiridos pelo coleccionador Manuel de Brito, que os não expôs ao público. Lembro-me ainda perfeitamente do dia em que a Sarah Afonso me disse, com os olhos iluminados:


– Sabe, Fernanda, vou casar! Com o Almada, imagine, Com o Almada!

Lembro-me também da tarde em que fui visitá-los na sua casa de Lisboa e, não vendo o Almada, perguntei à Sarah:

– Onde está o José?

Ao que ela me respondeu, meio furiosa, meio a rir:

– Onde é que ele há-de estar? Está a hibernar! Logo que começa o frio mete-se na cama e só se levanta na Primavera.

– Não se pode dizer que não seja original... – disse eu a rir.

– Talvez seja muito original, mas é também muito chato! Não calcula como ficam os lençóis ao fim do dia.


Sabendo que ele gostava de desenhar na cama, compreendi perfeitamente o que ela queria dizer: aparas de lápis, torcidinhas de borracha, pingos de tinta, etc. Outra vez fui visitá-los na quintinha que tinham em Bicesse, onde a Sarah conseguira um belíssimo roseiral a que chamava «Roseiral da Amizade», porque cada roseira lhe fora oferecida por um dos seus amigos.

Confesso que me foi difícil escrever estas páginas sobre a gente do Orpheu. Escrevi-as com a maior simplicidade que me foi possível, mas se as pessoas soubessem como às vezes é complicado ser simples...

Fernanda de Castro em “Ao Fim da Memória II”, 1989.

 
03 ANTÓNIO FERRO E FERNANDO PESSOA: "MENSAGEM" E O «PRÉMIO ANTERO DE QUENTAL»,
por Mafalda Ferro.

 

Sem António Ferro, não teria havido "Mensagem".
Teresa Rita Lopes, 1915.


Reconhecendo a importância e singularidade da poesia de Fernando Pessoa, António Ferro, seu amigo desde os tempos do liceu, convenceu o Poeta a preparar para publicação um conjunto de poemas que descansava há anos numa gaveta, sem esperança de ver a luz do dia, ao qual Pessoa chamava “Portugal” e submeter o resultado final a concurso do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN).


Porque António Ferro acreditava na qualidade desses poemas soltos e na do seu autor, emprestou-lhe o montante necessário para a sua publicação e, em boa hora o fez pois, com efeito, essa viria a ser a única obra de Fernando Pessoa publicada em volume durante a sua vida.


Quando, em 1934, o SPN instituiu os Prémios Literários, Fernando Pessoa, por insistência de António Ferro, candidatou-se ao Prémio Antero de Quental, na categoria de «Melhor Livro de Versos» com “Mensagem”.


Parte do júri do Prémio Antero de Quental, presidido por António Ferro, constituído também por Acácio de Paiva, Mário Beirão, Teresa Leitão de Barros e Alberto Osório de Castro e secretariado por António de Menezes, reuniu a 29 de Dezembro de 1934 no Gabinete de António Ferro que procedeu à leitura do regulamento e da lista de candidatos.

O júri examinou as obras a concurso e considerou que, apesar do seu valor, a “Mensagem” de Fernando Pessoa não podia ser aceite na categoria de «Melhor Livro de Versos» porque não obedecia aos termos do regulamento, por ser inferior a cem páginas visto que o corpo do livro acabava na página noventa e seis.

O Prémio Antero de Quental, categoria «Melhor Livro de Versos» (5.000$00) foi, então, atribuído à obra “A Romaria” de Vasco Reis.


António Ferro criou então uma nova categoria «Poema ou Poesia Solta» e, então, a opinião do júri foi consensual: “Mensagem” venceu o Prémio Antero de Quental nessa categoria (1.000$00).

Na publicação “A Politica do Espirito e os Prémios Literários do SPN”, que inclui tanto o discurso proferido a 21 de Fevereiro de 1935 por António Ferro como o regulamento dos referidos Prémios, pode ler-se:

 

1 - O Prémio Antero de Quental será atribuído a obras de duas categorias

a - ao Melhor Livro de Versos, não inferior a 100 páginas, que seja publicado de 1 de Julho de 1933 a 31 de Outubro de 1934 e em que se revele uma inspiração bem portuguesa e mesmo, de preferência, um alto sentido de exaltação nacionalista;

b - a um Poema ou Poesia Solta, onde as mesmas qualidades e intenções se manifestem.

 

2 - Á primeira categoria será concedida uma recompensa de 5.000$00 e á segunda uma recompensa de 1.000$00.


[A categoria «Poema ou Poesia Solta» não estava orçamentada mas, p
or decisão de António Ferro, os valores monetários das duas categorias viriam, posteriormente, a ser equiparados e, dessa forma, ambos os autores premiados receberam o mesmo montante de 5.000$00].

Por discordar frontalmente da política salazarista, Fernando Pessoa não compareceu á entrega do Prémio, mas não o recusou.


O Prémio Antero de Quental não voltou a galardoar duas categorias.


Fernando Pessoa morreu no dia 30 de Novembro de 1935, pouco depois da entrega do prémio.
“Mensagem” foi o seu único livro publicado em vida, além de algumas publicações em inglês: «Antinuous» (com capa de António Soares) e «35 Sonets», em 1918; «English Poemas I-II» e «English Poemas III, em 1921. A estas publicações, pela sua dimensão e aparência, o Poeta chamou opúsculos.


DEDICATÓRIA DE FERNANDO PESSOA EM "MENSAGEM":

Ao António Ferro, in partibus infidelium, com um grande abraço do Fernando Pessoa. 13 de Dezembro de 1934.
 
04 — INÊS GUERREIRO, UMA ARTISTA TÃO ESQUECIDA...,
por Mafalda Ferro.

 

Junho é o mês escolhido pela Fundação António Quadros para evocar e lembrar Inês Guerreiro (Inês do Amparo Maracoto Guerreiro) nascida em Setúbal no dia 13 de Junho de 1915.

Filha de Luísa Victória Maracoto Guerreiro, natural de Mértola, e de António Cândido Guerreiro, natural de Setúbal, proprietário da Papelaria «Casa Mascarenhas» e da Tipografia-Oficinas gráficas de «A. Cândido Guerreiro» em Setúbal. Era nesta tipografia que se imprimia o jornal «A Indústria - Conservas de Portugal» fundado em 1923 e onde diversos escritores imprimiam obras de sua autoria dos quais se destaca Fernanda de Castro editou as obras que publicou como «Edições de Autora».


Lamentavelmente, poucos conhecem ou se lembram desta talentosa e multifacetada artista pertencente à segunda geração de artistas modernistas portugueses.


Lembramo-nos que v
iveu em Paris, trabalhou na Fundação Calouste Gulbenkian onde trabalhou como cenógrafa e figurinista, que gostava de jogar canasta e «trivial», que jogava muito bem tennis, que foi das primeiras mulheres em Portugal a tirar a carta de condução, que era bondosa, dócil e sempre simpática. Quando morreu, no dia 14 Julho de 1998, deixou uma imensa saudade.

Nasceu no mesmo ano da revista «Orpheu», no mesmo dia de Fernando Pessoa, e manteve relação de amizade com artistas e intelectuais da época das quais se refere Fernanda de Castro, Maria Archer, Cristina Lino Pimentel, Mily Possoz, Maria Forjaz Trigueiros, Nina Marques Pereira, Heloísa Cid, Ary dos Santos, Diogo Dória, Germana Tânger, David Mourão-Ferreira, Manuel Couto Viana, Margarida Homem de Sousa, Teresa Leitão de Barros, Sarah Affonso, Júlia Almendra, Águeda Sena, Amélia Rey Colaço, Sarah Affonso, Natércia Freire, Maria da Graça Freire, entre outros.

Com a publicação do presente artigo, pretende-se dar a conhecer a obra de Inês Guerreiro incentivando estudos mais aprofundados da sua obra. No entanto, n
ão conseguimos encontrar quaisquer referências ao percurso académico desta artista (poderá ter estado ligado às Belas Artes...) mas pensamos que o seu talento e a sua criatividade eram inatos e que terá sido introduzida no mundo das artes e no interesse pela literatura por seu pai.

Sabemos que foi a
única discípula de Sarah Affonso e que se destacou como ilustradora, desenhadora, pintora, retratista, figurinista, cenógrafa, restauradora e decoradora de interiores. Desenhou e pintou móveis, trabalhou com folha de ouro, concebeu registos de Santo e desenhos para bordados e, sendo muito organizada e responsável, foi uma grande gestora.

Calcula-se que terá conhecido Fernanda de Castro com aproximadamente 25 anos e que, desde então, foi a sua mais presente amiga e colaboradora. Desta colaboração, referimos:


-
O constante apoio prestado aos Parques Infantis de Fernanda de Castro em prol das crianças carenciadas de Lisboa e, quando a amiga, por motivos de saúde, se viu obrigada a entregá-los à Misericórdia de Lisboa (1973), foi ela que, durante cerca de 5 anos, dirigiu a Instituição até a doação ser formalmente oficializada.

- As aulas de pintura que, graciosamente, dava às crianças do «Pássaro Azul», grupo de bailado dos Parques Infantis.

- A aquisição, decoração e direcção, com Fernanda de Castro e, posteriormente, sozinha, de um hotel de charme em Cascais, o «Solar de D. Carlos».

- A colaboração que, durante dois anos consecutivos (1963, 1964), prestou na realização dos «Festivais no Algarve» de Fernanda de Castro.

- A decoração dos primeiros 40 apartamentos de Vilamoura (1965), com Fernanda de Castro e Ana Maria Quadros.

- As ilustrações e o arranjo gráfico da revista mensal «Bem Viver» fundada e dirigida por Fernanda de Castro (1953-1954).

- Os desenhos para o Álbum de Bebé concebido por Fernanda de Castro.


Infelizmente, é impossível, fazer jus à incessante actividade e enorme qualidade e sensibilidade artística desta multifacetada artista cujo nome já poucos lembram e cuja obra desconhecem. 
Assim, fizemos um levantamento, tão exaustivo quanto nos foi possível, de muitas das suas actividades e obras, esperando ter acesso a mais informação que nos permita completá-lo:


Participação de obras de Inês Guerreiro em exposições:


1944 -
8.ª Exposição de Arte Moderna realizada no estúdio do SNI.

1945 - 9.ª Exposição de Arte Moderna realizada no estúdio do SNI.

1946 - 10.ª Exposição de Arte Moderna realizada no estúdio do SNI.

1947 - Segunda Exposição colectiva de Arte Moderna de Desenho, Aguarela, Gouache, Pastel, Gravura» na Sala de Exposições do SNI, Palácio Foz. Participação com António Duarte, António Lino, Artur Jorge, Luiz Trindade, J. Martins Correia, João Fragoso, Júlio Resende, Manuel Lapa, Maria Adelaide Lima Cruz, Mily Possoz, Thomaz de Mello (Tom) e outros.

 

Cenários, Figurinos, Adereços, por Inês Guerreiro:


[1957-1962] -
Desenho, crayon, do mítico «Pássaro Azul», símbolo de "Procura da Felicidade" que viria a dar nome ao Grupo de Bailado dos Parques Infantis (extinto em 1962), inspirado num conto de Maurice Maetrelinck.

[1957-1962] - Figurinos (Reis Magos, Nossa Senhora, S. José, Anjos, Pinheiro, Lavadeiras e Pastores) do bailado «Auto de Natal» para o Grupo de Bailado «Pássaro Azul».

[1957-1962] - Figurinos (Mendigo, Palhaço, Urso de Pelo, Comandante, Mágico, Princesa, Arauto, Boneca, Soldadinho) do bailado «A Loja de Brinquedos», de Adolfo Simões Muller, para o Grupo de Bailado «Pássaro Azul».

1969 - Cenário e Trajes das figuras (Namorado, Polícia, Vendedeiras, Manas Gémeas, Criadas, Garoto, Estudante e Turista) do «Bailado Instantâneo» dançado pelo Ballet Gulbenkian, apresentado no Teatro «Politeama» em 1969.

1970 - Desenho das Jóias usadas pelas personagens da tragédia grega «Medeia» de Eurípedes, no âmbito do XIV Festival de Sintra.

1993 - Cenário e Trajes para "Nome de Guerra: Judite" de Almada Negreiros, adaptação e direcção artística de Germana Tânger, peça estreada no Teatro S. Luís a 15 de Abril de 1993 e posteriormente no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito do centenário de Almada Negreiros.

 

Retratos por Inês Guerreiro


Retratos («Máscaras») de Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, José Osório de Oliveira, Rui Barbosa, Sampaio Bruno, São Francisco e William Shakespeare, entre outros publicados na 3.ª série da Revista Atlântico, por si exclusivamente ilustrada.


Retratos em várias colecções de Maria Archer, António Quadros, Fernando Telles de Castro, Mafalda Ferro, António Roquette Ferro, Pedro, Ricardo e Isabel Guerreiro Novais, Manuela Guerreiro Novais, Águeda Sena, 3 dos netos de Fernanda de Castro (Tracy, Grett e António), entre muitos outros. Salienta-se muito especialmente o retrato de
Fernanda de Castro (1964), uma das mais icónicas obras de arte pertencentes ao acervo da Fundação António Quadros.

 

Capa, Ilustrações, Desenhos em obras literárias, por Inês Guerreiro:


[s.d.] - Serra da Estrela. Desdobrável Turístico, Edições SNI

[s.d.] - Guimarães. Desdobrável Turístico, Edições SNI.

[s.d.] - Coimbra. Desdobrável Turístico, Edições SNI.

[s.d.] - Bragança. Miranda. Desdobrável Turístico, Edições SNI.

1945 - A Alma da Velha Casa, de Natércia Feire.

1948 - Sorte, de Fernanda de Castro.

1948 - Catálogo oficial da VII Exposição Nacional de Floricultura promovida pela Câmara Municipal de Lisboa e realizada no Pavilhão dos Desportos de Lisboa (Flores da Primavera). Fotografias de Horácio Novais. Desenhos de Inês Guerreiro, José Espinho e José Neto.

1948 - Heróis da Tomada de Lisboa, de Estevão Pinto. «Grandes Portugueses», n.º 1, Edições SNI.

1949 - Infanta D. Maria, de Teresa Leitão de Barros. «Grandes Portuguesas», n.º 01, Edições SNI.

1949 - A Rainha D. Leonor, de Estevão Pinto. «Grandes Portuguesas», n.º 02, Edições SNI.

1950 - D. Filipa de Vilhena e as heroínas de 1640, de Teresa Leitão de Barros. «Grandes Portuguesas», n.º 03, Edições SNI.

1953/1954 - Revista “Bem Viver (10 números).

1954 - As Heroínas de Diu, de Teresa Leitão de Barros. «Grandes Portuguesas», n.º 04, Edições SNI.

1963 - A Princesa dos Sete Castelos, de Fernanda de Castro. [1.ª edição]

1964 - A Vida Maravilhosa das Plantas, de Fernanda de Castro.

1964 - A Princesa dos Sete Castelos, de Fernanda de Castro. [2.ª edição]

1965 Mariazinha em África, de Fernanda de Castro. [7.ª edição]

1966 – Mariazinha em África, de Fernanda de Castro. [8.ª edição]

1967 - O pequeno sol, de Heloísa Cid.

1968 – Mariazinha em África, de Fernanda de Castro. [9.ª edição]

1966 - África Raiz, de Fernanda de Castro. [1.ª edição]

1969 - Fim-de-Semana na Gorongosa, de Fernanda de Castro.

1969 - A Princesa dos Sete Castelos, de Fernanda de Castro. [3.ª edição]

1971 - A Princesa dos Sete Castelos de Fernanda de Castro. [4.ª edição]

1973 - Varinha de Condão, de Fernanda de Castro e Teresa Leitão de Barros.

1973 – Mariazinha em África de Fernanda de Castro [10.ª edição]

1973 – Mariazinha em África, de Fernanda de Castro. [11.ª edição]

1974 - A Princesa dos Sete Castelos, de Fernanda de Castro. [5.ª edição, 4.º Milhar]

 

Testemunhos


- O talento artístico de Inês Guerreiro dividia-se entre a pintura, o desenho, as artes gráficas, os trabalhos oficinais, a cenografia. A delicada estética da sua obra enquadra-se na perfeição, na História de Arte, no chamado Segundo Modernismo Português e em cujo período se situa a parte mais importante da sua perfeição.
Francisco Almeida Dias em "Em Fernanda de Castro, Literatura e artes plásticas no português, feminino, plural, tese orientada por Vítor Serrão em 2004.


- A pintura de Inês Guerreiro é clara e luminosa como a sua alma.
Fernanda de Castro na «Revista Bem Viver».

 
- A Inês Guerreiro, pintora e também mulher dos sete ofícios, sabia coisas incríveis: desenhar móveis, escolher madeiras, fazer cubicagem das ditas (nunca percebi o que isto queria dizer) e o caso é que, ali n’A Colmeia, se fez o mobiliário completo para a Pousada de Santa Iria em Tomar. (Devo dizer que nunca tivemos reclamações.) Estas mobílias que se fizeram para Tomar eram cópias do século XVII e foi ela, Inês, que fez os marmoreados, os lacados e os esponjados de todos estes móveis. Devo também dizer que sabia dourar com folha de ouro e muitas outras coisas no mesmo género de que nunca soube sequer o nome.

Fernanda de Castro, em "Ao Fim da Memória."

 

Traduções de Inês Guerreiro


1939 -
Sobre a Evolução, de E. W. Macbride. Lisboa: Inquérito Cadernos inquérito. Série: Ciência.

1997 - Low Budget: Objectos do Quotidiano: Uma Colecção de Mathias Dietz e Mats Theselius. [Lisboa] : Centro Cultural de Belém, 1997 Tradução de Margaret Kelting e Inês Guerreiro.

1998 - Sugimoto. Coordenação de Clara Távora Vilar. Traduções de Helena Cardoso, Inês Guerreiro, Russell B. Sacks.

 

Referências a Inês Guerreiro


1977 -  
Artistas portuguesas. Texto de Salette Tavares. Lisboa: Sociedade Nacional de Belas Artes, 1977.

1978 - Em "Portuguese 20th Century Artists: A Biographical Dictionary", p. 81, de Michael Tannock:  GUERREIRO , Inês Amparo Maraceto. Born Setúbal 1915.

2000 - Inês Guerreiro, Pintora e Ilustradora Contemporânea, mostra delicadeza emotiva em suas obras de linhas simples e cunho moderno - Em Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses III, de Fernando de Pamplona (Livraria Civilização Editora, 2000, 4.ª edição actalizada), p. 94.



Retratos: Legendas

01-Auto-retrato, 1938; 02-Auto-retrato, 1939; 03-Figurativo, s/d; 04-Manuela Guerreiro Novais, s/d; 05-Maria Archer, 1944; 06-Ricardo Guerreiro Novais, s/d; 07-Tracy e Grett Ferro com António Roquette Ferro; 08-Águeda Sena, s/d; 09-António Quadros, 1945; 10-Fernanda de Castro, 1964; 11-Camilo Castelo Branco, 1949; 12-Eça de Queiroz, 1949; 13-William Shakespeare; 14-José Osório de Oliveira, 1949; 15-Rui Barbosa, 1950; 16- Sampaio Bruno, 1950; 17-São Francisco, 1949.

 
05 32.ª FESTA DO ESPÍRITO SANTO NO CONVENTO DA ARRÁBIDA,
Memória por Maurícia da Conceição Teles da Silva

A Festa celebrou-se no passado dia  28 de Maio 2023, domingo de Pentecostes, conforme o programa anunciado, agradecemos à Direcção do Convento da Arrábida - Fundação Oriente, pela preservação do lugar, espaço aberto a este Encontro protelando a memória da tradição portuguesa na senda dos Franciscanos Espirituais.


Agostinho da Silva avivou a memória: “Desse Império não poderá ser Imperador, como daquele a que irrisoriamente se chamava Santo, nenhum corrupto homem de guerra e de ganância e de cego poder, mas a Meninos se confere a Coroa, pois que seu domínio será o da entrega ao sonho, à inocência do brincar, à imaginação que do tempo e do espaço se liberta”.


Agora, em 2023, lembramos António Quadros, trinta anos após a partida e no Centenário do seu nascimento, que os caminhos permanecem na eternidade para quem dedicou a maior atenção à cultura portuguesa, a não esquecer a sua obra-prima Portugal, Razão e Mistério.


Assim, subimos a Serra, no Dia de Pentecostes, desde 1991, quando também descemos à Lapa de Santa Margarida, com a presença de António Quadros, que nos inspirou, e inspira na Coroação das Crianças, com as Trovas para o Menino Imperador – no Dia de Pentecostes, magnitude do poema pela Pureza e Espírito da Verdade.


Menino, ainda não cresceste,

Não queres mal a ninguém,

Nesse templo, tua alma,

Só há lugar para o bem.  […]


Em termos modernos, assim como chamaríamos coroação do menino ao dar-se fundamental atenção à criança, a alimentá-la como se deve, a educá-la com se deve, a tratá-la como se deve, fazendo da criança o ponto central da sociedade, também diríamos agora em linguagem actual que ninguém deve haver no mundo passando fome, quer se trate da fome que significa não comer mesmo, quer da fome de carências em proteína, vitamina ou gordura, quer da fome de abrigo, quer da fome de amor; que há, para que tal se consiga, sistemas económicos que não se baseiam na concorrência, na exploração dos outros e no lucro individual”

Agostinho da Silva, em O Espírito Santo das Ilhas Atlânticas, Vida Mundial, 1972


Deste modo, concretizamos, nesta Festa Arrábida, o Bodo que representa a dádiva e partilha do alimento, as primícias da terra, como na ancestral festa das Colheitas. 
Invocamos a Paz urgente, na Liberdade que é um direito de cada ser, em Fraternidade de que tanto carece este mundo.

Acreditamos nas palavras de António Quadros (Arrábida, 1991) com a emergência de realização no presente: 
Esta mensagem de Fraternidade entre todos os povos, todas as raças, todas as nações, entre todas as religiões, quando todos os homens começam a entender-se uns aos outros. 

Em Boletim «Folhas à Solta» n.º 118, Associação Agostinho da Silva.

 

06 A POLÍTICA DE PORTUGAL E A ÁFRICA COLONIAL.
Divulgação.

Impulsionados por factores internos e contextos internacionais, por vezes indissociáveis dos assuntos ultramarinos, os períodos de rutura política são constantes ao longo da História de Portugal.

Alicerçado numa substancial análise documental e bibliográfica, o livro "A Política de Portugal e a África Colonial" permite conhecer os momentos de crise ocorridos entre o século XV e o ano de 1974.

Ao descrever o impacto das questões africanas que acompanharam a ascensão e queda da presença portuguesa em África, as dinâmicas políticas vão sendo progressivamente reabertas e reveladas.

Edição - Lisboa: Edições Vieira da Silva, Setembro de 2022.

O Autor: 
João António Salvado (Estoril, 1964) licenciou-se em História pela Universidade Lusíada (1989) e desde 1997 é mestre em Estudos Africanos pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Depois de concluir uma nova licenciatura, no Ramo Educacional (1998), direccionou a sua actividade profissional para a Educação, tendo leccionado em vários estabelecimentos de ensino público e privado, nomeadamente no Departamento de História da Universidade Lusíada (1998-2002). Actualmente é formador e docente de História do Quadro do Ministério da Educação.

Tem desenvolvido estudos sobre a influência do continente africano na História de Portugal.

Sobre esta temática, participou em vários encontros científicos onde apresentou, por exemplo, o «Tratado de Tordesilhas: um problema estratégico e diplomático» in "Os Descobrimentos Portugueses no século XV" (Lisboa, Academia de Marinha, 1999); «A influência do mito: o exemplo do Preste João», in "A viagem de Vasco da Gama" (Lisboa, Academia de Marinha, 2002); «Pedro Álvares Cabral: Para além do Atlântico», in "Pedro Álvares Cabral" (Lisboa, Academia de Marinha, 2004); «A Imagem do Negro no Carnaval de Torres Vedras, História das Festas» (Colibri, Câmara Municipal de Torres Vedras / Universidade de Lisboa, 2006).

Colabora pontualmente com a Imprensa, destacando-se os artigos «Inês de Castro: a Internet e as fontes históricas» e »O Testemunho do Assassino de Inês de Castro» (Região de Cister, 2011 e 2012). Em 2017, publicou "O Olhar Colonial em Eça de Queiroz", nas Edições Vieira da Silva.


 
07 PROGRAMAÇÃO PREVISTA PARA AS NEWSLETTERS DE 2023.
Informação.


As newsletters de 2023, ano do centenário de nascimento de António Quadros, ser-lhe-ão muito especialmente dedicadas. No entanto, destacaremos também a vida e obra de outras personalidades, figuras centrais de importantes efemérides, e as actividades da Fundação, de Rio Maior, e de outras Instituições ou de Particulares.


Com a disponibilização da Agenda a completar todos os meses, pretendemos dar ao leitor, com antecedência, a oportunidade de sugerir elementos ou publicações para cada mês.

Muitas vezes, depois da publicação de cada NL, recebemos elementos que evidentemente registamos mas que, em termos da sua publicação, já nos chegam fora de horas.


AGENDA:

Julho: Congresso «Nos Cem Anos de António Quadros (1923-2023)»; Entrega do Prémio António Quadros BIOGRAFIA; Inauguração do «Jardim António Quadros» em Rio Maior; Lançamento da obra “A Paixão de Fernando Pessoa”, romance inédito de António Quadros, escrito na sua casa de Vale de Óbidos, Rio Maior.
Agosto: Homenagem a António Ferro, nascido a 17 de Agosto de 1895, há 128 anos.
Setembro: Homenagem a Natália Correia, nascida a 13 de Setembro de 2023, há 100 anos.
Outubro: Homenagem a Manuel Tânger Corrêa, nascido a 24 de Outubro de 1913, há 110 anos.
Novembro: Homenagem a Domingos Monteiro, nascido a 6 de Novembro de 1903, há 120 anos.
Dezembro: Homenagem a Fernanda de Castro no mês do seu nascimento e morte Homenagem a Paulina Roquette Ferro nascida há cem anos, no dia 27 de Dezembro de 2023.

 
08 LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS

Obra em promoção até 14 de Julho:

 

Autoria: Ivo Castro.


Título:
Editar Pessoa. Edição Crítica de Fernando Pessoa.


Colecção:
«Estudos», Vol. I.


Edição
Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1990.        


PVP:
5€

 
 
     
 
Apoios:
 
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