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Newsletter Nº 206 / 14 de Fevereiro de 2024
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE


01 — 
Nos 120 anos de José Marinho, por Renato Epifânio.

02 «Saber quem pensou em nós»: no 100.º aniversário de António Quadros, por Joaquim Pinto da Silva.

03 — Mito, História e Movimento - Invocação no Centenário de António Quadros, por Miguel Parada.

04 — Serão Literário «Liberdade, Poesia, Vida» porque "não há machado que corte a raiz ao pensamento". Divulgação.

05 — Dom Manuel e o regicídio, por Mafalda Ferro.

06 — Ruy Belo, 91 anos depois: Poema «Ah, poder ser tu, sendo eu!, de Ruy Belo, por Fundação António Quadros.

07 — Tasquinhas de Rio Maior. Divulgação.

08 — Livraria António Quadros: Em memória de D. Manuel no mês do assassinato de seu pai e irmão, obra em promoção até 14 de Março: D. Manuel II, o Desventurado, de António Ferro.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro.


Dedica-se a presente newsletter a José Carlos de Araújo Marinho (1 de Fevereiro de 1904 / 5 de Agosto de 1975), 120 anos depois do seu nascimento.

 

José Marinho, António Quadros e a Filosofia Portuguesa

 

O tempo passado por Marinho na Faculdade de Letras da Universidade do Porto enquanto se licenciava em filologia românica, viria a ser fundamental para o caminho rumo ao conceito de uma filosofia portuguesa já que, além de ter sido aluno de Leonardo Coimbra, foi colega de Álvaro Ribeiro, Sant'Anna Dionísio, Delfim Santos, Agostinho da Silva e Adolfo Casais Monteiro.


Segundo António Quadros, em «O Tempo», 01.03.1984 (excerto):

O problema da filosofia portuguesa foi levantado por um pensador da craveira intelectual de Álvaro Ribeiro a partir de 1943 e meditado em moldes um pouco diferentes mas convergentes por esse outro grande pensador, seu amigo e colega, sob o magistério de Leonardo Coimbra, que foi José Marinho.

Os discípulos de ambos (discípulos no verdadeiro sentido do termo, que nada tem a ver com a relação aluno-professor, do tipo escolar e burocrático), desenvolveram, desde 1957, uma obra cuja continuidade se mantém e até se renova nos nossos dias, que bem ou mal ficou conhecida por «Movimento da Filosofia Portuguesa» e se exprimiu não só por uma bibliografia já importante, como por diversas revistas de cultura, entre as quais lembro o «57», a «Espiral», a «Chaves», a «Ilha» ou a «Escola Formal».

 

Desse primeiro grupo de mestres e discípulos a que os seus componentes gostavam de chamar «Discípulos de Leonardo Coimbra e discípulos dos seus discípulos», destaca-se Afonso Botelho, Agostinho da Silva, Álvaro Ribeiro, António Braz Teixeira, António Quadros, António Telmo, Dalila Pereira da Costa, Eduardo Salgueiro, Francisco da Cunha Leão, Francisco Sottomayor, João Ferreira, José Marinho, Orlando Vitorino, Pinharanda Gomes e Sant'Anna Dionísio, tendo existido muitos outros.

Das muitas obras que publicou em vida, referimos apenas algumas das existentes na biblioteca de António Quadros, hoje parte do acervo da Fundação António Quadros, todas com texto quase completamente sublinhado e anotado por Quadros, tal era o seu interesse pela obra deste seu mestre:

 

"O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra" publicado em 1945, com dedicatória manuscrita Ao António Quadros, com a sincera estima do José Marinho. Lx. 8 de Março de 1952.

"Teoria do Ser e da Verdade" com a dedicatória manuscrita Ao António Quadros, que se abriu para o sentir existencial do tempo no espaço português, pelo que fez e pelo melhor e mais fundo que dele espero. Com a simpatia e a amizade do José Marinho. Lisboa, 22 de Fevereiro de 1962.

"Filosofia, ensino ou iniciação?" com dedicatória manuscrita Ao António Quadros, lembrança de convívios, sinal de estima. Lx. 27-XII.72. José Marinho.

 


Ainda na mesma biblioteca, é possível consultar:

 

"José Marinho. A situação actual do saber antigo" com dedicatória manuscrita do autor Ao dr. António Quadros, com a admiração do Pinharanda. Av. da Liberdade, 35-4.º 4.d. Lx, 1962.

 

Em 1982, Quadros publica "Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista I. O Sebastianismo em Portugal e no Brasil" que dedica "À memória de José Marinho. Ao Agostinho da Silva. À Dalila Pereira da Costa. Ao Ariano Suassuna.".

Possa você continuar a viagem tão [...] aos que querem encarar o homem e o destino sem os antolhos da filosofia medíocre ou da religião sofisticada. E não interprete isto com a certeza de que não fui sensível ao seu artigo  sobre o meu pequeno ensaio da Ocidente[...]

Como sempre com a sincera simpatia do Marinho.

Em carta de José Marinho a António Quadros. Lisboa, 15 de Março de 1951.



Lembrando Agostinho da Silva (A. S.), nascido a 13 de Fevereiro de 1906, há 118 anos, informamos que no Arquivo Histórico da Fundação António Quadros existem 63 Cartas de A. S., 1 para Fernanda de Castro e 62 para António Quadros; alguns textos e artigos de António Quadros sobre A. S.; cerca de 50 textos de A. S., alguns dos quais com dedicatórias para António Quadros e, entre eles, encontrei, muito a propósito, um poema, assinado e datado (Praça do Chile, 2.6.81) de que aqui transcrevo a primeira quadra em texto corrido: Acho graça às homenagens que me prestam, excelente sinal de ilusões que a eles restam-


DISCÍPULOS DE LEONARDO COIMBRA E DISCÍPULOS DOS SEUS DISCÍPULOS

Sentados: Sant'Anna Dionísio, Padre Dias de Magalhães, Agostinho da Silva, Maria Violante Moreira, João Seabra Botelho, José Marinho.

De pé: Pinharanda Gomes, Eduardo Salgueiro, António Quadros, Francisco Sottomayor, Álvaro Ribeiro, Afonso Botelho, António Alvim, Amândio César, Francisco e Maria Leonor da Cunha Leão, Augusto Saraiva, Vasco da Gama Rodrigues. 

 

01 — Nos 120 anos de José Marinho [01],
por Renato Epifânio.

 

 “por metafísica designa-se não só e apenas o que está para além do físico, mas antes e primordialmente o que lhe é íntimo e nele se supõe”

José Marinho [02]

 

Também a filosofia se faz de lugares-comuns. Um dos maiores, senão mesmo o maior, consiste em subdividir os filósofos em duas categorias – lembrando a célebre pintura de Rafael (“A Escola de Atenas”), os que apontam para cima (como Platão) e aqueles que apontam para baixo (como Aristóteles), ou seja, entre aqueles que apontam para o metafísico e aqueles que se retêm no físico.

Mais do que uma subdivisão, trata-se, de resto, de uma redução, pois que o seu corolário – expresso ou tácito, tal pouco importa – é defender que só os primeiros – os que apontam para cima, os que apontam para o metafísico – são os verdadeiros filósofos.


Poderíamos dar múltiplos contra-exemplos deste lugar-comum, contra-exemplos de filósofos que desconstroem, por inteiro, esse equívoco. Falaremos, contudo, apenas de José Marinho – um dos filósofos mais metafísicos do século XX português e, não obstante, um dos filósofos que mais pensou a nossa “situação”, mais do que isso, um dos filósofos que mais teorizou a noção de “filosofia situada”.


Que José Marinho tenha sido um filósofo metafísico, eis o que, julgamos, ninguém porá em causa. A sua obra Teoria do Ser e da Verdade, publicada em 1961, foi o exemplo maior disso – decerto até um dos exemplos maiores de pensamento metafísico expresso em língua portuguesa. Nas lapidares palavras de António Telmo, a Teoria “aparece como uma montanha inacessível na planície acidentada do pensamento português”
[03].

Simplesmente, Marinho não foi apenas o autor da Teoria do Ser e da Verdade. Foi também o autor de múltiplos outros textos onde, como dissemos, se debruça sobre a nossa “situação”, mais do que isso, onde teoriza a noção de “filosofia situada”. E não por incoerência – eis o que gostaríamos aqui de salientar. Ao invés, na nossa perspectiva, é a própria dimensão mais metafísica do pensamento marinhiano que exige a sua própria radicação no espaço e no tempo, ou seja, na “situação”. E isto porque, nas já aqui referidas palavras de Marinho, “por metafísica designa-se não só e apenas o que está para além do físico, mas antes e primordialmente o que lhe é íntimo e nele se supõe”.


Expressão máxima dessa faceta mais “situada” foi a sua obra, já publicada postumamente, Verdade, Condição e Destino no pensamento português contemporâneo, obra em que Marinho assumiu não apenas a “responsabilidade crucial, a mais séria, a mais grave, responsabilidade decisiva no humano existir, de ligar o que se separou, de mais profundamente unir o que se cindiu, de tornar e fazer tornar o ser na cisão ao uno de todo o unívoco, à verdade no espírito e segundo o espírito" [04] –, como, cumulativamente, “a responsabilidade séria e grave de filosofar na própria terra” [05].

Daí, até, a sua valorização da ideia de Pátria, já que, como expressamente afirmou, foi “para realizar o universal concreto e real [que] surgiram as pátrias”
[06]. Ao invés, aqueles que se colocam numa posição pretensamente para além do espaço e do tempo, para além de toda e qualquer “situação”, de toda e qualquer vinculação a uma “Pátria” – ou seja, aqueles que confundem o universal com o meramente geral [07] –, merecem de Marinho o seguinte aviso: “Ser cidadão do mundo, essa confiante aspiração dos estóicos, está a caminho de ser uma terrível banalidade.” [08]. No início de um novo século, no auge da chamada globalização – ou seja, da pretensa transcensão de todas as pátrias –, eis um aviso que, a nosso ver, não poderia ser mais oportuno…

Daí ainda, enfim, a sua expressa defesa de uma “filosofia situadamente portuguesa”. Por via desta, não está Marinho a pugnar por uma segregação filosófica, mas, ao invés, pela universalidade da filosofia. Aliás, como chegou a escrever, “só há filosofia situada, inglesa ou alemã, portuguesa ou brasileira, indiana, chinesa ou bantu, ali e onde o pensamento se assumiu na concreta universalidade”
[09]. Equivale isto a dizer que é na medida em que o pensamento assume a sua “situação”, que ele se torna autenticamente universal. Daí que, com efeito, como escreveu ainda Marinho, “falando de uma filosofia portuguesa e de uma filosofia peninsular, nós não renegamos o autêntico universal” [10].

Pelo contrário – é na medida em que a filosofia se assume enquanto “filosofia situada” que a universalidade da filosofia se garante. Eis, de resto, o que, num seu texto intitulado “Filosofia Portuguesa e Universalidade da Filosofia”, Marinho faz igualmente questão de frisar – ainda nas suas palavras: “Todo o problema da filosofia portuguesa e das filosofias nacionais outro não é, conforme nos parece, senão o garantir a universalidade da filosofia, mas concretamente situada nos diferentes homens, povos e civilizações.”
[11]. Pois que essa é, na verdade, a única forma de garantir a autêntica universalidade da filosofia. Daí, em suma, o pensar que mais importa: não ainda aquele que apreende a história do ser como história da realização do “espírito”, mas sim já aquele que apreende a forma como o “espírito” efectivamente se realiza, de forma diversa, em cada universo espácio-temporal – ou seja, em cada “situação”. Eis, tão-só, a nossa tarefa.

Notas:

01 - “José Marinho, um filósofo metafísico e, por isso, situado”, publicado originalmente na Revista NOVA ÁGUIA, n.º 8.

02 - Cf. O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra, Porto, Figueirinhas, p. 133.

03 - Cf. “O pensamento iniciático de José Marinho”, in Cultura Portuguesa, nº 1, 1981, p. 25.

04 - Cf. Teoria do Ser e da Verdade, Lisboa, Guimarães Ed., 1961, p. 137.

05 - Cf. Estudos sobre o pensamento português contemporâneo, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1981, p. 116.

06 - Cf O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra e outros textos, “Obras de José Marinho”, vol. IV, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2001, p. 502.

07 - Nas palavras do próprio Marinho: “O geral tem âmbito mais restrito e insere-se na prossecução de conceitos, o verdadeiro universal está já numa relação da intuição para a ideia e vincula o singular concreto e indefinível com o uno ou o único transcendente.” [cf. Filosofia: ensino ou iniciação?, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Investigação Pedagógica, 1972, p. 45]

08 - Cf. Filosofia portuguesa e universalidade da filosofia e outros textos, “Obras de José Marinho”, vol. VIII, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2007, p. 48.

09 - Cf. Verdade, Condição e Destino no pensamento português contemporâneo, Porto, Lello & Irmão Editores, 1976, p. 6.

10 - Cf. O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra e outros textos, ed. cit., p. 510.

11 - Estudos sobre o pensamento português contemporâneo, ed. cit., p. 13.

 

02 — «Saber quem pensou em nós»: no 100.º aniversário de António Quadros [01],
por Joaquim Pinto da Silva.


Quis a organização dos VII Encontros de Literaturismo incumbir-me de recordar António Quadros, um dos grandes de Portugal.


No tempo e nos saber escassos, procurei salientar alguns aspectos importantes e mais actuais do seu pensar, isto é, políticos. Ele merece muitíssimo mais e melhor do que se segue. E o que se segue é parte do dito nesse Encontro, traduzido agora em pontos soltos, eliminando oralidades (embora a marca permaneça) e outros de circunstância, nomeadamente aqueles relacionados com as imagens projectadas.

— Manhã do dia 10 de Junho de 1989, Bruxelas, Praça Flagey. A estátua de Fernando Pessoa é desencaixotado das tábuas que desde há dias a protegiam do clima e dos olhares dos homens.

Maria Irene Vilar, a escultora do monumento, chama-me a atenção para um homem, maduro, que chorava, olhando para a escultura agora desnuda.

Aproximo-me da pessoa em causa, visivelmente emocionada, e interrogo, primeiro em francês, logo, compreendendo a irmandade, na portuguesa língua:


– Passa-se alguma coisa consigo?

– Penso nos meus patrões que pensam que Portugal é um país de onde chegam pedreiros e trolhas, os “maçons”. A partir de agora, vou dizer-lhes: vão à praça Flagey! Vão ver a estátua de um grande poeta português, para saberem que nós também sabemos escrever e temos pessoas importantes.

II — Ainda pela tarde, a colaborante insciência do ministro português dos Negócios Estrangeiros da altura - cujo nome não me lembro - disse que os portugueses, após a adesão à EU, podiam doravante andar na Europa de cabeça levantada.

Desconhecia este que sempre o fizemos. Bastaria lembrar-lhe D. Pedro, o das Sete Partidas, ou sua mana, Isabel de Portugal, Duquesa de Borgonha, que precisamente por estas terras, há mais de 600 anos, faziam pelo contrário, baixar as cabeças a quem os demandava.


III 
— António Quadros, o Mestre, situou o caso nos parâmetros devidos e que eu sintetizo:

Não devemos nada à Europa, espiritual e civilizacionalmente. (Relembro: devemos agora financeiramente e é para pagar, porque somos sérios, ao contrário do que alguns ignorantes e oportunistas proclamam.)

Espiritual e civilizacionalmente (ciência inclusa) muito recebemos, mas também muito demos a esta Europa, porventura até mais do que o recebido. 
Sendo a Europa também a nossa casa comum… deixemos para já essa “contabilidade”.


IV
 — Num sentido diverso, muito mais profundo, disse António Quadros:

“Quando Fernando Pessoa quis definir a essência do nosso modernismo, de que foi o principal animador, disse que ele deveria ser simultaneamente português e cosmopolita. 
Que melhor legenda poderíamos encontrar para a cerimónia que hoje aqui se realiza?” [02]

Estávamos, lembro, em 1989.

V
 — Cito de António Quadros:


“em relação ao ideal de Império de D. Afonso V, D. João II e de D. Manuel… sabemos que, católico embora, foi mais ecuménico, mais tolerante, mais dialogante para com os povos com que entrou em contacto e aculturação, na Índia, no extremo Oriente, na África, no Brasil, tendo embora lutado sempre contra os poderes turco e islâmicos; sabemos que o seu pensar e o seu agir…  se patenteiam a quem o queira ver, já no significado da esfera armilar, emblema de D. Manuel…” [03] 

A esfera armilar é o símbolo da harmonia do mundo. [04]


Querem mais actualidade do que esta que António Quadros nos oferece?


A Esfera armilar é “do homem português, do homem universal, do homem como experimentador, revelador, realizador do multímodo, misterioso, e, contudo, unívoco Ser.” [05]


Esfera armilar, esse reduzido modelo do cosmos, aportuguesado em símbolo, demonstrativo de uma ideia universalizante, portanto, totalmente inclusiva de toda a Humanidade, passe a redundância. Humanidade que nós demonstramos ao mundo que afinal era uma só. É que, se não fomos os primeiros a teorizar, fomos os primeiros a provar.


Eu adiciono: tal como para com os oceanos. Passamos de um para outro sem ter de desembarcar… ou ir à sirga. Há um só mar, demonstramos.


VI
 — Português de gema, sobre António Quadros, diz-nos Rui Lopo:

“defensor da originalidade da cultura portuguesa, originalidade essa que lhe surge como constituindo o sentido, a condição e o destino não só da verdadeira arte como da própria soberania nacional. Quadros, ao longo da sua vida, destaca-se por uma ampla intervenção cultural…” [06].

Nomeadamente sobre os artistas e a arte manifestou-se claramente. A redução dos problemas da humanidade aos económicos e sociais, a sociologia como a grande ciência dominadora e castradora, das Artes incluídas, disto se ocupou e muito o nosso Mestre.


Diz-nos:

“são os místicos, os religiosos, os poetas, os artistas e os filósofos que, ou criarem uma segunda realidade em seus arroubos, acções, poemas, imagens e pensamentos, mais não fazem do que, penetrando para além do visível, do audível, do sensível, do perceptível, além mesmo dos limites da sua subjetividade e da sua idealidade, alcançar ou tentar alcançar aquela realidade primeira e original que é interior e transcendente à máscara das aparências.” [07]

Mesmo para os ateus – não falo dos dogmáticos ateus, donos também eles de uma verdade indiscutível, uma outra religião, portanto – e para os outros, os poucos, aqueles que em permanência procuram, indagam, na incerteza da prova e na certeza do questionamento, como não ver aqui uma alma portuguesa? E como não constatar uma crítica implícita às artes puramente formais e iconoclastas fúteis?

VII
 — E tocando, ao de leve, na política, a nobre, escreveu Quadros há 40 anos:


“Agora já não se anuncia apenas a utopia, como fizeram Thomas Moore, Campanella ou António Vieira; força-se o seu advento, divisando todos os meios políticos inventados pelo homem moderno: o terrorismo social e psicológico, o opressão das consciências, a manipulação dos media, os campos de concentração ou os gulag, as “lavagens ao cérebro”, a polícia política.” [08]


E continua:


“O que é um totalitarismo? É, no fundo, degeneração de um mito que, apertado e assumido em termos de ucronia-utopia (a idealização abstracta de uma aplicação de uma ideia), se enreda nas malhas, primeiro e de um voluntarismo idealista e depois, pragmatizando-se, é um partidarismo ideológico absolutizado e devorador de todas as diferenças.” [09]


E ainda:


“não pode admitir-se a redução ao unidimensional ou a revolução da mediocridade globalizada e generalizada, por que anseiam os herdeiros legítimos dos comunistas e dos ucronistas (fantasistas) ideológico-voluntaristas, isto é, os burocratas.” [10]


VIII — Certeiro, contundente, e mais ainda no conceito de nação, onde dialoga com o grande Pascoaes, em antagonismo com António Sérgio. Diz-nos este, o que é a nação para ele: “órgão de um ideal humano, o de uma estrutura social fraterna; baseado na ideia de auxílio mútuo: eis a verdadeira concepção moderna.” [11]


Replica António Quadros:


“quer dizer, para António Sérgio, uma nação não era no fundo muito mais do que uma macrocooperativa (fraternal…) de produção e consumo; tudo o resto, uma ganga incómoda de fantasias românticas, a eliminar por obsoletas, serôdias…” [12]

A sua grande dificuldade terá sido sempre a de não entender que é pelo nacional, ou pelo pátrio, ou pelo paisano que se pode atingir o universal; a de não compreender que é assumindo inteiramente a sua originalidade virtual que um povo que se distingue, se eleva e, por isso, tem alguma coisa para dar e comunicar aos outros.” [13]

E não apenas pão e vianda, apenso eu. E ainda: António Sérgio emparelha perfeitamente com algumas teorias que ouvimos por aí que gostariam de ver a Humanidade numa espécie de jardim zoológico, bem alimentada e higienizada, enquanto alguns, “os eleitos” fariam de guardas, gozando desse seu poder e dessa sua liberdade e das respectivas mordomias.


IX
 — Perguntaria a Sérgio: quais ensinamentos, qual filosofia de vida receberiam e transmitiriam aos seus filhos? Que língua falaria essa humanidade assim uniformizada? O mandarim, o russo, o inglês?


“Há em António Sérgio muito do fanatismo Islâmico persistente no carácter nacional… (a sua maneira) confere muito bem com o monoteísmo maometano, zeloso e apaixonado, uniformizador e simplificador, e que é no fim de contas, uma doutrina de exclusivista unificação religiosa e social (… suportando mal os pluralismos), pela obediência aos preceitos rigorosos do profeta e aos princípios programáticos do Corão.” [14]


X — Voltando a Pessoa, expõe o que, curiosamente, se aplica por inteiro à sua obra e ao seu perfil de homem:


“É a esta luz que devemos entender toda a imensa, grandiosa obra de Fernando Pessoa. Não é a obra de um mero literato, de um escritor à procura da celebridade e do prestígio, de um expressor de estados de alma, através de uma poética e de uma estética colhidas de entre as que o tempo e a moda têm para oferecer, feitas e atraentes, aos candidatos à glória. É antes a obra de quem se viu investido de uma missão neste mundo sublunar.” [15]

XI — Manuel Alegre, em 25 de Março de 1993, fez-lhe um elogio póstumo:

“teve a grandeza de espírito de quebrar um tabu: ou de que o patriotismo é exclusivo de uma direita histórica” [16], e creio que António Quadros ficaria satisfeito, pois sabia que fracturante - por muito que custe a alguns - não é esquerda e direita, mas antes a noção e o exercício da pátria e a traição ou não a ela, a honestidade versus a malfeitoria, a mentira versus a verdade, a hombridade versus a capitulação.


Daí que nesse dia, na Assembleia da República, o enaltecimento da obra e do homem tenha sido unânime.

Recordei o que um poeta me disse a propósito de um prémio que recebi:

Eles às vezes, acertam!

Junto: acertam mesmo aqueles que nunca o leram.

XII
 — António Gabriel de Castro e Quadros Ferro, (Lisboa14 de Julho de 1923 / Lisboa, 21 de Março de 1993), em jeito confessional, mostrando a sua excelência intelectual e humana: “não reconheço verdadeiramente adversários à minha volta, de todos me sinto irmão, na origem da minha atividade, na geratriz da minha energia ao serviço de uma causa.


"Quero ser um princípio e não um fim. Que, depois de mim, as tempestades sejam outras e as lágrimas mais leves!” [17]


Sabemos, portanto, que António Quadros não pensou por nós, pensou em nós e para nós, e hoje, nós pensamos nele.


Notas:

01 - VII Encontro Nacional de Literaturismo, na sede da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, em 13 de Dezembro de 2023. Direcção de José Valle de Figueiredo.

02 - (Homenagem, 1991, 58)

03 - (Quadros, 2001, 317)

04 - (Quadros, citando Reinold Schneider, 2001, 318)

05 - (Quadros, 2001)

06 - (AQ e António Telmo, 2015, 214)

07 - (Quadros, 2001, 14)

08 - (Quadros, 2001, 390)

09 - (Quadros, 2001, 390)

10 - (Quadros, 2001, 391)

11 - (Sérgio, 1949, 271, cit. Quadros, 2001, 293)

12 - (Quadros, 2001, 293)

13 - (Quadros, 2001, 294)

14 - (Quadros, 2001, 282)

15 - (Homenagem, 1991, 80)

16 - (“AQ 18 Anos Depois, 2011, 86)

17 - (Quadros, 1963, 17)

 

Bibliografia:

- António Quadros: “Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista”, 2.ª ed., Guimarães Editores, 2001.

- António Quadros: “O Movimento do Homem, Drama, Movimento, Evolução”, Sociedade de Expansão Cultural Distribuidores, 1963.

- António Quadros: “Memórias das Origens, Saudades do Futuro”, Publicações Europa-América, 1992.

- “António Quadros, 18 Anos depois”, Fundação António Quadros, 2011.

- “António Quadros e António Telmo”, Fundação António Quadros, 2015.

- António Sérgio: “A Evolução Cívica, a Liberdade, o Patriotismo Antigos e Modernos”, in “Ensaios I”, 2.ª ed., 1949.

- “Homenagem a Fernando Pessoa, Bruxelas”, (discurso pronunciado em Bruxelas, em 10 de Junho de 1989, aquando da inauguração do monumento a Fernando Pessoa) Fundação Eng. António de Almeida, 1991.

 

03 — Mito, História e Movimento - Invocação no Centenário de António Quadros,
por Miguel Parada.

 

«A identidade só consegue sobreviver desde que não se perca a memória.»,

Dalila Pereira da Costa

Cumpriu-se neste ano o centenário do nascimento de António Quadros, homem eminente da cultura e da língua portuguesa do séc. XX. Portugal deve-lhe algumas das obras mais fundamentais para a interpretação da história e do pensamento lusitano: bastaria apenas destacarmos “Portugal, Razão e Mistério” (1986,1987) - editado em 2 volumes ao longo da produção escrita de Quadros, tendo sido a terceira parte lançada postumamente – ou “O Espírito da Cultura Portuguesa” (1967) e ainda, obra pela qual seria premiado, “Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista” (1982).

Acrescentam-se a estes virtuosos títulos outras copiosas publicações de produção de crítica literária – lembremos que o autor foi um notável hermeneuta de Fernando Pessoa e do modernismo português –, obras de poesia e mesmo dois romances “Uma Frescura de Asas” (1990) e “A Paixão de Fernando P.” editado em Julho do ano passado pela Fundação António Quadros.

Na linhagem de Álvaro Ribeiro virá a teorizar o célebre Ideal Português, princípio simultaneamente perdurável e dinâmico que funda um marco especulativo na conjugação do idealismo platónico com o aristotelismo de tradição portuguesa na filosofia nacional. O pensador procura olhar para a história através dos segredos encobertos da Tradição e do Mito, em diálogo permanente e consubstancial com a essência da alma lusitana e com as raízes do centenário povo português. Representa, pois, uma visão pouco consonante com o meio académico estritamente cientificista e pragmático da confirmação das evidências factuais dos acontecimentos históricos de Portugal. Mas Quadros é mais do que um historiador. É antes, e principalmente, um criador de uma nova filosofia da história e da teoria do mito português, da afirmação contundente da cultura – o caminho do culto, parafraseando Álvaro Ribeiro – e da procura do conhecimento dos princípios transcendentes de um Portugal teleológico, com uma autêntica missão histórica.

Esta indagação levá-lo-á à intensa pesquisa pelo espírito comum da pátria, uma ascese que o povo português tacitamente integra (ou deveria integrar) através de uma verdadeira educação e instrução fundamentada no seu carácter nacional intrínseco - na acepção paidêutica do termo. Assemelha-se a uma obstinada paixão filosófica pela pátria, com um carácter linguístico pujante e quase redentor neste termo a que deu o nome de Patriosofia.


As suas influências remontam a nomes simultaneamente tão insignes e diversos como Joaquim de Fiore, Agostinho da Silva, Álvaro Ribeiro e inclusive Mircea Eliade e Julius Evola. Para Quadros, sem a penosa permanência activa do exercício de procura do verdadeiro conhecimento e da pesquisa historiográfica da portugalidade, não seria possível conhecer - e voltar a reconhecer - a plenitude total do Homem Português.

Daqui ressalta notória a evidente aproximação à poesia e à criação estética deste filósofo lisboeta – não fosse Portugal uma nação de poetas! O Belo é um escudo contra o mal. “Toda a Beleza é aviso”, dirá Quadros. Um aviso de quê? Do algo maior que misteriosamente encerra.

António Quadros integrou também o Grupo da Filosofia Portuguesa, onde manifestou participação patente na direcção do jornal 57. Como se todo este vasto currículo não bastasse, a par da filosofia e da história, elaborou diversos trabalhos de tradução onde deu a conhecer em língua portuguesa autores como Georges Duhamel, Albert Camus e Jean Cocteau.


Pela bondade dos homens ou acaso pela graça de Deus, todo este mérito lhe seria reconhecido ainda em vida quando condecorado honorariamente com a Real Ordem Vitoriana (1957) e com o Prémio Literário de Lisboa (1983,1984).


António Quadros, homem de “
saber, engenho e arte” deixava-nos deste mundo, vítima de doença cerebral, a 21 de Março de 1993. 

 
04 — Serão Literário «Liberdade, Poesia, Vida» porque "não há machado que corte a raiz ao pensamento". Divulgação.


No ano em que o país se movimenta para comemorar o 50.º aniversário da Revolução de Abril, a ACCRM apresenta o primeiro Serão Temático do ano evocando um dos valores pelos quais a revolução se fez - a liberdade.


Nesse pressuposto, apresenta como tema do próximo Serão, «LIBERDADE, POESIA, VIDA». Porque "não há machado que corte a raiz ao pensamento"!


O serão, de cariz literário, será animado pela Dr.ª Manuela Dâmaso e conta com a participação especial do jovem artista Martim Palma.


Data e hora: 24 de Fevereiro, 17h (excecionalmente ao sábado e à tarde).

Local: Edifício Loja do Cidadão, 2.º andar, em Rio Maior.

Promoção: Associação Cultural Concelho Rio Maior (ACCRM)

 
05 — Dom Manuel e o regicídio,
por Mafalda Ferro

 

Filho segundo do rei Dom Carlos, Dom Manuel nasceu a 15 de Novembro de 1889 e, nem ele, nem ninguém, esperava que viesse a ser rei de Portugal, aliás o último Rei de Portugal.

Ao contrário do irmão mais velho, Manuel não fora preparado para ascender ao trono. Tinha 18 anos quando de deu o assassinato do seu pai Dom Carlos e do seu irmão Dom Luís Filipe, o Príncipe Herdeiro da Coroa.


Não é preciso ser-se monárquico para lamentar com tristeza e vergonha uma tão negra página da nossa história: o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, em que D. Carlos, então rei de Portugal e seu filho, o Príncipe herdeiro Dom Luís Filipe, foram assassinados em frente da Rainha Dona Amélia e de Dom Manuel, por quem não concordava com a sua política e com a forma como eram geridas as finanças do país.


Ficou a Rainha.

Ficou o Príncipe, feito rei, Dom Manuel.

Todos os seus planos e os que para ele haviam sido delineados se esfumaram. Foi precipitadamente forçado a reinar e, em menos de dois anos, tinha sido deposto.


Fora implantada a República.


Dom Manuel assou a residir com sua mãe em Fulwell Park, Twickenham, nos arredores de Londres, rodeado pelos seus livros. Era português e nunca o esqueceu nem rejeitou. Com espírito de bibliófilo e arquivista, dedicou-se quase inteiramente a descrever, catalogar e organizar livros e documentos.


Foi na sua biblioteca que, em 1930, António Ferro o entrevistou numa histórica peça publicada pelo «Diário de Notícias». Em 1954, António Ferro publicou em volume essa entrevista com o título D. Manuel II, o Desventurado.

Através do prefácio da obra, datado de 1954, pode estabelecer-se um paralelismo entre as emoções experimentadas por Dom Manuel II e pelo próprio António Ferro, ambos amantes da sua pátria e dela afastados até ao fim da vida.

 

António Ferro:

Os Amigos de V. Majestade dizem-me que tem uma grande paixão pela música, que é um nootável pianista...

 

D. Manuel (com vivacidade):

É o meu refugio mas não há nada que me distraia da minha paixão pela História. A nossa História é a nossa riqueza, o nosso maior território.

 

Dom Manuel morreu com 42 anos em Londres tendo deixado os seus bens pessoais ao Estado Português e manifestado a vontade de ser sepultado em Portugal.

Dona Amélia morreu com 86 anos em França no dia 25 de Outubro de 1951.

Ambos estão sepultados no Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.

 
06 — Ruy Belo, 91 anos depois: Poema «Ah, poder ser tu, sendo eu!, de Ruy Belo,
por Fundação António Quadros.


No mês de nascimento de Ruy Belo, aqui da terra que o viu nascer, enviamos um poema muito especial de sua autoria:


AH, PODER SER TU, SENDO EU!

 

Ei-lo que avança

de costas resguardadas pela minha esperança

Não sei quem é. Leva consigo

além de sob o braço o jornal

a sedução de ser seja quem for

aquele que não sou

E vai não sei onde

visitar não sei quem

Sinto saudades de alguém

lido ou sonhado por mim

em sítios onde não estive

Há uma parte de mim que me abandona

e me edifica nesse vulto que

cheio de ser visto por mim

é o maior acontecimento

da tarde de domingo

Ei-lo que avança e desaparece

E estou de novo comigo

sobre o asfalto onde quero estar

 

07 — Tasquinhas de Rio Maior 2024.
Divulgação.

As Tasquinhas são um Festival gastronómico promovido pela CMRM desde 1986 num contexto de revitalização dos costumes e registos históricos, onde a mostra culinária perpetua a identidade cultural do concelho e das suas gentes, É a afirmação do orgulho dos Riomaiorenses nas suas tradições, na sua gastronomia, na sua riqueza etnográfica.

Sustentado pelas freguesias do concelho, apresenta-se como um projecto comum, revelador da sua vitalidade e dinâmica e do compromisso e sentido de pertença dos munícipes em relação à sua terra natal que se distingue pela participação das colectividades, geridas por voluntários, que apresentam uma gastronomia rebuscada nas memórias das avós, servida por pessoas com as mais diversas ocupações profissionais que, temporariamente, abdicam dos seus afazeres e se dedicam a recriar os sabores e os comeres de outrora.


São um apelo à criatividade e ao engenho nos seus aspectos arquitectónicos e estéticos. Todas as tasquinhas possuem espaços com decoração alusiva à freguesia ou colectividade que representam, utilizando materiais característicos como a pedra da região serrana e a madeira, inspirada nos respectivos valores patrimoniais, onde as peças etnográficas, as representações iconográficas e simbólicas têm lugar de destaque.


Na animação, que desempenha papel preponderante, sublinham-se a actuação de bandinhas, de ranchos folclóricos, de tunas académicas e de outros que contribuem para a divulgação e fruição da música tradicional portuguesa.


As receitas obtidas revertem na totalidade para a respectiva colectividade desempenhando um papel decisivo na vida associativa.
 

 
08 — Livraria António Quadros.
Em memória de D. Manuel no mês do assassinato de seu pai e irmão,
Obra em Promoção até 14 de Março.


Autoria e Prefácio: António Ferro.

Título: D. Manuel II O Desventurado.

Edição — Lisboa: Livraria Bertrand, 1954.

Observações: Exemplar n.º 7, em muito bom estado, assinado pelo autor.

Descrição: Entrevista de António Ferro a Dom Manuel, publicada pelo «Diário de Notícias» em Dezembro de 1930 e, no presente volume em 1954. Obra na qual, à entrevista, o autor acrescentou em 1954 um prefácio que se estende por setenta e cinco páginas, praticamente metade de todo o livro, prefácio hoje considerado o seu testamento político. Nesse texto introdutório, Ferro refere as circunstâncias de D. Manuel em exílio, conduzindo-nos subtilmente às suas próprias circunstâncias também em exílio, após uma dedicação incondicional a Portugal até ao fim da vida. Entrevista considerada por muitos como a mais importante efectuada pelo autor a uma figura de importância nacional mas, não menos importante que o prefácio. 

PVP: €25

 

 
 
     
 
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