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Newsletter Nº 208 / 14 de Abril de 2024
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 — Inauguração da exposição «Augusto Cunha: Autor, Modernista, Humorista no Portugal de Século XX». Memória.

02 — Palestra «O Humor através dos Tempos», por Salvador Martinha. Conteúdo.

03 — Sebastião da Gama, nascido no dia 10 de Abril de 1924, há cem anos. Homenagem.

04 — I Encontro Leitura em Trânsito: António Quadros da Academia à Comunidade, por Rui Guedes. Memória.

05 — I Encontro Leitura em Trânsito: António Quadros da Academia à Comunidade. Comunicação de Mafalda Ferro (excerto). Memória.

06 — Agostinho da Silva, 30 anos depois da partida: lembrar a Vida - celebrar a Obra,  por Maurícia Teles da Silva.

07 — Notícias e Leituras do «Projecto António Telmo, Vida e Obra», por Pedro Martins.

08 — Tertúlias da Cultura Portuguesa. Divulgação.

09 — Alunos da Escola Secundária de Rio Maior visitaram a Fundação António Quadros. Memória.

10 — Livraria António Quadros: O processo de Mário Dâmaso (1 acto de comédia), de Augusto Cunha. [importa ler a descrição do livro]


EDITORIAL,
 
por Mafalda Ferro. 

Lembrando Eugénio Lisboa:

Ensaísta, Poeta e Crítico literário, especialista em José Régio, amigo de Luís Santos Ferro, de António Quadros e de muitos, muitos outros autores. Tinha 93, quase 94, anos... Deixa saudades.

Na sua obra "A Matéria Intensa" registou a dedicatória manuscrita:

Para António Quadros, agradecendo-lhe tardiamente o seu livro sobre F. Pessoa, cujos acrescentos li com vivo interesse e não pouco proveito, esta intrusão em território alheio, com a amizade do Eugénio Lisboa. Londres, 1985.

 

Em carta enviada a Luís Santos Ferro, referiu António Quadros com ternura e saudade:

O António Quadros era de facto um homem bom, culto, generoso e de uma imensa tolerância. Tive pena de não ter escrito mais desenvolvidamente sobre um homem que tanto estimei e apreciei.

Quando, em 1947, cheguei a Portugal, um dos primeiros livros que comprei e devorei foi um intitulado Modernos de Ontem e de Hoje, da autoria de um jovem António Quadros. O livro indiciava uma leitura variada e mostrava uma grande energia assertiva, da parte do aguerrido autor. Foi o meu primeiro contacto com o escritor António Quadros. Eu tinha apenas dezassete anos…

Apesar dos trambolhões que a minha vida tem levado, com mudanças dramáticas de domicílio e de continente, o livro do jovem António Quadros continua na minha posse, bem á mão de semear, setenta e dois anos depois de ter sido comprado e lido!

Não é uma desprezível forma de homenagear alguém que muito se estimou. Não lhe parece?

 



Eugénio Leite publicou também alguns livros na «Biblioteca Breve»,
edição do Instituto de Cultura Portuguesa, coordenação de A. Beja Madeira. 
A colecção foi dirigida até 1992, à vez, por António Quadros e Álvaro Salema.



FOTOGRAFIAS QUE RECEBEMOS  RECENTEMENTE



Da esquerda, para a direita: [...], Luís Soeiro, Fernanda de Castro, Sarah Affonso e Ofélia Marques, com os filhos de Fernanda de Castro: António e Fernando, [1935]



Palazzo del Grillo, Roma, onde residiam António Ferro e Fernanda de Castro, 1953/1956

INSTITUTO DE FILOSOFIA LUSO-BRASILEIRA

Caso pretenda participar nestes Colóquios, pode enviar-nos uma proposta de Comunicação até final de Maio.

 

Colóquio "Filosofia da História em Portugal" 

24-25 de Junho (Biblioteca Nacional de Portugal). Ver Programa: https://iflb.webnode.page/junho-2024-coloquio-sobre-filosofia-da-historia-em-portugal-1870-2000/


IX Colóquio Luso-Galaico sobre a Saudade/ II Encontro de Filosofia e Cultura Luso-Galaica
23 de Setembro (Lisboa); 24 de Setembro (Porto); 25 de Setembro (Vigo); 26 de Setembro (Santiago de Compostela). 
Para mais informações: https://iflb.webnode.page/setembro-2024-ix-coloquio-luso-galaico-ii-i-encontro-de-filosofia-e-cultura-luso-galaica/

 

VIII Colóquio do Atlântico: “Teófilo Braga hoje: no centenário da sua morte”

30-31 de Outubro, Ponta Delgada (Universidade dos Açores); 4-5 de Novembro, Lisboa (Biblioteca Nacional de Portugal). Para mais informações: https://iflb.webnode.page/outubro-novembro-2024-viii-coloquio-do-atlantico/

 

XIV Colóquio Tobias Barreto: “O diálogo com Kant no pensamento luso-brasileiro”

Biblioteca Nacional de Portugal (5-6 de Novembro) | Faculdade de Letras da Universidade do Porto (7-8 de Novembro). Para mais informações: https://iflb.webnode.page/novembro-2024-xiv-coloquio-tobias-barreto-de-filosofia-luso-brasileira/


 
01 — Inauguração da exposição «Augusto Cunha: Autor, Modernista, Humorista no Portugal de Século XX». Memória.

Durante a inauguração da exposição, foram desenvolvidas várias facetas do homenageado, nomeadamente a sua Obra literária/intelectual, a sua ligação aos Modernistas, ao Teatro e o seu constante Humorismo.


Da Família de Augusto Cunha, estiveram presentes a neta Patrícia com seu marido João Cúcio, um bisneto, o Sebastião, a sobrinha-neta, Mafalda Ferro e o sobrinho-bisneto Salvador Martinha. 


Compareceram também alguns membros da Câmara Municipal de Rio Maior dos quais se destaca Leonor Fragoso, vereadora da cultura e ex-colega de Salvador Martinha na Escola Secundária de Rio Maior, que, em nome do Município,  simpaticamente acolheu os visitantes; e da Fundação António Quadros (Madalena Ferreira Jordão e Maria Barthez); Teresa Feio, acompanhada pelo seu marido, filha de Raul Feio, grande amigo de Augusto Cunha; Miguel e Teresa Luso Soares do grupo «Amigos da Fundação», Manuela Fialho, Maria Bragança e António Vidal, entre outros.


A exposição estará patente até 27 de Abril.

 



Citações Modernistas

Das 2 e ¼ às 4 e ½ em casa de António Ferro a ouvir-lhe três peças. - Leu duas. - Depois, para a Baixa com ele. Fernando Pessoa (entrada de 30.3.1913, em Diário).

 

P.S. Hoje escrevi ao Cunha, como lhe disse. Mas não tenho a certeza se a carta foi bem subscritada. É 6, rua Palmira? Pergunte-lhe se a recebeu. o S.-C. Paris, Maio de 1913.

Mário de Sá-Carneiro (em carta para António Ferro).

 

P.S. Ah! É verdade. Desculpa o eu na estação não me ter despedido de ti, mas francamente como havia muita gente não fui capaz de ter ver. Dá saudades ao Cunha e ao Simões. A. Guisado 09-07-913. Alfredo Guisado (em carta para António Ferro).

 

E o “Missal de Trovas”? Não te esqueças também de logo que esteja pronto me enviares um exemplar registado, porque, se não, não chega cá. Dá saudades ao Perdigão e ao Carlos de Oliveira. Sempre estás resolvido a vir até cá? Um grande abraço do teu muito amigo Alfredo P. Guisado, 13-7-1914. Alfredo Guisado (em carta para António Ferro).

 

Palavras de Augusto Cunha a António Ferro, 1930

Fizemos juntos essa primeira entrada [no meio literário], essa visita ainda de cerimónia. Eu retirei-me logo, discretamente. Tu ficaste. Entrámos pela porta do lirismo e apesar do bom acolhimento – que animou tantos outros a passarem do vestíbulo, imitando-nos os passos – eu saí e não voltei. Razões particulares o motivaram. É certo que vai um salto enorme, da ingenuidade quase piegas dos primeiros versos, para todos os premeditados e bizarros exotismos do "Orfeu", então trombeta máxima de todos os modernismos literários.


Para essa época de transição, de verdadeiro bolchevismo na arte, cheia de belos excessos e inolvidáveis exageros, de que o saudoso Sá-Carneiro e o inalterável Fernando Pessoa eram então os verdadeiros "Pontifex Maximus". Talvez infelizmente, demorei-me pouco junto deles; e segui outro caminho mais árido, mais penoso. Tu seguiste aquele que juntos tínhamos começado, demonstrando que perante o real valor não há razões, não há dificuldades que nos impeçam a marcha triunfante.

 
02 Palestra «O Humor através dos Tempos», por Mafalda Ferro, David Ferreira e SALVADOR MARTINHA. Conteúdo.




Através de ideias e conceitos ponderados, bem estruturados e fundamentados, Salvador Martinha deu-nos a conhecer o seu percurso profissional, as suas motivações e a sua forma de ser e de estar.

 

A sua avó e a sua mãe são lembradas e reconhecidas por um forte sentido de humor. Tem uma irmã humorista. Acha que esses factos o influenciaram?

 

Claro que sim, eu acho que tem que ver, com a maneira como eu fui educado.

Na minha família, as pessoas com  sentido humor sempre foram vistas num grau mais alto, era um sinal de inteligência. Eu lembro-me  da minha mãe gritar em frente á televisão quando aparecia o Herman José, era quase uma campainha de igreja que tocava, e tínhamos que ir todos.

Fui educado na religião do humor. Portanto, sim, acho que isso me influenciou.

A minha mãe e a minha avó tinham um sentido de humor muito apurado, até malicioso, tinham muita graça.

Na minha família, uma das formas de transmitir amor, não era tanto através de um bolinho, um refogado ou um cozido á portuguesa, era com humor. Era criticarmo-nos a nós mesmos, e, por vezes, uma crítica escondia uma forma de amar, uma forma desenvolver o outro. O humor era também uma sensibilidade, era dar atenção.

Os humoristas são muito observadores e colocam-se no lugar do outro, vêm a vida em todas as perspectivas.

Clique AQUI para ler a Palestra completa.

 

03 — Sebastião da Gama, nascido no dia 10 de Abril de 1924, há cem anos.
Homenagem.

O obra do Poeta Sebastião da Gama (Sebastião Artur Cardoso da Gama), nascido no dia 10 de Abril de 1924, há cem anos e deste mundo afastado pela doença que o levou com apenas 27 anos, encontra-se fortemente ligada à Serra da Arrábida. Foi professor. O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.

Acreditamos que, através da leitura dos poemas de Sebastião da Gama, António Quadros, então um jovem de 22 anos,  reconheceu e entendeu a sua alma, tendo escrito em 1946 algo que pode, hoje, à luz da sua morte com apenas 27 anos, ser  considerado premonitório e do qual partilhamos aqui um excerto:

 

Um temperamento sensível em contacto com a grandeza de um quadro natural como o da Serra da Arrábida, não podia deixar de originar um poeta. Porque Sebastião da Gama é Poeta indiscutivelmente. A sua alma mística, transportada. A sua alma inquieta sempre voltada para Deus. Sim, a poesia de Sebastião da Gama está profundamente impregnada de misticismo. Misticismo, filho do ambiente, filho da Serra-Mãe. Os seus poemas são hinos. Dir-se-ia que o Poeta não tem os pés presos à terra com solidez. Dir-se-ia que não está na terra. Que apenas se serve dela para, mais facilmente, poder transportar a sua alma para fora do seu seio. A sua poesia não é descritiva nem simbólica, porque é principalmente oração. [FAQ/02/0498/00054]

 

Seleccionámos, em sua homenagem, um poema de que muito gostamos:

 

PEQUENO POEMA 
Serra-Mãe, 7 de Março de 1945.


Quando eu nasci,
Ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
Não enlouqueceu ninguém…
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe… 

 

A Associação Cultural Sebastião da Gama, entidade parceira da Fundação António Quadros desde 2023, celebrou o passado dia 10 de Abril, Dia do Centenário do seu patrono através de um conjunto de actividades das quais destacamos a sessão de leitura de poemas, “Quando eu nasci”, pelo Teatro Animação de Setúbal (TAS); a conferência de Guilherme d’Oliveira Martins, integrada no ciclo «Ler Sebastião da Gama»; e a apresentação do livro Sebastião, o Menino que Nasceu Poeta, de Idalina Veríssimo. 

No dia comemorativo do centenário do seu nascimento, Sebastião da Gama foi condecorado a titulo póstumo, no Palácio de Belém, pelo Presidente da República com as insígnias de Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. Pode ver tudo no link abaixo:

https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2024/04/condecoracao-no-palacio-de-belem/

Parabéns!
 
04 I Encontro Leitura em Trânsito: António Quadros da Academia à Comunidade,
por Rui Guedes. Memória.

 

Muito poderia dizer acerca do "I Encontro Leitura em Trânsito: António Quadros da Academia à Comunidade" mas vou poupar-vos a exercícios de retórica e aos lugares comuns habitualmente utilizados para dizer o quão bem correu e o que de maravilhoso foi dito e feito.


Registo apenas o semblante de todos aqueles que partilharam esta jornada em espírito inequívoco de comunhão, respeitando cada uma das suas opiniões sem o descuido de as julgar amplamente progressistas ou nesciamente retrógradas, ou valer-se da ignomínia de ver em posições assumidamente distintas dislates vexatórios ou apoucamentos gratuitos. Muito menos encontrarão nele vedetismos efémeros ou brilhantismos de ocasião.


Mas - em boa verdade se diga - houve protagonismo, sim senhor!
Ei-los aqui, reunidos nesta fotografia, os verdadeiros protagonistas deste inesquecível momento.


Uma palavra de apreço e gratidão aos colegas que, pelos mais variados motivos, não puderam estar fisicamente presentes. Sem descurarem o seu contributo, participaram no desfio lançado e viram o produto do seu trabalho exposto e exibido juntamente com o aporte dos outros participantes.


À Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, por ter escancarado as suas portas às Bibliotecas Itinerantes, aos seus profissionais e, acima de tudo, às comunidades por elas servidas. Perpetuará este dia, indubitavelmente, como referência para a Ciência da Informação e Literatura Portuguesa.


Um carinho especial para com a Mafalda Ferro e a Fundação António Quadros, disponíveis desde o primeiro contacto, aos quais se juntaram – sem pingo de hesitação - todos os alunos, professores, convidados e patrocinadores presentes.

 



Estimada Professora Doutora Maria Beatriz Marques, eterna gratidão pelo empenho, profissionalismo e espírito de trabalho que incutiu em todas as etapas de preparação, execução e conclusão deste Encontro, acreditando nas capacidades de todos que a rodearam, motivando-os proficientemente para as tarefas exigidas e para as edições vindouras.

 

Aos Amigos de todos os segundos, minutos, horas, dias, meses e anos Bento Ramires e Carlos Marta.
Quereis algo mais que vos diga? Muito obrigado a tod@s! ❤


Fica, desde já, encontro marcado para 2025 e para o II Encontro Leitura Em Trânsito.

 

05 I Encontro Leitura em Trânsito: António Quadros da Academia à Comunidade.
Comunicação de Mafalda Ferro (excerto).

 

Com os pais, Fernanda de Castro e António Ferro, ambos escritores, António Quadros aprendeu a importância da leitura e da literatura e, entre vários, houve um projecto do pai que sempre o fascinou: As Bibliotecas Ambulantes de Cultura Popular que fundou em 1945, e que se mantiveram até 1949, ano em que António Ferro saiu de Portugal. Foi, por isso, com grande entusiasmo que, em 1958, António Quadros ingressou no Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian, presidida por José de Azeredo Perdigão.

Penso que as Bibliotecas Ambulantes do SNI, assim como, mais tarde, as Itinerantes da Gulbenkian, promoviam e desenvolviam o gosto pela leitura e elevavam o nível cultural em Portugal já que nos anos 40 e 50, mesmo nas grandes cidades, não era costume as crianças frequentarem  bibliotecas e o acesso aos livros nas terras mais isoladas era, mesmo para os adultos, quase impossível se se tiver em conta as suas limitações financeiras e culturais. O trabalho do António Quadros nas bibliotecas da Gulbenkian era, para ele, motivo  de grande satisfação pessoal e profissional, encarava-o mesmo como uma Missão.

Segundo António Quadros em escritos de sua autoria, Branquinho da Fonseca sonhou criar uma rede de Bibliotecas Itinerantes, que levassem livros e leitura às cidades, às vilas e sobretudo às aldeias de um país, que não só tinha elevadas taxas de alfabetismo, mas também cujos alfabetizados, sobretudo nos meios rurais, pouco ou nada podiam ler por falta de livrarias, de bibliotecas ou de recursos e conhecimentos para obterem livros.

O novelista tinha feito uma primeira experiência com êxito, no Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, em Cascais, de que fora Conservador. Partiu para Inglaterra, França e  Suécia para observar os sistemas de Bibliotecas Itinerantes ali em funcionamento. Ao regressar, reuniu o seu primeiro “staff”: um pequeno grupo de funcionários, António Quadros, Domingos Monteiro e o poeta Tomaz Kim. Uma a uma, estas foram criadas por verdadeiras expedições ao interior, Procurando-se in loco as instalações, os encarregados, os motoristas, etc., recorrendo à colaboração dos Municípios, dos professores ou de outras pessoas de boa vontade.

Contudo, Branquinho da Fonseca tinha uma tenacidade, um espírito meticuloso, um empenhamento de tal modo entusiástico, que conseguiu por de pé uma rede que, já nos anos 60, contava com cerca de meia centena de Bibliotecas Itinerantes, cada uma delas cobrindo por completo uma área do país e emprestando-se todos os anos milhões de livros.

 [FAQ-13-01252]

Durante 23 anos, até ao ano da sua reforma, António Quadros ocupou sucessivamente ou em paralelo, os cargos de «Presidente da Comissão de Escolha de Livros», «Inspector-Geral», «Director-Adjunto» e «Director de Serviço».


Em 1980, António Quadros, então Director-Geral, reformou-se para poder dedicar-se mais ao projecto que criara em 1969, o IADE. Propôs então a Azeredo Perdigão que o seu cargo passasse a ser ocupado por David Mourão Ferreira. A proposta foi aceite e Mourão-Ferreira dirigiu as Bibliotecas Itinerantes, desde então até 1996, ano da sua morte.

Quarenta e quatro anos depois, no dia 19 de Dezembro de 2002, para desgosto de muitos, as Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian encerraram as portas. 
 
06 — Agostinho da Silva, 30 anos depois da partida: lembrar a Vida - celebrar a Obra”,  
por Maurícia Teles da Silva (em Boletim «Folhas Soltas», n.º 124, Março/Abril 2024)

3 de Abril 2024, aconteceu o encontro, na sede da Associação Agostinho da Silva /Casa de Estudos, sita na rua de S. Bento, nº 227, Lisboa, no ano corrente, três dias após a Páscoa (Passagem). Foi em 3.4.1994 - Domingo de Páscoa, que George Agostinho Baptista da Silva deixou o lugar terreno passando ao espaço Insondável…

E recomeçámos pelo avivar da memória magistralmente iniciada no filme “Agostinho da Silva - um Pensamento vivo”, de João Rodrigo Mattos (neto).

Pela Associação agradecemos aos amigos e amigas que lembraram Agostinho da Silva, nos testemunhos de Fernando Dacosta, Graça Nunes, Luís Carlos Santos, Joaquim Raminhos - presidente do CACAV,  Luísa Soromenho, e outras pessoas presentes na Tertúlia em que a conversa se estabeleceu cordialmente entre todos.

Também agradecemos reconhecidamente a João Ferreira, Miguel Real, Lúcia Alves de Sá, pelos excelentes textos que nos enviaram, não obstante a distância, os quais incluímos neste e no próximo Boletim Folhas à Solta.


Não poderei deixar de referir, que desde 1988, sou infinitamente grata ao Professor Agostinho da Silva, pelo inesquecível encontro e a bênção de ter convivido com o Mestre que pelo próprio exemplo, me facultou aprender a dimensão de humanidade, a dedicação a projectos pela via do Espírito e da fraternidade, reconhecendo nele a intemporalidade do ciclo da existência na acção bondosa e digna.


Ficam aqui breves notas, palavras que ecoam de uma Obra vastíssima pautada pela autenticidade de quem soube ser e estar atento ao outro, na educação, na ideia, na criação, na Vida. Agostinho da Silva disse:

 

O mais simples alicerce
traz logo a casa traçada
se eu quiser chegar a Deus
começarei por ser nada.

                              A.S., Quadras Inéditas

 

É talvez sinal de prisão ao mundo dos fenómenos o terror e a dor ante a chegada da morte ou a serena mas entristecida resignação com que a fizeram os gregos uma doce irmã do sono; para o espírito liberto ela deve ser, como o som e a cor, falsa, exterior e passageira;   não morre, para si próprio nem para nós, o que viveu para a ideia e pela ideia, não é mais existente, para o que se soube desprender da ilusão, o que lhe fere os ouvidos e os olhos do que o puro entender que apenas se lhe apresenta em pensamento; e tanto mais alto subiremos quanto menos considerarmos a morte como um enigma ou um fantasma, quanto mais a olharmos como uma forma entre as formas.

Agostinho da Silva, “Sobre a morte”, Diário de Alcestes, Famalicão, 1945

 

20 de Abril 2024 | Aniversário da Associação Agostinho da Silva

Fundada a 20 de Abril de 1995, por iniciativa de Maria Violante Vieira, primeira presidente (também foi fundadora e presidente do Comité para a UNICEF em Portugal) e Pedro Agostinho, filho primogénito de Agostinho da Silva, a Associação reuniu um dedicado grupo de amigos entre os quais Maria Natália e seu marido José A. Lima de Faria, Manuel Pina, Purificação Araújo, José Branco Rodrigues e outros, alguns permanecem nos órgãos sociais desta Associação fiel ao objectivo de divulgar a Obra do Professor Agostinho da Silva.

Nesse dia, a sede estará aberta à visita do público em geral, entre as 16 e as 17:30h, na Rua de S. Bento n.º 227, 1250-219 Lisboa. Com surpresas aos Visitantes!
 
07  Notícias e Leituras do «Projecto António Telmo, Vida e Obra»,
por Pedro Martins.



Notícias

Na próxima Sexta-Feira: Ópera Inspirada em António Telmo com Libreto de Risoleta C. Pinto Pedro estreia em Setúbal

Em Junho, na Biblioteca Nacional de Portugal: Alexandre Teixeira Mendes e Pedro Martins falam da filosofia da história de António Telmo

António Telmo em destaque na revista super interessante história sobre a saudade


Leituras

Risoleta C. Pinto Pedro e a portugalidade, por Paulo Jorge Brito e Abreu

António Telmo: entrevista à revista LERconduzida por Francisco José Viegas

 
08 — Tertúlias da Cultura Portuguesa, Abril.
Divulgação.

 

As tertúlias são um fenómeno sociocultural bastante importante no contexto da vida pública portuguesa, constituindo uma forma de património imaterial das nossas urbes. Desde meados do século XIX que as cidades portuguesas, em particular Lisboa, Porto e Coimbra, acolhem este tipo de eventos, mais ou menos informais, nos quais grupos de pessoas – intelectuais, políticos, artistas, homens de letras e ciências, ou cidadãos comuns –, conversam, discutem, ou apresentam as suas ideias sobre os mais variadíssimos assuntos.


Estes encontros animavam cafés, teatros, grémios literários, associações, ou até mesmo jardins, contribuindo para o adensar da vida social, tanto ao nível público como privado. O “progresso” e as inevitáveis transformações das dinâmicas sociais e culturais da sociedade moderna conduziram à gradual diminuição das tertúlias, bem como à sua perda de influência na vida mental e intelectual das nossas cidades.


Reclamando essa importante tradição do chamado “Porto culto”, as Tertúlias de Cultura Portuguesa surgiram em 2015, da importância de reacender o debate cultural e filosófico, devolvendo-o ao espaço público e às pessoas. Uma actividade com periodicidade mensal mantida, ininterruptamente, até 2020, ano em que a pandemia obrigou a um forçado hiato. Após o auspicioso regresso às actividades, no passado dia 23 de Março, numa sessão em que se homenageou António Quadros e Dalila Pereira da Costa, as Tertúlias de Cultura Portuguesa, voltam a reunir Sábado, 20 de Abril, pelas 15h, na Cooperativa do Povo Portuense, CRL, no Porto.


Os oradores deste mês são o poeta e professor Francisco Soares e o filósofo Pedro Sinde. Especialista em literatura e poesia luso-afro-brasileira, Francisco Soares apresentará uma comunicação sobre Tomás Vieira da Cruz. Poeta, músico e jornalista português, nascido em Constância, distrito de Santarém, pioneiro no uso do complexo léxico de certas línguas autóctones de Angola no processo de criação e estruturação poética. Um português do império que, glorificando o esforço civilizador da nossa colonização, soube amar África, respeitando e promovendo as culturas e tradições de Angola.


Pedro Sinde, outro tertuliante que dispensa apresentações, abordará o axioma da filosofia portuguesa, analisado de forma construtiva os preceitos e preconceitos da nossa tradição filosófica, bem como alguns dos erros e virtudes que denotam o seu vitalismo.


No final desta sessão, Joaquim Domingues encarregar-se-á de apresentar o último trabalho poético de Francisco Soares: “As Trevas e os Dyas”. Um livro publicado em finais do ano transacto, pelas Edições Sem Nome – do poeta e editor Luiz Pires dos Reys –, na sequência de uma outra importante obra poética, intitulada “Restauração”.


A participação é livre e aberta a toda a comunidade. 

 

09 – Alunos da Escola Secundária de Rio Maior visitaram a Fundação António Quadros.
Memória.

 

No passado dia 12 de Abril, a Fundação recebeu a visita de alunos da Escola Secundária Augusto César da Silva Ferreira, acompanhados por Manuela Dâmaso, sua professora de Literatura. Depois de conhecerem a Fundação, os seus patronos e actividades, visitaram a exposição «Augusto Cunha: Autor, Modernista e Humorista que originou uma interessante Mesa Redonda em torno do «Humorismo, do século XX ao século XXI».



 
10 — Livraria António Quadros.
Obra em Promoção até 14 de Maio de 2024.

 

Autoria: Augusto Cunha

Título: O processo de Mário Dâmaso (1 acto de comédia)  [2.º milhar]

Edição — Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1932.

Desenho de capa: Bernardo Marques. A capa final patenteia uma caricatura do autor por Teixeira Cabral.

História: Peça de teatro escrita a pedido de Lucília Simões, representada (1.ª vez) pela Companhia Lucília Simões-Erico Braga no Teatro da Trindade, a 17 de Abril de 1932, protagonizada por Erico Braga, Lucília Simões, Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Ester Leão, Amélia Pereira, Irene Isidro, Alfredo Ruas, Nascimento Fernandes, Joaquim Almada e Alves da Cunha.

Acção: A acção decorre em 1950, sala de Tribunal todo constituído, desde a juiz à oficial de diligências e às guardas republicanas, por mulheres (como o Autor as imagina em 1950). Público no Tribunal, de ambos os sexos.

Estado de conservação: Exemplar (45 páginas) em bom estado, por abrir mas com a capa solta.

Oferta na aquisição desta obra: Reprodução de caricatura de Augusto Cunha, por Eduardo Malta. Lisboa, 1934.

PVP: 14€

 
 
     
 
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