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Newsletter Nº 201 / 14 de Setembro de 2023
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 Natália Correia (nota biográfica), por Mafalda Ferro.

02 Exposição «Natália Correia e António Quadros, Amigos, Intelectuais, Juntos na chegada, Juntos na partida. Apresentação por Manuela Dâmaso. [Natália Correia, Set.1923-Março de 1993; António Quadros, Julho de 1923 - Março de 1993.

03 Uma visita aos Açores: Natália Correia e Fernanda de Castro, em "Ao Fim da Memória", por Fernanda de Castro.

04 Conversas em torno d'A Paixão De Fernando P. Agenda.

05 Centenário de António Quadros: Iniciativas realizadas ou ainda em agenda. Divulgação.

06 Excerto de uma entrevista a Mafalda Ferro, por «Correio do Ribatejo».

07 Programação prevista para as newsletters de 2023. Informação.

08 Livraria, obra em promoção: Portugal, Razão e Mistério: A Trilogia", de António Quadros.


Editorial,

por Mafalda Ferro.

Ainda no âmbito do centenário de António Quadros e também de Natália Correia:

Está patente em Rio Maior a exposição «Natália Correia e António Quadros: Amigos, Intelectuais, Juntos na Chegada, Juntos na Partida»:

Um abraço agradecido pelos sentimentos que me exprime a respeito de um desgosto que vive dentro de mim misturado no meu sangue, no meu espírito mas que é também uma presença que tem a chave do meu mistério. Mas não gosto de falar destas coisas embora esteja sempre a falar delas por outras palavras. Mas sei que me entende porque pressinto que o António, como aconteceu comigo, está preso à sua mãe por uma linha luminosa, o cordão umbilical que nos liga ao centro inteligente de todas as coisas do mundo.

Só por si, este excerto de uma carta enviada por Natália Correia a António Quadros, em 1969, seria o bastante para justificar a exposição que a Fundação inaugurou em evocação da amizade e cumplicidade vividas por António Quadros e Natália Correia. Ambos nascidos em 1923, despediram-se de nós, sem nunca nos abandonar, em Março de 1993.



Promoção:
Fundação António Quadros / Escola Secundária de Rio Maior.

Apoio: Câmara Municipal de Rio Maior / Biblioteca Municipal Laureano Santos.

Autoria / Curadoria: Mafalda Ferro.

Grafismo: Paulo Montez (CMRM).

Tipologia: Exposição Itinerante - Gráfica e Bibliográfica.

Locais: Setembro, Fundação António Quadros / Biblioteca Municipal; Outubro, Escola Secundária de Rio Maior.

Nota: A cerimónia de inauguração foi apresentada por Manuela Dâmaso, com leitura de textos por Cheila Rosa e David Santos (alunos da Escola Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira, de Rio Maior).


Leitura recomendada:

"Viagem à década de 1920. O diáfano brilho da extravagância", de Maria João Castro. Prefácio: Nuno Júdice. Lisboa: ArTravel, 2023.

Resumo: Os Loucos Anos Vinte, Les Années Folles ou The Roaring Twenties evocam um decénio esplêndido e evanescente, definido a partir de uma efervescência artístico-cultural única. A modernidade e o cosmopolitismo emanados da Paris do pós-guerra espalharam-se pelo mundo ocidental e consagraram-se através de uma elite dançando a um ritmo frenético, euforicamente interrompido com a Grande Depressão, fim de um tempo efémero e estrondoso. A apresentação esteve a cargo de Renato Epifânio, director da Revista. Com a chancela da Zéfiro, 


Projecto António Telmo, Vida e Obra, NOTÍCIA:


«Nova Águia 32» com inédito de António Telmo lançada na próxima terça-feira, 12, às 18:00, no Palácio da Independência, em Lisboa


Temas tratados, artigos publicados: Conteúdo da II Mesa Redonda em homenagem a António Quadros «(Re)pensar Portugal à luz de "Portugal, Razão e Mistério", de António Quadros», um escrito inédito de António Telmo, “Os leonardinos”, um ensaio de Risoleta C. Pinto Pedro sobre Thomé Nathanael, alter ego ficcional do filósofo, e um texto de apresentação de A Glória da Invenção – Uma aproximação ao pensamento iniciático de António Telmo, de Pedro Martins e Risoleta C. Pinto Pedro, assinado por José Faro, são alguns dos muitos motivos de interesse do número 32 da NOVA ÁGUIA, que homenageia o Professor Adriano Moreira nos seus 101 anos.

Aquisição: 
novaaguia@gmail.com

Projecto António Telmo, Vida e Obra, MEMÓRIA:

Natália Correia (de A Terra Prometida: Maçonaria, Kabbalah, Martinismo e Quinto Império, Volume I das Obras Completas, Zéfiro, 2014)

 
01 — NATÁLIA CORREIA 1923-1993 (nota biográfica), por Mafalda Ferro.


Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, São Miguel, Arquipélago dos Açores, no dia 13 de Setembro de 1923.


Destacou-se, desde muito cedo, pela sua forte personalidade feita de coragem, irreverência, frontalidade e força, bem como pelos seus dotes de oradora e lutadora em prol de causas culturais e políticas bem como da despenalização do aborto, dos  direitos das mulheres, em particular, e, de todos os humanos.


A sua diversificada obra literária inclui o Romance, a Poesia, o Teatro, o Ensaio, a  Tradução, múltiplos Artigos publicados na Imprensa e participações em Antologias.


Fundou e apresentou o programa televisivo «Mátria» que constituía um verdadeiro curso de cultura geral e em que expunha sem qualquer pejo todas as suas ideias.


Politicamente, passou por várias fases mas nunca escolheu os seus amigos com base nas suas opções partidárias. Depois do 25 de Abril, a convite de Francisco Sá Carneiro, tomou lugar no Parlamento como Deputada do PSD. Regressaria, mais tarde, como Deputada Independente.


Nos anos 50 e 60, em sua casa, aconteciam até altas horas da noite tertúlias literárias que reuniam artistas, intelectuais e políticos portugueses e estrangeiros. Participou também nos serões literários e musicais em casa de Fernanda de Castro e nos Encontros Culturais ao fim da tarde no IADE, a convite de António Quadros.


Em 1969, Natália Correia  convidou Fernanda de Castro a, com ela, viajar para a sua terra-natal, S. Miguel, Açores, tendo aí permanecido durante uma semana (15/22 de Agosto). [ler o artigo «03» da presente newsletter]


A partir dos anos 70 do século XX, António Quadros organiza no IADE Encontros Culturais. Num desses primeiros encontros (23 de Janeiro de 1970), António Quadros presta homenagem a José Régio. Natália Correia, Ary dos Santos, Dórdio Guimarães e Alice Gomes leram poemas do homenageado. António Quadros, Natália Correia, Manuel d'Oliveira, João Gaspar Simões, proferiram palestras.


Em 1982, Natália Correia inaugurou no Bairro da Graça, em Lisboa, o seu bar «Botequim» no qual durante mais de 10 anos deu continuidade às tertúlias anteriormente realizadas em sua casa e onde reinava, como diva que era, com um certo autoritarismo e a sua habitual sem-cerimónia. Poucos se atreviam a contestar as suas ideias ou as suas palavras. Lembramo-nos de que a sua voz era forte e o tom que utilizava não dava azo a discussões. O ponto final era sempre seu. Muitos foram os que de lá expulsou. A casa estava sempre a abarrotar de artistas, jornalistas, intelectuais e outros amigos. Nunca faltava assunto, música e poesia.


Natália casou quatro vezes (Álvaro dos Santos Dias Pereira em 1942, William Creighton Hyler em 1949, Alfredo Machado em 1950 e Dórdio Guimarães em 1990) e por todos os maridos foi amada mas o fogo e a paixão de que se revestiam todos os seus relacionamentos, amorosos, ou quaisquer outros, eram seus. Não teve filhos.


Foi amiga de Almada Negreiros, Amália Rodrigues, António Quadros, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira, Fernanda de Castro, Fernando Dacosta, Francisco Sá-Carneiro, Germana Tânger, Heloísa Cid, Inês Guerreiro, José-Augusto França, José Cardoso Pires, Júlia Lello, Luiz Francisco Rebello, Mário Cesariny, Snu Abecassis, Urbano Tavares Rodrigues, Vitorino Nemésio, entre muitos outros.


Recebeu em sua casa personalidades internacionais das quais se destaca Henry Miller, Graham Greene e Ionesco.


Morreu na madrugada do dia 16 de Março de 1993, quando chegava do «Botequim», cinco dias antes de António Quadros.


Deixou cerca de quatro dezenas de obras literárias publicadas e um riquíssimo espólio bibliográfico, artístico e documental que legou à Região Autónoma dos Açores.


Nota: O mês da sua morte, Março de 1993, foi um triste mês para as Letras em Portugal já que, num espaço de 10 dias, nos despedimos também de Manuel da Fonseca (dia 11), de Franco Nogueira (dia 14), Natália Correia (dia 16), António José Saraiva (dia 17) e António Quadros (dia 21). A todos, a nossa sentida homenagem. Gostamos de os imaginar, juntos, em tertúlia com a Natália Correia a dirigir a sessão.

 
02 NATÁLIA CORREIA E ANTÓNIO QUADROS, AMIGOS, INTELECTUAIS, JUNTOS NA CHEGADA, JUNTOS NA PARTIDA. APRESENTAÇÃO, por Manuela Dâmaso.


Boa tarde.

As primeiras palavras a serem proferidas na inauguração oficial desta Exposição têm que reiterar o agradecimento a Mafalda Ferro, presidente da Fundação António Quadros, pelo seu inexcedível contributo para a Vida Cultural de Rio Maior. Quando no final de Julho, me endereçou o convite para apresentar esta exposição e surgiu a hipótese da itinerância da mesma para a Biblioteca da Escola Secundária, Mafalda Ferro tudo fez para agilizar essa partilha, obviamente com o contributo também extraordinário da Câmara Municipal, edilidade exemplar no apoio à Fundação, contribuindo, assim, não só para o desenvolvimento cultural do município, como para a sua projecção nacional e, até, internacional, dadas as ligações da Fundação ao Brasil, por exemplo.


Eis-nos, assim, em mais um evento cultural nesta Biblioteca Municipal. Desta vez,  uma exposição muito especial. Ao homenagear o seu patrono, António Quadros, a Fundação fá-lo destacando uma amizade e um encontro intelectuais, cuja essência se alicerça na alma lusíada. Por outras palavras, Natália Correia e António Quadros, almas multifacetadas, intelectuais de vanguarda, de presença viva e mística, pensaram Portugal, como muito poucos o fizeram.


Natália Correia foi uma mulher carismática com uma vida social intensa, que não fez concessões à mediania e se notabilizou por uma vasta obra intelectual, de onde sobressai a poesia.


Além da poesia que ambos escreviam, António Quadros e Natália Correia tinham em comum o estudo do culto do Espírito Santo e a sua representação na explicação da portugalidade.


Em 1923, António Quadros nasce em Lisboa (14 de Julho) e Natália Correia em São Miguel, Açores (13 de Setembro).


Ambos desenvolvem percursos intelectuais ímpares, ambos investigam e ambos explicam a alma portuguesa a partir, precisamente, do culto do Espírito Santo. Ora, este Culto está na base da fundação da nossa nacionalidade, ainda que a sua origem possa remontar ao politeísmo celta. A divindade do Espírito Santo que estabelece que a Trindade possui a mesma substância que o Pai e o Filho é decretada pelo Papa Dâmaso (305-384), no Concílio de Constantinopla em 381, tornando em dogma o que S. João anunciava no seu evangelho, onde se lê: «Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse» (Jo 14, 26). E mais importante para o futuro culto é quando anuncia que o reino a vir é um reino de paz: «Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá» (Jo 14, 27). Na verdade, o Espírito Santo tem lugar de destaque em todo o Novo Testamento. É claro que a doutrina cristã não é alheia a outras tradições e culturas, uma vez que só começou a ganhar forma há cerca de 2000 anos,  complementando as profecias hebraicas, herdando outras nuances que a tornam rica e admirável.


Natália Correia vai relevar esta tradição introduzida por «cistercienses [...] pelos espirituais e pelos observantes que tinham muito prestígio em Portugal e que foram protegidos por «Dona Isabel e Dom Dinis que [lhes] teria[m] mandado escrever A Demanda do Graal».


António Quadros é também um dos intelectuais que atribui a origem do culto do Espírito Santo e respectiva popularização ao reinado de D. Dinis (1261-1325) e à diligência da sua mulher D. Isabel (1271-1336), a infanta  aragonesa que com ele casou em 1282, aos 12 anos, por procuração.


Natália Correia entendia que o Espírito Santo mantinha uma presença constante em todos os tempos e lugares, sendo Espírito Santo a semente de ouro dos deuses. O Espírito Santo paira, livremente, e manifesta-se pela linguagem mítico-poética, religiosa, que se preocupa com a união dos povos rumo à paz universal.


António Quadros e Natália Correia exploram, a par de outros, como por exemplo Agostinho da Silva (1906-1994), a profunda ligação entre o Espírito Santo e os Templários. Como já sabemos, foi D. Dinis quem se empenhou «em preservar as estruturas da Ordem do Templo transferindo-as para a Ordem de Cristo fundada para esse fim [...] com os Templários e os Cistercienses.» Foi precisamente a convite de Agostinho da Silva, que António Quadros se deslocou pela primeira vez ao Brasil, proferindo conferências e dando aulas sobre temas de filosofia e cultura portuguesa na Universidade de Brasília e noutros importantes centros culturais brasileiros, como  Rio de Janeiro e S. Paulo.


Este sentimento universalista da possibilidade criadora de Portugal no caminho fraterno da Paz universal, segundo estes intelectuais encontra no Infante D. Henrique aquele que iniciará, até agora, o grande projecto para Portugal, os Descobrimentos.


António Quadros e Natália Correia defendem que Portugal terá na construção deste reino de paz uma responsabilidade maior. Já antes, Luís de Camões e Padre António Vieira o anunciara, e, Fernando Pessoa deixará bem vincado esse propósito em Mensagem. António Quadros é um dos maiores divulgadores da obra pessoana nos anos 80 do século XX, reflectindo e publicando a sua investigação sobre o poeta, como por exemplo, em 1985, publicando, sob o tema: Estudos sobre “Fernando Pessoa no Brasil”, o texto “Fernando Pessoa, Poeta, Profeta e Alquimista do Verbo”, no âmbito do cinquentenário da sua morte. Mas, também ele, sente o pulsar da poesia em si.


António Quadros apresenta um conceito totalmente novo, no seguimento da sua obra Portugal, Razão e Mistério, o conceito de “patriosofia”, ou seja, o conhecimento da pátria na tessitura da filosofia portuguesa.


Natália Correia apresentará, por seu turno, outros conceitos, também inovadores, também ligados à compreensão da pátria, os de “Mátria” e “Frátria”. A sua intervenção intelectual passou, ainda, pelo parlamento, com polémicas intervenções parlamentares enquanto deputada (1980-1991). A sua voz era sempre impactante e única.


As Festas do Espírito Santo continuam a ser celebradas anualmente quer nos Açores, quer no Continente, mantendo assim viva a matriz do desejo de  fraternidade universal a partir de Portugal.


Em 1993, com cerca de setenta anos, António Quadros e Natália Correia despediram-se do mundo terreno, deixando-nos a obrigação de continuar a acreditar em Portugal.


Esta exposição permitirá a todos conhecer alguns momentos da vida de ambos, mas, sobretudo, suscitar interesse para as suas obras e respectivas reflexões.


Nota: Este texto foi acompanhado com a leitura dos poemas “Auto-retrato” e “Andar? Não me custa nada!...” de Natália Correia e do poema “Poética Contraditória” de António Quadros, além de um excerto da obra Anjo Branco, Anjo Negro deste filósofo, por Cheila Rosa e David Santos.


Referências:

fundacaoantonioquadros.pt

https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/75347/1/ncorreia.es-II-v1-manso-31-07.pdf

[consulta em Setembro de 23]

 

03 — UMA VISITA AOS AÇORES: NATÁLIA CORREIA E FERNANDA DE CASTRO, EM "AO FIM DA MEMÓRIA", 1989, por Fernanda de Castro.

Legenda: Natália Correia em casa de Fernanda de Castro, 1989.

Um dia, a Natália Correia disse-me à queima-roupa:


Vou passar uma semana aos Açores, isto é, a Ponta Delgada, com a Helena Ferreira e o Dórdio Guimarães. Porque não vem connosco?


Pensei vertiginosamente que a Natália era alegre e divertida, que a Helena e o Dórdio eram óptimos companheiros e que tinha trabalhado tanto que merecia bem oito dias de recreio.


– Porque não? A viagem é curta e não deve ser ruinosa. Quando partimos?

– No próximo domingo e voltamos no domingo seguinte. Está de acordo?

– Estou. Domingo é um óptimo dia para viajar.

– Então faça a malinha e deixe lá o resto. O Dórdio trata-lhe do bilhete e depois fazem contas.

  

E aqui está como, certo domingo de manhã, parti para os Açores, bastante satisfeita porque só conhecia S. Miguel de passagem e sempre tivera vontade de lá voltar.


Não encontrámos lugar nos hotéis da cidade, de modo que fomos para o Hotel das Furnas. A Natália, gentilíssima, quis por força que eu ficasse no melhor quarto do hotel. Devo dizer, desde já, que, durante essa semana, fui rodeada por uma amizade e por uma série de atenções que não poderei esquecer. Foi a Natália, açoriana de gema, quem organizou o programa dos festejos. Logo no dia seguinte encomendou para todos nós o famoso cozido à portuguesa das Furnas, que é uma autêntica obra-prima. Num saco de linho branco metem-se as carnes, os enchidos e os legumes e ata-se muito bem este saco, que, por sua vez, é metido num saco de serapilheira que se amarra com um cordel bem forte. Depois enterra-se o saco em determinados sítios que só lá conhecem, onde tudo é cozido em vapor, sem uma gota de água. Ao fim dum certo tempo, contado pelo relógio, o saco é desenterrado e o cozido está pronto a ir para a mesa, onde é positivamente devorado, pois fica extremamente saboroso, sem que nenhum dos seus componentes perca um átomo do seu valor nutritivo. A fechar este almoço pantagruélico, magníficas rodelas de ananás.


Quem nunca comeu ananases dos Açores, bem maduros, não sabe o que é um ananás, de tal modo o seu gosto ali é diferente e verdadeiramente delicioso.


Alugámos então um carro e fomos ver as lagoas, a começar pela das Sete Cidades, azul e verde, e também as hortênsias que já não estavam todas azuis mas de um doce rosa-velho, não menos bonito. No dia seguinte visitámos a cidade. Fomos ver o banco de Antero, naquele jardim em que o poeta tantas vezes passeou a sua angústia, a sua nostalgia, a dor que finalmente o levou ao supremo desespero. O banco que tínhamos na frente era aparentemente igual aos outros, mas diferente, tão diferente! Fomos depois à campa de Antero, no pequeno cemitério bem tratado. Havia flores frescas na sepultura do poeta a Natália, num movimento espontâneo, arrancou-me das mãos um raminho de flores silvestres que eu apanhara no campo e pô-lo, já meio murcho, sobre a pedra tumular. Quanta emoção nos nossos olhos e nas nossas almas! Natália disse entre dentes estas ou outras palavras semelhantes:

 

– É preciso ser da ilha para compreender até ao fundo esta tragédia.

 

À noite fomos visitar o poeta Armando Côrtes-Rodrigues. Ao entrar na sua sala, tive um momento de comoção, pois foi exactamente como se entrasse numa das salas da nossa velha casa de Cacilhas: a mesma causeuse, a mesma étagère, o mesmo sofá, as mesmas almofadas, o mesmo sobrado, esfregado com escova e sabão amarelo, o mesmo perfume difícil de definir, mas que nos lembra naftalina, maçãs, doce de licor de tangerina e um quase nada de bafio.


Falámos de tudo e de muita gente, sobretudo de Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, de outros poetas mais novos, do Orpheu e das últimas novidades literárias de Lisboa e de Paris. Lembro-me neste momento que tenho um poema seu escrito à mão, assinado com o pseudónimo feminino de Violante de Cysneiros, que usou por vezes!


Os dias seguintes passaram-se a visitar a ilha por a Natália querer à força encontrar uns tais «Capetas» já que, na sua opinião, a maneira de os Açorianos pronunciarem a letra u vinha de França. Segundo ela, uns tantos descendentes de Luís XVI, os Capetos, tinham-se refugiado nos Açores para fugir ao Terror. Afirmava que ainda existiam famílias com esse nome no interior de S. Miguel e a verdade é que, depois de buscas e mais buscas, de voltas e mais voltas, fomos encontrar de facto uma família com esse nome deturpado: a família Capeta. Infelizmente não estava ninguém em casa porque tinham ido a uma romaria, mas esta tentativa pareceu a Natália extremamente positiva, confirmando assim a sua tese.


A semana passou-se agradavelmente a percorrer a ilha em todos os sentidos, pois a Natália tinha parentes em toda a parte, queria vê-los ou pelo menos ter notícias deles. Durante estes passeios na ilha de S. Miguel, tão bela e tão profusamente florida, eu não podia esquecer Antero e o desespero que o fizera renunciar à vida, quando tanto podíamos ainda esperar do seu génio.

 
04 — CONVERSAS EM TORNO D'A PAIXÃO DE FERNANDO P. Agenda.

A Fundação António Quadros acaba de editar «A Paixão de Fernando P.», romance deixado inédito pelo seu autor, António Quadros.

O livro foi apresentado em Rio Maior no dia 14 de Julho, dia do centenário do seu autor, por José António Barreiros, prefaciador e autor da transcrição do manuscrito e, entra em digressão a partir de Outubro de 1923, estando já marcadas algumas sessões em formato de tertúlia:


17 de Outubro, terça-feira, 18.30

«Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». Lisboa, Casa Fernando Pessoa. Participantes: José António Barreiros, Ricardo Belo de Morais, [2 participantes em fase de confirmação].


18 de Outubro, quarta-feira, 17h

«Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». Óbidos, FOLIO, Casa José Saramago. Participantes: Manuela Dâmaso, Anabela Almeida, Manuel Dugos Pimentel, Manuel Cândido Pimentel.


21 de Outubro, sábado, 15.30h

«Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». Azeitão, Associação Cultural Sebastião da Gama. Participantes: José António Barreiros, Lourenço de Morais, Pedro Martins, Risoleta Pinto Pedro.


Novembro [em fase de organização]

«Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». Porto. Participantes: José Almeida, José Carlos Seabra Pereira, José António Barreiros, Paulo Samuel.

 
05 — CENTENÁRIO DE ANTÓNIO QUADROS: INICIATIVAS REALIZADAS OU AINDA EM AGENDA. Divulgação.

 

2023 é o ano em que se celebra o centenário de nascimento de António Quadros, e se assinala a data da sua morte, 30 anos depois.

Desde Julho de 2022 que se preparam e realizam diversas iniciativas integradas nas comemorações dos 100 ANOS DE ANTÓNIO QUADROS que, quando promovidas pela Fundação António Quadros, são sempre apoiados pela Câmara Municipal de Rio Maior. Estão ainda em agenda diversos momentos.


16 de Julho de 2022

 Mesa Redonda I «(Re)pensar Portugal à luz de 'Portugal, Razão e Mistério', de António Quadros». [Terminado]

[sessão transcrita e publicada em «Nova Águia», n.º 31, 1.º semestre de 2023]

Apresentação: Mafalda Ferro, Filipe Santana Dias. Participantes presenciais: Renato Epifânio, Joaquim Domingues, António Cândido Franco, Pedro Martins, José Almeida, Joaquim Pinto da Silva, Manuel Cândido Pimentel, Manuel Dugos Pimentel, César Tomé. Participantes à distância: Maurícia Telles da Silva, Guilherme Oliveira Martins, Anna Maria Moog. Promoção: Fundação António Quadros. Coordenação: Mafalda Ferro, Renato Epifânio. Local: Rio Maior, Fundação António Quadros / Biblioteca Laureano Santos. Apoio: Câmara Municipal de Rio Maior.


19 de Novembro de 2022

 Mesa Redonda II «(Re)pensar Portugal à luz de 'Portugal, Razão e Mistério', de António Quadros»[Terminado]

[sessão transcrita e publicada em «Nova Águia», n.º 32, 2.º semestre de 2023]

Apresentação: Mafalda Ferro, Leonor Fragoso. Participantes: César Tomé, Manuel Cândido Pimentel, Renato Epifânio, Samuel Dimas. Promoção: Fundação António Quadros. Coordenação: Mafalda Ferro, Renato Epifânio. Local: Rio Maior, Fundação António Quadros / Biblioteca Laureano Santos. Apoio: Câmara Municipal de Rio Maior. [Terminado]

 

10 de Dezembro de 2022 

 Assinatura de protocolo entre a Fundação António Quadros e a Associação Agostinho da Silva (AAS). [Terminado]

Local: Lisboa, Instalações da AAS. Organização Fundação António Quadros e Associação Agostinho da Silva. 

 Sessão de Homenagem a António Quadros. [Terminado]

Local: Instalações da AAS, Lisboa. Organização Fundação António Quadros e Associação Agostinho da Silva. Participantes: António Braz Teixeira, Renato Epifânio, Rodrigo Cunha.  

Janeiro de 2023
  Publicação da Revista «Nova Águia», n.º 31 com os conteúdos da I Mesa Redonda). [Terminado]
Por Renato Epifânio, director da Revista. Local: Lisboa, Palácio da Independência.



Dia 21 de Março de 2023, Dia da Poesia e da morte de AQ, 30 anos depois

   Inauguração da exposição «Tipografias e Registos: Pintura e Poesia em Diálogo». [Terminado]

Musica e canto: Paulo Montez, em Rio Maior. Apresentação de um conjunto de telas de Fátima Ramalho em homenagem à poesia de António Quadros e de outros autores. Organização Fundação António Quadros e Câmara Municipal de Rio Maior. Grafismo: Paulo Montez.


Dia 10 de Abril de 2023 

 Assinatura de protocolo entre a Fundação António Quadros e a Associação Cultural Sebastião da Gama. [Terminado]

Participantes: Lourenço de Morais, Mafalda Ferro. Local: Rio Maior, Fundação António Quadros.


Dia 14 de Abril de 2023 

 Conferência sobre «António Quadros e Fernando Pessoa». [Terminado]

Autoria e Organização: Ricardo Belo Morais. Local: Lisboa, sala do Âmbito Cultural do El Corte Inglês. 


Dia 27 de Maio de 2023

 Colóquio de «Homenagem a António Quadros nos 100 anos do seu nascimento». [Terminado]

Organização: ICEA - Instituto de Cultura Europeia e Atlântica, Ericeira. Participantes: Anabela Almeida, António Braz Teixeira, José António Barreiros, Mafalda Ferro, Renato Epifânio. Encerramento: José Freitas.


Dia 28 de Junho de 2023

Inauguração da Exposição «António Quadros e Fernando Pessoa: Retratos e Livros». [Terminado]

Expo de Retratos (sobre tela, madeira ou papel) e, ainda, de Livros que testemunham a ligação existente entre António Quadros e Fernando Pessoa, demonstrando também os diversos momentos em que a vida e a obra de Fernanda de Castro, António Ferro e António Quadros cruzaram com a de Fernando Pessoa. Local: Fundação António Quadros. Promoção: Fundação António Quadros. Autoria, Curadoria: Mafalda Ferro. Grafismo: Paulo Montez.


Dia 12 de Julho de 2023

 Colocação de Placa de homenagem a António Quadros na casa onde viveu. [Terminado]

Desde que nasceu até ao dia do seu casamento, sita na antiga Calçada dos Caetanos / Rua João Pereira da Rosa n.º 6, 1.º, em Lisboa. Organização: Câmara Municipal de Lisboa, por iniciativa do Centro Nacional de Cultura, da Fundação António Quadros e da Fundação Calouste Gulbenkian.

 «Congresso nos Cem Anos de António Quadros», parte I. [Terminado]

 Local: Lisboa, SHIP, Palácio da Independência. Organização: Fundação António Quadros; Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Participantes: Annabela Rita, António Cândido Franco, António José Borges, Carlos Pereira, Elísio Gala, Guilherme dOliveira Martins, Jorge Croce Rivera, Jorge Preto, José Almeida, José Esteves Pereira, Rodrigo Sobral Cunha.


Dia 13 de Julho de 2023 

 «Congresso nos Cem Anos de António Quadros», parte II.[Terminado]

 Local: Lisboa, SHIP, Palácio da Independência. Organização: Fundação António Quadros, Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Participantes: Ana Margarida Chora, Artur Manso, César Tomé, Joaquim Domingues, José Carlos Calazans, Luís Lóia, Maria de Lourdes Sirgado Ganho, Pedro Martins, Renato Epifânio, Rui Lopo, Samuel Dimas.


Dia 14 de Julho de 2023 (dia do nascimento de António Quadros)

 Visita à exposição «António Quadros e Fernando Pessoa: Retratos e Livros». [Terminado]

Promoção: Fundação António Quadros. Local: Fundação António Quadros, Rio Maior.

 Apresentação de «A Paixão de Fernando P.». [Terminado]

Romance, até então, inédito, de António Quadros, editado pela Fundação. Apresentação: José António Barreiros. Local: Fundação António Quadros, Rio Maior.

 Entrega do Prémio António Quadros 2023 a Richard Zenith[Terminado]

Pela sua obra "Pessoa-Uma Biografia". Local: Fundação António Quadros, Rio Maior.

 Inauguração do «Jardim António Quadros».[Terminado]

Homenagem da Câmara Municipal de Rio Maior. 

 «Congresso nos Cem Anos de António Quadros», parte III. [Terminado]

Local: Biblioteca Municipal / Fundação António Quadros, Rio Maior. Organização: Fundação António Quadros, Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Participantes: Abel Lacerda Botelho, António Braz Teixeira, Francisco Moraes Sarmento, José António Barreiros, José Carlos Seabra Pereira, Madalena Ferreira Jordão, Mafalda Ferro, Manuel Cândido Pimentel, Maurícia Teles da Silva, Paulo Samuel, Peter Stillwell.


Dia 27 de Julho de 2023

 Colóquio «Ideal, Espírito e Cultura: Quatro jovens pensam António Quadros». [Terminado]

Promoção: Fundação António Quadros. Local: Biblioteca Municipal / Fundação António Quadros, Rio Maior. Participantes: Tomás Cantinho Cunha, Manuel Dugos Pimentel, Miguel Montezuma de Carvalho, Jorge Silva.


Dia 1 de Setembro de 2023

 Exposição «Amigos, Intelectuais, Juntos na Chegada, Juntos na Partida - Natália Correia, Cem Anos Depois (Setembro de 1923 - Março de 1993) | António Quadros, Cem Anos Depois (Julho de 1923 - Março de 1993)». [em curso]

Promoção: Fundação António Quadros / Escola Secundária de Rio Maior. Autoria, Curadoria: Mafalda Ferro. Grafismo: Paulo Montez. Local: Fundação António Quadros. Inauguração Oficial: 11 de Setembro, 15h. Apresentação: Manuela Dâmaso, Alunos da Escola Secundária de Rio Maior. Tipologia: Exposição Itinerante - Gráfica e Bibliográfica. 


12 de Setembro de 2023
  Publicação da Revista «Nova Águia», n.º 32 com os conteúdos da II Mesa Redonda). [Terminado]
Por Renato Epifânio. Local: Lisboa, Palácio da Independência.


Dia 1 de Outubro de 2023

 Exposição «Amigos, Intelectuais, Juntos na Chegada, Juntos na Partida - Natália Correia, Cem Anos Depois (Setembro de 1923 - Março de 1993) | António Quadros, Cem Anos Depois (Julho de 1923 - Março de 1993)».

Promoção: Fundação António Quadros / Escola Secundária de Rio Maior. Autoria/Curadoria: Mafalda Ferro. Grafismo: Paulo Montez. Apresentação: Manuela Dâmaso, Alunos da Escola Secundária de Rio Maior. Local: Escola Secundária de Rio Maior.


Dia 17 de Outubro de 2023, 18.30

 «Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». 

Local: Casa Fernando Pessoa, Lisboa. Participantes: José António Barreiros, Ricardo Belo de Morais, Fabrizio Boscaglia, Paula Mendes Coelho. Com envolvimento da plateia.


Dia 18 de Outubro de 2023, 17h

 «Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.».

Local: Óbidos, FOLIO, Sala José Saramago. Participantes: Manuela Dâmaso, Anabela Almeida, Manuel Dugos, Manuel Cândido Pimentel. Com envolvimento da plateia.


Dia 21 de Outubro de 2023
, 15.30h

 «Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». 

Local: Associação Cultural Sebastião da Gama, Azeitão. Participantes: José António Barreiros, Lourenço de Morais, Pedro Martins, Risoleta Pinto Pedro. Com envolvimento da plateia.

Novembro de 2023 (em fase de preparação)

 «Conversas em torno d'A Paixão de Fernando P.». 

Local: Porto. Participantes: José Almeida, José Carlos Seabra Pereira, José António Barreiros, Paulo Samuel. Com envolvimento da plateia.


Ainda sem data marcada

 Reedição da «Obra Poética e em Prosa de Fernando Pessoa», introdução e organização de António Quadros. 

 
06 — EXCERTO DE UMA ENTREVISTA A MAFALDA FERRO pelo «Correio do Ribatejo».


Como surgiu a ideia de criar a Fundação António Quadros - Cultura e 
Pensamento?

— Quando, em 1994, a Família Ferro herdou o espólio documental, bibliográfico e artístico de Fernanda de Castro, era preciso tomar uma decisão a propósito do seu destino. Sabíamos que era importante mantê-lo enquanto conjunto. Apesar da colecção de arte e da biblioteca terem sido divididas pelos herdeiros, decidi, com a concordância de todos, criar uma Fundação que acolhesse e tratasse o arquivo documental e, também, a minha parte do espólio artístico e bibliográfico, de forma a cumprir o que acreditei ser a vontade do meu pai e avós: utilizá-lo em benefício da cultura, da investigação. E, de novo, com o acordo e o apoio da família, assim o fiz. Em 2011, depois da morte da minha mãe, mulher de António Quadros, o seu espólio integrou também o acervo da Fundação.


Quais são as principais actividades desenvolvidas pela Fundação?

— Além de continuar a tratar o arquivo, a biblioteca e a colecção de arte, de apoiar numerosos trabalhos de investigação particulares e institucionais, publicações, eventos e outras iniciativas culturais, a Fundação realiza, sozinha ou em parceria, exposições, colóquios, workshops, atribui prémios, publica uma newsletter mensal e obras literárias (enquanto editora ou em co-edição), recebe estagiários do 11.º e 12.º anos das escolas de Rio Maior, estabelece parcerias e possui uma livraria de livro antigo, para apoio dos investigadores e como forma de angariar receitas.


Quais são os projectos mais recentes da Fundação?

— As nossas mais recentes realizações foram o Momento de Poesia, Música e Memória: «António Quadros: 30 anos depois da sua morte». e, ainda patente, a exposição «Ruy Belo, 90 anos depois». [...]


O que significa para a Fundação o centenário do nascimento de António

Quadros que este ano se assinala?

— Estarmos a celebrar este centenário com tantos interessados, com tantas personalidades e instituições envolvidas, significa que a Obra e o Pensamento do nosso patrono continuam vivos e em evolução, o que representa para nós motivo de grande satisfação e orgulho.


Como tem trabalhado a Fundação para preservar o legado de António

Quadros?

— O legado intelectual e artístico que deixou e que foi incorporado na Fundação em 2011, é tratado e inventariado arquivisticamente, de uma forma sistemática sendo toda a informação disponibilizada no Site da Fundação. Em relação ao seu Pensamento e Obra, realizámos desde Dezembro, três Encontros, em Lisboa na Associação Agostinho da Silva, e em Rio Maior na Fundação AQ com 12 intervenientes, estudiosos da sua obra maior "Portugal, Razão e Mistério - a trilogia" publicado recentemente pela Fundação e pela Alma dos Livros (em 2020, embora o processo de divulgação e estudo tenha sido interrompido pela pandemia), e, também, do seu Pensamento. Patenteamos periodicamente, no espaço museológico da Biblioteca Municipal de Rio Maior, exposições uma das quais, recentemente «António Quadros e a Filosofia Portuguesa».


Qual é a importância de António Quadros para a cultura portuguesa?

— António Quadros, além de ideólogo e fundador do IADE, hoje IADE Creative University, foi, como referido por Pinharanda Gomes, o rosto visível da Filosofia Portuguesa e do Movimento que lhe está associado; estudou como ninguém, Portugal, com base na sua história, nos seus mitos e tradições, e sobre esses temas publicou diversas obras de referência; foi um dos primeiros pessoanos a publicar sobre a sua vida e obra.

António Quadros foi Filósofo, Professor, Poeta, Escritor de ficção e literatura para crianças, Radialista, Jornalista, Empreendedor e, muito, muito mais, um exemplo para quantos o conheceram, leram ou com ele privaram. É considerado uma figura incontornável para o estudo destes ou de tantos outros temas da cultura dos quais se destaca os jornais e as revistas que criou, participou ou apoiou, «Espiral», Acto», «57», «Biblioteca Breve», etc.. Importa também referir o seu  papel participativo, interventivo e directivo no Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.


Como é que a Fundação se tem relacionado com outras instituições

culturais em Portugal?

— Muito bem e de forma bastante produtiva. A Fundação é procurada e chamada a apoiar projectos de inúmeras instituições culturais e de educação, como a Fundação Gulbenkian, o Museu do Teatro e da Dança, o Museu de Arte Contemporânea, a Casa Fernando Pessoa, o Padrão dos Descobrimentos, o Diário de Notícias, a Universidade de Aveiro, o IADE Creative University, entre muitas outras, tendo assinado desde Dezembro protocolos com a Associação Agostinho da Silva (Lisboa) e com a Associação Cultural Sebastião da Gama (Azeitão).


E com a Câmara Municipal de Rio Maior?

— A parceria estabelecida, e assinada em Protocolo a 6 de Maio de 2013 com a Câmara Municipal de Rio Maior (CMRM) está presente em todas as actividades da Fundação, não só através da cedência de um espaço de trabalho, do apoio de serviços e técnicos, como da boa vontade e do interesse da Presidência e da Vereação da CMRM, sempre atenta às nossas necessidades. Aliás a Presidência da Câmara tem lugar no Conselho Consultivo da Fundação, um dos seus Órgãos Sociais. Assim, todas as acções, sejam elas quais forem, promovidas pela Fundação, são apoiadas pela Câmara e trabalhadas também em estreita colaboração com os técnicos da Biblioteca Municipal em cujo edifício a Fundação ocupa instalações próprias. Aliás, em homenagem a António Quadros no ano do seu centenário, o Sr. Presidente da Câmara vai inaugurar formalmente o jardim que fica ao lado da biblioteca municipal nomeando-o «Jardim António Quadros».

É devido a acções como esta que a  Fundação tem evoluído a vários níveis de forma monumental desde que se instalou em Rio Maior.


Como é que tem envolvido a comunidade local de Rio Maior?

— Todas as actividades da Fundação são divulgadas junto do público em geral através do envio de uma newsletter mensal, do facebook e no Site da Fundação, É com prazer que nos apercebemos o quanto a adesão da comunidade tem aumentado durante os 10 anos da Fundação em Rio Maior. Diversos membros da comunidade são chamados a participar, por exemplo, enquanto jurados na atribuição de prémios da Fundação, na apresentação de livros e de outras iniciativas, na participação em colóquios. Ao abrigo de um programa pedagógico promovido pela CMRM e pela Fundação, recebemos durante o mês passado 230 crianças e jovens a quem se falou da Fundação e dos seus patronos e, também, de Ruy Belo, através de conversas, jogos e leituras e distribuição de um opúsculo. A Fundação reúne com professores e recebe estagiários das escolas riomaiorenses.


Quais são os principais desafios enfrentados pela Fundação actualmente?

— É evidente que a Fundação precisaria de um espaço maior e de mais recursos  financeiros mas, no geral, os problemas que enfrenta não são graves. As receitas da  Fundação resultam da sua livraria, de direitos de autor e dos donativos financeiros  do grupo «Amigos da Fundação António Quadros». No entanto, face ao crescente aumento de entrada de espólios e elementos documentais, bibliográficos e artísticos que precisam ser submetidos a tratamento, de investigadores ou outros particulares que solicitam visitas e reprodução de documentos, de actividades promovidas ou propostas, a maior preocupação da Fundação, hoje, é a falta de recursos humanos, factor que, cada vez mais, atrasa o crescimento da Fundação.


Quais são os planos da Fundação para os próximos anos?

— A Fundação pretende, obviamente, manter-se em Rio Maior, continuando a cumprir os seus objectivos, acrescentando novos elementos ao seu acervo, tentando marcar a diferença em Portugal e muito especialmente no município de Rio Maior que consideramos o nosso município de adopção, contribuindo para a difusão do conhecimento e continuando a ser essencialmente uma Casa de Acção, Cultura e Pensamento aberta a quantos dela precisem.

 
07 Programação prevista para as restantes Newsletters de 2023Informação.

As newsletters de 2023, ano do centenário de nascimento de António Quadros, ser-lhe-ão muito especialmente dedicadas. No entanto, destacaremos também a vida e obra de outras personalidades, figuras centrais de importantes efemérides e as actividades da Fundação, de Rio Maior, de outras Instituições ou de Particulares.


Com a disponibilização da Agenda a completar todos os meses, pretendemos dar ao leitor, com antecedência, a oportunidade de sugerir elementos ou publicações para cada mês.


Muitas vezes, depois da publicação de cada NL, recebemos elementos que evidentemente registamos mas que, em termos da sua publicação, já nos chegam fora de horas.


AGENDA

Outubro: Homenagem a Manuel Tânger Corrêa, nascido a 24 de Outubro de 1913, há 110 anos.

Novembro: Homenagem a Domingos Monteiro, nascido a 6 de Novembro de 1903, há 120 anos.

Dezembro: Homenagem a Fernanda de Castro no mês do seu nascimento e morte (08.12.1900 / 19.12.1994). Homenagem a Paulina Roquette Ferro, nascida a 27 de Dezembro de 2023, há 100 anos. Homenagem a Urbano Tavares Rodrigues, nascido a 6 de Dezembro de 2023, há 100 anos.

 

08 — Livraria António Quadros: Obra em promoção até 14 de Outubro:


Autoria:
António Quadros.

Título: Portugal, Razão e Mistério – A Trilogia.

Coordenação, organização, concepção, fixação de texto, introdução: Mafalda Ferro.

Transcrição do manuscrito do Livro III, Nota Prévia, Apoio editorial: Joaquim Domingues.

Posfácio, Apoio editorial, Revisão: Pedro Martins.

Apoio: Câmara Municipal de Rio Maior.

Edição — Lisboa: Alma dos Livros / Fundação António Quadros, 2020.

PVP: €18 
 
 
     
 
Apoios:
 
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